segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O EXCÊNTRICO REPÓRTER AGAMENON

 

O REPÓRTER AGAMENON

 

Na sexta-feira, 08 de Setembro de 2023, conferi  na Netflix ao filme As Aventuras de Agamenon-O Repórter (Brasil, 2012).




A trama do filme gira em torno da pitoresca saga de Agamenon Mendes Pedreira(Marcelo Adnet/Hubert), um repórter de caráter dúbio que já se aventurou em fazer reportagens testemunhando diferentes fatos da história da humanidade, onde inclusive foi após segundo ele ter testemunhando a bomba atômica atingir Hiroshima e Nagasaki que ele sentiu uma mudança no corpo que o deixou mais disposto sexualmente,  e fazia consultas com o Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo(Marcelo Madureira),   entrevistando as mais importantes personalidades que ao serem entrevistadas por ele demonstram em seus depoimentos  não terem simpatia nenhuma pela sua pessoa.




  Malandrão do jeito  que é, não resiste a um rabo de saia, já deu em cima de tanta mulher ao longo da vida.   

Vivendo em uma constante  relação de idas e vindas com Isaura(Luana Piovani) e sempre residindo em seu carro em frente ao jornal O Globo, no qual foi contratado.





Um sujeito com uma personalidade  que todo mundo ama odiar, a ponto de despertar o interesse do jornalista Pedro Bial, que nutre uma inveja por ele a ponto de  contratar um assassino chamado apenas de      Matador   (Leandro Firmino) para executar Agamenon.  

Dirigido por Victor Lopes, com produção de Flávio Ramos Tambelini  e Manfredo Barreto e roteirizado por  Hubert Aranha e Marcelo Madureira, membros do grupo  humorístico do Casseta & Planeta.




Cujo personagem foi inspirado numa criação deles para o jornal O Globo, onde eles também  participam do filme  como atores, Hubert representando o protagonista com quem divide com Marcelo Adnet e Marcelo Madureira representando o Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, uma espécie de médico particular do Agamenon.

        Eu havia assistido ao filme na época quando chegou nas telonas, que recebeu umas críticas negativas de grande parte  da crítica especializada dos mais diferentes sites de cinema. Eu confesso ter gostado do filme, pois já conhecia um pouco da estética cômica dos criadores e ao revisitar na Netflix, eu continuei achando divertido, dando muitas gargalhadas.




         Pois ele reflete muito bem um estilo de humor  que aos olhos de hoje seria um pouco impensável de ser replicado pelo fato dele já carregar a característica de ficar datado, porque satirizava cada momento do cotidiano brasileiro naquele estilo provocativo de não perdoar ninguém.

         A sua   estética segue bem a fórmula do humor ácido que a trupe do Casseta & Planeta costumava explorar muito durante o longo tempo que estiveram no ar com o programa Casseta & Planeta, Urgente(1992-2010) exibido todas as noites de terça-feira, após alguma novela em cartaz no horário das oito da Globo.  Seguindo o lema do  humorismo verdade,  jornalismo mentira. 




           A começar pelo fato do filme  se utilizar de um formato de mocumentário, ou seja, de falso documentário.   

           Onde somos apresentados a sua jornada com  o jornalista Pedro Bial fazendo ele mesmo como fio condutor com uma reportagem a procura dele, em seguida temos diferentes cortes de edição onde somos apresentados a diferentes personalidades brasileiras dando seus depoimentos sobre ele, dando a entender que já foram entrevistas por ele e sendo narrado por uma atriz do calibre de Fernanda Montenegro.





            Fora quando temos muitas confusões entre a ficção com a realidade devido a maneira como é feita as sobreposições das  edições de imagens de arquivos que mostram o protagonista como testemunha ocular de fatos marcantes da história da humanidade de quando sobreviveu ao naufrágio do Titanic, de quando foi lutar na Europa para enfrentar as tropas de Hitler e manteve um caso amoroso com sua esposa Eva Braun(Guilermina Guinle).





         De quando testemunhou Getúlio Vargas(Xando Graça) se suicidando, passando pela Queda do Muro de Berlim e de quando esteve nos prédios do World Trade Center horas antes dos ataques dos aviões no dia 11 de Setembro de 2001 com aquele toque  bem pitoresco com cunho paródico. Algo bem típico como era o humor do Casseta & Planeta na TV.





 Por ser roteirizado justamente pelos membros do Casseta & Planeta, Hubert Aranha e Marcelo Madureira, todo o seu formato é inspirado no que eles faziam na TV, e para  quem como eu cresceu  acompanhando  o programa(chega a ser pitoresco comentar  aos leitores que  eu cresci assistindo o programa deles,  até porque o humor do Casseta & Planeta era inapropriado para crianças) mas enfim esperar assistir ao filme com o mesmo humor que o grupo fazia na TV, digamos que não vai  se decepcionar, porque ele cumpre bem essa função.




A história de como esse grupo humorístico foi originado  é um tanto quanto  pitoresco, já que ele começou quando no final dos anos 1970, três  amigos que se conheceram na UFRJ formado por Beto Silva, Marcelo Madureira e Hélio de La Peña, juntos criaram uma fanzine humorística chamada de Casseta Popular que logo depois viraria uma revista que trazia uma estética anárquica de humor ácido provocativo paródico, posteriormente ingressaram nesse grupo  Claudio Manoel e  Bussunda(1962-2006)*.




E o grupo aumentaria quando três amigos que trabalhavam para outra mídia impressa  humorística O Planeta Diário, uma sátira ao famoso jornal do Superman, formado por três ex-redatores de O Pasquim: Reinaldo Figueiredo, Hubert Aranha e Claudio Paiva ao se juntarem a eles formaram o Casseta & Planeta.

 O fato deles terem começado a fazer humor no jornalismo explica o famoso lema deles do “humorismo verdade, jornalismo mentira”.




O ousado estilo ácido de humor provocativo  que o grupo fazia nesse modelo tradicional de mídia impressa foi colocado na TV quando eles primeiramente ingressaram compondo a equipe de redatores da TV Pirata(Brasil, 1988-1992) juntos de outros nomes importantes do humor brasileiro: como o escritor Luís Fernando Verissimo(1936-2025), o  cartunista Glauco Villas-Boas(1957-2010), o dramaturgo Mauro Rasi(1949-2003) dentre outros.




Cujo elenco era formado por atores surgido do teatro de variedades, que abordavam sobre a comédia de costumes,  também popularmente chamado pejorativamente de besteirol e do revolucionário Asdrúbal Trouxe o Trombone,  que já eram estrelas popularmente conhecidas das novelas da Globo com nomes como:  Diogo Villela, Débora Bloch, Guilherme Karan(1958-2016),  Cristina Pereira, Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé  dentre outros exemplos.




Cuja estética humorística também se conectava um pouco com o que a  trupe fazia em satirizar  e provocar o cotidiano social  brasileiro.  

Em seguida,  eles fizeram carreira na música  lançando um LP de humor. Com a canção Mãe é Mãe.

 

Posteriormente,  mostrariam a cara e a coragem  apresentando o programa Doris Para Maiores(Brasil, 1991), acompanhado da jornalista Doris Giesse e  somente  em 1992, passariam a comandar o programa Casseta & Planeta, Urgente, que durou 18 anos no ar nas noites de terça-feira.

Inicialmente nesse programa, ele não contava com a presença de Maria Paula, a primeira mulher a participar foi a jornalista Kátia Maranhão que não participava tanto das esquetes, apenas comandava o programa dentro do estúdio assumindo a função séria do jornalismo.

 Só depois é que colocaram a Maria Paula, egressa da extinta  MTV Brasil para assumir a função de ser como ela ficou popularmente conhecida de “A Oitava Casseta”.

Isso porque o grupo era composto de sete homens formado por: Claudio Manoel, Beto Silva, Bussunda, Marcelo Madureira, Hélio de La Peña, Hubert e Reinaldo. Já  Claudio Paiva, ex-companheiro de Hubert e Reinaldo no O Planeta Diário não os acompanhou nessa nova empreitada.

E no que eles foram se consolidando  na TV, foram se expandindo escrevendo muitos livros de piadas, eu cheguei a ter um desses que foi o Seu Creysson: Vidia e Obra(2002), sobre o tipo popular representado por Claudio Manoel.

Mesmo após o desfalque que o grupo sofreu com a morte do Bussunda, em consequência de um ataque cardíaco sofrido   quando ele  estava na Alemanha com parte do grupo para fazer a cobertura da Copa do Mundo de 2006, ainda assim eles continuaram juntos trabalhando  na TV por mais quatro anos.  

A estética de humor do Casseta & Planeta já tendia a ser datada, e isso já é algo característico da comédia que desde o surgimento de sua arte nos primórdios da humanidade no teatro da Grécia Antiga, tendia a ser datado pelo fato dele ridicularizar situações e costumes sociais de acordo com cada época,  ao contrário do drama cuja história é sempre atemporal. 

  Do mesmo modo como acontece com  o humor das charges, porque como o seu estilo humorístico tinha muito do DNA no jornalismo cujo roteiro das piadas dependiam do que vinha acontecendo nos noticiários da imprensa seja tanto na política dos quais eles tiravam sarro, fosse em parodiar as novelas em cartaz da Globo, fosse parodiar personalidades em situações nada agradáveis ou temas espinhosos na rotina de nossa sociedade, envolvendo os avanços científicos, o comportamento  social ou qualquer coisa do tipo eles não perdoavam mesmo.

Eles tiravam muito sarro de grupos sociais marginalizados como os pretos, a comunidade LGBTQIAPN+, os PCDs, os povos originários, as pessoas obesas e como o predomínio do grupo era masculino, eles também faziam muitas  piadas machistas de cunho erótico ou mesmo depreciativo.

Algo que hoje em dia já não é mais tão tolerado, não pelo politicamente correto, mas porque os grupos sociais marginalizados já não toleram mais isso.

Se bem que não se  pode julgar,  nem lacrar e nem sequer cancelar  o tipo  de humor que eles faziam até porque a gente tem de levar em contar de que quando  esse grupo surgiu, foi  num momento em que ainda  vivíamos  numa época opressora de transição do final da Ditadura Militar para o começo da atual Nova República.

Onde prevalecia uma forte censura aos meios de comunicação.  E estávamos nos adaptando a ter  de volta a nossa  liberdade de expressão depois de passarmos 21 anos sobre a  opressão dos militares. E vivíamos num cenário econômico  de alta inflação.

Poderia comparar que o tipo transgressor de humor deles equivalerem  como  os porta-vozes  da geração oprimida pela ditadura nos anos 1980,  a algo  parecido  ao que os cantores Cazuza(1958-1990) e Renato Russo(1960-1996) simbolizavam para a música brasileira, com suas letras de caráter panfletários e provocativos.

Isso inclusive me lembra que no meu tempo de Colégio Objetivo,  quando eu fazia a antiga 8ª Série do Ensino Fundamental, isso lá em 2002, durante uma aula  de história sobre a Ditadura no Brasil.

Nosso professor mencionou o exemplo do Casseta & Planeta, para explicar para nós que já erámos da geração que não alcançou a fase de repressão da ditadura e já era símbolo  de museu para nós, por assim dizer.  

Que aquele humor que a gente assistia do grupo  que ainda passava na TV, seria impensável da gente assistir tipo durante os anos 1970, fase mais repressora da ditadura.

Ainda no meu tempo de Objetivo, eu tive outro professor que não vou mencionar aqui  o nome e nem de qual disciplina ele lecionava que ele por ser crente, chegou uma vez em sala de aula comentando sua indignação reacionária  de um quadro do Casseta & Planeta onde eles faziam uma blasfêmia a Deus, por causa da brincadeira que eles fizeram com uma esquete onde o Seu Creysson(Claudio Manoel) virava um ser iluminado.

Uma postura que lembrando hoje,  irei dizer que se mostrou muito equivocada da parte dele, porque ele não entendeu que o intuito ali  não era difamar nenhuma religião, mas sim criticar o culto em torno de pastores midiáticos que ostentam uma vida de luxo para enganar seus ingênuos  fiéis virando suas ovelhas.

Quando o humor especificamente ousa provocar a religião, o negócio tende a trazer uma reação de enfurecimento de grupos religiosos reacionários, extremistas etc...

Pegar outros exemplos de situações semelhantes ao que eu testemunhei desse meu professor foi quando os  britânicos do Monty Pyton lançou o filme A Vida de Brian(Life of Brian, Reino Unido, 1979), que chegou a ser  proibido de ter  distribuição  em alguns países  pela forma como eles zoavam a história bíblica do nascimento de Jesus Cristo ou mesmo como ocorreu anos depois com o Porta dos Fundos, que em 2019 lançou um especial natalino para a Netflix intitulado A Primeira Tentação de Cristo (Brasil, 2019), que gerou uma revolta de grupos religiosos reacionários que até destruíram sua sede.

Olha com todo respeitado por qualquer religião, independente de qual seja o credo, até porque sou seguidor do espiritismo.    

Principalmente a  quem siga a religião evangélica, até porque eu meio que indiretamente tive uma educação evangélica porque minha mãe veio do berço de uma família protestante.  Onde inclusive um irmão dela faz carreira no sacerdócio, ministrando como pastor há mais de 30 anos numa igreja batista da Bahia e mesmo não sendo seguidor fiel,  cheguei  a frequentar alguns cultos evangélicos.

 Do mesmo  modo que cheguei a frequentar umas missas  de  igrejas católicas, onde recebi  batismo  que foi onde literalmente  meu pai teve essa formação educacional, já que estudou  do maternal ao ensino médio  num colégio de padres.

Mas não tem quem me convença de que pastores midiáticos com influência na política para formar uma bancada  evangélica no planalto e com aqueles discursos autoritários, moralistas  e recalcados  de demonizar tudo que foge ao padrão que eles pregam de deus e família e arrumarem bodes expiatórios condenando anime como coisa do demônio  e convencendo qualquer fiel de que são milagreiros.

Mas que no fundo escondem serem uns bando de gente torpe, que adora ostentar uma vida luxuosa e fazer suas orgias.

Esses sim, me desculpem mas são gente que se mostram mais nocivas do que qualquer coisa. Não merecem o meu respeito.

Voltando a comentar do filme, a produção conta em seu elenco além dos já citados Hubert e Marcelo Adnet que se revezam na pele do protagonista. Eles cada um dá um show à parte.

 Adnet na época já figurava como uma aposta para a nova  safra de comediantes, já era famoso por participar de programas humorísticos da antiga MTV Brasil.

E no filme faz um trabalho crível na pele do Agamenon na versão jovial e Hubert faz um trabalho fantástico como o Agamenon na melhor idade.

Também mencionar a participação do Marcelo Madureira  na pele do excêntrico  Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, cujo  ótimo trabalho de  caracterização com uma peruca de cabelo espetado com jaleco branco e óculos  o faz remeter bem ao estereótipo caricato  do cientista louco explorado   na cultura pop, como nos cartoons, por exemplo.

Além desses mencionados, também faço menção   as participações no elenco  de Luana Piovani, que representou no filme, o papel da Isaura Melo Pinto(Isaurinha), a amada de Agamenon com a atraente  beleza jovial com quem ela dividiu o papel com a saudosa e veterana Daisy Lucidi(1929-2020) que a representou coroa nos minutos finais do filme.

Vale mencionar as participações de Luís Carlos Miele(1938-2015) e de Alcione Mazzeo que contracenam juntos como   casal abastado  Melo Pinto,  pais da Isaura que se mostram contra sua união com Agamenon.

Outras participações a serem mencionadas são de: Guilhermina Guinle representando a modelo alemã Eva Braun(1912-1945), a famosa amante do tirano mais perverso que o mundo já conheceu Adolf Hitler(1889-1945) que no contexto satírico do filme foi a mulher com quem Agamenon manteve um caso amoroso a  ponto de botar chifres no Führer.

Também mencionar as participações de Robson Nunes representando o famoso astro do futebol brasileiro  Ronaldo Fenômeno, Tonico Pereira como o Capitão do navio RMS Titanic Edward Smith(1850-1912), o que sofreu naufrágio em 1912  é este que aparece no clássico filme  catástrofe Titanic(EUA, 1997) dirigido por James Cameron e  vencedor de 11 Oscars em 1998 que foi  representado pelo britânico Bernard Hill(1944-2024).

Outra participação curiosa do filme é a de Leandro Firmino da Hora, o eterno Zé Pequeno do filme Cidade de Deus(Brasil, 2002) que representa um bandido de nome apenas Matador que é contratado pelo jornalista Pedro Bial para matar Agamenon, a coisa mais nonsense que você pode imaginar.  Sua interpretação no papel remete demais ao Zé Pequeno.

Assim como há de mencionar as participações  de Xando Graça representando Getúlio Vargas(1882-1954) e Claudio Tovar como o músico Tom Gilberto, parodiando Tom Jobim(1927-1994) e João Gilberto(1931-2019), ícones da bossa nova.

Outra participação curiosa no filme é do famoso assistente de palco dos programas da Globo  Russo(1931-2017)** que aparece numa cena pitoresca como juiz de um ringue de padres com Agamenon descrevendo sua cobertura da escolha do polonês Karol Wojtila(1920-2005) como o novo papa em 1978 recebendo o nome de João Paulo II.

Foras as curiosas participações de algumas celebridades reais que dão depoimentos sobre o Agamenon como se  ele tivesse realmente existido, o que torna a estética cômica nonsense do filme ainda mais pitoresca.

Onde cada uma conta como foi ser entrevistado por ele ou mesmo ter virado matéria escrita por ele.

Dentre essas celebridades, além de eu já ter citados os nomes da atriz Fernanda Montenegro e do jornalista Pedro Bial, também aparecem entre os entrevistados  estão  o saudoso humorista Jô Soares(1938-2022), o sociólogo e ex-presidente da República  Fernando Henrique Cardoso, que curiosamente no Casseta & Planeta era bastante parodiado por Hubert como Viajando Henrique Cardoso.

O jornalista Nelson Motta que brinca em não saber de quem o documentário iria abordar, porque ele é tão convidado para dar entrevista em documentários, é tanto que na legenda ao apresenta-lo fica escrito embaixo do seu nome a função pitoresca: Ator de documentários.

Há também a participação  do Ruy Castro, célebre escritor de biografia de importantes personalidades brasileiras que se envolve de fazer o trabalho de detetive de investigar o real Agamenon.

Dentre outros momentos interessantes no filme.

Ao mesmo tempo que a obra apresenta essas qualidades, também não posso  deixar passar pano em alguns pontos problemáticos que aparecem no filme.

Como o fato do filme ser uma produção da dupla que compõe o Casseta&Planeta, que além de representarem na função de atores, também são os roteiristas dessa obra.

Uma coisa era eles roteirizarem e representarem em  um programa de tv semanal com seu estilo paródico de humor  a respeito do cotidiano do Brasil e do Mundo com histórias apresentando esquetes de curta duração de 10 segundo ou as vezes de 10 minutos para cumprir a meia hora de duração dentro da grade,  com parodias de novelas de globo, de outros programas, de celebridades ou coisas do tipo.

Outra coisa  é eles estruturarem uma trama para um filme de uma hora e meia de duração, cujas piadas consigam se sustentarem do inicio ao fim.

Cujo protagonista  fosse cativante o suficiente para nos fisgar a acompanhar aquela narrativa. E digamos que o filme sofre de alguns desses problemas como já foi comentado por críticos como  Leonardo Vinicius Jorge em sua coluna do site Pipoca Moderna publicada em 6 de Janeiro de 2012:

A irregularidade da qualidade do humor do roteiro. Assim como já acontecia no antigo programa televisivo dos Cassetas, o longa alterna pouquíssimas piadas realmente boas e inteligentes com escatologia infantil e ideias batidas. Se existe uma sacada genial, como a brincadeira com o fotógrafo Sebastião Salgado, minutos depois a trama cai na tentação de explorar o episódio de Ronaldo Fenômeno e os travestis, fato já parodiado em todos os (péssimos) humorísticos da TV brasileira.

Por outro lado o portal Cineclick chegou a colocar 5 cinco estrelas a classificando como uma “coleção de esquetes”.

O colunista do site Omelete, Marcelo Hessel que deu 2 ovos para o filme em sua avaliação descreveu no seu artigo sobre o filme   de 5 de Janeiro de 2012:

Com cara de velho - seus fatos não têm o "calor" da mídia instantânea e todas as piadas se esgotaram no Twitter minutos depois de sair uma notícia (como no caso de Ronaldo). O filme inclusive emula a estética da web - imagens photoshopadas, dublagem em cima de vídeos de arquivo - que só o desfavorece. Se Agamenon gozava de algum timing no jornal, isso se perde no cinema, onde Madureira ainda acha que chamar um proctologista de Jacinto Leite Aquino Rêgo pode render alguma coisa. Não por acaso, os poucos momentos inspirados do filme são aqueles que lidam não com o imediatismo, mas com o acúmulo dos eventos. Por exemplo, Nelson Motta já participou de tantos documentários musicais nos últimos anos que, em As Aventuras de Agamenon, o próprio Motta - creditado como "ator de documentários" - aparece para tirar sarro de si mesmo. Outro que ganhou credibilidade pela repetição é o biógrafo Ruy Castro, que surge no filme sempre para contestar alguma informação histórica. É mal equilibrado entre o humor reativo mais popular (as gags de sexo) e essas inside jokes (como brincar com a obsessão de João Barone pela Segunda Guerra) que As Aventuras de Agamenon atira pra todo lado. Às vezes, acerta justamente pela mistura anacrônica - juntar um modismo de hoje com um evento passado, como a torcida "sou louco por ti Wojtyla" no conclave de João Paulo II.”

Para quem nunca se familiarizou com a estética cômica do Casseta & Planeta e vai cair de paraquedas nesse filme pode achar uma grande estranheza a ideia dessa estética de falso documentário dessa obra que faz o filme querer parecer um tanto realista em tratar sobre uma figura real, ainda mais contando com a presença de personalidades reais dando depoimento a respeito do Agamenon, um jornalista que ninguém nunca ouviu falar.  O que pode parecer confuso a primeira vista.

O que talvez possa não acontecer para quem já acompanhou os seus programas e sente aquela sensação em teoria de conforto e familiaridade com a obra.

De todo jeito, essa obra merece ser apreciada para conhecer a sua  importância como um estilo paródico que vale a pena conhecer e ter outra percepção e avaliar se é bom ou não.


*Pseudônimo de Claudio Besserman Vianna, cujo apelido Bussunda  surgiu em referência ao personagem cartunesco chamado Sujismundo, criação do brasileiro Ruy Perotti(1937-2005) que  nos anos 1970 costumava aparecer em comerciais de TV numa série de quatro filmetes, que variavam entre 60 e 90 segundos de duração, e eram exibidos na TV e no cinema. Com o intuito de conscientizar a higienização na  população brasileira nessa campanha do regime militar com o lema: Povo desenvolvido, é povo limpo. O Sujismundo era representado justamente como uma pessoa sem higiene, um porcalhão  cujo nome que foi batizado simbolizando  bem isso. Juntando as palavras sujo com imundo. E se tornou popular em nós para definir esse tipo de pessoa sem higiene. E foi precisamente quando ela agia sem muita higiene quando estava num acampamento de férias na infância que ele ganhou o apelido de Bussunda, primeiro era Besserman Sujismundo que foi se alterando para Bessermundo, depois ficar Bessundo, Bussundo e até chegar a Bussunda que o tornou famoso nacionalmente no Casseta & Planeta.  Nascido numa família de classe média alta, caçula dos três filhos de um cirurgião e de uma psicanalista. Bussunda era irmão do economista Sergio Besserman Vianna que chegou a presidir o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e do médico Marcos Besserman Vianna que desenvolve pesquisas para a Fundação Oswaldo Cruz. 

**Russo era o apelido de Antônio Pedro de Souza e Silva, começou sua carreira no meio comunicativo como  assistente técnico na Rádio Tupi, foi lá que teve contato com o apresentador Chacrinha(1917-1988) que o convidou para ingressar na TV.  Ingressou na Globo em 1965, ano da inauguração da emissora da qual foi um  funcionário dedicado por quase 50 anos. Assumindo a função de assistente de palco dos mais diferentes programas de apresentadores como: Xuxa Meneghel, Fausto Silva, Luciano Huck, onde sempre esbanjava simpatia e carisma por onde passava a ponto de virar uma atração. Russo permaneceu na Globo até sua demissão em 2014. Três anos após sua demissão ele faleceu no dia 28 de Janeiro de 2017, de falência múltipla dos órgãos após ser internado por uma pneumonia aos 85 anos. Russo nos seus  últimos anos de vida  já se encontrava com seu estado de saúde comprometido  por conta da já avançada idade. Em 2011, Russo sofreu um infarto  onde precisou realizar uma cirurgia cardíaca que o levou a adquirir cinco pontes de safena no coração. Em 2015, sofre um AVC(Acidente Vascular Cerebral) e agravado pelo quadro depressivo que ele adquiriu após demonstrar inconformismo com a demissão da empresa a qual dedicou a vida como prestador de serviço, todos esses fatores fragilizaram ainda mais sua delicada saúde a ponto de ocasionar no triste fim da sua vida. 

                                     

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