Não existe quem ao ouvir
menção do nome DreamWorks, importante empresa de animação, não faça assimilação do nome a Shrek?
Lógico, já que essa
produção do ogro verde simbolizou um divisor de águas para a empresa conseguir
consolidar o seu nome no mercado.
Principalmente num estilo
inovador e revolucionário de estética de
animação com a textura do 3D em CGI, que padronizou o estilo da animação do começo do século 21.
De tão importante que
Shrek se tornou para a DreamWorks, que ele virou uma franquia com quatro
filmes.
Porém, eu acredito que quem houve menção à animação O Caminho para El Dorado( The
Road to El Dorado, EUA, 2000) com certeza não tem fresco, guardado na memória como a série de filmes do ogro
verde.
Isso porque essa é uma animação
esquecida da DreamWorks, produção da Fase Pré-Shrek da produtora, ainda crua no
mercado e vivia de forma bastante experimental e não estava tão consolidada
quanto agora.
Foi a segunda produção
com animação tradicional da DreamWorks, que na época era uma “criança” de
apenas seis anos que estava tentando se encontrar para se consolidar com o seu nicho.
A empresa havia sido
fundada em 1994, pelo cineasta Steven
Spielberg, que dispensa apresentações, o executivo recém-egresso da Disney
Jeffrey Katzenberg e o executivo musical David Geffen que emprestaram as iniciais
de seus sobrenomes ao logo da empresa DreamWorks Animation SKG.
Os primeiros filmes que a
DreamWorks lançou só surgiram quatro anos depois, em 1998 foi quando a empresa
lançou duas animações que foram Formiguinhaz(Antz,EUA,1998),
primeira a usar técnica do CGI, ainda não muito comum na época. E O
Príncipe do Egito(The Prince of Egypty, EUA, 1998), primeira no modelo
mais tradicional de animação, ainda bastante comum naquele período do final da
década de 1990. Onde estávamos transitando entre o fim do século 20 para o começo do 21.
Dessas primeiras
animações da DreamWorks, Formiguinhaz não é tão memorável, já que
foi lançada no mesmo ano que a Pixar
lançava Vida de Inseto(A Bug´s Life, EUA, 1998), segunda produção
da empresa após revolucionar com o primeiro
Toy Story(EUA, 1995). Por conta da temática semelhante,
isto até gerou uma treta entre as duas, envolvendo acusações de plágio. Dentre
esses, Vida de Inseto é mais lembrado pela geração que viu no cinema do
que Formiguinhaz.
Já quanto à O Príncipe do Egito, se
tornou mais memorável, muito disso se deve pelo fato dele usar de um elemento
bastante batido que envolveu a temática bíblica, ao se basear na famosa
passagem de Moisés de Faraó no Egito a Messias
libertador do povo hebreu e divulgador dos Dez Mandamentos. Algo que Hollywood
desde seus primórdios explorou bastante, independente do conceito religioso.
Já em O Caminho Para El Dorado, ele
tem o seu enredo ambientado durante o período das Grandes Navegações do século
15. Começa se ambientando na Espanha, no
ano de 1519, onde somos apresentado a dupla de protagonistas Miguel e Túlio,
dois sujeitos malandros, espertalhões e
tipicamente picaretas que nos primeiros minutos de filme passados na Espanha
tentam dar um golpe num jogo de aposta usando de dados viciados para
conseguirem vencer.
Acontece que quando são
desmascarados, correm para não serem pegos pela polícia e acabam acidentalmente
entrando no navio com a expedição organizada por Hernan Cortez.
Quando são descobertos
por Cortez em pleno alto mar, acabam sendo aprisionados, é lá que conhecem um
cavalo que vai se tornar o companheiro de aventuras da dupla, principalmente
depois que eles conseguem escapar do navio numa tempestade que o levam para uma
paradisíaca ilha. Onde vão se deparar com a civilização nativa que acredita que
eles sejam seres divinos, e eles vão precisar sustentar essa mentira antes que
fossem desmascarados pelo malvado xamã da tribo para assim poderem ficar com as
riquezas douradas que essa civilização produz.
A animação contou com a
direção de Bibo Begeron e Don Paul, com roteiro assinado por Ted Elliott e
Terry Rossio, com a produção de Brook Breton e Bonne Radford e com a produção
musical assinada por Hans Zimmer e Jonh
Powell e também contou com o famoso astro pop internacional, o britânico Elton John cantando a trilha sonora do filme.
Cujos protagonistas
tiveram suas vozes originais representadas por dois nomes famosos com Kevin
Kline como Túlio, que na versão brasileira foi dublado por Guilherme Briggs e
Kenneth Branagh como Miguel que na versão brasileira foi de dois dubladores
Marco Antônio Costa e Marcelo Coutinho nas canções e destacar que na dublagem brasileira houve a
participação de Danielle Winits, famoso atriz da Globo dublando no filme a Chel,
a nativa que vai virar companheira de tramoias da dupla que na versão original
sua voz foi representada por Rosie Perez.
Na época a animação
recebeu umas críticas mistas, detendo uma classificação no Rotten Tomatoes de
48% de comentários positivos.
Para a geração de
crianças que cresceram no começo do
século 21, eu já não era mais tão criança na época, era um adolescente com 15 anos, que conheceram
as produções da DreamWorks através de Shrek, e foram se
acostumando ao modelo de estética da animação em CGI. Podem à primeira vista acharem estranho ao
apreciar a estética dessa animação no
modelo mais tradicional do 2D, que remete ao padrão da fase dourada e renascentista
da Disney durante a década de 1990 com as marcantes animações que essas sim eu cresci vendo como Aladdin(EUA,1992),
O Rei Leão(The Lion King, EUA, 1994), Pocahontas(EUA,
1995), O Corcunda de Notre Dame(The Hunckbak of Notre Dame,
EUA,1996), Hércules(EUA, 1997), Mulan(EUA, 1998) e Tarzan(EUA,
1999).
A mesma entrava no século
21 lançando duas animações experimentais na mesma data que foi lançado O Caminho para El Dorado,
pela DreamWorks marcando o início de sua triste Segunda Era Sombria que
foram Dinossauro(Dinosaur, EUA, 2000), a primeira animação do
estúdio com CGI no estilo mais foto realista
e A Nova Onda do Imperador(The Emperor´s New Groove, EUA,2000),
cujos estilos não agradaram tanto a crítica e não fizeram sucesso de
bilheterias, a ponto de quase trazerem um baita prejuízo para a Disney que fez mudanças em seu
departamento e essas figurarem na lista
das animações esquecidas da Disney.
Sequer imaginam que nos
primórdios da animação, elas nem sempre tiveram esse estilo tão foto realista
do CGI que passou a virar o padrão de
todas as animações que foram sendo lançadas ao longo das primeiras décadas do
século 21, além da DreamWorks, Disney, Pixar, Blue Sky e a Sony Animation. Que
para serem produzidas, primeiro foi em
curtas-metragens para cinema até chegar
aos longa quando em 1937, a Disney revolucionou lançando a Branca de Neve
e os Sete Anões, a produção dos desenhos eram demorados, custosos,
principalmente para se criar a movimentação que era feita quadro a quadro.
No final dos anos 1950,
quando dois animadores egressos da MGM, William Hanna(1910-2001) e Joseph
Barbera(1911-2006), se juntaram para formar um novo estúdio de animação que levou o nome deles, a Hanna-Barbera que
passaram a produzir animações para TV com produção de baixo orçamento, com
histórias mais leves voltadas para as crianças americanas usando uma técnica de
animação limitada. Já que antes, como as animações em curtas-metragens passavam
antes dos horários dos grandes filmes
que as pessoas estavam esperando para ver. O teor deles era bastante
politicamente incorreto.
O que se criou um
preconceito a respeito das animações, por estas terem apenas apelos para as crianças, a ponto de serem
vista como infantilizadas. O que ficou bastante evidenciado quando na década de
1980, foram surgindo animações com aquele forte apelo para vender brinquedos,
como He-Man, Transformers, Comandos em Ação,
Tartarugas Ninjas dentre outros
surgidos nesse intuito porque foram originados das linhas de brinquedos de
grandes fabricantes como Hasbro e Mattell, por exemplo.
E talvez por causa disso,
eu na época tenha demorado a despertar o interesse por ver a animação na época
que foi lançado.
No mesmo ano do
lançamento de O Caminho Para El Dorado, a DreamWorks lançou A
Fuga das Galinhas(Chicken Run, EUA, 2000), essa no caso uma coprodução
com Aardman Animations se utilizando da
técnica da animação em stop motion conseguiu ser memorável antes do lançamento
pela sua história reflexiva mostrando as galinhas presas num galinheiro que
teve inspiração no holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial, algo que também virou o padrão do estúdio após
o lançamento de Shrek no ano seguinte.
Analisando hoje, mais de
vinte anos depois que essa animação foi lançada, posso descrever que ela
carrega boas virtudes.
Principalmente no
conceito que envolve a estrutura de sua história, tendo como protagonistas dois
sujeitos de caráter dúbios, mas bastante carismáticos que são os nossos fios
condutores para uma aventura rumo ao desconhecido, e que para conseguirem se
darem bem usam de muita malandragem e astúcia tentando enganar todo mundo pela
sobrevivência, a ponto de nessa jornada descobrirem a importância do valor da amizade.
Posso descrever que O
Caminho Para El Dorado é uma produção excelente, que tem seu valor como
animação. Ainda que tenha caído no esquecimento.
Se a já centenária
Disney, contém em seu longo acervo produções de animações memoráveis e outras que caíram no esquecimento
com o tempo, com direito a lista de sites especializados ranqueando os que
caíram no esquecimento, no caso da Dreamworks, ouso dizer que se fizessem uma
lista ranqueando as animações esquecidas
do estúdio, com certeza O Caminho Para El Dorado, figuraria que só uma
beleza.
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