O REPÓRTER AGAMENON
Na
sexta-feira, 08 de Setembro de 2023, conferi na Netflix ao filme As Aventuras de
Agamenon-O Repórter (Brasil, 2012).
A
trama do filme gira em torno da pitoresca saga de Agamenon Mendes
Pedreira(Marcelo Adnet/Hubert), um repórter de caráter dúbio que já se
aventurou em fazer reportagens testemunhando diferentes fatos da história da
humanidade, onde inclusive foi após segundo ele ter testemunhando a bomba
atômica atingir Hiroshima e Nagasaki que ele sentiu uma mudança no corpo que o
deixou mais disposto sexualmente, e
fazia consultas com o Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo(Marcelo
Madureira), entrevistando as mais importantes
personalidades que ao serem entrevistadas por ele demonstram em seus
depoimentos não terem simpatia nenhuma pela
sua pessoa.
Malandrão
do jeito que é, não resiste a um rabo de
saia, já deu em cima de tanta mulher ao longo da vida.
Vivendo
em uma constante relação de idas e
vindas com Isaura(Luana Piovani) e sempre residindo em seu carro em frente ao
jornal O Globo, no qual foi contratado.
Um
sujeito com uma personalidade que todo
mundo ama odiar, a ponto de despertar o interesse do jornalista Pedro Bial, que
nutre uma inveja por ele a ponto de contratar um assassino chamado apenas de Matador
(Leandro Firmino) para executar Agamenon.
Dirigido
por Victor Lopes, com produção de Flávio Ramos Tambelini e Manfredo Barreto e roteirizado por Hubert Aranha e Marcelo Madureira, membros do
grupo humorístico do Casseta &
Planeta.
Cujo
personagem foi inspirado numa criação deles para o jornal O Globo, onde
eles também participam do filme como atores, Hubert representando o
protagonista com quem divide com Marcelo Adnet e Marcelo Madureira
representando o Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, uma espécie de médico particular
do Agamenon.
Eu havia assistido ao filme na época quando
chegou nas telonas, que recebeu umas críticas negativas de grande parte da crítica especializada dos mais diferentes
sites de cinema. Eu confesso ter gostado do filme, pois já conhecia um pouco da
estética cômica dos criadores e ao revisitar na Netflix, eu continuei achando
divertido, dando muitas gargalhadas.
Pois ele reflete muito bem um estilo de humor que aos olhos de hoje seria um pouco
impensável de ser replicado pelo fato dele já carregar a característica de
ficar datado, porque satirizava cada momento do cotidiano brasileiro naquele
estilo provocativo de não perdoar ninguém.
A
sua estética segue bem a fórmula do humor ácido
que a trupe do Casseta & Planeta costumava explorar muito durante o
longo tempo que estiveram no ar com o programa Casseta & Planeta,
Urgente(1992-2010) exibido todas as noites de terça-feira, após alguma
novela em cartaz no horário das oito da Globo. Seguindo o lema do humorismo verdade, jornalismo mentira.
A começar pelo fato do filme se utilizar de um formato de mocumentário, ou
seja, de falso documentário.
Onde somos apresentados a sua
jornada com o jornalista Pedro Bial
fazendo ele mesmo como fio condutor com uma reportagem a procura dele, em
seguida temos diferentes cortes de edição onde somos apresentados a diferentes
personalidades brasileiras dando seus depoimentos sobre ele, dando a entender
que já foram entrevistas por ele e sendo narrado por uma atriz do calibre de
Fernanda Montenegro.
Fora quando temos muitas confusões entre a
ficção com a realidade devido a maneira como é feita as sobreposições das edições de imagens de arquivos que mostram o
protagonista como testemunha ocular de fatos marcantes da história da
humanidade de quando sobreviveu ao naufrágio do Titanic, de quando foi lutar na
Europa para enfrentar as tropas de Hitler e manteve um caso amoroso com sua
esposa Eva Braun(Guilermina Guinle).
De quando testemunhou Getúlio Vargas(Xando
Graça) se suicidando, passando pela Queda do Muro de Berlim e de quando esteve
nos prédios do World Trade Center horas antes dos ataques dos aviões no dia 11
de Setembro de 2001 com aquele toque bem
pitoresco com cunho paródico. Algo bem típico como era o humor do Casseta
& Planeta na TV.
Por ser roteirizado justamente pelos membros
do Casseta & Planeta, Hubert Aranha e Marcelo Madureira, todo o seu
formato é inspirado no que eles faziam na TV, e para quem como eu cresceu acompanhando o programa(chega a ser pitoresco comentar aos leitores que eu cresci assistindo o programa deles, até porque o humor do Casseta &
Planeta era inapropriado para crianças) mas enfim esperar assistir ao filme
com o mesmo humor que o grupo fazia na TV, digamos que não vai se decepcionar, porque ele cumpre bem essa
função.
A
história de como esse grupo humorístico foi originado é um tanto quanto pitoresco, já que ele começou quando no final
dos anos 1970, três amigos que se
conheceram na UFRJ formado por Beto Silva, Marcelo Madureira e Hélio de La
Peña, juntos criaram uma fanzine humorística chamada de Casseta Popular
que logo depois viraria uma revista que trazia uma estética anárquica de humor
ácido provocativo paródico, posteriormente ingressaram nesse grupo Claudio Manoel e Bussunda(1962-2006)*.
E
o grupo aumentaria quando três amigos que trabalhavam para outra mídia impressa
humorística O Planeta Diário, uma
sátira ao famoso jornal do Superman, formado por três ex-redatores de O
Pasquim: Reinaldo Figueiredo, Hubert Aranha e Claudio Paiva ao se juntarem
a eles formaram o Casseta & Planeta.
O fato deles terem começado a
fazer humor no jornalismo explica o famoso lema deles do “humorismo verdade,
jornalismo mentira”.
O
ousado estilo ácido de humor provocativo que o grupo fazia nesse modelo tradicional de
mídia impressa foi colocado na TV quando eles primeiramente ingressaram
compondo a equipe de redatores da TV Pirata(Brasil, 1988-1992) juntos de
outros nomes importantes do humor brasileiro: como o escritor Luís Fernando
Verissimo(1936-2025), o cartunista
Glauco Villas-Boas(1957-2010), o dramaturgo Mauro Rasi(1949-2003) dentre outros.
Cujo
elenco era formado por atores surgido do teatro de variedades, que abordavam sobre
a comédia de costumes, também
popularmente chamado pejorativamente de besteirol e do revolucionário Asdrúbal
Trouxe o Trombone, que já eram estrelas
popularmente conhecidas das novelas da Globo com nomes como: Diogo Villela, Débora Bloch, Guilherme
Karan(1958-2016), Cristina Pereira, Luiz
Fernando Guimarães, Regina Casé dentre
outros exemplos.
Cuja
estética humorística também se conectava um pouco com o que a trupe fazia em satirizar e provocar o cotidiano social brasileiro.
Em
seguida, eles fizeram carreira na música
lançando um LP de humor. Com a canção Mãe
é Mãe.
Posteriormente,
mostrariam a cara e a coragem apresentando o programa Doris Para Maiores(Brasil,
1991), acompanhado da jornalista Doris Giesse e
somente em 1992, passariam a
comandar o programa Casseta & Planeta, Urgente, que durou 18 anos no
ar nas noites de terça-feira.
Inicialmente
nesse programa, ele não contava com a presença de Maria Paula, a primeira
mulher a participar foi a jornalista Kátia Maranhão que não participava tanto
das esquetes, apenas comandava o programa dentro do estúdio assumindo a função
séria do jornalismo.
Só depois é que colocaram a Maria Paula,
egressa da extinta MTV Brasil
para assumir a função de ser como ela ficou popularmente conhecida de “A
Oitava Casseta”.
Isso
porque o grupo era composto de sete homens formado por: Claudio Manoel, Beto
Silva, Bussunda, Marcelo Madureira, Hélio de La Peña, Hubert e Reinaldo. Já Claudio Paiva, ex-companheiro de Hubert e
Reinaldo no O Planeta Diário não os acompanhou nessa nova empreitada.
E
no que eles foram se consolidando na TV,
foram se expandindo escrevendo muitos livros de piadas, eu cheguei a ter um
desses que foi o Seu Creysson: Vidia e Obra(2002), sobre o tipo popular
representado por Claudio Manoel.
Mesmo
após o desfalque que o grupo sofreu com a morte do Bussunda, em consequência de
um ataque cardíaco sofrido quando ele estava na Alemanha com parte do grupo para
fazer a cobertura da Copa do Mundo de 2006, ainda assim eles continuaram juntos
trabalhando na TV por mais quatro anos.
A
estética de humor do Casseta & Planeta já tendia a ser datada, e
isso já é algo característico da comédia que desde o surgimento de sua arte nos
primórdios da humanidade no teatro da Grécia Antiga, tendia a ser datado pelo
fato dele ridicularizar situações e costumes sociais de acordo com cada época, ao contrário do drama cuja história é sempre
atemporal.
Do
mesmo modo como acontece com o humor das
charges, porque como o seu estilo humorístico tinha muito do DNA no jornalismo
cujo roteiro das piadas dependiam do que vinha acontecendo nos noticiários da
imprensa seja tanto na política dos quais eles tiravam sarro, fosse em parodiar
as novelas em cartaz da Globo, fosse parodiar personalidades em situações nada
agradáveis ou temas espinhosos na rotina de nossa sociedade, envolvendo os
avanços científicos, o comportamento social
ou qualquer coisa do tipo eles não perdoavam mesmo.
Eles
tiravam muito sarro de grupos sociais marginalizados como os pretos, a
comunidade LGBTQIAPN+, os PCDs, os povos originários, as pessoas obesas e como
o predomínio do grupo era masculino, eles também faziam muitas piadas machistas de cunho erótico ou mesmo
depreciativo.
Algo
que hoje em dia já não é mais tão tolerado, não pelo politicamente correto, mas
porque os grupos sociais marginalizados já não toleram mais isso.
Se
bem que não se pode julgar, nem lacrar e nem sequer cancelar o tipo
de humor que eles faziam até porque a gente tem de levar em contar de
que quando esse grupo surgiu, foi num momento em que ainda vivíamos
numa época opressora de transição do final da Ditadura Militar para o
começo da atual Nova República.
Onde
prevalecia uma forte censura aos meios de comunicação. E estávamos nos adaptando a ter de volta a nossa liberdade de expressão depois de passarmos 21
anos sobre a opressão dos militares. E
vivíamos num cenário econômico de alta
inflação.
Poderia
comparar que o tipo transgressor de humor deles equivalerem como os
porta-vozes da geração oprimida pela
ditadura nos anos 1980, a algo parecido ao que os cantores Cazuza(1958-1990) e Renato
Russo(1960-1996) simbolizavam para a música brasileira, com suas letras de
caráter panfletários e provocativos.
Isso
inclusive me lembra que no meu tempo de Colégio Objetivo, quando eu fazia a antiga 8ª Série do Ensino
Fundamental, isso lá em 2002, durante uma aula de história sobre a Ditadura no Brasil.
Nosso
professor mencionou o exemplo do Casseta & Planeta, para explicar
para nós que já erámos da geração que não alcançou a fase de repressão da
ditadura e já era símbolo de museu para
nós, por assim dizer.
Que
aquele humor que a gente assistia do grupo
que ainda passava na TV, seria impensável da gente assistir tipo durante
os anos 1970, fase mais repressora da ditadura.
Ainda
no meu tempo de Objetivo, eu tive outro professor que não vou mencionar aqui o nome e nem de qual disciplina ele lecionava
que ele por ser crente, chegou uma vez em sala de aula comentando sua
indignação reacionária de um quadro do Casseta
& Planeta onde eles faziam uma blasfêmia a Deus, por causa da
brincadeira que eles fizeram com uma esquete onde o Seu Creysson(Claudio
Manoel) virava um ser iluminado.
Uma
postura que lembrando hoje, irei dizer
que se mostrou muito equivocada da parte dele, porque ele não entendeu que o
intuito ali não era difamar nenhuma
religião, mas sim criticar o culto em torno de pastores midiáticos que ostentam
uma vida de luxo para enganar seus ingênuos fiéis virando suas ovelhas.
Quando
o humor especificamente ousa provocar a religião, o negócio tende a trazer uma
reação de enfurecimento de grupos religiosos reacionários, extremistas etc...
Pegar
outros exemplos de situações semelhantes ao que eu testemunhei desse meu
professor foi quando os britânicos do Monty
Pyton lançou o filme A Vida de Brian(Life of Brian, Reino Unido,
1979), que chegou a ser proibido de ter distribuição em alguns países pela forma como eles zoavam a história bíblica
do nascimento de Jesus Cristo ou mesmo como ocorreu anos depois com o Porta
dos Fundos, que em 2019 lançou um especial natalino para a Netflix
intitulado A Primeira Tentação de Cristo (Brasil, 2019), que gerou uma
revolta de grupos religiosos reacionários que até destruíram sua sede.
Olha
com todo respeitado por qualquer religião, independente de qual seja o credo,
até porque sou seguidor do espiritismo.
Principalmente
a quem siga a religião evangélica, até
porque eu meio que indiretamente tive uma educação evangélica porque minha mãe
veio do berço de uma família protestante. Onde inclusive um irmão dela faz carreira no
sacerdócio, ministrando como pastor há mais de 30 anos numa igreja batista da
Bahia e mesmo não sendo seguidor fiel, cheguei a frequentar alguns cultos evangélicos.
Do mesmo modo que cheguei a frequentar umas missas de igrejas católicas, onde recebi batismo que foi onde literalmente meu pai teve essa formação educacional, já que
estudou do maternal ao ensino médio num colégio de padres.
Mas
não tem quem me convença de que pastores midiáticos com influência na política
para formar uma bancada evangélica no
planalto e com aqueles discursos autoritários, moralistas e recalcados
de demonizar tudo que foge ao padrão que eles pregam de deus e família e
arrumarem bodes expiatórios condenando anime como coisa do demônio e convencendo qualquer fiel de que são
milagreiros.
Mas
que no fundo escondem serem uns bando de gente torpe, que adora ostentar uma
vida luxuosa e fazer suas orgias.
Esses
sim, me desculpem mas são gente que se mostram mais nocivas do que qualquer
coisa. Não merecem o meu respeito.
Voltando
a comentar do filme, a produção conta em seu elenco além dos já citados Hubert
e Marcelo Adnet que se revezam na pele do protagonista. Eles cada um dá um show
à parte.
Adnet na época já figurava como uma aposta
para a nova safra de comediantes, já era
famoso por participar de programas humorísticos da antiga MTV Brasil.
E
no filme faz um trabalho crível na pele do Agamenon na versão jovial e Hubert
faz um trabalho fantástico como o Agamenon na melhor idade.
Também
mencionar a participação do Marcelo Madureira na pele do excêntrico Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, cujo ótimo trabalho de caracterização com uma peruca de cabelo
espetado com jaleco branco e óculos o
faz remeter bem ao estereótipo caricato do cientista louco explorado na cultura pop, como nos cartoons, por
exemplo.
Além
desses mencionados, também faço menção as participações no elenco de Luana Piovani, que representou no filme, o papel
da Isaura Melo Pinto(Isaurinha), a amada de Agamenon com a atraente beleza jovial com quem ela dividiu o papel
com a saudosa e veterana Daisy Lucidi(1929-2020) que a representou coroa nos
minutos finais do filme.
Vale
mencionar as participações de Luís Carlos Miele(1938-2015) e de Alcione Mazzeo
que contracenam juntos como casal abastado Melo Pinto, pais da Isaura que se mostram contra sua união
com Agamenon.
Outras
participações a serem mencionadas são de: Guilhermina Guinle representando a
modelo alemã Eva Braun(1912-1945), a famosa amante do tirano mais perverso que
o mundo já conheceu Adolf Hitler(1889-1945) que no contexto satírico do filme
foi a mulher com quem Agamenon manteve um caso amoroso a ponto de botar chifres no Führer.
Também
mencionar as participações de Robson Nunes representando o famoso astro do
futebol brasileiro Ronaldo Fenômeno,
Tonico Pereira como o Capitão do navio RMS Titanic Edward Smith(1850-1912), o que
sofreu naufrágio em 1912 é este que
aparece no clássico filme catástrofe Titanic(EUA,
1997) dirigido por James Cameron e vencedor
de 11 Oscars em 1998 que foi representado
pelo britânico Bernard Hill(1944-2024).
Outra
participação curiosa do filme é a de Leandro Firmino da Hora, o eterno Zé
Pequeno do filme Cidade de Deus(Brasil, 2002) que representa um bandido
de nome apenas Matador que é contratado pelo jornalista Pedro Bial para matar
Agamenon, a coisa mais nonsense que você pode imaginar. Sua interpretação no papel remete demais ao Zé
Pequeno.
Assim
como há de mencionar as participações de
Xando Graça representando Getúlio Vargas(1882-1954) e Claudio Tovar como o
músico Tom Gilberto, parodiando Tom Jobim(1927-1994) e João
Gilberto(1931-2019), ícones da bossa nova.
Outra
participação curiosa no filme é do famoso assistente de palco dos programas da
Globo Russo(1931-2017)** que aparece
numa cena pitoresca como juiz de um ringue de padres com Agamenon descrevendo
sua cobertura da escolha do polonês Karol Wojtila(1920-2005) como o novo papa
em 1978 recebendo o nome de João Paulo II.
Foras
as curiosas participações de algumas celebridades reais que dão depoimentos
sobre o Agamenon como se ele tivesse
realmente existido, o que torna a estética cômica nonsense do filme ainda mais
pitoresca.
Onde
cada uma conta como foi ser entrevistado por ele ou mesmo ter virado matéria
escrita por ele.
Dentre
essas celebridades, além de eu já ter citados os nomes da atriz Fernanda
Montenegro e do jornalista Pedro Bial, também aparecem entre os entrevistados estão o
saudoso humorista Jô Soares(1938-2022), o sociólogo e ex-presidente da
República Fernando Henrique Cardoso, que
curiosamente no Casseta & Planeta era bastante parodiado por Hubert
como Viajando Henrique Cardoso.
O
jornalista Nelson Motta que brinca em não saber de quem o documentário iria
abordar, porque ele é tão convidado para dar entrevista em documentários, é
tanto que na legenda ao apresenta-lo fica escrito embaixo do seu nome a função
pitoresca: Ator de documentários.
Há
também a participação do Ruy Castro,
célebre escritor de biografia de importantes personalidades brasileiras que se envolve
de fazer o trabalho de detetive de investigar o real Agamenon.
Dentre
outros momentos interessantes no filme.
Ao
mesmo tempo que a obra apresenta essas qualidades, também não posso deixar passar pano em alguns pontos
problemáticos que aparecem no filme.
Como
o fato do filme ser uma produção da dupla que compõe o Casseta&Planeta,
que além de representarem na função de atores, também são os roteiristas dessa
obra.
Uma
coisa era eles roteirizarem e representarem em um programa de tv semanal com seu estilo
paródico de humor a respeito do
cotidiano do Brasil e do Mundo com histórias apresentando esquetes de curta
duração de 10 segundo ou as vezes de 10 minutos para cumprir a meia hora de
duração dentro da grade, com parodias de
novelas de globo, de outros programas, de celebridades ou coisas do tipo.
Outra
coisa é eles estruturarem uma trama para
um filme de uma hora e meia de duração, cujas piadas consigam se sustentarem do
inicio ao fim.
Cujo
protagonista fosse cativante o
suficiente para nos fisgar a acompanhar aquela narrativa. E digamos que o filme
sofre de alguns desses problemas como já foi comentado por críticos como Leonardo Vinicius Jorge em sua coluna do site
Pipoca Moderna publicada em 6 de Janeiro de 2012:
“A
irregularidade da qualidade do humor do roteiro. Assim como já acontecia no
antigo programa televisivo dos Cassetas, o longa alterna pouquíssimas piadas
realmente boas e inteligentes com escatologia infantil e ideias batidas. Se
existe uma sacada genial, como a brincadeira com o fotógrafo Sebastião Salgado,
minutos depois a trama cai na tentação de explorar o episódio de Ronaldo
Fenômeno e os travestis, fato já parodiado em todos os (péssimos) humorísticos
da TV brasileira.”
Por
outro lado o portal Cineclick chegou a colocar 5 cinco estrelas a classificando
como uma “coleção de esquetes”.
O
colunista do site Omelete, Marcelo Hessel que deu 2 ovos para o filme em sua
avaliação descreveu no seu artigo sobre o filme de 5 de
Janeiro de 2012:
“Com
cara de velho - seus fatos não têm o "calor" da mídia instantânea e
todas as piadas se esgotaram no Twitter minutos depois de sair uma
notícia (como no caso de Ronaldo). O filme inclusive emula a estética da web -
imagens photoshopadas, dublagem em cima de vídeos de arquivo - que só o
desfavorece. Se Agamenon gozava de algum timing no jornal, isso se
perde no cinema, onde Madureira ainda acha que chamar um proctologista de
Jacinto Leite Aquino Rêgo pode render alguma coisa. Não por acaso, os poucos
momentos inspirados do filme são aqueles que lidam não com o imediatismo, mas
com o acúmulo dos eventos. Por exemplo, Nelson Motta já
participou de tantos documentários musicais nos últimos anos que, em As
Aventuras de Agamenon, o próprio Motta - creditado como "ator de
documentários" - aparece para tirar sarro de si mesmo. Outro que ganhou
credibilidade pela repetição é o biógrafo Ruy Castro, que surge no
filme sempre para contestar alguma informação histórica. É mal equilibrado entre o humor reativo mais
popular (as gags de sexo) e essas inside jokes (como brincar com a
obsessão de João Barone pela Segunda Guerra) que As
Aventuras de Agamenon atira pra todo lado. Às vezes, acerta justamente
pela mistura anacrônica - juntar um modismo de hoje com um evento passado, como
a torcida "sou louco por ti Wojtyla" no conclave de João
Paulo II.”
Para
quem nunca se familiarizou com a estética cômica do Casseta & Planeta
e vai cair de paraquedas nesse filme pode achar uma grande estranheza a ideia
dessa estética de falso documentário dessa obra que faz o filme querer parecer
um tanto realista em tratar sobre uma figura real, ainda mais contando com a
presença de personalidades reais dando depoimento a respeito do Agamenon, um
jornalista que ninguém nunca ouviu falar. O que pode parecer confuso a primeira vista.
O
que talvez possa não acontecer para quem já acompanhou os seus programas e
sente aquela sensação em teoria de conforto e familiaridade com a obra.
De
todo jeito, essa obra merece ser apreciada para conhecer a sua importância como um estilo paródico que vale a
pena conhecer e ter outra percepção e avaliar se é bom ou não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário