terça-feira, 11 de junho de 2019

KARDEC E ROCKETMAN-DUAS ÓTICAS DIFERENTES DE CINEBIOGRÁFIAS


Sempre que se ouve falar em filmes biográficos, especialmente se os reais  personagens biografados que estão sendo retratados na telona  forem representados por grandes ícones, grandes personalidades que imprimiram seus  geniais talentos, seja representado na música, no esporte, na política, nas ciências, enfim, muita gente deve esperar mais ou menos uma ideia dele em seu corpo estético mostrar uma linearidade sobre sua vida tanto pública quanto privada  começando por sua infância, sua juventude na universidade, os primeiros passos na  carreira até chegar ao auge do sucesso  lidando com muitas dores de cabeça e caso já esteja morto mostrar os seus últimos momentos de vida. Trançando e pincelando por meio de formas e cores o que num livro biográfico é só descrito com palavras do próprio autor os detalhes a mais as outras camadas de sua personalidade. Se para um biografo escrever o livro sobre o respectivo personagem biografado, enfrenta-se um trabalho árduo, principalmente se ele for uma pessoa já morta e para fazer uma biografia precisa de muita pesquisa, muita consulta com historiadores,  consultar fontes biográficas em bibliotecas públicas ou no caso do biografado  ainda estar vivo, consulta-lo diretamente, consultar também as pessoas próximas com quem ele menciona. E também pedi a autorização dele ao inserir situações desagradáveis no livro ou mesmo verificar a consistência da informação.  E se caso acontecer de não ser autorizada, pode-lhe ocorrer um processo. Como aconteceu no episódio do cantor Roberto Carlos proibiu a veiculação da biografia Roberto Carlos-Em Detalhes  do jornalista e historiador Paulo Cesar de Araújo e criou junto a outros cantores o grupo do Procure Saber que em 2013 gerou muita polêmica a ponto do Congresso na época avaliar uma lei a respeito da produção de biografias não-autorizadas, o que gerou muitas manifestações de  revoltas de biógrafos celebres como Fernando Morais, por exemplo. Se para um biógrafo o trabalho  de escrever sobre o seu biografado é bastante árduo e  desafiador, imagine para o diretor de cinema que tem como grande desafio retratar e pincelar com imagens, formas e cores a vida de seu biografado nas telonas onde além de fazer uma longa consultoria com historiadores para despois construir o roteiro do enredo e junto a sua equipe de maquiadores, figurinistas e cenógrafos mostrar  como era o contexto em que ele viveu. E pude tirar esta conclusão após conferir a dois recentes filmes biográficos que encontram-se ainda em cartaz, pelo menos até o momento em que escrevo este texto.  Um é sobre o intelectual francês do século 19, que foi o criador da doutrina espírita, estou me referido a Allan Kardec em Kardec(Brasil, 2019) e o outro é sobre o maior ícone da música pop mundial, cuja principal característica eram os figurinos extravagantes e espalhafatosos com um tom muito carnavalesco em suas apresentações, estou me referindo a Elton John em Rocketman(Reino Unido, EUA, 2019). 
Duas cinebiografias  de personalidades bem distintas cujas maneiras estéticas como são apresentadas e mostradas ao espectador são bem diferentes. 



















Em Kardec, produção brasileira que conta com a direção do Wagner de Assis também encarregado do roteiro, um diretor já bem familiarizado com o tema de espiritismo,  pois antes tinha dirigido Nosso Lar(Brasil, 2010). Uma adaptação da obra homônima do médium Chico Xavier(1910-2002), sob a influência do espírito de André Luiz.  Se para adaptar  Nosso Lar, Wagner de Assis teve como grande desafio em tornar o enredo  mais palatável ao público em geral   não economizou para criar na obra com tomadas de liberdade e imprimindo licenças poéticas,  uma atmosfera futurista, especialmente na panorâmica da morada dos desencarnados. Contando com a colaboração de uma grande empresa norte-americana de efeitos especiais para Hollywood e contratou o serviço de gabaritados profissionais de grandes blockbuster  para produzir os espetaculares efeitos especiais  desse filme. 











No caso de Kardec, ele teve o grande desafio de  apresentar  quem foi o responsável  pela  criação dessa doutrina que acredita em vida pós-morte e em desencarnações. Com base no livro biográfico do jornalista brasileiro Marcel Souto Maior, que não por acaso também escreveu uma biografia sobre Chico Xavier.  A primeira ideia um tanto mística que muitos devem carregar na cabeça  sobre quem  foi  Allan Kardec, ou melhor dizendo  Hippolyte Leon Denizard Rival(1804-1869) como criador dessa doutrina, é se ele foi um médium assim como foi Chico Xavier?  
Acontece que ele não era médium. Era sim, um respeitado intelectual da França do século 19, cuja formação era em pedagogia, e muito de sua carreira de educador no Liceu foi influenciado pelo educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi(1746-1827). 














Especialmente quando foi estudar na Suíça, visto a ironia dele ter nascido numa família abastada, onde seu pai era um respeitado magistrado e de formação católica, e que pela aptidão que ele já mostrava para as ciências estudar foi  na vizinha Suíça que já de maioria protestante e lá se ingressou  na Escola de Pestalozzi no Castelo de Yverdon, onde foi que formou sua carreira de educador.  Ao longo de toda sua carreira de educador ele era uma pessoa que tinha uma visão  muito cética sobre acontecimentos sobrenaturais ainda mais naquele contexto do século 19  em que quase toda a Europa estava muito cética por causa da influência da Revolução Industrial que trouxe novos avanços científicos e cujas invenções serviram para trazer novas explicações lógicas  ao que era então visto como sobrenatural. Foi mais precisamente na primeira metade do século 19, que quando o então educador cético Rivail resolveu fazer a investigação a respeito do fenômenos das apresentações das mesas girantes que estavam plateias e multidões e que isto gerou uma grande desconfiança de que isto fosse alguma pratica de fraude, de charlatanismo usando de efeitos de magnetismo entre outros. Naquele período em que o mundo estava ficando cada vez mais cético com as crendices e as influências  dos avanços da ciência após a Revolução Industrial mostraram  então algo assim fora do normal era visto com desconfiança. 













Foram nessas investigações que Rivail teve seu primeiro contato com um grupo espírita, que os convidaram e foi depois dessa sessão que a vida dele mudaria para sempre, especialmente depois de saber por meio de uma carta psicografada que revelava sobre a sua vida passada de druida, e se chamava de Allan Kardec, que passou a ser o nome que ele passou a assinar nos livros espiritas que escreveu para divulgar a doutrina, e pagaria um alto preço por esta sua ousadia. Na trama do filme em questão, o diretor optou por fazer um recorte em mostrar ao público como foi a trajetória de Hippollyte Leon Denizard Rivail(Leonardo Medeiros)    antes de ser o Kardec como os espíritas conhecem, o  criador da doutrina já estabelecido em sua carreira de educador lecionando  no Liceu de Paris onde  lá ensinava as mais diversas graduações, era um verdadeiro intelectual. Até o momento em que sofre as constantes  interferências do Padre Boutin(Genézio de Barros) em suas aulas. Indignado com as interferências da Igreja Católica ele resolve pedir demissão do seu cargo. Após essa demissão, para ajudar na renda de sua esposa Amélie-Gabrielle Boudet(Sandra Corveloni) aceita receber alguns alunos em sua casa para darem umas aulas de reforço. É nesse interim que ele resolve entrar para um grupo de estudos acadêmicos comandado  pelo físico Jacques Babinet(Licurgo Spinola) onde lá ouve falar dos espetáculos das mesas girantes que tem chamado muito a atenção geral de muita gente e vistos como paranormais  onde ele resolve com o intuito investigativo descobrir qual a fraude daquele tipo de truque na apresentação. É numa dessas investigações que ele descobre por meio do livreiro Didier(Guilherme Piva) que o apresenta a uns amigos que o levam para conhecer uma sessão e nesse momento fica completamente espantado quando observar  a mesa vibrar e não tem truque algum e dessa forma vai aos poucos deixando de lado o seu ceticismo e passa a crer realmente na existência de vida pós-morte. Especialmente quando mantém contato com umas mulheres  médiuns como as Irmãs Julie(Letícia Braga)  e Caroline(Júlia Svacinna)  Baudin. Também fez contato com outra médium como a Rurh-Celine Japhet(Júlia Konrad) e nestas muitas sessões participou e investigou e  transformaria sua vida para sempre. 


Ele passa a codificar as mensagens e nisto colocar no primeiro  livro que publicou que foi O Livro dos Espíritos, desta vez assinando a  autoria  pelo pseudônimo de Allan Kardec que foi o nome de sua vida passada de sábio druida. Após a publicação o negócio começa a trazer um retorno que ele não esperava, a França inteira passa a persegui-lo, ele sofre com a censura, ele desagrada a Igreja Católica e o meio acadêmico. Tornando assim uma persona non grata por causa da repercussão negativa que a França naquele contexto do século 19 não estava preparada  para receber. E mais indignado ainda ele fica ao saber que alguns de seus exemplares foram queimados na Espanha.  É mostrado ele até tentando recorrer ao Sr. Durfax(Dalton Vigh), pai da Ermance(Louise D´Tuane) jovem  médium que tinha passado por muitos manicômios por achar que ela estivesse louca ou possesiva. 









Que assim eram vistos os que tinham o dom da mediunidade ou mesmo acusados de bruxaria, onde este por ter contato com o Imperador Napoleão III, pediu uma audiência com ele para resolver o seu caso, ainda que tenha sido em vão, ou seja, ele sofreu muitas provas e expiações. Mesmo tendo mostrado apenas um recorte da trajetória de Kardec começando  a partir do ponto de como aconteceu dele ter o primeiro contato com aqueles fenômenos paranormais que o inspiraram a criar esta doutrina, e  não foi  mostrado mais detalhes de sua vida privada, e de sua formação acadêmica que ao se tornar discípulo de Pestalozzi adotou a metodologia dele  para servir como o começo de sua carreira pedagógica e sequer é mostrado as publicações dos livros pedagógicos que tinha escrito antes de adotar o pseudônimo de Allan Kardec para criar uma nova doutrina. Ainda assim, o diretor consegue primar por apresentar na estética do roteiro, a figura de um homem que criou uma importante doutrina religiosa, mas sem a intenção de tentar santifica-lo, mitifica-lo, mostrando uma versão verossímil do que ele seria de um ser humano real com suas virtudes e seus defeitos.  Se do mesmo jeito que ele não economizou nada para dirigir Nosso Lar, no caso de Kardec pode-se definir  especialmente se a gente for analisar a caprichada produção da direção de arte, como a  fotografia com paletas de cores vibrantes e nos planos de câmera com  muitas sombras,  os figurinos bem elegantes dos personagens que representam o cenário da Paris, a famosa cidade-luz do século 19, como o passeio em carroças, as maquiagens e as  cenografias com locações gravadas partes na França e partes em prédios antigos do Rio de Janeiro tudo muito impecável. 












O filme também conta com a participação de um excelente elenco, principalmente os de conhecidos rostos da TV de  novelas, que  tirando algumas escorregadas ou outras para tentarem transmitir  as mensagens  do texto, ainda mais em alguns momentos que ele deixam soltarem levemente umas localizações nas suas falas  entregando seus sotaques cariocas, paulistas, baianos, gaúchos, pernambucanos, cearenses, enfim de todo o Brasil, o que pode soar muito inverossímil por eles estarem representando na tela personagens de outro tempo e espaço, que no caso é na França do século 19, cuja linguagem rotineira dessa época  carregava um ar bem mais rebuscado, mais refinado, de todo jeito não os prejudica tanto. Do elenco posso destacar o Leonardo Medeiros na pele do protagonista, que mostra um bom desempenho em suas diferentes camadas que mostram bastante do lado mais verossivelmente humano que o Kardec foi em vida. A Sandra Corveloni como a esposa de Kardec,  Amélie-Boudet  também desempenhou brilhantemente o papel ao mostrar bem o quanto que ela foi importante em sua vida e lhe deu muito apoio, mesmo o casal não tendo constituído filhos e um fato curioso que não é comentado e nem mesmo mostrado  no filme é que Amélie era nove mais velha que Kardec e que ela o conheceu logo depois de ambos já estarem bem estabelecidos em suas carreiras pedagógicas no Liceu de Paris. Assim como há algumas participações bem pontuais de outros personagens importantes com quem Kardec manteve contato no meio espirita, como Guilherme Piva fazendo o livreiro e editor  Didier, que o introduziu a doutrina, a primeira vista a escolha dele para o papel pode ter parecido muito estranha visto ele ser um ator com talento para comédia, e em cena pode-se perceber um tom que remete a um elemento muito caricato, o que pode ser visto como um problema mas que não tira os bons méritos que o filme apresenta. Também destacar o bom desempenho do Genézio de Barros na pele do Padre Boutin, um sujeito que nunca foi com a cara de Kardec e logo após ele publicar os livros sobre o mundo espiritual então, o negócio pegou para valer. Por fim dou destaque ao bom desempenho da Louise D´Tuane como a médium  Ermance que mostrou uma verdadeira emotividade tocante em cena com muitas deu um verdadeiro show de interpretação. 


 Já no caso de Rocketman, o drama biográfico sobre o maior astro  pop da música mundial, o britânico Elton John, cantor cuja principal  característica  estava além do grande talento na voz e no tocar do piano e na composição das letras eram nas performances  dos seus  figurinos bem carnavalescos que adorava vestir para se apresentar nos shows que tornavam suas apresentações no palco com  toques um  tanto quanto extravagantes, espalhafatosas   e  muito, mas muito chamativas. 

 

Acontece que por trás da máscara daquela persona que Elton  mostrava nos palcos e contagiava muita gente, escondia-se um sujeito de vida  bastante solitária e conturbada, cuja trajetória até o sucesso foi marcada por ter nascido num ambiente familiar bastante desajustado, com um pai muito distante que nunca deu o menor apoio para ele seguir na carreira artística, e quando este se separou de sua mãe, nunca mais se aproximou dele, casou-se novamente e teve outros filhos, e já sua mãe encontrou outro homem com quem casou-se. 




Esta formação desajustada de sua família trouxe como grande consequência negativa  para ele na vida adulta, foi a partir do momento que ele se deparou  com o sucesso e reconhecimento do seu talento que lhe trouxe muita fama, dinheiro e uma vida de muito luxo. Ele também por dentro mostrava viver cheio de demônios internos, motivado pelo estilo de vida louca que levava o fazendo cair no abismo dos  vícios das drogas, do álcool a ponto de não sentir amado pelas pessoas mais próximas a ele. E o filme retrata bem estas outras facetas do maior astro mundial da música pop. 








Dirigido por Dexter Fletcher, que ao contrário do Wagner de Assis que em Kardec como descrito acima  teve  o desafio de retratar a vida de um biografado morto, melhor dizendo, desencarnado no mundo espiritual. Este teve o duro desafio de  retratar nas telonas a trajetória de um biografado que ainda está muito bem vivo e ao fazer  uma consultoria direta com o próprio, onde pelo que já foi noticiado, o próprio autorizou em mostrar sem nenhuma filtragem todos os momentos de porra louquice que ele viveu no auge da fama  com muitas bebedeiras, esbornias, e muitos, mas muitos mesmo momentos eróticos e dionisíacos, principalmente com os homens por quem se apaixonou. Neste filme, o diretor optou por contar toda  a historia barra pesada de Elton John por meio de uma estética de musical. 













Com um formato seguindo toda uma linearidade de mostrar sua ascensão e queda para o sucesso e finalizando com sua redenção,  tendo o próprio contando em primeira pessoa ao relatar o seu drama a um grupo de apoio numa clinica de reabilitação. O enredo do filme nos mostra como era a sua infância e juventude  de quando ele  se chamava apenas de Reginald Kenneth Dwight, de quando cresceu no Pinner em uma council house, que é o típico modelo de moradia pública do Reino Unido.  Sempre foi muito apaixonado por música, inclusive vivia tocando o piano que tinha na sua casa. Foi crescendo num ambiente familiar muito conturbado onde seu pai Stanley(Steven Mackintosh) vivia maltratando ele verbalmente e não lhe deu muita força para o seu talento artístico, nem mesmo sua mãe Sheyla(Bryce Dallas Howard), mulher muito omissa dava-lhe apoio em seu talento musical.






 É mostrado que  somente sua avô é quem o apoiou, o incentivando  inscrevendo-o  numa conceituada instituição inglesa de música a Royal Academy of Music. Dessa primeira passagem de sua infância e adolescência mostrada  no filme, vamos seguindo para a etapa de mostrar como foi  os seus primeiros passos dele se lançar na carreira musical. É nisso que a gente vai conhecendo outras pessoas importantes em sua carreira como Bernie Taupin(Jamie Bell), seu parceiro nas composições, o produtor musical que o revelou Dick James(Stephen Graham) e seu empresário John Reid(Richard Madden), por quem manteve um conturbado  relacionamento amoroso que o levaria a cair no abismo das drogas. Dentre outros exemplos de fatos sobre a  vida obscura de Elton John que no filme o diretor optou pela tomada de liberdade  de retratar, de  pincelar a trajetória de Elton John usando o  elemento escapista de musical pegando algumas famosas músicas conhecidas do seu repertório para serem bem inseridas nos contextos dos diálogos, sem se preocupar muito com uma precisão de  noção cronológica de tempo, mesmo seguindo toda uma linearidade cujo fim termina em um recorte dele saindo da sala de reabilitação fazendo uma encenação de sua canção I´m Still Stardding onde inclusive foi muito bem reproduzido o videoclipe da dançante e contagiante canção da década de 1980. Do mesmo modo que o diretor optou pelas tomadas de liberdade,  imprimindo licenças poéticas ao mostrar uma cena onde Elton ao explicar para seu empresário de onde veio a inspiração para o seu  nome artístico, o Elton ele explica de Elton Dean, colega dele da banda Bluesology. Já o John temos um momento sugestivo dele olhar para um quadro com a foto sugerindo que a inspiração foi em John Lennon quando na verdade foi inspirado em seu parceiro na banda Bluesology Long John Baldry.   Fora também outras passagens bastantes controvertidas em sua carreira que mesmo o filme expondo de forma bem explicita ainda assim o diretor tomou umas liberdades criativas que pudesse torna-lo  mais palatável de ser visto. Além de ter uma direção bastante caprichosa principalmente nas cenas musicais que expressam a atmosfera de loucura, e de psicodelismo que era a vida de Elton John, o filme também com um ótimo casting com destaque principalmente para Taron Egerton na pele do biografado do filme, o Elton John que o incorpora de forma brilhantemente idêntica em todos os detalhes, seja na caracterização ou mesmo nos trejeitos. Além dele mesmo cantar em todas as cenas.













Fora também todas as camadas que envolviam a sua personalidade difícil de lidar que fizeram ficar afastados das pessoas que ele mais amava e viveu solitário, mesmo sendo amado pelo mundo inteiro pelo seu talento musical. Também há de destacar Jamie Bell na pele do Bernie grande parceiro nas composições das músicas de Elton. Richard Madden na pele de John Reid, o empresário com quem Elton manteve um caso amoroso no auge do sucesso. Mostrou um desempenho brilhante no papel, especialmente na maneira de mostrar as diversas camadas do quanto de profundo mau-caratismo ele tinha sem limites para explorar Elton e não dava a mínima bola para seus sentimentos. Mostrando-se um  verdadeiro canalha, crápula, e todos os adjetivos negativos que podem descrever o quanto este sujeito mostrou-se um verdadeiro parasita vil na vida do cantor. Também destacar para a Bryce Dallas Howard que mostrou um bom desempenho na pele da Sheila,  mãe do Elton John. Uma mulher verdadeiramente desequilibrada, que era omissa demais com a criação do Elton e isso tudo fez ele crescer caindo no abismo geral, e o mais revoltante é observar  o quanto que ela de início nunca deu muito incentivo o seu talento e após ver seu sucesso passou a se aproveitar de uma casquinha do sucesso. Em comparação com o seu pai distante e com quem manteve um relacionamento frio, a sua mãe pelo amor de Deus mostrou ser muito amoral, casou-se com um cara que Elton tinha pego flagra. Uma mulher sem noção total.











Em um balanço geral, posso descrever a respeito destes  dois filmes bem diferentes cujo fator que carregam em comum é o fato de serem drama cine biógrafos sobre personalidades bem distintas que não são  contemporâneas, que não pertencem ao mesmo universo, mas, também carregam em comum o fato de ficarem famosas pelos codinomes. Enquanto que o filme brasileiro Kardec tem a função de apresentar quem foi o respeitado intelectual francês do século 19 já desencarnado, responsável pela criação da doutrina espirita sendo retratado apenas por um recorte sobre como era sua vida antes quando lecionava no Liceu de Paris e era conhecido como Hippolyte Leon Denizard Rivail onde tinha uma postura cética sobre a fé e depois de tomar conhecimentos dos eventos sobrenaturais das mesas girantes e nessa investigação ele passou a mudar a sua ótica criando a doutrina espírita assinando com o codinome Allan Kardec, nome de sua vida passada de sábio druida. Estas diferentes facetas foram muito bem retratadas no filme especialmente na contextualização da França daquele período da primeira metade do século 19 narrado na primeira pessoa do próprio protagonista. Já no caso de Rocketman, a função do seu enredo foi apresentar toda  a trajetória de um dos mais celebres cantores da música pop mundial e que ainda está muito bem vivo,  em um ritmo de narrativa bastante musical, com elementos um tanto surreais e até escapistas,  resultado da tomada de liberdade que seu diretor teve em usar as músicas para darem vida a fluidez da história, o que se mostrou até um bom acerto. Pois não fica uma sensação chata de muita contagem de tempo para te fazer situar no contexto do que está sendo mostrado. Mesmo seguindo uma linearidade  narrado na primeira pessoa pelo próprio protagonista  ao desabafar o seu drama na terapia de grupo do de reabilitação mostrando como foi sua infância e adolescência  complicada numa família bem disfuncional e quando atendia  pelo real nome de batismo que foi registrado  Reginald Kenneth Dwight antes de virar o celebre pop star Elton John. O filme termina mostrando entre os créditos umas fotos reais de Elton John casado com o produtor de cinema  David Furnish e com os dois filhos Zachary e Elijah frutos de uma barriga de aluguel. E com textos explicando sobre o atual momento de sua vida, como o fato dele se encontrar livre do vicio das drogas há 28 anos, porém, não se livrou do vício de sua compulsão por compras o que tem lhe feito quase que entrar em falência, dos seus projetos sociais que apoia e principalmente explica que ele está decidido a parar as suas turnês para se dedicar aos filhos. Posso concluir que em ambos temos óticas bem diferentes que seus respectivos diretores optaram por retratarem nas telonas. Que de todo valem a pena darem uma assistida. Independente do seu credo ou mesmo do seu gosto musical.

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