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segunda-feira, 24 de maio de 2021
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quarta-feira, 12 de maio de 2021
MINHA MÃE É UMA PEÇA E OUTROS FILMES DO PAULO GUSTAVO.
MAIS UM ARTISTA VÍTIMA DA COVID-19
A
notícia do falecimento do comediante Paulo Gustavo, aos 42 anos, sendo mais uma vítima dessa desgraça de Covid-19, na
terça-feira, 04 de Maio, durante semana de comemoração do Dia das Mães, comoveu
o Brasil inteiro e existe uma razão para isso.
Ele
era um tipo de artista que sabia fazer um tipo de humor popular que se
comunicava bastante com diferentes camadas sociais, em especial as femininas e
aos LGBTQ+.
Gay
assumido, foi casado com Tales Bretas com quem deixou dois filhos adotados por
meio de duas mães de aluguel no exterior.
É
triste ver que ele é mais um entre os brasileiros a entrar nas estatísticas das vítimas mortas da COVID-19. Que vitimou também muitos outros
artistas brasileiros como no ano passado
em que perdemos a atriz Nicette Bruno, o cantor Paulinho do conjunto Roupa
Nova, o ator Eduardo Galvão, o também ator Gésio Amadeu e este ano perdemos também
outros talentosos artistas vitimados pela COVID-19 como os cantores Genival
Lacerda, Zezinho Correa e Agnaldo Timóteo.
Eu
não lembro de já ter visto outros
trabalhos que Paulo Gustavo fez na TV, como em novelas, por exemplo, ou mesmo
em humorísticos de tv.
Pode-se
dizer que foi através do cinema que conheci o ótimo trabalho dele em especial
com a série de filmes Minha Mãe é uma Peça.
Alguns
dos filmes que pude ter a oportunidade de conferir durante a triste semana que ele faleceu por
meio do serviço de streaming do TelecinePlay que eu comecei a assinar fazia
poucos dias, onde lá eles até dedicaram
um espaço em homenagem a ele com os catálogos dos filmes onde ele participou.
Aproveito
e faço aqui minhas rápidas descrições e análises de cada um desses que assisti no serviço por
uma ordem bem aleatória, sem ser top 10 de melhor ou pior, ou mesmo por ordem cronológica. Como vocês
podem conferir abaixo:
1)TRILOGIA
MINHA MÃE É UMA PEÇA
Começo
obviamente pela trilogia de Minha Mãe é uma peça que é composto por Minha
Mãe é Uma Peça-O Filme(Brasil, 2013), Minha Mãe é Uma Peça 2(Brasil,
2016) e Minha Mãe é Uma Peça 3(Brasil,
2019), filme que foi inspirado na peça teatral de autoria do próprio Paulo
Gustavo, onde ele foi quem adaptou o roteiro e foi onde ele criou um dos tipos mais famosos de
sua carreira que é a Dona Hermínia, representando a popular classe média de sua terra natal
Niterói/RJ, uma mulher de perfil um tanto temperamental, explosivo e irascível, principalmente ao lidar
com os três filhos Garib(Bruno Bebbiano), Juliano(Rodrigo Pandolfo) e
Marcelina(Mariana Xavier) e do seu ex-marido Carlos Alberto(Herson Capri), e
soltava o bordão do “Eu, hein” que
simbolizava um retrato bastante intimista dele que se inspirou na sua própria mãe Dona Déa Lúcia, mas que mesmo
assim sabia ser amorosa. Este lado
intimista fica bastante evidente quando
a gente observa muito isso na maneira
como ela se relacionava com um de seus três
filhos Juliano que era gay e mostrando em momentos da infância do menino
dela aceitar isso, um retrato bem próximo do que ele deve ter passado na sua
infância, principalmente nos flashback de Hermínia com Juliano pequeno bem
exemplificaram com ele já demonstrando interesse por brincar de boneca em vez
de futebol, por exemplo, dentre outras coisas. Cada um desses três filmes foi
dirigido por um diretor diferente: André Pellenz foi quem dirigiu o primeiro da
série, o segundo foi dirigido por César Rodrigues e o último da série por
Susana Garcia. A maneira como Paulo Gustavo representou em cena a personagem
com aquela caracterização que o ajudava a compor e a incorporar de forma
magistral e impecável, fazia ele realmente convencer que era mesmo uma mulher.
O que a primeira vista, poderia gerar uma forte estranheza no espectador a
ponto de ficar muito ridículo como uma
representação caricata de um estereótipo de travesti ou mesmo de drag queen, em
compensação, a forma como ele representou o papel em cena com muita
naturalidade nos fazia esquecer que ele era um homem e deu bem voz
a causa dos LGBTQ+. Mesmo que o intuito não parecesse panfletário.
2)DIVÃ
Na
obra Divã (Brasil,2009), Paulo Gustavo representou René,
personagem que faz uma participação bastante pontual, já que ele era o cabelereiro
da protagonista Mercedes(Lilia Cabral), sua aparição na cena onde ela vai ao salão
acompanhado de sua inseparável amiga Mônica(Alexandra
Richter). Nessa obra que contou com a direção
de José Alvarenga Jr. inspirado numa obra homônima de Martha Medeiros onde a
protagonista Mercedes relata tudo sobre sua vida numa consulta terapêutica, daí
de onde vem o título. Eu já tinha assistido antes essa obra muito tempo atrás em
DVD e lembro de ter curtido bastante e após rever esta obra no streaming do TelecinePlay
continuei achando ótima e bastante atemporal. Mesmo a participação de Paulo
Gustavo sendo curta nesta obra, pelo menos foi nessa participação que ele conheceu e contracenou pela primeira
vez com uma atriz que seria futuramente presença recorrente na série de filmes Minha
Mãe é uma Peça, que no caso é Alexandra Richter, a interprete da coadjuvante
Mônica em Divã, na série Minha
Mãe é uma Peça representou a Iesa, irmã da Dona Hermínia. Na obra
também contou com outras participações saudosas, além de Paulo Gustavo, que são de feras veteranas que não podem deixarem de
serem mencionadas como Elias Gleizer(1934-2015) que fez uma representação
brilhante no papel do Agenor, pai da protagonista
e de Lupe Gigliotti(1926-2010), a irmã do mestre do humor Chico Anysio(1931-2012)
numa participação pontual na pele de costureira ajeitando o vestido de
casamento da Mercedes. Num dos seus últimos registros de trabalho.
3)VAI
QUE COLA-O FILME
Nesse
filme inspirado na famosa sitcom do canal pago Multishow criada por Leandro
Soares e teve a direção de César Rodrigues, pertencente ao Grupo Globo. Em Vai
que Cola-O Filme(Brasil,2015), Paulo Gustavo demonstrou um talento incrível
em fazer um estilo de humor bastante popular como já tinha demonstrado antes em
Minha Mãe é Uma Peça, ao
representar o Valdomiro, um sujeito malandrão que da vida de luxo de grã-fino ostentava com
seu apartamento no Lebron, quando de repente, foi pego caindo numa arapuca que
o tornou um foragido da policia por ser o arquiteto do esquema de roubo
praticado por sua empresa. O que o fez se mudar para o ambiente suburbano do Meier
e lá vive numa casa de pensão que está prestes para cair aos pedaços depois de uma forte chuva e resolve levar os seus companheiros de
pensão para o apartamento de luxo do Leblon, por causa de um acordo que ele fez
com seus ex-sócios. E a confusão vai rolar é solta. A maneira como Paulo
Gustavo desempenhou o papel do Valdomiro
que é responsável por conduzir a história ao espectador, tanto que é ele quem
faz a quebra da quarta parede ao
interagir com o espectador é algo incrível, fascinante nessa obra cuja estética
cômica vai mesmo na pegada popular de mostrar o estilo kitsch dos suburbanos do
Meier em contraste ao luxuoso apartamento do Leblon, simbolizando bem um retrato das crônicas do cotidiano
carioca.
4)OS
HOMENS SÃO DE MARTE...É PRA LÁ QUE EU VOU E MINHA VIDA EM MARTE.
Para
fechar a lista, comento aqui sobre dois filmes
que são sequências um do outro, onde aqui Paulo Gustavo mostrou ser bastante versátil
em trabalhar na estética do humor mais refinado, mais elitizado e com características
que abordam bastante os dilemas mais femininos que são em Os Homens
são marte...é pra lá que eu vou (Brasil, 2014) e Minha vida em Marte(Brasil,
2018). Inspirados nos monólogos teatrais da atriz Mônica Martelli que nos
filmes protagoniza Fernanda e que teve a participação dele no roteiro. Nesses
dois filmes que contou o primeiro com a direção de Marcos Baldini e o segundo
de Susana Garcia, Paulo Gustavo representou magistralmente o Aníbal, sócio
da protagonista Fernanda(Mônica
Martelli) numa agência que promove
casamentos, ele aqui representou bem a figura do inseparável amigo e
companheiro dela, um gay um tanto enrustido, mas que se torna um conselheiros
em seus dilemas sobre o relacionamento amoroso e complexidade em entender os
homens e o sonho de achar um homem para se casar.
Depois
disso, posso concluir que é bastante lamentável a perda de mais um talentoso artista
brasileiro para a COVID-19.
Descanse
em paz.
Paulo
Gustavo.
(1978-2021).