sábado, 13 de setembro de 2025

A ODISSEIA EM DESENHO ANIMADO

 

Na expectativa para assistir a nova versão cinematográfica de A Odisseia de Homero, uma nova aposta do renomado Christopher Nolan. Dei  uma conferida no filme animado de 1987 dirigido por Warwick Gilbert e Geoff Collins que está disponível no Amazon Prime Vídeo.




Esse filme animado feito exclusivamente para a televisão com uma  duração  de 55 minutos, trata-se de uma produção australiana, produzida pela Burbank Films Australia.

Confesso desconhecer bastante a referência  da Australia nesse ramo de animações dessa empresa que foi extinta em 2008.

Cujo roteiro ficaram encarregados de serem adaptados por Alex Nicholas e Paul Leadon.




Trata-se de uma adaptação interessante, apesar do estilo de animação carregar aquele toque mais característico de barateamento feito para televisão de animação limitada, ainda assim mostra carregar um bom apuro técnico.

Consegue mostrar ser uma história da melhor qualidade possível, bem estruturada para sua classificação indicativa   que é 12 anos, com um certo grau de violência bastante suavizado.




Nas cenas de batalha de Odisseu contra as criaturas ele não chegam a expor explicitamente o nível gráfica da violência sangrenta, fica só sugestivo.  

Do mesmo modo que eles apresentam uma excelente estrutura de roteiro bem adaptado do clássico que surgiu desde os primórdios da civilização, onde aqui Odisseu é apresentado conhecendo sua amada Penelope, meio que uma forma de não reproduzir  mostrando  ele voltando de Ítaca se deparando com os pretendentes de Penelope promovendo uma chacina como é mostrado no final do livro, o que poderia soar muito pesado para o nível de violência gráfica.




Vale a pena dar uma assistida nessa animação para conhecer que não teve a oportunidade de ler a Odisseia e apreciar a jornada épica heroica de Odisseu depois da Guerra de Troia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A ANIMAÇÃO ESQUECIDA DA DREAMWORKS

 

Não existe quem ao ouvir menção do nome DreamWorks, importante empresa de animação,  não faça assimilação do nome a Shrek?



Lógico, já que essa produção do ogro verde simbolizou um divisor de águas para a empresa conseguir consolidar o seu nome no mercado.

Principalmente num estilo inovador e revolucionário  de estética de animação com a textura do 3D em CGI, que   padronizou  o estilo da animação do começo do século 21.  




De tão importante que Shrek se tornou para a DreamWorks, que ele virou uma franquia com quatro filmes.

Porém,  eu acredito que quem houve menção à  animação  O Caminho para El Dorado( The Road to El Dorado, EUA, 2000) com certeza não tem fresco,  guardado na memória como a série de filmes do ogro verde.




Isso porque essa é uma animação esquecida da DreamWorks, produção da Fase Pré-Shrek da produtora, ainda crua no mercado e vivia de forma bastante experimental e não estava tão consolidada quanto agora.

Foi a segunda produção com animação tradicional da DreamWorks, que na época era uma “criança” de apenas seis anos que estava tentando se encontrar para se consolidar com o seu nicho.




A empresa havia sido fundada em 1994, pelo cineasta  Steven Spielberg, que dispensa apresentações, o executivo recém-egresso da Disney Jeffrey Katzenberg e o executivo musical David Geffen que emprestaram as iniciais de seus sobrenomes  ao logo  da empresa DreamWorks Animation SKG.  

Os primeiros filmes que a DreamWorks lançou só surgiram quatro anos depois, em 1998 foi quando a empresa lançou duas animações que  foram  Formiguinhaz(Antz,EUA,1998), primeira a usar técnica do CGI, ainda não muito comum na época. E O Príncipe do Egito(The Prince of Egypty, EUA, 1998), primeira no modelo mais tradicional de animação, ainda bastante comum naquele período do final da década de 1990. Onde estávamos transitando entre  o fim do século 20 para o começo do 21.



Dessas primeiras animações da DreamWorks,  Formiguinhaz não é tão memorável, já que foi lançada no mesmo ano  que a Pixar lançava Vida de Inseto(A Bug´s Life, EUA, 1998), segunda produção da empresa após revolucionar com o primeiro  Toy Story(EUA, 1995). Por conta da temática semelhante, isto até gerou uma treta entre as duas, envolvendo acusações de plágio. Dentre esses, Vida de Inseto é mais lembrado pela geração que viu no cinema do que Formiguinhaz.

 Já quanto à O Príncipe do Egito, se tornou mais memorável, muito disso se deve pelo fato dele usar de um elemento bastante batido que envolveu a temática bíblica, ao se basear na famosa passagem de Moisés de Faraó no Egito  a Messias libertador do povo hebreu e divulgador dos Dez Mandamentos. Algo que Hollywood desde seus primórdios explorou bastante, independente do conceito religioso.




Já em  O Caminho Para El Dorado, ele tem o seu enredo ambientado durante o período das Grandes Navegações do século 15.  Começa se ambientando na Espanha, no ano de 1519, onde somos apresentado a dupla de protagonistas Miguel e Túlio, dois sujeitos malandros,  espertalhões e tipicamente picaretas que nos primeiros minutos de filme passados na Espanha tentam dar um golpe num jogo de aposta usando de dados viciados para conseguirem vencer.

Acontece que quando são desmascarados, correm para não serem pegos pela polícia e acabam acidentalmente entrando no navio com a expedição organizada por Hernan Cortez.




Quando são descobertos por Cortez em pleno alto mar, acabam sendo aprisionados, é lá que conhecem um cavalo que vai se tornar o companheiro de aventuras da dupla, principalmente depois que eles conseguem escapar do navio numa tempestade que o levam para uma paradisíaca ilha. Onde vão se deparar com a civilização nativa que acredita que eles sejam seres divinos, e eles vão precisar sustentar essa mentira antes que fossem desmascarados pelo malvado xamã da tribo para assim poderem ficar com as riquezas douradas que essa civilização produz.



A animação contou com a direção de Bibo Begeron e Don Paul, com roteiro assinado por Ted Elliott e Terry Rossio, com a produção de Brook Breton e Bonne Radford e com a produção musical assinada por Hans Zimmer  e Jonh Powell e também contou com o famoso astro pop internacional, o britânico  Elton John cantando a trilha sonora do filme.




Cujos protagonistas tiveram suas vozes originais representadas por dois nomes famosos com Kevin Kline como Túlio, que na versão brasileira foi dublado por Guilherme Briggs e Kenneth Branagh como Miguel que na versão brasileira foi de dois dubladores Marco Antônio Costa e Marcelo Coutinho nas canções  e destacar que na dublagem brasileira houve a participação de Danielle Winits, famoso atriz da Globo dublando no filme a Chel, a nativa que vai virar companheira de tramoias da dupla que na versão original sua voz foi representada por Rosie Perez.

Na época a animação recebeu umas críticas mistas, detendo uma classificação no Rotten Tomatoes de 48% de comentários positivos.





Para a geração de crianças que cresceram  no começo do século 21, eu já não era mais tão criança na época,  era um adolescente com 15 anos,   que  conheceram  as produções da DreamWorks através de Shrek, e foram se acostumando ao modelo de estética da animação em CGI.  Podem à primeira vista acharem estranho ao apreciar  a estética dessa animação no modelo mais tradicional do 2D, que remete ao padrão da fase dourada e renascentista da Disney durante a década de 1990 com as marcantes animações que essas sim  eu cresci vendo como Aladdin(EUA,1992), O Rei Leão(The Lion King, EUA, 1994), Pocahontas(EUA, 1995), O Corcunda de Notre Dame(The Hunckbak of Notre Dame, EUA,1996), Hércules(EUA, 1997), Mulan(EUA, 1998) e Tarzan(EUA, 1999).




A mesma entrava no século 21 lançando duas animações experimentais na mesma data que  foi lançado O Caminho para El Dorado,  pela DreamWorks marcando  o início de sua triste Segunda Era Sombria que foram Dinossauro(Dinosaur, EUA, 2000), a primeira animação do estúdio com CGI no estilo mais  foto realista e A Nova Onda do Imperador(The Emperor´s New Groove, EUA,2000), cujos estilos não agradaram tanto a crítica e não fizeram sucesso de bilheterias, a ponto de quase trazerem um baita  prejuízo para a Disney que fez mudanças em seu departamento e essas  figurarem na lista das animações esquecidas da Disney.



Sequer imaginam que nos primórdios da animação, elas nem sempre tiveram esse estilo tão foto realista do CGI  que passou a virar o padrão de todas as animações que foram sendo lançadas ao longo das primeiras décadas do século 21, além da DreamWorks, Disney, Pixar, Blue Sky e a Sony Animation. Que para serem produzidas, primeiro foi  em curtas-metragens para cinema  até chegar aos longa quando em 1937, a Disney revolucionou lançando a Branca de Neve e os Sete Anões, a produção dos desenhos eram demorados, custosos, principalmente para se criar a movimentação que era feita quadro a quadro.



No final dos anos 1950, quando dois animadores egressos da MGM, William Hanna(1910-2001) e Joseph Barbera(1911-2006), se juntaram para formar um novo estúdio de animação  que levou o nome deles, a Hanna-Barbera que passaram a produzir animações para TV com produção de baixo orçamento, com histórias mais leves voltadas para as crianças americanas usando uma técnica de animação limitada. Já que antes, como as animações em curtas-metragens passavam antes dos horários dos grandes  filmes que as pessoas estavam esperando para ver. O teor deles era bastante politicamente incorreto.




O que se criou um preconceito a respeito das animações, por estas terem apenas   apelos para as crianças, a ponto de serem vista como infantilizadas. O que ficou bastante evidenciado quando na década de 1980, foram surgindo animações com aquele forte apelo para vender brinquedos, como He-Man, Transformers, Comandos em Ação, Tartarugas Ninjas  dentre outros surgidos nesse intuito porque foram originados das linhas de brinquedos de grandes fabricantes como Hasbro e Mattell, por exemplo.

E talvez por causa disso, eu na época tenha demorado a despertar o interesse por ver a animação na época que foi lançado.

No mesmo ano do lançamento de O Caminho Para El Dorado, a DreamWorks lançou A Fuga das Galinhas(Chicken Run, EUA, 2000), essa no caso uma coprodução com  Aardman Animations se utilizando da técnica da animação em stop motion conseguiu ser memorável antes do lançamento pela sua história reflexiva mostrando as galinhas presas num galinheiro que teve inspiração no holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial,  algo que também virou o padrão do estúdio após o lançamento de Shrek no ano seguinte.

Analisando hoje, mais de vinte anos depois que essa animação foi lançada, posso descrever que ela carrega boas virtudes.

Principalmente no conceito que envolve a estrutura de sua história, tendo como protagonistas dois sujeitos de caráter dúbios, mas bastante carismáticos que são os nossos fios condutores para uma aventura rumo ao desconhecido, e que para conseguirem se darem bem usam de muita malandragem e astúcia tentando enganar todo mundo pela sobrevivência, a ponto de nessa jornada descobrirem a importância do valor da  amizade.

Posso descrever que O Caminho Para El Dorado é uma produção excelente, que tem seu valor como animação. Ainda que tenha caído no esquecimento.

Se a já centenária Disney, contém em seu longo acervo produções de animações  memoráveis e outras que caíram no esquecimento com o tempo, com direito a lista de sites especializados ranqueando os que caíram no esquecimento, no caso da Dreamworks, ouso dizer que se fizessem uma lista ranqueando  as animações esquecidas do estúdio, com certeza O Caminho Para El Dorado, figuraria que só uma beleza.  

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Pedro Homem de Mello in "Poema"

 

Noite. Fundura. A treva

E mais doce talvez...

E uma ânsia de nudez

Sacode os filhos de Eva.




A voz do sangue grita

E a das almas responde!

Labareda infinita

Que nas sombras se esconde.






Mas quase sem ruído,

Na carne ao abandono

O hálito do sono

Desce como um vestido...

 




segunda-feira, 26 de maio de 2025

25 ANOS DO FILME GLADIADOR



25 ANOS DO FILME GLADIADOR.

Há 25 anos, em Maio de 2000, estreava nos cinemas o filme Gladiador(Gladiator, EUA, Reino Unido, 2000).



Produção épica dirigida por Ridley Scott, marcava o retorno das produções monumentais de temáticas históricas que teve seu auge nos anos 1950, cujo ponto de partida ocorreu  com o lançamento de Quo Vadis(EUA, 1951), obra dirigida por Mervin LeRoy(1900-1987), com roteiro inspirado no romance do polonês Henryk Sienkiwicz(1846-1916) que marcou a padronização da fase clássica da técnica da colorização em Tecnhicolor.

Obra que abordava a perseguição dos cristãos pelo tirânico imperador romano Nero, vivido brilhantemente no filme pelo britânico Peter Ustinov(1921-2004).

Depois tivemos outro épico histórico monumental  marcante que foi a produção bíblica de Os Dez Mandamentos(The Ten Commandments, EUA, 1956) dirigida por Cecil B. DeMille(1881-1959), que contou de forma romanceada a passagem bíblica de Moisés de Faraó no Egito a líder do oprimido povo hebreu e quando recebeu a tábua com a escritura dos dez mandamentos.

Cujo elenco contou  com nomes como:  Charlton Heston(1923-2008) protagonizando Moisés e o dançarino russo Yul Bryner(1920-1985) como Ramsés.

Mas foi com  Ben-Hur(EUA, 1959) obra dirigida por William Wyler(1902-1981) com roteiro inspirado no romance Ben-Hur-Uma História nos Tempos de Cristo, publicado em 1880 pelo general Lew Wallace(1827-1905) e contou com Charlton Heston como protagonista e marcou a história do cinema  por ter sido o primeiro filme a ganhar 11 estatuetas na edição do Oscar de 1960 e que por muito tempo esse recorde ficou exclusivamente para o filme*.

Em 1960 foi lançado Spartacus(EUA,1960), produção dirigida por Stanley Kubrick(1928-1999), com roteiro de Dalton Trumbo(1905-1976)**, baseado em romance de Howard Fast(1914-2003) e estrelado por Kirk Douglas(1916-2020) que também foi responsável por assinar a produção-executiva. No Oscar de 1961, o filme ganhou  as 4 estatuetas das seis em que foi indicado.

Mas o  seu declínio veio  com a produção de  Cleópatra (EUA, 1963) que quase levou a Fox a falência.

Produção dirigida por Joseph L. Mankiewicz(1909-1993), que também assina  o roteiro em conjunto com Sidney Buchman(1902-1975) e Ranald MacDougall(1915-1973) cuja base foi por meio de relatos escritos por  historiadores contemporâneos romanos como Plutarco(46 d.C-120 d.C), Suetônio(69 d.C-141 d.C) e Apriano(95 d.C-165 d.C) e no romance Vida e Obra de Cleópatra do italiano Carlo Maria Franzero(1892-1986), que mesmo contando com um elenco estelar formado por: Elizabeth Taylor(1932-2011) como protagonista, Rex Harrison(1908-1990) como o imperador romano  Júlio César seu primeiro amante e Richard Burton(1925-1984) como Marco Antônio seu segundo amante, nem isso foi capaz de salvar o filme de virar um fiasco.

Em 1979, foi lançado Calígula(Itália,EUA,1979), sendo essa é mais considerada uma produção erótica ítalo-americana do que um épico monumental com roteiro inspirado no romance de Gore Vidal(1925-2012) que também assina o roteiro, e contou com a direção de três cineastas: os italianos Tinto Brass, Giancarlo Lui e o americano Bob Guccione(1930-2010) e contou com Malcolm McDowell na pele do insano, depravado, genocida e tirânico Calígula.

Eis então que a gente pula para o ano 2000, e chegamos a Gladiador, produção épica histórica  que marcou o retorno de Hollywood a investir em produções monumentais nessa produção que girava em torno de Máximus(Russel Crowe) um ex-general hispano-romano que perde sua família e é obrigado a virar um escravo por Cômodus(Joaquin Phoenix) o tirânico imperador romano que se apossou do poder matar seu pai Marco Aurélio(Richard Harris) e durante toda a sua jornada vamos acompanhando Máximus enfrentar a opressão provocada por Cômodus na eterna luta do bem contra o mal.

Com roteiro assinado por: David Franzoni, John Logan e William Nicholson, que apesar da precisão histórica se utilizaram de licenças poéticas como o fato de mostrar que não foi  “Marco Aurélio   não foi assassinado por seu filho Cômodo; ele morreu em Vindobona (atual Viena) em 180 d.C. de Peste Antonina.   

     A epidemia, que se acredita ter sido varíola   ou  sarampo, varreu o Império durante o reinado de Marco.

    Não há indício que Marco Aurélio desejava transformar o Império de volta numa república como forma de governo, como é mostrado no filme. Além disso, na época de sua morte, Marco já governava com Cômodo como co-imperadores havia três anos. Após a morte do pai, Cômodo viria a governar o império sozinho até 192 d.C..

       O filme mostra o imperador Marco Aurélio derrotando os bárbaros em batalha de forma decisiva nas Guerras Marcomanas. Na realidade, a guerra se estendeu por mais algum tempo; foi Cômodo que assegurou a paz ao assinar um tratado com duas tribos germânicas que haviam se aliado contra Roma, os Marcomanos  e os Quados.

     O personagem Maximus é ficcional, embora em alguns aspectos ele se pareça com as seguintes figuras históricas: Narciso  (o real assassino de Cômodo e um personagem que apareceu no primeiro esboço do roteiro); Espártaco (que liderou uma revolta de escravos significativa em 73–71 a.C.);  Cincinato (519–439 a.C.) (um fazendeiro que virou ditador, salvou Roma de uma invasão, e então renunciou ao cargo de líder após apenas 15 dias); e Marco Nônio Macrino (um confiável general, Cônsul  em 154 d.C. e amigo de Marco Aurélio).

      Embora Cômodo tenha realmente lutado no Coliseu, ele não foi morto na arena; ele foi estrangulado no seu banho pelo lutador Narciso. Cômodo governou Roma como imperador por doze anos, ao contrário do que é mostrado no filme que parece ser um período bem menor de tempo.

        No filme,  Lucila é mostrada como viúva de Lúcio Vero  e têm um filho dele, também chamado de Lúcio. Embora Lucila realmente fosse viúva dele e tivesse um filho de mesmo nome, a criança morreu jovem, antes do reinado de Cômodo, com Lucila se casando novamente com Cláudio Pompeiano  após a morte de Lúcio Vero. Ela estava casada com ele há 11 anos quando seu irmão se tornou imperador. O filme omite o fato de Lucila ter tido outros dois filhos de Lúcio, Lucila Pláucia e Aurélia Lucila.

    O personagem Maximus teve uma carreira similar (e traços de personalidade parecidos relatados pelo historiador Herodinao) a Tibério Cláudio Pompeiano  (um sírio ) que era casado com a filha de Marco Aurélio, Lucila.

 

        Acredita-se que o imperador Marco pode ter desejado que Pompeiano o sucedesse como César, em detrimento de Cômodo, mas foi recusado. Pompeiano não participou em nenhum dos vários complôs contra Cômodo. O seu personagem não aparece e nem é citado no filme.

       Lucila foi de fato implicada num complô para assassinar seu irmão, em 182 d.C, junto com seu enteado e vários outros. Ela foi primeiro exilada em Capri pelo irmão e então executada, sob ordens dele, mais tarde naquele ano.

     No filme o personagem Antônio Próximo afirma que Marco Aurélio é chamado de "o Sábio" e que ele teria banido os jogos de gladiadores   em Roma, o que teria forçado os lutadores a ir lutar nas arenas da Mauritânia.

 

       O Marco Aurélio de verdade realmente baniu as lutas, mas apenas em Antióquia como punição pelo apoio da cidade ao usurpador Caio Avídio Cássio. Os jogos de gladiadores nunca foram banidos em Roma. Contudo, quando o imperador começou a recrutar gladiadores para as legiões, isso resultou num esvaziamento das lanistae (escolas de gladiadores).

      Na vida real, a morte de Cômodo não resultou em paz para Roma, ou na restauração da República. Pelo contrário, acabou dando início a um período caótico e sangrento numa luta pelo poder que culminou no chamado Ano dos Cinco Imperadores  em 193 d.C.. De acordo com Herodiano, o povo de Roma ficou muito feliz ao saber da morte de Cômodo, embora temessem que os pretorianos  não aceitassem o novo imperador Pertinax.

(Fonte: Wikipédia).

 

 

A produção “faturou US$ 187,7 milhões de dólares nos Estados Unidos e US$ 269,9 milhões pelo mundo, totalizando cerca de US$ 457,6 milhões de bilheteria global, em cima de um orçamento de US$ 103 milhões.”

(Fonte: Wikipédia).

 

Esse filme cujas filmagens foram rodadas em Malta e no Marrocos,  marcou o último trabalho de Oliver Reed(1928-1999) que representou no filme o comerciante Próximo, ele  faleceu quando estava em Malta, local das filmagens e durante um intervalo foi para um pub e lá  se  excedeu ao consumo excesso  bebidas do qual ele nutria uma fraqueza, quando passou mal e veio a óbito no dia 2 de Maio de 1999.  O que ocasionou para que suas  cenas que faltavam filmar  fossem feitas na pós-produção  inseridas em computação gráfica. Foi seu trabalho póstumo.

O elenco  que também contou com  o australiano Russel Crowe no papel do protagonista Máximus, que com esse papel foi um marco importante em sua carreira como um divisor de águas, visto que desde o começo da década de 1990 ele já tinha uma longa filmografia, mas foi com esse papel que ele recebeu até hoje a única estatueta de melhor no Oscar de 2001. Muito disso se deve ao brilhante desempenho como ele transmite em cena, a figura heroica de um sujeito que perdeu a família que virou o símbolo da luta contra a opressão do Império Romano.  

Também mencionar a participação do Joaquin Phoenix que mostra um desempenho brilhante como o sádico Cômodo, foi com esse papel que também marcou um ponto de virada em sua carreira, porque ele já tinha uma longa filmografia, cujo primeiro filme que participou foi como ator-mirim assinando como Leaf Phoenix, junto de seu irmão River Phoenix(1970-1993). Mas foi com esse papel que ele ganhou reconhecimento da crítica e mostrou sua versatilidade como ator.

Também mencionar a participação da dinamarquesa Connie Nielsen na pele de  Lucila, a irmã do Cômodo que nutre uma paixão platônica por Máximo, aqui desempenhando o papel da mulher submissa.

E por fim, vale a menção a participação do irlandês Richard Harris(1930-2002) na pele do Imperador Marco Aurélio, que mostra realmente ser uma atuação brilhante de um fera, um veterano no oficio, com certeza quem acompanhou a franquia Harry Potter(2001-2011) deve se lembrar dele como o professor Alvo Dumbledore***.

Posso descrever num balanço geral que a produção de Gladiador envelheceu bem, mostrando o nível de importância como obra de arte, e que merece ser reassistindo sempre.

*Depois de Ben-Hur, os únicos filmes a levarem 11 estatuetas na história do Oscar foram: Titanic(1997), obra catástrofe do diretor James Cameron que foi premiado na edição do Oscar de 1998 e O Senhor dos Anéis-O Retorno do Rei(2003), o último da trilogia do diretor  Peter Jackson que levou as 11 estatuetas em 2004.

**A participação de Dalton Trumbo como roteirista em Spartacus(1960) marcou um importante ponto de virada na sua carreira. Isso porque até então Trumbo havia vivido uma fase infernal durante a década de 1950 com a política de caça às bruxas adotada pelo macarthismo de perseguir prováveis comunistas em solo americano  naquele momento do começo do clima de Guerra Fria. E muitos roteiristas estavam sendo alvo  de investigação do governo americano por supostos envolvimentos comunistas. Por conta disso, ele ficou com o nome manchado na indústria. Chegou a entregar roteiros assinados com pseudônimos para tentar burlar os agentes. Com o sucesso de Spartacus, onde ele finalmente voltou a ganhar prestigio em Hollywood sendo creditado, visto que a fase da politica do macarthismo havia deixado de existir. Toda essa fase turbulenta da carreira de Dalton Trumbo foi retratada na sua cinebiografia Trumbo: Lista Negra(2015), onde ele foi representado por Bryan Cranston.

***Richard Harris representou o professor Alvo Dumbledore, diretor da instituição de Hogwarts nos filmes Harry Potter e a Pedra Filosofal(2001) e Harry Potter e a Cãmara Secreta(2002) dirigidas por Chris Columbus, inspiradas nas séries de livros da britânica J.K.Rowling. Sua participação em Cãmara Secreta marcou seu trabalho póstumo, isso porque Harris havia falecido em 25 de Outubro de 2002 em consequência de um câncer linfático faltando duas semanas para o lançamento do filme. Com sua morte, quem passou a assumir o papel de Alvo Dumbledore a partir de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban(2004) foi o saudoso Michael Gambon(1940-2023) dirigido por Alfonso Cuarón que os representou nos filmes seguinte da franquia que foram: Harry Potter e o Cálice de Fogo(2005) dirigido por Mike Newell, Harry Potter e a Ordem da Fênix(2007), Harry Potter e o Enigma do Principe(2009), Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1(2010) e Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2(2011) dirigido por David Yates. Harris também deixou postumamente sua participação na minissérie Júlio Cesar(2002) e na animação Kaena-A Profecia(2003). 

 

segunda-feira, 5 de maio de 2025

A BUNDA

 

A BUNDA

 

Os responsáveis pela bunda (como é conhecida na atualidade, referindo-me ao conceito contemporâneo de bunda; ou seja, a bunda como ela é) são os africanos. Mais especificamente, os angolanos e os cabo-verdianos. Para ser ainda mais preciso, as angolanas e as cabo-verdianas.



Foram elas, angolanas e cabo-verdianas, que, ao chegarem ao Brasil durante as trevas da escravatura, revolucionaram tudo o que se sabia sobre bunda, até então.




Foi assim: naquela época, a palavra bunda não existia. Os portugueses, quando queriam falar a respeito das nádegas de uma cachopa, diziam, exatamente isto: nádegas; ou região glútea (tanto fazia).




Aí, os escravos angolanos e cabo-verdianos chegaram ao Brasil.

Só que eles não eram conhecidos como angolanos nem cabo-verdianos.





Eram os “bantos”, chamados bundos, e falavam o idioma "ambundo", ou "quimbundo": a língua bunda, enfim.




Os bundos, em especial as mulheres bundas, possuíam a tal região glútea muito mais sólida, avantajada, globosa.




Os portugueses, que não são parvos, logo deitaram os olhares para as nádegas das bundas (das mulheres bundas). 






Quando alguma delas passava diante de um grupo de portugueses, vinham logo os comentários: “Que bunda!” (referindo-se, claro, à africana; não à bunda, propriamente dita, da africana...). Em pouco tempo, a palavra bunda, antes designação de uma língua e de um povo, passou a ser sinônimo de nádegas. E assim nasceu a bunda moderna.






 

Como se vê... BUNDA TAMBÉM É CULTURA!...

(Autor Desconhecido).



terça-feira, 8 de abril de 2025

DOCUMENTÁRIO VAL(2021) EM MEMÓRIA DE VAL KILMER(1959-2025)

 

Na semana em que o ator  Val Kilmer(1959-2025) faleceu, eu dei uma assistida no  seu documentário biográfico intitulado de Val(EUA, 2021) na Amazon Prime Vídeo.




Nesse documentário de 1 Hora e 49 Minutos de duração. Que teve o envolvimento do próprio ator que usa de gravações caseiras de arquivo pessoal onde ele narra toda sua trajetória desde sua infância, passando pelo começo de sua carreira onde são mostrados gravações de bastidores de alguns filmes que ele participou e onde ele procura mostrar por ele mesmo a situação um tanto inconstante que foi sua carreira devido a fama de encrenqueiro e também o acompanha no presente com a dificuldade da fala por conta do câncer na garganta.




O filme conta com a direção de Leo Scott e Ting Poo, ele que é narrado em off  pelo seu filho que conta todas as suas experiências dos momentos de sua infância e compartilha como foi as suas sensações dos papeis que representou no cinema.




O mais curioso que o documentário mostra foi da sensação dele achar que o seu papel como o Iceman em Top Gun: Ases Indomáveis(Top Gun, EUA,1986) foi um tanto medíocre, mas ao mesmo tempo sente uma sensação conflitante com a fama que ele lhe rendeu, tanto que toda vez que ele ia viajar e passava por algum aeroporto era chamado de Iceman. Inclusive ele  foi convidado para participar de Top Gun: Maverick(EUA, 2022) para repetir o papel com ele aparecendo em uma única cena ao lado de Maverick, cujo diálogo ele escreve textualmente e nos minutos finais de sua participação, sua voz é reproduzida por inteligência artificial, foi o momento mais tocante da obra. Que por esse retorno fez ele ao mesmo sentir uma frustação e ao mesmo tempo alegria, principalmente pelo convite para repetir o papel na sequencia que marcou o último filme  da sua carreira.




Também mostra a sua sensação de como foi representar o icônico herói  Batman em Batman Eternamente(Batman Forever, EUA, 1995) onde ele rememora a sua infância, quando assistia a clássica série dos anos 1960, estrelada por Adam West(1928-2017) dentre outros momentos.





Mostra ele e o filho fantasiado de Batman e Robin, também abordando a sua  fama de encrenqueiro que ele carregou de muitos diretores, por ser perfeccionista e muito metódico, o que o levou a ser visto como uma pessoa de personalidade insuportável.




Também registra sua participação numa Comic Con, dando autógrafos aos seus fãs, mesmo estando num estado de saúde  delicado respirando com um aparelho que dificulta sua fala saindo toda radiofônica.

Enfim, é um ótimo documentário que serve para conhecer outras camadas a respeito de Val Kilmer além do que já foi mostrado.

 Im Memoriam.

sábado, 15 de março de 2025

O APRENDIZ-A JORNADA DE DONALD TRUMP COMO EMPREENDEDOR IMOBILIÁRIO

 

Outro dia, assistindo ao mais recente  filme concorrente ao Oscar  de 2025, que é no caso   O Aprendiz(The Apprentice,EUA,Canadá,Irlanda, Dinamarca,  2024) após ser incluído no catálogo da Amazon Prime Video.





Confesso ter ficado impressionado com o tipo de abordagem a respeito dele que é um cara muito polêmico.

A primeira impressão que ele pode tender a causar a um expectador desavisado e que tenha caído de paraquedas é quanto ao fato da obra  tentar trazer uma mensagem de cunho político panfletário tendencioso com os ideais de extrema-direita de intolerância  social.




Toda cinebiografia que trata de protagonizar figuras politicas tender a gerar esse desconforto em tentar criar uma idealização romantizada de sua jornada heroica com ares de endeusamento exageradamente mitificado como se ele fosse destinado para tal coisa.

O que por incrível que pareça, no filme  O Aprendiz em nenhum momento procura criar essa atmosfera de endeusamento sobre Trump.




 Essa cinebiografia que conta com a direção do iraniano-dinamarquês Ali Abbasi, com roteiro de Gabriel Sherman, trata-se de uma produção independente contando com a colaboração da Dinamarca, Canadá e Irlanda, procura abordar e  explorar um pouco da fase de Trump, muito bem defendido pelo ator Sebastian Stan,  em sua ascensão na carreira de empresário do ramo imobiliário em Nova York entre os anos 1970 a 1980, seguindo os passos de seu pai Fred Trump(1905-1999) vivido magistralmente no filme por Martin Donovan, um empresário renomado nesse ramo com a empresa The Trump Organization.






Em nenhum momento a obra tenta ser panfletária em fazer apologia aos seus ideais autoritários, do mesmo jeito que procura não ser tendenciosa em criar um endeusamento de  mostrar como ocorreu sua carreira na política até chegar a comandar a Casa Branca como o atual  Chefe de Estado.

Mesmo porque ela apenas se preocupa em nos apresentar um recorte de sua vida apresentado a ascensão da sua carreira no ramo imobiliário.




Onde a gente pode bem conhecer como um bom estudo de personagem que pode explicar  sua postura autoritária e desprezível. É  uma obra sensacional em explorar um pouco do perfil repugnante que ele já demonstrava ter.  





Em especial mostrando a pessoa que foi seu grande mentor Roy Cohn(1927-1986), muito bem defendido no filme por Jeremy Strong, um polêmico advogado que esteve envolvido na acusação do   Caso do Casal Rosenberg em 1953 e que no filme ele esmiuça bem o nível da importância de como suas orientações levaram Trump  a se ascenderem no ramo empresarial do mercado imobiliário de Nova York naquele período dos anos 1970 a 1980, quando a Big Apple estava vivendo um caos urbano e sua ascensão ocorreu de uma forma muito desonesta, pisando em muita gente para conseguir os seus objetivos gananciosos dos seus empreendimentos. 




Podendo-se dizer que o filme mostrou bem como ele foi um bom  aprendiz do título que não por acaso, também foi o título de um programa de reality show de competição de empreendedorismo que ele comandaria por volta dos anos 2000, cujo formato foi importado para diversos países e aqui no Brasil se tornou popular sendo apresentado pelo empresário Roberto Justus, que eu acredito quem tem minha idade, com certeza deve ter tido o primeiro contato com o nome Trump por meio desse programa.




Ao mesmo tempo que também pincela  um retrato do quão escroto ele vivia em sua vida afetiva. Como nas cenas que mostram ele reunido com sua família, onde ouve umas poucas e boas  de seu pai, um sujeito autoritário e abusivo, que desprezava seu irmão mais velho Fred Trump Junior(1938-1981), por ter escolhido seguir a carreira de piloto da TWA em vez de comandar os negócios da família como Donald escolheu, que para ele  era a mesma coisa que viver como um pobretão e que seria a ponto de ser visto como um pária na família. Mostrando como ele herdou esse caráter tóxico do seu pai.  O  Fred Jr. é muito bem representado por Charlie Carrick que nos seus últimos anos de vida, após perder o emprego  caiu em desgraça no consumo de álcool que o levou a morte.




Ou mesmo quando ele vivia as turras com sua mãe Mary Anne MacLeod(1912-2000), uma imigrante escocesa, grande ironia sendo ele um sujeito xenófobo que é, no filme é    muito bem representada por Catherine McNally.

Também mostra a maneira como Trump  era um marido abusivo e muito violento com sua primeira esposa, a ex-modelo tcheca Ivana Zelníčková(1949-2022), ou seja, ele foi casado com uma imigrante, um  contraste se assim posso descrever  com sua postura de lei anti-imigratória em território americano.




Foi com essa que passou adotar o sobrenome de casada assinando como Ivana Trump, vivida no filme pela atriz búlgara Maria Bakalova que Trump teve três filhos formados por: Donald Trump Jr., Ivanka Trump e Eric Trump.

Como o recorte vai até o momento do falecimento de Roy Cohn, não é mostrado Donald se divorciando de  Ivana que ocorreu em 1990, como consequência da pulada de cerca de Trump ao começar a ter um caso com a ex-modelo e atrix Maria Maples com quem se divorciaria em 1999 e teve uma filha Tiffany e atualmente se encontra casado com a ex-modelo eslovena Melânia Knauss, que contradição  ele viver casado com uma imigrante e ser xenófobo com quem  tem um filho Barrow.




Acontecimentos esses que ocorreram no momento onde Trump estava com sua carreira de empreendedor imobiliário  declinando devido ao fracasso dos empreendimentos do Trump Tower, por exemplo. E ele só foi se reerguer graças a televisão ao apresentar o reality show imobiliário intitulado ironicamente de O Aprendiz.

Em um balanço geral, O Aprendiz é um bom filme cine biográfico para se conhecer a trajetória de um sujeito tão controverso quanto Trump, em nenhum momento ele tenta ser chapa branca e nem procura ser  panfletário mesmo retratando  a trajetória de um sujeito de discurso fascista da típica extrema direita autoritária americana.




Ele procura sim é retratar como se deu sua trajetória de ascensão do ramo do mercado imobiliário na Nova York dos anos 1970/80 que começou com seu pai, onde com a mentoria de uma figura controversa como o Roy Cohn, ele conquistou de uma forma que não merecia, pisando e enganando muita gente.






Onde  conhecemos  também um pouco do seu perfil canalha de sujeito de caráter egocêntrico, narcisista, frio, calculista e megalomaníaco e era extremamente tóxico dentro de casa com sua esposa. Justamente por conta é que recomendo assistirem ao filme.

Os brilhantes  desempenhos de Sebastian Stan protagonizando Trump e de Jeremy Strong como Roy Cohn, renderam duas indicações na recente edição do Oscar 2025, nas categorias de melhor ator e melhor ator coadjuvante. Que perderam ambas sendo derrotados por Adrien Brody que ganhou na categoria de melhor ator por O Brutalista e Kieran Culkin que venceu como melhor ator coadjuvante por A Verdadeira Dor.

Ainda assim recomendo assistirem.