quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A ANIMAÇÃO ESQUECIDA DA DREAMWORKS

 

Não existe quem ao ouvir menção do nome DreamWorks, importante empresa de animação,  não faça assimilação do nome a Shrek?



Lógico, já que essa produção do ogro verde simbolizou um divisor de águas para a empresa conseguir consolidar o seu nome no mercado.

Principalmente num estilo inovador e revolucionário  de estética de animação com a textura do 3D em CGI, que   padronizou  o estilo da animação do começo do século 21.  




De tão importante que Shrek se tornou para a DreamWorks, que ele virou uma franquia com quatro filmes.

Porém,  eu acredito que quem houve menção à  animação  O Caminho para El Dorado( The Road to El Dorado, EUA, 2000) com certeza não tem fresco,  guardado na memória como a série de filmes do ogro verde.




Isso porque essa é uma animação esquecida da DreamWorks, produção da Fase Pré-Shrek da produtora, ainda crua no mercado e vivia de forma bastante experimental e não estava tão consolidada quanto agora.

Foi a segunda produção com animação tradicional da DreamWorks, que na época era uma “criança” de apenas seis anos que estava tentando se encontrar para se consolidar com o seu nicho.




A empresa havia sido fundada em 1994, pelo cineasta  Steven Spielberg, que dispensa apresentações, o executivo recém-egresso da Disney Jeffrey Katzenberg e o executivo musical David Geffen que emprestaram as iniciais de seus sobrenomes  ao logo  da empresa DreamWorks Animation SKG.  

Os primeiros filmes que a DreamWorks lançou só surgiram quatro anos depois, em 1998 foi quando a empresa lançou duas animações que  foram  Formiguinhaz(Antz,EUA,1998), primeira a usar técnica do CGI, ainda não muito comum na época. E O Príncipe do Egito(The Prince of Egypty, EUA, 1998), primeira no modelo mais tradicional de animação, ainda bastante comum naquele período do final da década de 1990. Onde estávamos transitando entre  o fim do século 20 para o começo do 21.



Dessas primeiras animações da DreamWorks,  Formiguinhaz não é tão memorável, já que foi lançada no mesmo ano  que a Pixar lançava Vida de Inseto(A Bug´s Life, EUA, 1998), segunda produção da empresa após revolucionar com o primeiro  Toy Story(EUA, 1995). Por conta da temática semelhante, isto até gerou uma treta entre as duas, envolvendo acusações de plágio. Dentre esses, Vida de Inseto é mais lembrado pela geração que viu no cinema do que Formiguinhaz.

 Já quanto à O Príncipe do Egito, se tornou mais memorável, muito disso se deve pelo fato dele usar de um elemento bastante batido que envolveu a temática bíblica, ao se basear na famosa passagem de Moisés de Faraó no Egito  a Messias libertador do povo hebreu e divulgador dos Dez Mandamentos. Algo que Hollywood desde seus primórdios explorou bastante, independente do conceito religioso.




Já em  O Caminho Para El Dorado, ele tem o seu enredo ambientado durante o período das Grandes Navegações do século 15.  Começa se ambientando na Espanha, no ano de 1519, onde somos apresentado a dupla de protagonistas Miguel e Túlio, dois sujeitos malandros,  espertalhões e tipicamente picaretas que nos primeiros minutos de filme passados na Espanha tentam dar um golpe num jogo de aposta usando de dados viciados para conseguirem vencer.

Acontece que quando são desmascarados, correm para não serem pegos pela polícia e acabam acidentalmente entrando no navio com a expedição organizada por Hernan Cortez.




Quando são descobertos por Cortez em pleno alto mar, acabam sendo aprisionados, é lá que conhecem um cavalo que vai se tornar o companheiro de aventuras da dupla, principalmente depois que eles conseguem escapar do navio numa tempestade que o levam para uma paradisíaca ilha. Onde vão se deparar com a civilização nativa que acredita que eles sejam seres divinos, e eles vão precisar sustentar essa mentira antes que fossem desmascarados pelo malvado xamã da tribo para assim poderem ficar com as riquezas douradas que essa civilização produz.



A animação contou com a direção de Bibo Begeron e Don Paul, com roteiro assinado por Ted Elliott e Terry Rossio, com a produção de Brook Breton e Bonne Radford e com a produção musical assinada por Hans Zimmer  e Jonh Powell e também contou com o famoso astro pop internacional, o britânico  Elton John cantando a trilha sonora do filme.




Cujos protagonistas tiveram suas vozes originais representadas por dois nomes famosos com Kevin Kline como Túlio, que na versão brasileira foi dublado por Guilherme Briggs e Kenneth Branagh como Miguel que na versão brasileira foi de dois dubladores Marco Antônio Costa e Marcelo Coutinho nas canções  e destacar que na dublagem brasileira houve a participação de Danielle Winits, famoso atriz da Globo dublando no filme a Chel, a nativa que vai virar companheira de tramoias da dupla que na versão original sua voz foi representada por Rosie Perez.

Na época a animação recebeu umas críticas mistas, detendo uma classificação no Rotten Tomatoes de 48% de comentários positivos.





Para a geração de crianças que cresceram  no começo do século 21, eu já não era mais tão criança na época,  era um adolescente com 15 anos,   que  conheceram  as produções da DreamWorks através de Shrek, e foram se acostumando ao modelo de estética da animação em CGI.  Podem à primeira vista acharem estranho ao apreciar  a estética dessa animação no modelo mais tradicional do 2D, que remete ao padrão da fase dourada e renascentista da Disney durante a década de 1990 com as marcantes animações que essas sim  eu cresci vendo como Aladdin(EUA,1992), O Rei Leão(The Lion King, EUA, 1994), Pocahontas(EUA, 1995), O Corcunda de Notre Dame(The Hunckbak of Notre Dame, EUA,1996), Hércules(EUA, 1997), Mulan(EUA, 1998) e Tarzan(EUA, 1999).




A mesma entrava no século 21 lançando duas animações experimentais na mesma data que  foi lançado O Caminho para El Dorado,  pela DreamWorks marcando  o início de sua triste Segunda Era Sombria que foram Dinossauro(Dinosaur, EUA, 2000), a primeira animação do estúdio com CGI no estilo mais  foto realista e A Nova Onda do Imperador(The Emperor´s New Groove, EUA,2000), cujos estilos não agradaram tanto a crítica e não fizeram sucesso de bilheterias, a ponto de quase trazerem um baita  prejuízo para a Disney que fez mudanças em seu departamento e essas  figurarem na lista das animações esquecidas da Disney.



Sequer imaginam que nos primórdios da animação, elas nem sempre tiveram esse estilo tão foto realista do CGI  que passou a virar o padrão de todas as animações que foram sendo lançadas ao longo das primeiras décadas do século 21, além da DreamWorks, Disney, Pixar, Blue Sky e a Sony Animation. Que para serem produzidas, primeiro foi  em curtas-metragens para cinema  até chegar aos longa quando em 1937, a Disney revolucionou lançando a Branca de Neve e os Sete Anões, a produção dos desenhos eram demorados, custosos, principalmente para se criar a movimentação que era feita quadro a quadro.



No final dos anos 1950, quando dois animadores egressos da MGM, William Hanna(1910-2001) e Joseph Barbera(1911-2006), se juntaram para formar um novo estúdio de animação  que levou o nome deles, a Hanna-Barbera que passaram a produzir animações para TV com produção de baixo orçamento, com histórias mais leves voltadas para as crianças americanas usando uma técnica de animação limitada. Já que antes, como as animações em curtas-metragens passavam antes dos horários dos grandes  filmes que as pessoas estavam esperando para ver. O teor deles era bastante politicamente incorreto.




O que se criou um preconceito a respeito das animações, por estas terem apenas   apelos para as crianças, a ponto de serem vista como infantilizadas. O que ficou bastante evidenciado quando na década de 1980, foram surgindo animações com aquele forte apelo para vender brinquedos, como He-Man, Transformers, Comandos em Ação, Tartarugas Ninjas  dentre outros surgidos nesse intuito porque foram originados das linhas de brinquedos de grandes fabricantes como Hasbro e Mattell, por exemplo.

E talvez por causa disso, eu na época tenha demorado a despertar o interesse por ver a animação na época que foi lançado.

No mesmo ano do lançamento de O Caminho Para El Dorado, a DreamWorks lançou A Fuga das Galinhas(Chicken Run, EUA, 2000), essa no caso uma coprodução com  Aardman Animations se utilizando da técnica da animação em stop motion conseguiu ser memorável antes do lançamento pela sua história reflexiva mostrando as galinhas presas num galinheiro que teve inspiração no holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial,  algo que também virou o padrão do estúdio após o lançamento de Shrek no ano seguinte.

Analisando hoje, mais de vinte anos depois que essa animação foi lançada, posso descrever que ela carrega boas virtudes.

Principalmente no conceito que envolve a estrutura de sua história, tendo como protagonistas dois sujeitos de caráter dúbios, mas bastante carismáticos que são os nossos fios condutores para uma aventura rumo ao desconhecido, e que para conseguirem se darem bem usam de muita malandragem e astúcia tentando enganar todo mundo pela sobrevivência, a ponto de nessa jornada descobrirem a importância do valor da  amizade.

Posso descrever que O Caminho Para El Dorado é uma produção excelente, que tem seu valor como animação. Ainda que tenha caído no esquecimento.

Se a já centenária Disney, contém em seu longo acervo produções de animações  memoráveis e outras que caíram no esquecimento com o tempo, com direito a lista de sites especializados ranqueando os que caíram no esquecimento, no caso da Dreamworks, ouso dizer que se fizessem uma lista ranqueando  as animações esquecidas do estúdio, com certeza O Caminho Para El Dorado, figuraria que só uma beleza.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário