Quando
você ouve alguma referência a barracos na tv, com certeza lhe deve vir a mente
nomes de apresentadores brasileiros que foram bem sinônimos disso, dentre esses,
os melhores exemplos a serem citados são: Márcia Goldschmidt e Carlos Massa
vulgo Ratinho.
Esses
aqui protagonizaram bem esse tipo de programa, principalmente naquela fase da baixaria da tv brasileira dos anos 1990 no Vale
Tudo pela Guerra de Audiência, que foi aquela fase anárquica virando uma referência de uma terra sem lei.
Se
bem que esse tipo de formato de programa não é uma exclusividade nossa, também já foi praticado na tv de outros países, como nos
Estados Unidos com o apresentador Jerry Springer(1944-2023), cuja história é
contada na minissérie documental da Netflix intitulada de Jerry Springer:
Brigas, Câmera, Ação(Jerry Springer: Fights, Camera, Action, EUA, 2025).
Dividida
em dois episódios, o documentário nos apresenta os depoimentos de alguns
profissionais que trabalharam nos bastidores do programa The Jerry Springer
Show, relatando como funcionava o esquema deles conseguirem com que pessoas
comuns fossem ao programa para expor seus problemas e quando o clima pesava,
começava o quebra-pau entre os convidados.
O
programa que teve duração de 28 temporadas, durando de 1991 a 2018, mostrando a
realidade da vida como ela é dos mais absurdos e bizarros, sobre triângulos
amorosos problemáticos, casos de incestos, supremacistas brancos ou mesmo o mais controverso do homem que
trocou a mulher por uma égua literalmente falando.
“Ele
começou como um mero talk show comum, liderado por um âncora de notícias
bem-educado, mas que, com o tempo, foi levado a uma apresentação cada vez
mais sensacionalista.
Foi
nesse formato que o programa se tornou um grande sucesso e, no fim dos anos 90,
era uma febre nos Estados Unidos, chegando até mesmo a possuir avaliações
superiores às de Oprah Winfrey. No entanto, defensores da
moralidade protestavam e criticavam abertamente ao programa.”(Aventuras
na História de Janeiro de 2025).
Pelo
que já descreveu o cineasta britânico Luke Sewell ao jornal Guardian.
“Parecia
tão cru, visceral e descarado na forma como estava sendo embalado — isso meio
que me chocou”, onde acrescenta fazendo um comparativo ao Coliseu Romano: “espécie
de Coliseu Romano — choque puro, espetáculo puro, confronto puro. E para ter
tanto sucesso claramente abriu as portas para a TV de realidade, e eu acho que
algumas das coisas no mundo de hoje”.
Entre
os entrevistados do documentário aparece Richard Dominick, um jornalista
responsável por escrever histórias absurdas em jornais e foi quem encabeçava
ele caçar histórias absurdas para o programa explorar a audiência.
Os
entrevistados do documentário, a maioria ex-produtores do programa vão
comentando como funcionava o esquema dos bastidores, eles faziam uns certos
agradinhos com os convidados, eles pagavam a hospedagem deles em hotel, davam
caronas numa limousine da emissora e ao trazerem os convidados para a sede,
antes deles entrarem no palco, eles faziam uma preparação de jogo psicológico
neles para prepara-los para se tornarem os gladiadores na televisão.
Mostrando
bem como ali não era nada natural, tudo ocorria de forma proposital para atrair
justamente a audiência e eles estavam poucos se lixando em darem um assistencialismo
terapêutico aos problemas deles, boa
parte gente muito pobre coitada que eram ingenuamente poucos instruídos da vida.
O
jornalista Lucas Reichert em seu canal do Youtube Aprofundo, fez um vídeo explicando como
o esquema da espetacularização da falsa realidade desses formatos de programas
usando o recente exemplo dos vídeos de debates dos 30 contra 1, onde lá
mostrava uma pessoa defendendo uma opinião controversa encarado 30 pessoas que
discordam dele, que são editados para cortes rápidos em tik tok.
Como
eles manipulam mostrando que as pessoas comuns que fazem os barracos parecerem
naturais, na verdade, não passam de atores contratados por agências especializadas
para fazer uma representação convincente sem demonstrar que é teatralizado.
É
tanto que a gente nem percebe que eles são vistos um dia fazendo pegadinhas no
Programa de João Kleber, no Casos de Família dentre outros exemplos.
Provando
como o intuito do entretenimento é feito para divertir, não tem nenhum cunho
reflexivo sobre isso. Vendem a ilusão da realidade, mas que na verdade só
querem apenas transformar numa espetacularização para atrair a audiência,
muitas vezes passiva.
E
foi o que o formato do programa de Jerry Springer nos Estados Unidos bem
explorou isso até a última gota.
E
também foi como pudemos bem observar no formato do programa da Márcia Goldschmidt
e também do Ratinho como mencionei no começo do texto,
exploraram essa espetacularização a nível mundo cão em especial durante a
segunda metade dos anos 1990, que ficou marcada pela fase mais anárquica da
baixaria da televisão brasileira em
especial no “Vale Tudo pela Guerra de Audiência que ficou marcada por programas sensacionalistas e
apelativos que competiam por audiência com quadros polêmicos e bizarros.”
Algo
que só chegou ao fim quando o apresentador Gugu Liberato(1959-2019) tomou a
equivocada decisão de exibir no Domingo Legal do SBT em 7 de Setembro de
2003 com a matéria da falsa entrevista com os “bandidos” do PCC(Primeiro
Comando da Capital). Esse episódio
simbolizou a maior mancha da sua carreira, lhe tirando uma credibilidade até a
sua trágica morte em 2019 vítima de um acidente doméstico.
Foi
justo nessa época que entrou em atividade a campanha do Quem Financia a Baixaria
é Contra a Cidadania. A campanha nasceu em
2002, é uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados em parceria com entidades da sociedade civil e busca promover uma
televisão mais ética e responsável.
Posso
concluir que essa obra ela é muito relevante por mostrar os bastidores do lado
podre da televisão que nos manipula com o falso discurso de vender a realidade.
Recomendo.










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