domingo, 16 de novembro de 2025

25 ANOS DO FILME O GRINCH


 

 No dia 17 de novembro de 2000, estreava nos cinemas a produção natalina de O Grinch(How The Grinch Stole Christmans, EUA, 2000).

Baseado no livro  de Theodor Seuss Geisel, que  assinava  com o pseudônimo de   Dr. Seuss(1904-1991) publicado em 1957.  

Conta a história de uma criatura verde chamada de Grinch(Jim Carey) que nutre um imenso ódio pelo Natal, isso porque ele desde a infância sofria muita gozação da população da  Cidade dos Quem   por ser diferente com uma aparência feia de pele verde e peluda, já que foi trazido bebê por uma cegonha que o deixou aos cuidados de duas senhoras atrapalhadas.




Durante sua infância nutriu uma forte paixão por sua colega de classe Martha May Whovier(Christine Baranski), uma das importantes e conceituadas damas do povoado dos Quem, quase uma socialite, onde ela sempre desperta um flerte do Prefeito Augustus May Who(Jeffrey Tambor), uma autoridade  com porte   físico rechonchudo, cuja personalidade era de um   sujeito rude, arrogante, prepotente  e muito vil e desprezível  que conheceu o Grinch na infância quando foram colegas de sala, onde lá ele era tipo um valentão que vivia o provocando principalmente o seu rosto cheio de pelo, em consequência desses bullyings chegou   a ponto dele viver odiando o Natal até chegar a fase adulta, quando cresceu isolado do povoado vivendo como um ermitão numa caverna na companhia de seu cachorro Max, que vive tentando sensibilizá-lo para o natal.





Mas ele se recusa a entregar-se  ao sentimento natalino, deixando seu coração diminuído. Ele se tornou uma figura lendária na região que muita gente do povoado dos Quem passou a ter medo só de ouvir falar no nome dele.

É então que uma menina chamada Cindy Lou(Taylor Momsen), filha do carteiro da Cidade dos Quem Lou(Bill Irwin) resolve se arriscar a ir atrás do Grinch para usar de sua pureza para tentar sensibilizá-lo. Uma ideia que toda a população dos Quem se mostra contra e a confusão já está dada.



O Grinch contou com a direção de Ron Howard, que aqui enfrentou grandes problemas para a execução do seu trabalho  nos bastidores, em especial, com as duas empresas que negociaram a compra do direito de adaptação da obra que foram a Universal Pictures e a Imagine Entertainment, já que eles só começaram a negociar a compra do copyright da obra  depois que Seuss faleceu em 1991, em vida, ele sempre se posicionou contra a ideia de ver suas obras serem adaptadas por Hollywood, com exceção de algumas produções animadas para TV.

Depois da morte do autor, Audrey Geisel(1921-2018)  viúva do autor  foi quem se encarregou de negociar com as duas empresas cinematográficas que estavam interessadas na produção, uma negociação que acabou não sendo nada fácil. Já que além de aceitarem as altas  exigências monetárias dela, como os US$ 5 milhões de dólares em dinheiro, tendo 50% de ganho com o merchandising, 70% de ganhos nas vendas dos livros e 4% da bilheteria. Tanto a Universal, quanto a Imagine ao conseguirem negociar essa compra,  tiveram de ceder com a participação dela  nas decisões criativas a respeito da obra.

Uma delas foi que ela exigia que o ator escolhido para representar O Grinch tivesse uma estatura comparável ao personagem do livro, e ela então listou  quatro nomes de grandes estrelas de sua preferência estavam: Gene Hackman(1930-2025), Dustin Hoffman, Jim Carrey e Robin Williams(1951-2014). Acabou que Jim Carey terminou sendo o escolhido, e foi uma boa escolha mesmo. Carrey na época figurando como grande estrela de sucesso em filmes de comédia, representou bem em cena o papel principal ainda que tenha ficado irreconhecível pela caracterização bastante realista feita pelo maquiador Rick Baker que foi toda desenvolvida usando pelos de iaque e  com uma máscara bem orgânica que mostrava um realismo bastante medonho de ver de tão feio que ficou. Carrey chegou a enfrentar o grande inferno que foram os longos dias intensos de gravação, e que para conseguir superar o transtorno ouvia muito Bee Gees quando tinha folga. No entanto, o resultado acabou sendo compensador visto que o ator imprimiu bem ao papel aqueles seus  típicos maneiros  característicos de representar explorando muito do humor físico e nas caretas que sempre foram suas especialidades.

Na obra, ele imprimiu muito bem isso no personagem, principalmente na forma excêntrica e irreverente  dele agir afetado, rude, grosseiro, mal-humorado  e bastante espalhafatoso.  Há também de destacar a participação do ator anão Josh Ryan Evans que representou bem no filme o papel do Grinch criança que faleceu precocemente com 20 anos em 2002 em consequência de uma doença cardíaca congênita. 

Do mesmo jeito que o diretor Ron Howard que também como produtor executivo junto com Brian Grazer,  enfrentou um trabalhão pesado com sua equipe para escolher uma boa locação para recriar a cenografia lúdica da Cidade dos Quem, as caracterizações e figurinos bem extravagantes e caricatos  dos outros personagens que habitam o povoado também não foi das tarefas mais fáceis de serem produzidas. Juntando ao trabalho da pós-produção em fazer montagem e editar na parte de fotografia e arrumar umas boas paletas de cores que dessem um tom agradável ao filme, para tornar o filme bastante lúdico, fora também o desafio da adaptação do roteiro cuja coube a Jeffrey Price e Peter S. Seaman.

Um ponto curioso a se observar é que todos os habitantes da Cidade dos Quem ficaram com os narizes bem pontudos, um ar caricato e até bastante cartunesco. Com exceção da menina Cindy, que na obra  foi bem representada por Taylor Momsen, então na época uma garotinha de apenas 6 anos, que mostrou um bom talento artístico virando cantora depois que cresceu.

Analisando O Grinch, nesse passar de mais de vinte anos  eu lembro de  assistir  a primeira vez quando passou na TV e  tinha gostado e ao dar uma revisitada nessa obra pude constatar que a sua estética envelheceu bem, mesmo não tendo apresentado nada de inovador, de conceitual, de experimental.

Principalmente pelo texto apresentar muito mais do que uma abordagem escapista sobre a data natalina com tom puramente divertido, também apresentou umas sutis críticas a representação do natal como data comercial, que era uma coisa que o Grinch mais detestava, não a sua representação de harmonia e união familiar, mais sim os apreços pelas futilidades materiais  e o Prefeito Augustus mais simbolizava esse tipo de representação, do mesmo modo  que a Martha também simbolizava e a boa da população dos Quem também.

Fora que também o filme abordou, muito antes desse debate se tornar público sobre as consequências que a discriminação que ele sofria na infância dentro da escola por ser diferente, e sofrendo de uma prática abusiva de bullying de um menino valentão que ao virar adulto, se tornou a importante autoridade da Cidade dos Quem, no caso o Prefeito Augustus.  Ainda que sutil, mas já mostrava que quando se renega a prática do bullying  e quando são fechados os olhos as consequências disso para a  vítima na vida adulta  podem serem horríveis e o Grinch representou bem isso.  Ainda mais pelo agravante fato  dele ter crescido como um descompensado sem a presença de país e foi criado por umas senhoras muito desajustadas. O que fez ele crescer insensível e com o coração gelado.  E foi graças ao sentimento pueril da menina Cindy, que fez voltar a sentir novamente o sentimento sensível que ele havia ignorado.

Com os efeitos práticos e com o tom da caracterização que fez Jim Carrey ficar com uma aparência horrorosa e medonha, por essas e outras coloco que o filme envelheceu bem.

Não só Jim Carrey brilha no filme, como também brilham no filme  os atores:  Jeffrey Tambor na pele do Prefeito da Cidade dos Quem Augustus May Who, um sujeito de caráter vil, repugnante, detestável que só de lembrar que ele quando foi coleguinha de escola do Grinch fazia bullying que o deixava traumatizado a sensação de raiva por ele é grande, é difícil nutrir empatia por ele. A representação de Tambor no filme é magnifica.

Também mencionar o ótimo desempenho de Christine Baranski na pele da Martha, que foi o amor de infância do Grinch representa bem no filme o papel de uma senhora com pose de socialite fútil que chega a despertar inveja da Betty, mãe da Cindy Lou, muito bem defendida por Molly Shannon que depois de ver seus presentes de natal furtados pelo Grinch percebe que o significado do natal não era comercial.

E para Bill Irwin que representa bem o papel do simplório carteiro dos Quem Lou, pai da Cindy.  O elenco do filme também conta com a participação do veterano Anthony Hopkins que faz a narração em off.  

No balanço geral, posso concluir que O Grinch é uma obra que passados 25 anos ainda mostra ser muito relevante, mostrando não só o Natal pelo lado lúdico, mas também trazendo a reflexão de que ela não é só uma data meramente comercial.

Em 2018, foi lançado uma nova adaptação cinematográfica de O Grinch, dessa vez em  animação produzida pela Universal e pela Ilumination.


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