sábado, 2 de outubro de 2021

ESPECIAL 007: O JAMES BOND PÓS-GUERRA FRIA COM PIERCE BROSNAN

 

O JAMES BOND PÓS-GUERRA FRIA

COM PIERCE BROSNAN

 

 

Os meados da década de 1990, a  EON, produtora que detém a propriedade de adaptação de 007  desde os anos 1960,  teria um forte desafio em tentar trazer James Bond para um novo público agora que não existia mais o clima da Guerra Fria, principalmente depois que o Muro de Berlim caiu em 1989 e a União Soviética foi dissolvida como nação  em 1991 voltando a virar apenas Rússia. 




E para isso, seria preciso uma nova cara para despertar o interesse de um público novo, principalmente da geração que estava testemunhando o fim do século 20 e vivendo a perspectiva da chegada do século 21, ou seja, a virada do milênio,  sonhando com uma vida moderna, principalmente com o começo e o advento da  popularização da internet.  E a escolha de Pierce Brosnan como novo 007 dessa nova geração  simbolizava bem esse desafio.

Do mesmo modo, como eu já havia dedicado anteriormente com as postagens de  outros atores que protagonizaram 007, aqui analisarei os quatro filmes protagonizados por Brosnan seguindo a ordem cronológica dos lançamentos de cada título, sem logicamente seguir  algum critério de pior ao melhor, ou mesmo  da minha preferência pessoal.

 

 

007 CONTRA GOLDENEYE(1995)




No primeiro filme da série 007  que Brosnan estrelou como James Bond que foi em 007 Contra GoldenEye(GoldenEye Reino Unido, EUA,  1995) que   foi o 17º da franquia 007 e  contou com a direção de Martin Campbell.




O enredo  começava mostrando  uma missão ocorrida  “em 1986, onde  os agentes do MI6 James Bond, como 007 (Pierce Brosnan) e o agente Alec Trevelyan como 006 (Sean Bean), se infiltraram em uma fábrica soviética de armas químicas com a intenção de destrui-la. Trevelyan é morto pelo Coronel Ourumov (Gottfried John), porém Bond rouba um avião e consegue fugir antes da fábrica explodir. Nove anos depois, em 1995, Bond chega em Monte Carlo, Mônaco, para seguir Xenia Onatopp (Famke Janssen), suspeita de fazer parte da organização criminal de Janus. Ela mata um almirante da Marinha Real do Canadá, esmagando suas costelas com suas coxas durante a relação sexual, deixando que Ourumov (agora General) roube a identidade do almirante. No dia seguinte os dois roubam um helicóptero Eurocopter Tiger, que consegue suportar um pulso eletromagnético. Eles viajam até um forte militar em Severnaya, Rússia, onde matam a equipe e roubam os controles das armas espaciais GoldenEye. Eles programam um dos satélites para destruir o complexo com um pulso eletromagnético, escapando junto com o programador Boris Grishenko (Alan Cumming). Natalya Simonova (Izabella Scorupco), a única sobrevivente, contacta Grishenko em São Petesburgo, porém ele a entrega para Janus, sendo um dos traidores.”

 


Goldeneye marcou  o retorno da franquia 007  após um  longo  hiato de seis anos sem uma nova produção da série durante o começo da primeira metade da década de 1990, muito disso se deve   em consequência das disputas judiciais que a  EON Productions enfrentou nos tribunais para conseguir permanecer com o direito exclusivo de propriedade intelectual de adaptação oficial  sobre a série 007, principalmente porque a MGM uma das parceiras da EON havia  decretado falência no final dos anos 1980, resultando assim na renúncia de Timothy Dalton do papel e ele sendo substituído por Pierce Brosnan como protagonista e marcou o último que ela contou com Albert R.Broccoli no comando da série  como produtor-executivo, ele veio  a óbito no ano seguinte.




Um fato curioso sobre  o  irlandês Pierce Brosnan, o escolhido para ser o James Bond nessa nova era 007, é que ele   foi casado com a atriz Cassandra Harris(1948-1991), que representou a bond girl Condessa Lisi Von Shiafi em 007-Somente Para Seus Olhos (For Your Eyes Only, Reino Unido, 1981). Brosnan quase chegou a ser cogitado a ser o novo 007 para substituir Roger Moore(1927-2017) para viver James Bond em 007-Marcado Para a Morte(1987). Terminou que quem foi escolhido foi Timonty Dalton. Cassandra Harris não chegou a prestigiar Brosnan na pele de James Bond, pois ela havia  falecido em 1991 com 43 anos. Brosnan era cinco anos mais novo que Cassandra, cujo causa do seu falecimento foi  de um câncer no ovário. O mesmo mal que também levaria a obtido posteriormente a filha do casal Charlote em 2013.




Brosnan realmente mostrou que era a cara nova certa para atrair a renovação de público para a série 007 naquele momento para a geração dos anos 1990, mais entretida com as inovações tecnológicas  e não muito interessada em seus conceitos já bastante antiquados de enfrentar a ameaça de uma grande nação do mal, com seu charme galanteador característico que ajudou a compor e a imprimir a essência do James Bond e sabendo mostrar que tinha mais energia para encarar coreografia de luta, mesmo ainda estando meio cru quanto ao tom. Nesse novo upgrade que foi dado a série. Pode-se dizer que após três décadas e  chegando  ao número de 17 filmes  produzidos em sequência  da série, o 007 da década de 1990 da Era Pierce Brosnan já não era mais o mesmo de antes quando foi feito para o público dos anos 1960 durante a Era Sean Connery cuja essência se contextualizava naquele momento de Guerra Fria. A única coisa que fazia remeter aos filmes desse período foi a presença em cena do ator  Desmond Llewelyn(1914-1999), que foi mantido representando o personagem Q., o responsável por criar e desenvolver as tralhas tecnológicas usadas por Bond para enfrentar perigos e manobras absurdas. O ator estava no papel desde de Moscou Contra 007(From Russia With Love, Reino Unido, 1963), o segundo filme da série.





 E pode-se dizer literalmente que ele representou mesmo nesse e também nos dois filmes seguintes da série estrelada por Brosnan como o último resquício que remetia aos filmes clássicos da série dos anos 1960 protagonizados  pelo Sean Connery(1930-2020). Já que ao  longo das três décadas ininterruptas que os filmes da série 007 foram lançados, muitas mudanças haviam ocorrido na EON Productions onde boa parte da antiga equipe  de roteiristas responsáveis pelas adaptações dos textos de Ian Fleming(1908-1964) dos primeiros filmes para as telonas já estavam aposentadas ou mesmo já haviam falecidos, do mesmo modo  como já estavam aposentados ou falecidos  as equipes técnicas de dublês, direção de fotografia, cenografia e maquiagem, o maestro John Barry(1933-2011) que acompanhou a produção musical da série desde o princípio também já estava aposentado, fora também o fato de que a franquia há muito tempo não contava mais  com a colaboração de Harry Saltzman(1915-1994) como sócio de Broccoli na EON Productions, que faziam vinte anos que eles haviam rompido a sociedade após lançarem 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro(1974), o segundo da série protagonizado por Roger Moore(1927-2017),  após tretarem bastante envolvendo as diferenças criativas sobre os novos rumos da série 007, Saltzman inclusive havia falecido no ano anterior ao lançamento de Goldeneye em 28 de setembro de 1994. E tirando isso também tinha a participação de Albert R. Broccoli que trabalhou como produtor da série, mesmo na época já enfrentando problemas por causa da saúde já  bastante frágil, ainda mais  pelo peso da idade com 85 anos estando bastante idoso.





O texto do próprio  filme, tira sarro dele mesmo  em alguns momentos sobre o quão antiquado ele estava  ficando em encarar a ameaça de uma organização russa, logo após o fim da URSS e o fim da ameaça comunista.




Do elenco que participou desse filme merecem menções os nomes de Sean Bean, famoso pela primeira franquia de O Senhor dos Anéis (2001-2003) representando o Alec Trevelyan o companheiro de Bond, Agente 006 que se fez passar por morto, e depois para se vingar de Bond e chefiar a organização Janus. Judi Denchi como a primeira mulher a representar o papel de M. que antes tinha sido de Bernard Lee(1908-1981) e Robert Brown(1921-2003). Samantha Bond foi quem assumiu nesse filme e durante a Era Brosnan o papel da secretária do MI6 Moneypenny, que sempre  tentava  seduzir James Bond em vão que anteriormente havia sido de Lois Maxwell(1927-2007) durante as Eras Sean Connery e Roger Moore e de Caroline Bliss nos dois filmes estrelados por Timonty Dalton.  Joe Don Baker, o mesmo ator que representou o excêntrico vilão militar Brad Whitaker em 007-Marcado para a Morte (1987) que tinha uma obsessão por colecionar tudo relacionado a guerra. 






Representou nesse filme  o papel do Jack Wade, um excêntrico agente da CIA, que colabora com Bond. A polonesa Izabela Scoporuco que representou no filme  a programadora de computadores russa Natalya Simonova, a única sobrevivente da explosão provocada pela Janus em seu laboratório na Sibéria, é quem será a bond girl paixonite final de Bond no filme e a que ele irá proteger da grande ameaça. Outra atriz bond girl presente no filme foi  a holandesa Famke Janssen, mais conhecida na posteridade por viver a heroína  Jean Grey na trilogia clássica dos X-Men da Fox lançada durante os anos 2000. Nesse filme representou a Xenia Onatopp, a espiã da Janus, que representa bem aquele estereótipo sexista  da mulher russa femme fatale. Principalmente quando tenta seduzir Bond para o perigo. Robie Coltrane que posteriormente ficaria famoso entre o público infanto-juvenil por representar o gigante bruxo Rubéo Hagrid na série de filmes de Harry Potter lançados entre os anos de 2001-2011, nesse  filme,  ele  representou o papel de Valentin Zukovsky, o ex-agente da KGB, que virou um mafioso e a quem Bond tem como seu informante. Alan Cumming que representou o excêntrico programador de computador russo Boris Grishenko, que trabalhava com Natalya Simonova  no começo da história. Mas que se bandeou para o lado da Janus. Representando o personagem com um ar de alivio  cômico um tanto forçado, principalmente  num estereotipo muito patético de nerd com óculos agindo meio  abobalhado e meio  afetado. A cantora Minnie Drive, que fez uma participação como a Irina, cantora da boate de Valentin e também sua amante.  E o alemão Gottfried John(1942-2014) na pele do Coronel Ourumov, outra importante  figura de comando da Janus dentre outras participações.





Quem ficou encarregado da  parte musical do filme foi o francês Éric Serra, que também contou com a colaboração do Bono Vox, vocalista da célebre banda irlandesa U2. Com a abertura sendo cantada por Tina Turner.  

 

 

 

 

 

007 O AMANHÃ NUNCA MORRE(1997)




No segundo  filme da série 007 que Brosnan estrelou como James Bond que foi em 007-O Amanhã Nunca Morre(Tomorrow Never Dies, Reino Unido, EUA, 1997) o 18º da franquia 007 que contou com a direção de Roger Spoottiswoode marcou  um novo ciclo para a série, onde a franquia passa a ser comandada pelos herdeiros de Brocolli,  no caso  Michael G. Wilson, seu enteado e sua  filha Bárbara Brocolli, nesta obra lançada um ano após Brocolli falecer vítima de um ataque cardíaco no dia 27 de Junho de 1996, na época já bastante idoso  com 87 anos o que já lhe dava sinais de uma saúde muito frágil. Ele ainda chegou a acompanhar a fase de pré-produção do filme, inclusive nos créditos finais eles prestam uma homenagem à memória de Broccoli com um pequeno texto. E com o falecimento dele, pode-se dizer que a série 007 protagonizada por Brosnan durante o final da década de 1990 foi deixando de ter as características que remetiam aos filmes clássicos da série dos anos 1960. O único resquício que remetia a Era Sean Connery  era a presença do ator  Desmond LIewelyn como o  excêntrico Q. a mente por trás das tralhas tecnológicas usadas por Bond em combate.




No enredo de O Amanhã Nunca Morre “Bond, com a ajuda da agente especial chinesa Wai Lin, descobre que o magnata da mídia, Elliot Carver, manipula as notícias com seu império das comunicações jogando potências internacionais umas contra as outras para formar a Terceira Guerra Mundial. O filme faturou 333 milhões de dólares mundialmente.”




No elenco da obra, tivemos as  participações  da malaia Michele Yeoh como a espiã chinesa Wai Lin e uma das bond girls, que acompanha Bond em sua operação para desmascarar o magnata da comunicação Elliot Carver num estereotipo bastante sexista sobre as orientais. Jonathan Price representando o milionário magnata megalomaníaco e egocêntrico da comunicação Elliot Carver e com suas ganancias e ambições sem limites para fazer lavagem cerebral no povo, manipulando as informações. Teri Hatcher, a famosa estrela da TV na época, havia terminado de fazer a intrépida repórter  Lois Lane na popular série de TV  Lois & Clark-As Novas Aventuras do Superman (1993-1997) e no filme representou a Paris Carver, a esposa do antagonista Eliot Carver que tem um rolo com James Bond e chega a protagonizar um dos momentos mais picantes que já teve na série 007. E é morta depois.



 A holandesa Daphne Deckers que representou a bond girl Lady, assessora de imprensa de Elliot Carver, que apesar aparecer pouco e não ter tanta relevância para a história, nem chega a colaborar na missão de Bond e nem sequer protagonizou uns momentos picantes com eles, porém,  pelo menos ela ganhou popularidade ao estrelar e fazer o ensaio sensual para  a capa da famosa revista masculina Playboy na edição americana de Fevereiro de 1998.





Também mencionar as participações de Rick Jay(1946-2018) como o Henry Grupta, capanga de Carver e um tecno-terrorista. Vicent Schiavelli(1948-2005) representando o Dr. Kaufman, o sujeito que tenta matar James Bond. O alemão Götz Otto representando o Stamper, o capanga de Carver com aquele estereotipo típico  de sujeito alto, de corpo atlético e ar de mal-encarado.




 Também destacar a participação de Colin Salmon, que representou o Charles Robinson, o integrante do MI6, faz um trabalho de assessoria para a Chefe M.(Judi Denchi) este personagem não existia nos livros de Fleming, foi fruto de uma licença poética da produção, ele também foi presença nos dois filmes seguintes da série estrelados por Pierce Brosnan.




 

Destaque para a música de abertura cantada pela Sherly Crow, que conseguiu dá uma sensação que remete a mesma que a sensação  de emoção, mesclada com adrenalina, romance e muita dose de momentos picantes.




Posso concluir que o desempenho de Brosnan neste filme da série 007  até que melhorou muito em relação ao primeiro, mesmo  diante de um enredo fraco e  pouco inspirado.

 



007-O MUNDO NÃO É O BASTANTE(1999)




No terceiro e penúltimo  filme da série 007  que Brosnan  estrelou como James Bond que foi em 007-O Mundo Não é o Bastante( The World is Not Enough, Reino Unido, 1999) o 19º da franquia 007 que contou com a direção de Michael Apted(1941-2021).




“O enredo do filme gira em torno do assassinato do bilionário Sir Robert King pelo terrorista Renard. Bond é enviado para a Turquia com a missão de proteger a filha de King, Elektra. Em sua missão, Bond desvenda um esquema de supervalorização do petróleo, desencadeando uma fusão nuclear nas águas de Istambul.”




Brosnan já conseguiu entregar e estar bem mais à vontade ao desempenhar a essência  personagem neste filme, ainda que a construção  do  seu enredo também não demonstrasse muita inspiração.





Fato curioso é que na data  que essa obra foi lançada, ou seja, em 1999,  mesmo ano em que a humanidade estava testemunhando a virada do milênio. Lembro bem de quando eu era bem um adolescente de apenas 14 anos, e o clima euforia pela chegada do novo milênio, ao mesmo tempo que havia todo o clima conspiratório em torno do Bug do Milênio causar um clima apocalíptico, que o filme inclusive faz até menção a isso bem no final. Enfim, confesso que duvido muito  que 007-O Mundo Não É o Bastante possa figurar na lista dos melhores filmes de 1999  dentre os mais marcantes e memoráveis  a nível de obras como:  De Olhos Bem Fechados, o filme póstumo de Stanley Kubrick(1928-1999), Matrix, Beleza Americana, O Sexto Sentido, Clube da Luta, Magnólia, A Espera de um Milagre dentre outros lançados na mesma data do filme  com abordagens e estéticas bastante diferentes, mas que ambos  carregavam  e representavam em comum  bem um reflexo sobre a sensação dos anseios e desejos que a humanidade estava passando naquele momento da virada do milênio. Isso porque ele basicamente ainda seguia  a velha  fórmula básica da franquia 007 ao longo de mais de 30 anos, com 19 filmes já produzidos, sem muita inovação ou mesmo ousadia.





Por outro lado, pode-se descrever que este filme pelo menos marcou o último da série lançada no século 20. Foi também o que marcou a despedida de Desmond Llewelyn do papel de Q.,  a presença de  Desmond  mostrava ser  o último resquício que ainda remetia aos filmes clássicos  do 007 dos anos 1960 da Era Sean Connery, em quase todos os 19 filmes que haviam sido produzidos desde então ele esteve presente em todos os filmes da série. Fora as ausências no primeiro que foi em 007 Contra o Satânico Dr. No(1962) e no primeiro estrelado por Roger Moore Com 007 Viva e Deixe Morrer(1973) e também nas duas produções não-oficiais da Eon Productions como Cassino Royale(1967) e 007-Nunca Mais Outra Vez(1983) mesma data do lançamento de 007 Contra Octopussy(1983) onde nesse sim ele esteve presente. Desmond Llewelyn faleceu aos 85 anos no dia 19 de Dezembro de 1999, num acidente automobilístico. Poucos meses depois que o filme entrou em cartaz nos cinemas dos  EUA e do Reino Unido. Foi portanto, o último filme também da carreira do ator.  No filme, foi mostrado o próprio Q. aparecendo rapidamente  anunciando a sua aposentadoria e nomeia o R. o responsável pelas engenhocas tecnológicas de Bond que foi representado no filme  por John Gleese.



O elenco, aliás, também contou com as participações de Denise Richards como a cientista atômica Christmas  Jones, uma dentre as muitas bond girls com nomes exóticos, excêntricos  e com quem Bond termina levando para  uns amassos no final. Depois de salva-la do perigo, outra também atriz a ser mencionada é Serena Scott Thomas como a Dra. Molly Warmflash, a médica que aparece cuidando dos ferimentos de Bond e este se aproveita para dar uns pegas nela. Se o antigo James Bond já era  antiquado como símbolo de masculinidade, aqui se prova bastante politicamente incorreto, quando ele assedia sexualmente a médica que o atende dentro do consultório do MI6. Algo parecido ao que aconteceu em 007 Contra a Chantagem Atômica(Thunderball, Reino Unido, 1965) em que ele representado por Sean Connery  deu uns amassos na enfermeira Patrícia Fearing representada por Molly Petters(1942-2017). Nesse período tão complicado em que a humanidade ainda vive com medo e temor  do coronavírus que matou muita gente  e a atuação das profissionais da saúde tem sido crucial nesse campo de batalha contra um inimigo invisível, renunciando até o convívio com as suas  famílias.  Portanto, a representação médica nesse estereotipo sexista nessa obra de mais vinte anos se mostrou um  completo desserviço. Outros nomes também do elenco são da francesa Sophie Marceau representando a Elektra King, assassina do seu pai milionário e vai se aliar a outro antagonista Renard, papel de Robert Carlyle. A italiana Maria Grazia Cucinotta representou a Cigar Girl, uma bond girl ajudante da missão de Bond, Robie Coltrane retornando na pele do mafioso russo Zukovsky, outra vez colaborando como informante dentre outras participações.



Quem ficou encarregado da produção musical foi David Arnold com o tema de abertura interpretado pela banda americana Garbage.



 

007 UM NOVO DIA PARA MORRER(2002)




No quarto e último da série 007  que Brosnan estrelou como James Bond que foi em 007-Um Novo Dia Para Morrer(Die Another Day, Reino Unido, EUA,  2002) o 20º da franquia 007 que contou com a direção do neozelandês Lee Tamahori.




O seu enredo gira em torno de Bond “ao investigar o comércio ilegal de armas na zona desmilitarizada entre as Coreias do Norte e do Sul, que são trocadas por diamantes contrabandeados da África. O contrabando de diamantes foi arquitetado pelo Coronel Moon que com a ajuda de seu capanga Zao e de um agente traidor do MI6 (que no final, se descobre que era a Miranda Frost, que era infiltrada e mudou de lado, traindo 007 e os demais. Foi ela quem revelou o disfarce de 007 como comprador de diamantes).”




O filme marcou o primeiro da série a ser lançado no século 21,  na data comemorativa aos 40 anos da franquia. Pena que o enredo mal trabalhado representou um presente de grego para os fãs de carteirinha da marca. Mostrando outro grande desafio para a série conseguir renovar o seu público, agora no caso  a geração millenials como eu que já estava achando cringe a representação de Brosnan como 007. Ainda mais tentando manter aquela atmosfera antiquada  de um charmoso e elegante espião britânico  combatendo a ameaça comunista, como era nos filmes clássicos da Era Sean Connery para a geração do começo do século 21,  quando já havia se passado uma década da Queda do Muro de Muro de Berlim e da Dissolução da URSS, naquele momento em que a ameaça que o mundo vivia era o terrorismo praticado por grupos islâmicos que haviam sido responsáveis um ano antes pelo atentado as Torres Gêmeas em Nova York na manhã de  11 de Setembro de 2001. Prova do quanto a série precisava se renovar, para atrair um público novo.



Brosnan na época com 48 anos, já estava mesmo sentindo o peso da idade, ainda mais se a gente lembrar que ele estava com 41 anos quando começou na série 007 fazendo Goldeneye.  Ainda assim ele conseguiu ainda demonstrar mais fôlego para encarar cenas espalhafatosas,   de muita adrenalina e umas bastante absurdas como conseguir surfar numa tsunami.




Além de marcar a despedida de Brosnan do papel principal, também marcou a despedida de Samantha Bond no papel da Moneypenny.  E foi a última vez que vimos Colin Salmon na pele de Charles Robinson, o assessor da Chefe M. Também foi  o último a seguir a cronologia oficial da franquia. Que no filme seguinte estrelado por Daniel Craig em 007-Cassino Royale(Casino Royale, Reino Unido, EUA, 2006), a série foi reiniciada.




O filme contou em seu elenco com John Gleese representando de novo o papel de R., o substituto de Q., agora virando o Q.,  papel que por anos de Desmond Llewelyn até falecer tragicamente em 1999, num acidente automobilístico  poucos meses depois após o lançamento de O Mundo Não é o Bastante.




Outros nomes do elenco a serem mencionados são de  Halle Berry, outra atriz a participar de 007, então na época já famosa  estrelando a Tempestade na trilogia original de X-Men,  fez no filme o papel da Agente Americana da NSA Jinx,  cuja primeira aparição saindo do mar em Cuba, ela aparece trajando o biquini laranja com uma faca na cintura em homenagem a Ursula Andress, no primeiro série O Satânico Dr.No(1962), justamente para lembrar os 40 anos da série 007, completados naquela data do lançamento. Mesmo ela tendo um grau de importância maior para a trama, não se pode que a maneira como ela foi introduzida de biquini  criou uma representação um tanto racista dela num estereotipo bastante sexualizado de objetificação  sobre o fetiche da beleza exótica da mulher preta, do mesmo modo como já havia ocorrido com outras poucas atrizes pretas que participaram de outros filmes  da franquia como Glória Hendry que representou a Rose Carver em Com 007 Viva e Deixe Morrer(1973) ou mesmo  Grace Jones como a May Day em  007 Na Mira dos Assassinos(1985)

Outros nomes também importantes do elenco são:

Will Yun Lee, americano de descendência oriental que participou do começo da história onde estava em operação na Coréia do Norte, do Coronel Tan-Sun Moon, que ele vê morto, mas na verdade estava vivo, fez cirurgia para modificar sua face completamente e mudou de nome para o megalomaníaco empresário Gustav Graves, sendo representado por outro ator,  o britânico Toby Stephens. Se a série em seus primórdios já cometeu muito racismo com os orientais, onde o primeiro o vilão o Dr. No, um chinês foi representado pelo canadense Joseph Wiseman(1918-2009), num exemplo péssimo de yellow face, aqui então colocar um ator ocidental para representar um norte-coreano após passar por uma cirurgia plástica  mostrou o nível de absurdo que a série. É preciso você imergir mesmo nessa fantasia para acreditar de fato naquilo. Rick Yune que representou o Zao, capanga do Coronel Moon, agora Gustav Graves numa caracterização bastante horrenda e um tanto ridícula, cheia de cicatrizes no rosto  e careca que mais deixou parecer uma caricatura cartunesca, mais parecendo um  cospobre de anime. A britânica Rosamund Pike, que representou bem a agente dupla MI6 Miranda Frost, a típica bond girl femme fatale. O neozelandês Lawrence Makoare, que representou o Kill, o segurança brutamonte de Graves em seu castelo na região fria da Groenlândia, se eu não estiver enganado onde Graves apresenta a sua temida invenção  do Icarus. A maneira como o ator o apresenta na cena  dele recepcionando  Bond, e  se apresentando num elegante tom de voz grave de barítono, provou bem sutilmente o nível de ameaça que ele podia representar. Michael Madsen que representou bem o papel de Damian Falco, um dos importantes colaboradores  da inteligência do MI6. E mencionar também a participação da cantora Madonna, celebre pop star da música como a Verity, a treinadora de esgrima de Graves/Moon num traje preto  um tanto quanto excêntrico. Ela que inclusive foi responsável por cantar a música de abertura do filme que contou a produção de David Arnold.




Enfim, num balanço geral, dá para descrever que a representação de Pierce Brosnan como 007 nessa nova etapa da franquia até que foi satisfatório, mesmo que apesar de boa parte ainda figurarem com cara dos filmes clássicos estrelados pelo Sean Connery.  


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ESPECIAL 007: TIMONTY DALTON

 

FOI JAMES BOND EM APENAS DOIS FILMES: TIMONTY DALTON

 



 

O final da década de 1980 precisava renovar James Bond, e só o estilo de ação capenga de Roger Moore(1927-2017) já não era suficiente para atrair a geração jovem dos anos 1980 para despertar o interesse ainda mais visto a forte concorrência com os filmes de ação estrelado por astros brutamontes bombados e de caras duras  como foram Sylvester Stalonne, Arnold Schwarzzeneger, Jean-Claude Van Damme, Chucky Norris dentre outros, foi então que eles decidiram renovar com outro ator no papel, desta vez, tendo Timothy Dalton assumindo o papel em apenas dois filmes que analisarei abaixo seguindo os mesmos critérios de antes.

 

007-MARCADO PARA A MORTE (1987)

No primeiro filme da série 007  que Dalton estrelou como James Bond que foi em 007-Marcado para a Morte(The Living Daylights, Reino Unido, 1987) o 15º da franquia 007 que contou com a direção de John Glen comandando o quarto filme seguido da franquia 007 ao longo dos anos 1980.



O seu enredo mostrava “James Bond – o agente 007 – é enviado para ajudar na deserção de um oficial da KGB, o General Georgi Koskov, cobrindo sua fuga de uma sala de concertos em Bratislava, Eslováquia. Durante a missão, Bond nota a presença de uma atiradora de elite da KGB enviada para impedir a deserção de Koskov. Desobedecendo ordens para matá-la, ele atira no rifle, e então usa o Oleoduto Trans-Siberiano para levar Koskov até a Áustria e depois para o Reino Unido.Após sua deserção, Koskov informa o MI6 que a Smert Spionam (Morte aos Espiões), antiga política da KGB, foi reativada pelo General Leonid Pushkin, seu novo chefe. Koskov é mais tarde sequestrado e presume-se que ele foi levado de volta para Moscou. Bond recebe ordens de encontrar Pushkin em Tânger e matá-lo para impedir outras mortes de agentes e o agravamento das relações entre a União Soviética e o ocidente. Apesar do conhecimento prévio que Bond possui de Pushkin o fazer duvidar das afirmações de Koskov, ele concorda em cumprir sua missão ao saber que o assassino de 004 deixou um bilhete escrito "Smert Spionam".”




 

Dalton como protagonista mostrou um desempenho ainda que razoável em  Marcado para a morte  com um perfil mais sério do James Bond, com uma cara dura,  mas mantendo a essência sedutora e aventuresca,  ainda mais   nessa obra que marca o último filme da série da Eon Productions a ter um título originado dos livros de Fleming até ocorrer a adaptação de Cassino Royale em 2006, que marcaria o primeiro da série protagonizado por Daniel Craig. Ele também é o que se pode descrever que marca o fechamento de um ciclo importante na história da série 007. Que nesse período já estava deixando de ter as características que remetiam  aos filmes clássicos do 007 dos anos 1960, estrelado pelo Sean Connery(1930-2020). O único resquício que ainda remetia aos filmes clássicos   da série 007 dos anos 1960 era a presença de Desmond Llewelyn(1914-1999) representando o excêntrico Q., o responsável por criar as tralhas tecnológicas para 007 enfrentar os combates mais absurdos e mirabolantes. Já que outros atores que representavam os importantes  personagens do MIG nos primórdios da série como Bernard Lee havia falecido em 1981, mesmo ano do lançamento de 007- Somente Para Seus Olhos, filme no qual ele nem participou.  Robert Brow(1921-2003) foi quem passou a representar o papel a partir de 007 Contra Octopussy (Octopussy, Reino Unido, 1983) e Lois Maxwell(1927-2007) que por 23 anos representou o papel da secretária Moneypenny e se aposentou do papel após 007-Na Mira dos Assassinos(A View to a Kill, Reino Unido, 1985), quem assumiu o papel dela nesse e no filme seguinte foi Caroline Bliss.




Outros nomes  do elenco a serem mencionados são de Maryam D ´Abo, a violoncelista russa  Kara Milovy, bond girl da vez acompanhando James Bond em suas aventuras, o seu alvo no início da história,  inclusive há uma cena  dela acompanhando Bond em fuga caminhando em fuga nas neves alpinas da Áustria, se eu não estiver enganado num trenó, onde ela usa o seu violoncelo para um momento muito nonsense de virar uma espécie de remo na neve  e como se não bastasse isso, passa num posto de fronteira o fazendo voar. O elenco também contou com as participações do holandês Jeroen Krabbé como o Genneral Koskov, um dos vilões da história, o americano Joe Don Baker como Brad Wihtaker, outro antagonista da história. O britânico John-Rhys Davies, famoso por fazer o Salah na série de filmes de Indiana Jones, representou também outro antagonista da obra o General Pushkin, que vira aliado de Bond. John Terry sendo uma das representações do agente americano Felix Leiter, muito recorrente na franquia 007. Julie T. Wallace representando a Rosika Miklos, uma engenheira russa  que deixa 007 entrar secretamente numa usina nuclear de Praga, e que para distrair o vigia o seduz tentando mostrar os seios. O alemão Andreas Wisniwski como o Necros, o assassino com aquele estereotipo clássico de alto, forte, atlético e de cara dura, um típico mal-encarado que promove uma explosão numa mansão onde 007 estava hospedado. O paquistanês Art Malik que representou o afegão Kamran Shah, um guerreiro mujahidin, que luta contra a invasão das tropas soviéticas  no Afeganistão que Bond conhece na prisão, o filme foi lançado bem na época em que o país estava enfrentando também na vida real  uma guerra com as tropas soviéticas. O mesmo  país que na  posteridade foi tomado pelo grupo fundamentalista Talibã em 1996, surgido e originado após a expulsão das tropas soviéticas no final dos anos 1980. Que após os atentados as Torres Gêmeas em 2001, foi deposto pelos americanos e que agora vinte anos depois, eles retomaram o poder no país após a saída das tropas americanas no Afeganistão. E por fim, mencionar a participação do alemão Walter Gotell(1924-1997), representando pela última vez o papel do General Gogol, já bem no finzinho do filme. Papel que ele já representava desde de 007-O Espião Que Me Amava(1977).



O filme teve na sua abertura cantada pelo famoso conjunto musical norueguês A-Ha, que era mundialmente  muito  popular entre os jovens naquela época, inspirados na onda pop da new wave, como foi no filme anterior que eles colocaram o conjunto musical britânico Duran Duran que tinha forte apelo entre os jovens dos anos 1980. Foi como uma  forma de renovação do seu público. Um fato curioso sobre a produção musical desse filme. É que ele marca o último a contar com a assinatura de John Barry(1933-2011) que sempre acompanhou a produção musical de toda a série 007 desde o primeiro filme 007 Contra o Satânico Dr. No(Dr. No, Reino Unido, 1962).




 



007-PERMISSÃO PARA MATAR(1989)




No segundo e último filme   que Dalton estrelou como James Bond que foi em 007-Permissão Para Matar(Licence to Kill, Reino Unido, 1989) o 16º da franquia 007  que contou novamente  com a direção de John Glen comandando o quinto filme seguido da franquia 007 sendo este o último da série dirigida por ele.




O seu enredo mostrava “Bond sendo demitido do serviço secreto britânico por insistir na investigação do atentado ao seu amigo da CIA, Felix Leiter e sua esposa. Bond vai atrás do chefão de um poderoso cartel de drogas que mandou matar o casal. Desta vez ele não está a serviço do governo britânico, mas atrás de vingança.”




Dalton fez uma representação bem melhor do que foi em relação ao anterior, principalmente ao representar o lado mais dramático, mais humano de sua vingança, com um vilão a altura. Nessa obra que pegou bem referência ao tráfico de drogas na América Latina.




Nesse filme que contou em seu elenco com Robert Davi como o traficante Franz Sanchez,o então desconhecido Benicio Del Toro como Dario, capanga de Sanchez, a americana Carey Lowell como a bond girl Pam Bouvier, Talisa Soto como outra bond girl Lupe Lamora, Antony Zerbe como Milton Krest, David Hedison(1927-2019) como o Felix Leiter e Priscila Barnes que representou a Della Leiter, esposa do Felix Leiter, o mexicano Pedro Amendáriz Jr. (1940-2011), filho de Pedro Amendáriz(1912-1963), que havia participado de Moscou Contra 007(From Russia With Love, Reino Unido, 1963), seu trabalho póstumo na pele do turco Ali Kerim Bey, que em Permissão para Matar, representou Hector Lopez, Presidente de um fictício pais caribenho, ditador que bem satirizava as ditaduras das ilhas centro-americanas. Dentre outros.




A produção musical ficou encarregada e sob a assinatura de Michael Kamen(1948-2003), cuja abertura a ser cantada foi da cantora Gladys Knight.





Num balanço geral, posso descrever que esses dois filmes da série 007  que Timonty Dalton estrelou, mesmo não figurando entre os mais memoráveis da franquia, pelo menos trabalharam algumas mudanças de rumo na franquia que seriam sentidas mais para frente quando em 1995 foi lançado 007 Contra Goldeneye, depois de um hiato de seis anos.  Um dos motivos foram as consequências das disputas judiciais  que Eon Productions enfrentou no começo dos anos 1990, envolvendo as complexas questões de copyright para continuar fazendo a adaptação,    onde Dalton nesse interim decide renunciar ao papel, e a EON resolve definir Pierce Brosnan como seu substituto. Mas isso é outra história.