sábado, 14 de setembro de 2024

OS BASTIDORES DE UMA CAMPANHA ELEITORAL.

 

No documentário Entreatos(Brasil, 2004) mostrando a vida rotineira de   Lula nos bastidores da eleição presidencial de 2002.




Dirigido por João Moreira Salles, que o acompanhou e registrou entre os dias 25 de Setembro a 27 de Outubro a sua jornada de campanha que perdurou até o final após ele vencer do candidato José Serra pelo PSDB, do então presidente Fernando Henrique Cardoso.




Que ocasionou num material com duração de 117 minutos que contou com a participação de Walter Carvalho como diretor de fotografia.

Ao longo dos 117 minutos de rodagem começamos com a introdução da sua narrativa em off, explicando como foi o seu processo de acompanhamento de Lula.





Após isso,  a rodagem da obra vai mostrando a vida rotineira de Lula durante a campanha presidencial que marcou  a sua quarta tentativa de disputar o cargo após uma série de três derrotas  consecutivas em 1989, 1994 e em 1998.




Onde acompanhamos de acordo com o processo de montagem um pouco de um Lula diferente, as vezes descontraído ou as vezes tenso encarando uma série de reuniões com seus assessores e a produtora responsável por produzir seu programa no Horário Eleitoral Gratuito que ficaram de roteirizar os seus discursos que ele lia em um  teleprompter que eram bem direcionados e  articulados pelo publicitário Duda Mendonça(1944-2021), grande reverência na publicidade brasileira  ao trabalhar no  marketing de campanhas políticas.




Usando de bons planos sequências, com cortes bem pontuais,  que são mais usados para sua  sequência narrativa temporal onde ele nos orienta bem de textos legendados das localizações.

Independentemente de qual seja sua visão política, se você é favorável ou contra a gestão de Lula seja dos seus dois primeiros mandatos  durante os anos 2000 ou desse  mais recente mandato.



Ou mesmo se você nunca foi um eleitor de Lula, esse documentário ele é imprescindível, pois trata-se de apresentar um bom estudo para nós eleitores entendemos como funciona os bastidores de uma campanha eleitoral, ainda mais que estamos vivendo nesse atual  momento de 2024 em um clima de  campanha municipal para eleger prefeito e vereador.

Apesar de mostrar um lado tendencioso, em nenhum momento ele tenta transparecer uma postura de doutrinação partidária ao petismo.

Além de mostrar um Lula além da aura endeusada dele como político.

Ao longo da duração a gente vai  acompanhando Lula nas reuniões dos comitês de campanha conversando com seus assessores que contou com  importantes nomes do PT que após a vitória de Lula  para a presidência em 2002 foram nomeados  para os cargos de ministros em seu primeiro mandato entre 2003 a 2006.

Aparecem no documentário  Aloizio Mercadante, seu coordenador e então  candidato ao senado por São Paulo e atualmente desenvolve programas de governo. Antônio Palocci que atualmente não é mais filiado  ao PT.  Eduardo Suplicy que estava no cargo  de  Senador e atualmente está no cargo de Deputado Estadual.

 Também aparece a ex-esposa de Eduardo Suplicy, Marta Suplicy então Prefeita de São Paulo-SP e hoje não é mais filiada ao partido que no documentário aparece  acompanhada do seu então namorado argentino Luis Favre com quem chegou a casar em 2003  e depois se separou em 2009.

Assim como aparece José Dirceu, Luiz Gushken(1950-2013), Guido Mantega, Marco Aurélio Garcia(1941-2017) que são pessoas a quem Lula ao ser eleito presidente os nomeou para cargos de ministérios, de secretárias do seu governo.

Alguns não  acompanharam Lula  até o fim do seu mandato em 2010, já que depois do episódio do Escândalo do Mensalão em 2005 onde boa parte estava envolvida e precisaram renunciar aos cargos e isso quase manchou a reputação de Lula.

Mas, enfim, não estou aqui para te doutrinar com a ideologia petista, que fique bem claro.

Nesse documentário acompanhamos também Lula conversando descontraidamente dentro do avião para esquecer a tensão da campanha com José Alencar, seu então companheiro de chapa na campanha  como vice-presidente que ocupou o cargo após a vitória de Lula  durante  todo os seus  dois mandatos seguidos.

Alencar veio a  óbito três meses depois  de deixar o cargo de vice-presidente no dia 29 de Março de 2011, aos 79 anos.

 Fazia  muito tempo que ele já se encontrava com a saúde comprometida e fazia muitos tratamentos de quimioterapia devido ao câncer que teve primeiro no  rim e depois na próstata quando faleceu em consequência de falência múltipla dos órgãos.

Também mostra seus momentos íntimos dele  ao lado de Marisa Leticia Lula da Silva, sua esposa com quem Lula foi casado até ela falecer em 2017 com 66 anos após sofrer de um AVC(Acidente Vascular Cerebral)*.

Marisa foi a segunda mulher com quem Lula se casou após este ter ficado viúva de Maria de Lurdes da Silva.

 Lula quando a  conheceu, ela também viúva e com um filho pequeno e tiveram dois filhos se tornou uma figura importante que acompanhou toda a sua jornada na política como líder grevista da causa operário até virar o fundador do PT(Partido dos Trabalhadores).

No documentário também somos apresentados a momentos pitorescos como de Lula atendendo a um telefonema envolvendo compromisso quando entra num salão para se barbear.

Ou mesmo, ele oferecendo carona para o empresário  gaúcho Alfeu Dick e Silva já que ele havia perdido seu voo.

Também mostra presente nas reuniões o seu assessor de imprensa, o jornalista Wilson Thimótheo Júnior(1948-2003) que após a vitória  de Lula para a Presidência foi nomeado para o cargo de Assessor-Adjunto da Secretária de Imprensa da Presidência da República  no seu primeiro mandato.

Cargo que ocupou por pouco tempo  por conta da leucemia que o levou renunciar ao cargo em Março de 2003.

Wilson Thimóteo Júnior morreu    precocemente aos 55 anos, no dia 11 de Outubro de 2003, vitima de mielodisplasia -desordem causada por alteração ou disfunção das células sanguíneas por insuficiência da medula óssea.

Também mostra Lula numa coletiva de imprensa acompanhado de Dirceu respondendo às perguntas de jornalistas estrangeiros.

Mostra os bastidores do segundo turno, com Lula enfrentando como adversário  José Serra(PSDB) partido do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso em seu último ano de mandato.

Onde acompanhamos a câmera registrar a equipe de  Lula assistindo ao  debate  mostrando  a atenção de todos anotando cada detalhe dos adversários, mostrando inclusive a participação da filha do publicitário  Duda Mendonça também atentamente anotando tudo.

Enfim, independentemente de qual seja sua visão política, vale a pena assistir a esse documentário, principalmente como uma forma de apresentar como funciona da execução de uma campanha eleitoral.

Para esse atual momento que vivemos no clima de campanha eleitoral municipal, ele é bem recomendável.

Encerro o texto com umas frases mencionadas por Lula no documentário:

“Não gosto de ser rotulado. Não tem vantagem  dizer que sou de centro-esquerda, de esquerda”.

“Aqueles militares atrás de mim dando palpite como FHC me incomoda demais(...), tem que mudar isso”.

“Eu deveria me mancar e parar de falar. Mas não paro de falar”.

“Aquele palácio é triste porque FHC nunca jogou bola. Não bebe um gole”.

“Passei 30 anos na fábrica e não me acostumei de macacão, mas 3 dias de gravata....”

“Sempre tive vontade de morrer e acordar dentro do caixão para ver quem era meu amigo e estava perto”.

“Acredito na recuperação do ser humano, né? O Sarney está com uma posição muito digna”.

*Pouco tempo após o falecimento de Marisa, Lula começou a se relacionar com a socióloga  Rosângela (Janja) Lula da Silva. Ela apareceu na vida de Lula num momento muito difícil de sua vida que foi encarar a prisão injusta orquestrada pelo juiz Sérgio Moro pelo envolvimento na Operação Lava Jato. Janja se mostrou muito importante na vida de Lula, lhe servindo como porto seguro no momento que ele  estava cumprindo prisão em Curitiba e  ele enfrentou o  doloroso baque na vida pessoal durante o ano de 2019 quando sofreu   a perda de dois entes queridos: Primeiro perdeu  seu irmão Genival Inácio da Silva (Vavá) que faleceu de câncer no dia 29 de Janeiro de 2019  e em seguida perdeu seu neto Arthur, que faleceu precocemente com apenas 7 anos vítima de uma infecção generalizada no dia 02 de Abril de 2019.

Situação semelhante  ao que ele viveu em 1980, quando perdeu sua mãe Dona Lindu, no momento que estava cumprindo prisão no antigo  DOPS(Departamento de Ordem Política e Social), quando ainda  era um líder sindicalista e comandava a Greve dos Metalúrgicos no ABC Paulista quando  ainda nem sequer sonhava em ser Presidente da República e fundaria nesse ano o Partido dos Trabalhadores(PT).


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