No dia 17 de novembro de 2000, estreava nos
cinemas a produção natalina de O Grinch(How The Grinch Stole Christmans,
EUA, 2000).
Baseado
no livro de Theodor Seuss Geisel, que assinava
com o pseudônimo de Dr. Seuss(1904-1991) publicado em
1957.
Conta
a história de uma criatura verde chamada de Grinch(Jim Carey) que nutre um
imenso ódio pelo Natal, isso porque ele desde a infância sofria muita gozação
da população da Cidade dos Quem por ser
diferente com uma aparência feia de pele verde e peluda, já que foi trazido
bebê por uma cegonha que o deixou aos cuidados de duas senhoras atrapalhadas.
Durante
sua infância nutriu uma forte paixão por sua colega de classe Martha May
Whovier(Christine Baranski), uma das importantes e conceituadas damas do
povoado dos Quem, quase uma socialite, onde ela sempre desperta um flerte do
Prefeito Augustus May Who(Jeffrey Tambor), uma autoridade com
porte físico rechonchudo, cuja personalidade era de
um sujeito rude, arrogante, prepotente e muito vil
e desprezível que conheceu o Grinch na infância quando foram colegas
de sala, onde lá ele era tipo um valentão que vivia o provocando principalmente
o seu rosto cheio de pelo, em consequência desses bullyings
chegou a ponto dele viver odiando o Natal até chegar a fase
adulta, quando cresceu isolado do povoado vivendo como um ermitão numa caverna
na companhia de seu cachorro Max, que vive tentando sensibilizá-lo para o
natal.
Mas
ele se recusa a entregar-se ao sentimento natalino, deixando seu
coração diminuído. Ele se tornou uma figura lendária na região que muita gente
do povoado dos Quem passou a ter medo só de ouvir falar no nome dele.
É
então que uma menina chamada Cindy Lou(Taylor Momsen), filha do carteiro da
Cidade dos Quem Lou(Bill Irwin) resolve se arriscar a ir atrás do Grinch para
usar de sua pureza para tentar sensibilizá-lo. Uma ideia que toda a população
dos Quem se mostra contra e a confusão já está dada.
O
Grinch contou com a direção de Ron Howard, que aqui
enfrentou grandes problemas para a execução do seu trabalho nos
bastidores, em especial, com as duas empresas que negociaram a compra do
direito de adaptação da obra que foram a Universal Pictures e a Imagine
Entertainment, já que eles só começaram a negociar a compra do copyright da
obra depois que Seuss faleceu em 1991, em vida, ele sempre se
posicionou contra a ideia de ver suas obras serem adaptadas por Hollywood, com
exceção de algumas produções animadas para TV.
Depois
da morte do autor, Audrey Geisel(1921-2018) viúva do
autor foi quem se encarregou de negociar com as duas empresas
cinematográficas que estavam interessadas na produção, uma negociação que
acabou não sendo nada fácil. Já que além de aceitarem as
altas exigências monetárias dela, como os US$ 5 milhões de dólares
em dinheiro, tendo 50% de ganho com o merchandising, 70% de ganhos nas vendas
dos livros e 4% da bilheteria. Tanto a Universal, quanto a Imagine ao conseguirem
negociar essa compra, tiveram de ceder com a participação
dela nas decisões criativas a respeito da obra.
Uma
delas foi que ela exigia que o ator escolhido para representar O
Grinch tivesse uma estatura comparável ao personagem do livro, e
ela então listou quatro nomes de grandes estrelas de sua preferência
estavam: Gene Hackman(1930-2025), Dustin Hoffman, Jim Carrey e Robin Williams(1951-2014).
Acabou que Jim Carey terminou sendo o escolhido, e foi uma boa escolha mesmo.
Carrey na época figurando como grande estrela de sucesso em filmes de comédia,
representou bem em cena o papel principal ainda que tenha ficado irreconhecível
pela caracterização bastante realista feita pelo maquiador Rick Baker que foi
toda desenvolvida usando pelos de iaque e com uma máscara bem orgânica
que mostrava um realismo bastante medonho de ver de tão feio que ficou. Carrey
chegou a enfrentar o grande inferno que foram os longos dias intensos de
gravação, e que para conseguir superar o transtorno ouvia muito Bee Gees quando
tinha folga. No entanto, o resultado acabou sendo compensador visto que o ator
imprimiu bem ao papel aqueles seus típicos maneiros característicos
de representar explorando muito do humor físico e nas caretas que sempre foram
suas especialidades.
Na
obra, ele imprimiu muito bem isso no personagem, principalmente na forma
excêntrica e irreverente dele agir afetado, rude, grosseiro, mal-humorado
e bastante espalhafatoso. Há também de destacar a participação do
ator anão Josh Ryan Evans que representou bem no filme o papel do Grinch
criança que faleceu precocemente com 20 anos em 2002 em consequência de uma
doença cardíaca congênita.
Do
mesmo jeito que o diretor Ron Howard que também como produtor executivo junto
com Brian Grazer, enfrentou um trabalhão
pesado com sua equipe para escolher uma boa locação para recriar a cenografia
lúdica da Cidade dos Quem, as caracterizações e figurinos bem extravagantes e
caricatos dos outros personagens que habitam o povoado também não
foi das tarefas mais fáceis de serem produzidas. Juntando ao trabalho da
pós-produção em fazer montagem e editar na parte de fotografia e arrumar umas
boas paletas de cores que dessem um tom agradável ao filme, para tornar o filme
bastante lúdico, fora também o desafio da adaptação do roteiro cuja coube a
Jeffrey Price e Peter S. Seaman.
Um
ponto curioso a se observar é que todos os habitantes da Cidade dos Quem
ficaram com os narizes bem pontudos, um ar caricato e até bastante cartunesco.
Com exceção da menina Cindy, que na obra foi bem representada por
Taylor Momsen, então na época uma garotinha de apenas 6 anos, que mostrou um
bom talento artístico virando cantora depois que cresceu.
Analisando
O Grinch, nesse passar de mais de vinte anos eu lembro de assistir a
primeira vez quando passou na TV e tinha gostado e ao dar uma
revisitada nessa obra pude constatar que a sua estética envelheceu bem, mesmo
não tendo apresentado nada de inovador, de conceitual, de experimental.
Principalmente
pelo texto apresentar muito mais do que uma abordagem escapista sobre a data
natalina com tom puramente divertido, também apresentou umas sutis críticas a
representação do natal como data comercial, que era uma coisa que o Grinch
mais detestava, não a sua representação de harmonia e união familiar, mais sim
os apreços pelas futilidades materiais e o Prefeito Augustus mais
simbolizava esse tipo de representação, do mesmo modo que a Martha
também simbolizava e a boa da população dos Quem também.
Fora
que também o filme abordou, muito antes desse debate se tornar público sobre as
consequências que a discriminação que ele sofria na infância dentro da escola
por ser diferente, e sofrendo de uma prática abusiva de bullying de um menino
valentão que ao virar adulto, se tornou a importante autoridade da Cidade dos
Quem, no caso o Prefeito Augustus. Ainda que sutil, mas já mostrava
que quando se renega a prática do bullying e quando são fechados os
olhos as consequências disso para a vítima na vida adulta podem
serem horríveis e o Grinch representou bem isso. Ainda mais pelo
agravante fato dele ter crescido como um descompensado sem a
presença de país e foi criado por umas senhoras muito desajustadas. O que fez
ele crescer insensível e com o coração gelado. E foi graças ao
sentimento pueril da menina Cindy, que fez voltar a sentir novamente o
sentimento sensível que ele havia ignorado.
Com
os efeitos práticos e com o tom da caracterização que fez Jim Carrey ficar com
uma aparência horrorosa e medonha, por essas e outras coloco que o filme
envelheceu bem.
Não
só Jim Carrey brilha no filme, como também brilham no filme os atores: Jeffrey Tambor na pele do Prefeito da Cidade
dos Quem Augustus May Who, um sujeito de caráter vil, repugnante, detestável
que só de lembrar que ele quando foi coleguinha de escola do Grinch fazia
bullying que o deixava traumatizado a sensação de raiva por ele é grande, é
difícil nutrir empatia por ele. A representação de Tambor no filme é magnifica.
Também
mencionar o ótimo desempenho de Christine Baranski na pele da Martha, que foi o
amor de infância do Grinch representa bem no filme o papel de uma senhora com
pose de socialite fútil que chega a despertar inveja da Betty, mãe da Cindy
Lou, muito bem defendida por Molly Shannon que depois de ver seus presentes de
natal furtados pelo Grinch percebe que o significado do natal não era
comercial.
E
para Bill Irwin que representa bem o papel do simplório carteiro dos Quem Lou,
pai da Cindy. O elenco do filme também
conta com a participação do veterano Anthony Hopkins que faz a narração em off.
No
balanço geral, posso concluir que O Grinch é uma obra que passados 25
anos ainda mostra ser muito relevante, mostrando não só o Natal pelo lado
lúdico, mas também trazendo a reflexão de que ela não é só uma data meramente
comercial.
Em
2018, foi lançado uma nova adaptação cinematográfica de O Grinch, dessa
vez em animação produzida pela Universal
e pela Ilumination.




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