Na
data de hoje, 15 de Outubro, em que
lembramos a figura do profissional que mais ajuda a formar a base para todas as
profissões e que em nosso Brasil recebe o salário mais medíocre em comparação
aos mega salário dos magistrados e dos deputados de tão desvalorizado como é o
professor. E aproveitando esta data recomendo três filmes que trazem o
protagonismo da profissão de docente sob
diferentes óticas. Os três filmes em questão são Ao Mestre, Com
Carinho(To Sir, With Love, Reino Unido,1967), Um Tira no Jardim
de Infância(Kindergarten Cop, EUA, 1990) e O Triunfo( The
Ron Clark Story, EUA, 2006).
Ao
Mestre, Com Carinho trata-se de um filme britânico cujo roteiro
foi inspirado numa semiautobiográfia homônima de autoria de Edward Ricardo
Braithwaite(1912-2016) ou como costuma assinar E.R. Braithwaite. Neste filme dirigido e escrito por James
Clavel(1924-1994) onde carrega uma
interessante abordagem bem atemporal
criando um traço típico da rotina dura
que envolve a realidade de todo e
qualquer docente quando é mandado para lecionar em uma escola num bairro como
a periferia londrina retratado no filme,
bastante barra pesada, onde os jovens representam em sua maioria gente de
comportamento problemático em consequência das suas desestruturas familiares.
Sidney Poitier é o responsável por protagonizar no papel de Mark
Thackeray, um imigrante da Guiana
Inglesa cujo principal objetivo de
trabalho ao chegar em Londres não era
para lecionar numa escola secundária, era na verdade para trabalhar como
engenheiro elétrico de uma importante firma.
Inicialmente ele só aceitou este emprego com o intuito de preencher o
seu tempo e esperar o momento certo de
receber uma correspondência da empresa avisando que foi aceito. Ele sem nenhuma base docente vai assumindo a
dura missão de ensinar uma turma bem
anárquica que fazem de tudo para testar sua paciência, até chegar a um ponto
que ele resolve adotar a postura de fazer os alunos se comportarem como
verdadeiros adultos aprendendo coisas do
dia-a-dia, alguns gostam, outros não,
alguns colegas docentes não se mostram muito contentes com suas
metodologias, entre acertos e erros ele conseguiu receber um feedback positivo
de todos numa confraternização dedicada a ele onde uma de suas alunas Barbara
Peggs( vivida pela cantora Lulu) lhe
presta uma homenagem cantando a música-tema do filme. E desse jeito na cena final do filme é
mostrado Thackeray rasgando o papel da firma onde ele aceito para trabalhar
como engenheiro elétrico e resolve permanecer ali como docente e lecionar para a turma seguinte.
Já
em Um Tira no Jardim de Infância, estrelado pelo famoso astro
brucutu dos filmes de ação Arnold Schwarzenegger protagoniza o papel do
policial John Kimble que como bem já entrega o título ele junto com sua nova
parceira de polícia Phoebe O´Hara(Pamela Reed) tem a difícil missão de se
infiltrarem numa escola de uma turma de Jardim de Infância se fazendo passar
por professores das crianças desta escola. Apesar dele não fazer
especificamente o papel de professor nesta comédia feita para criança, na verdade
a principal motivação deles usarem este disfarce na escola, é com a intenção de
proteger especificamente um aluno dessa turma e a mãe dele que é professora
nesta escola do perigo de serem ameaçados pelo pai do menino que é um criminoso
muito perigoso.
Era para sua parceira Phoebe assumir a função de professora,
mas como ela sofre de uma intoxicação alimentar, acaba ficando com ele esta
dura tarefa de lecionar um bando de pirralhos malcriados utilizando-se da sua
rígida disciplina militar na educação física. No começo elas não gostam, mas
aos poucos elas vão se sentindo cativadas por ele a reciprocidade também é
sentida por eles, mesmo que de uma maneira distorcida em especial pelo garoto e
pela mãe dele por quem Kimble se apaixona. É curioso analisar que logo na
premissa ele não aparenta ser para crianças, por apresentar uma cena de Kimble
fazendo uma perseguição ao bandido, como se isso não fosse mais barra pesada,
também mostra uma mulher supostamente garota de programa como testemunha
drogada. É só quando ele se muda para Astoria, no Oregon e convive com as
crianças que ele entra no tom mais lúdico voltado mesmo para crianças com
toques cômicos. Ainda assim não deixa de apresentar uma abordagens sérias com
tom muito sutil como bem o texto representa em alguns momentos delicados, mas
com sutilezas, como o fato de Kimble observar um de seus alunos com sinais de
hematomas em consequência das agressões físicas que ele sofria do pai. A
sutileza também pode ser sentida numa cena emocionante onde ele se mostra
bastante surpreso quando na sala de aula um aluno lhe apresenta um livro que
ele costumava ler para seu filho que ele não via desde a sua separação e ele
estava vivendo com a mãe e o padrasto, e este momento serviu bem como um gancho
para trazer uma abordagem muito seria tabu que envolveu a questão das crianças
com pais divorciados. Além de apresentar de maneira bastante curiosa
especialmente para nós brasileiros como funciona o método de ensino dos
americanos, especialmente nesta turma de Jardim de Infância onde é de
impressionar como eles se preocupam e zelam pela segurança mostrando os
professores treinando as crianças e os adolescentes em simulações contra
incêndios. Tudo isso muito meticulosamente direcionado pelo Ivan
Reitman(Diretor de O Caça-Fantasmas I e II- Ghostbusthers, EUA,1984 and Ghosbusthers
II, EUA 1989). Talvez graças a direção de Reitman que podemos ver
Arnold Schwarzenegger saindo um pouco da zona de conforto trabalhando em uma
comédia voltada para criança, onde ele mesmo mostrando uma cara de apatia para
fazer tipos truculentos, conseguiu mostrar ser bem simpático e amigável,
principalmente na maneira de trabalhar a comédia com diálogos e também mostrou
boa seriedade ao desempenhar o lado dramático de viver longe de uma família e
redescobrir o afeto familiar ao se envolver com a mãe do Dominique, a
Joyce(Penelope Ann Miller) e com ela descobre o seu lado mais sensível. Num
balanço geral, mesmo Um Tira no Jardim de Infância sendo um filme
puramente divertido, ele não deixa de trazer abordagens sérias. Como a dura
realidade rotineira que cada professor enfrenta que é bem retratada no filme
que é a de saber como conquistar os alunos e receber um feedback positivos
deles.
Quanto
a O Triunfo, drama inspirado na história verídica do professor
Ron Clark(Matthew Perry). O filme começa mostrando Ron Clark
com a sua carreira docente bem
estabelecida numa escola da pacata cidade rural da Carolina do Norte. Um
dia ele resolve tomar um novo rumo na sua vida ao sair do seu espaço de
conforto e resolve mudar-se para a grande metrópole Nova York. E lá vai tentar a sorte justamente na sua
carreira docente. Ao chegar em Nova York
é mostrado como foi dura sua rotina de adaptação morando num prédio alugado completamente
xexelento onde consegue lecionar numa escola pública do Harlem, o bairro mais
barra pesada da metrópole, onde boa parte dos seus alunos vem de famílias muito desestruturadas, alguns
se envolvem com a criminalidade tem uma aluna que já é mãe, uma menina de
conservadora família patriarcal indiana
e sendo um lugar onde a prática do bullying é constante. Clark mostra o tremendo desafio de como é
motivar os alunos a se interessar pelo conhecimento ao conhecer de perto suas
realidades, mesmo que entre em conflito com o sistema da direção. E para poder executar o seu trabalho de
docente chega a fazer bico noturno num restaurante onde atua como garçom
fantasiado de Robin Hood e onde lá conhece uma garçonete fantasiada de
Cleópatra com quem se apaixona. E para
isso utilizar-se de metodologias pouco ortodoxas, chegando a dar uma curiosa aula
de história americana explicando quem foi cada presidente em forma de rima de
rap, já que é o gosto musical que boa parte deles. E esta sua metodologia mesmo
que questionada pelo diretor tem se mostrado um feedback positivo para os alunos e eles mostraram bem isso num
teste onde todos conseguiram passar e ele sempre mostrava acreditar no
potencial de cada um. Uma prova de como
cada docente mesmo que as circunstancias não sejam favoráveis para ele lecionar
na escola, ainda assim ele pode se inovando ele pode despertar no aluno o
interesse no saber e recebendo em troca como uma grande gratidão.
O
que eles carregam em comum além de terem o protagonismo do professor mostrando
seus desafios com esta profissão de lecionar mas sempre de forma otimista, é
que ambos os protagonista representam homens cujos maiores desafio foram saírem
de suas zonas de conforto, se deslocando para outros lugares com realidades completamente diferentes das suas
raízes e construírem suas carreiras na
licenciatura, alguns sem querer como foi o caso de Thackeray em Ao
Mestre, Com Carinho e Kimble em Tira no Jardim de Infância.
Em
Ao Mestre, Com Carinho o
Professor Thackeray defendido com segurança por Sidney Portiers representava
bem a figura de um imigrante guiano recém-chegado a Inglaterra, ainda por cima
sendo um negro cujo objetivo primeiramente era para trabalhar como engenheiro
elétrico numa companhia de eletricidade, ele estava esperando a resposta da
empresa para emprega-lo enquanto assumia a vaga temporária de professor numa escola pública da periferia londrina formada em sua maioria
por jovens brancos, que vinham de uma realidade barra pesada. Com suas famílias
desestruturadas, e que por este motivo se comportam de forma transgressora
promovendo a rebelião que deixa qualquer professor desmotivado, além de lá
receber quase nenhuma verba e incentivo do governo. Serão estes alunos,
especialmente o Denham( Christian
Roberts) e a Pam(Judy Geeson) que vão
constantemente desafia-los em diferentes situações até chegar ao ponto dele
tomar umas atitudes drásticas, ás vezes sem contar muito com o apoio da própria
coordenadoria. Onde tem professores que já se sentem muito desmotivados e a
única pessoa com que ele recebe apoio é com a Professora Gillian Blanchard(Suzy
Kendall), por quem nota-se sutilmente ele sentir uma paixão. Que no final
mostra-se recompensador. A abordagem do mote desse filme consegue ser bastante atemporal e
bem envelhecido, mesmo com sua estética e seu texto muito datado,
principalmente com as constantes gírias dos diálogos dos alunos e estes trajarem vestimentas e cortes
que simbolizam o modismo da época, influenciado por elementos da pop art, da contracultura,
do psicodelismo do movimento hippie e o próprio ritmo musical tocado na trilha
do filme também simboliza este elemento datado, mas de todo jeito consegue ser
atemporal.
Já
no caso de Um Tira no Jardim de Infância, também apresenta uma
situação semelhante ao do Professor
Thackeray em Ao Mestre, Com Carinho, aqui o protagonista Kimble
também havia se mudado para outra cidade, mas não para fazer carreira docente,
mas sim estava numa difícil missão policial de investigar o seu suspeito e
justamente ele estava usando esse disfarce numa turma de pequeno do Jardim de Infância,
porque justamente naquela escola tinha uma professora que já foi casada com aquele
suspeito e o seu filho Dominique, que era dessa turma era filho desse cara que
ele estava investigando, o bandido. E ele no final acaba sendo o herói,
principalmente quando a ameaça deste bandido
aparece para capturar o menino. E faz as crianças o admirarem ainda mais. Arnold
Schwarzzeneger mostrou-se realmente uma boa escolha para o papel. Não só pelo
porte físico, mais tarde na atuação. Ainda que a primeira vista se questione se
a escolha dele foi acertada, ainda mais com ele na época no auge dos filmes de
ação, com uma cara muito sem expressão para encarar tipos brutamontes dos filmes
de ação da época, poderia não cativar muito o público. Mas mostrou ter sido mesmo
uma boa escolha, especialmente graças a direção competente de um diretor bom em
comédia trabalhou muito bem todas as camadas do personagem. Tanto no timing cômico,
quanto mais dramático dele, principalmente ao
conviver com aquelas crianças lhe lembrar da distancia dele de seu filho, quando
elas o dão um livro que ele costumava ler para ele. Isso com certeza ajudou e muito a mostrar que
tinha talento como ator.
Já
no último caso, que é no filme O Triunfo, o mote da história do protagonista Ron Clark também carrega em comum aos dois protagonista
desses filmes citados acima a semelhança
de contar a história de um homem que também ao se mudar de sua cidade pequena
na Carolina do Norte faz carreira docente na Metrópole de Nova York.
Mas com a diferença aqui de que ele já tinha formação docente e foi com este
objetivo. Outro grande diferencial é que o seu protagonista representado
brilhantemente por Mathew Perry, o eterno astro da série de TV, FRIENDS(1994-2004)
viveu um acontecimento real ocorrido quando em 1994 ele decidiu sair de sua
Carolina do Norte, para fazer carreira em Nova York, na Grande Metrópole, a Big
Apple. Onde encarou um duro desafio em atuar numa escola pública da periferia,
onde seus alunos vinham de realidades barras pesadas, expostos
e dentro de ambientes familiares problemáticos
e desestruturados não colaboravam com ele. E ele teve o duro desafio de encarar
a sua função de docência conhecendo a realidade dos seus alunos e adequando os conteúdos
chatos a eles. No balanço geral, cada um desses filmes que tem o professor como
protagonista representa sob a ótica peculiar do quão desafiador pode ser a profissão
docente, mas com olhar otimista do quanto pode ser recompensador.
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