Neste
período que tenho ficado bastante
recluso há semanas, devido a quarentena por causa do Covi-19, popularmente
chamado de Coronavirus e isto tem afetado globalmente até mesmo os cinemas que
fechados temporariamente estão sem nenhum lançamento neste primeiro semestre de
2020, e as produções estão paradas, o
que tem me feito a assistir a Netflix. Resolvi aproveitar este momento que esta
pandemia tem feito o mundo todo parar
literalmente, para escrever minha crítica
a quatros filme que estão disponíveis no
catálogo da Netflix que abordam esta
temática. Os filmes em questão tratam-se de Epidemia(Outbreak,EUA,
1995), A Gripe(Flu, Coreia do Sul, 2013), Viral(EUA,
2016) e Pandemia(Pandemic, EUA, 2020).
1)EPIDEMIA:
Epidemia(Outbreak,
EUA, 1995), produção que contou com a direção do alemão Wolfgang
Petersen tem sua trama começando durante uma Guerra Civil no antigo pais
africano do Zaire em 1967, onde as tropas americanas além de uns serem mortos
pelos bombardeios, há outros que também são mortos por um vírus contraídos pelos primatas dentro da floresta tropical onde eles estavam abrigados.
Nessa premissa do enredo é mostrado uma
operação chamada de “Limpeza Total”, onde um avião do exército resolve jogar
uma bomba e destruir a aldeia e exterminou muita gente, mas não os primatas. Passados
28 anos, no mesmo lugar, um primata infectado com o vírus é caçado e vendido para Jimbo(Patrick Dempsey) tentando entrar e contrabandear para uma loja de
animais ao chegar nos EUA, mais
precisamente na pequena cidade fictícia
de Cedar Creek, na California. Após esse contato com o primeiro ele começa a
sentir os primeiros sintomas do vírus, passa mal, morre e transmitir para sua
namorada. Logo depois, o dono da loja de animais que ficou com o primata também
passa mal e desmaia e esse macaco foge. E tem se início uma sucessão de mais e
mais casos de vítimas do surto trazido pelo primata. Caberá ao exército comandado pelo General Sam
Daniels(Dustin Hoffman) a difícil missão de comandar uma operação de guerra ao
sitiar a cidade toda em quarentena, o que vai deixar boa parte da população
revoltada para tentar conter o vírus que estava assolando a região. Não só o
General Daniels vai estar nessa difícil operação, como também sua
ex-esposa a Doutora Roberta “Robby”
Keough(Rene Russo) que vai para este local junto a sua equipe médica que conta com a
colaboração de dois soldados de Daniels, Schutler(Kevin Spacey) e Salt(Cuba
Gooding Jr.) a difícil missão de correr contra o tempo para investigar e fazer
um penoso trabalho de detetive de investigar qual foi o hospedeiro.
Que vai dar
inicio a longa jornada deles procurarem qual foi o hospedeiro que no caso é o
primata trazido que após fugir da loja, foi se esconder numa floresta onde foi
encontrada por uma menininha numa casa de campo. E para irem atrás desse primata
vão enfrentar uma forte resistência de seus superiores como o Brigadeiro
General Billy Ford(Morgan Freeman) e do Major General Donnie McClintock(Donald
Suntherland). Este vai fazer de tudo para impedi-lo, inclusive tentar mata-lo.
Já no
caso de A Gripe(Flu,Coreia do Sul, 2013) o segundo a ser
comentado nesse texto dos filmes que vi na Netflix com esta temática, trata-se
de uma produção sul-coreana dirigida por Kim Sung-su. O seu enredo gira em
torno da cidade de Bundang vivendo um caos com sua população completamente
infectada por um vírus da gripe aviária trazido por um imigrante ilegal saído
de um contêiner abarrotado de outros clandestinos como ele que também vai gerar uma operação de guerra
para as autoridades sul-coreanas tentarem conter a infestação desse vírus.
É
nesse interim que fomos apresentado a jornada da doutora Kim In-hae(Soo Ae) compondo a
equipe médica para correrem contra para investigar uma vacina enquanto mais e
mais casos vão aparecendo com gente morrendo, gerando um clima de pânico e
muitas brigas internas entre as autoridades sul-coreanas.
A preocupação da
Doutora Kim vai se mostrar ainda mais dobrada quando sua filha pequena Kim
Mi-reu(Park Min-há) também contraiu a
doença e é uma das pacientes a ficar na quarentena. E nessa longa jornada de
dor ela conhece de dor, ela conhece o bombeiro Kang Ji-goo(Jang Hyuk) que passa
a ser o herói dela e entre eles começa a nascer uma improvável história de amor
naquele clima tenso e apocalíptico gerado pelo vírus.
Já com
relação a Viral (EUA, 2016), produção dirigida por Henry Joost e
Ariel Schulman, tem a sua trama girando em torno de uma estética que mescla elementos
de ficção cientifica com horror, ao trazer principalmente os zumbis na história
ao serem infectadas pelo vírus. No enredo de Viral, acompanhamos a jovem tímida
Emma Drakeford(Sofia Black-D´Elia) se mudando de Berkeley, para a pacata Shadow
Canyon na companhia de seu pai Michael(Michael Kelly) então separado de sua
mãe. E com sua revoltada irmã Stacey(Analeigh Tipton).
Tentando se familiarizar na nova escola dessa
cidade onde vão estudar ao qual se mudaram, onde inclusive o pai delas vira docente na grade disciplinar de Biologia.
É justamente durante uma aula ministrada que é mostrado a respeito do
surgimento de um estranho parasita que tem modificado o comportamento das
pessoas, fazendo com que elas violentamente animalescas e sem nenhum controle
emocional. É nesta que uma colega dela chamada Gracie(Lizzie Gray) começa a
passar mal, vomita sangue, um colega contrai o sintoma e começa o período da
quarentena.
E será durante toda esta quarentena que somos mostrados o drama das
duas vivendo completamente reclusas sem a presença do pai, com o seu bairro
completamente deserto e vão lidar com a ameaça do infectado virando zumbis
querendo devorar elas da forma mais selvagem do que se pode imaginar.
Quanto
a Pandemia(Pandemic, EUA, 2020) ao contrário dos anteriores que
eu comentei trata-se de uma série documental produzida originalmente pela
Netflix contendo seis episódios. Cada um
desses episódios apresentam as diferentes histórias reais divididas por capítulos que envolvem a rotina difícil e desafiadora
dos profissionais da saúde de diferentes cantos do mundo engajados nas suas pesquisas e nos trabalhos de
atendimentos para combater os vírus e salvar vidas humanas. Uma dedicação
exclusiva que chega a consumir 24 horas
por dia do tempo deles a ponto disso
gerar como grande drama para as suas vidas pessoais, principalmente quando precisam
ficarem longe do convívio de suas famílias.
Com uma abordagem bastante
didática, com longas horas de entrevistas dos mais diferentes profissionais da
saúde, de diferentes aéreas: de médicos, biólogos e infectologistas, onde cada
um ali relata suas rotinas exaustivas ao desenvolver e executar os trabalhos,
enfrentando algumas burocracias, indo atrás para fazer lobbys para conseguirem
verba para realizar as pesquisas. Enfrentando algumas resistências. Como do
Doutor Michel Yao, médico que compõe uma equipe médica do Congo para combater o
vírus do Ebola no pais que compõe continente mais pobre do mundo com cidades e
lugares sem saneamento básico. Onde ali a população vive a mercê da
criminalidade, principalmente dos confrontos civis entre facções tribais armadas
que lutam por controle territoriais.
Consequência da forma de política adotada
nos tempos de colonização. Também mostra
o drama dos hospitais públicos nos condados de distritos dos EUA ameaçados de
fechar por falta de verbas do Governo. A entrevista a grupos ativista
contrários a vacina no Estado do Oregon. A rotina dos pesquisadores Jacob
Granville e Sarah Ives se deslocando até a Guatemala onde usam um criadouro de
porcos para desenvolver suas vacinas contra a Gripe Suína. Enfim, uma obra bastante rica em conteúdo
cientifico para compreender da forma didática, clara e objetiva sobre o
conceito de como um inimigo invisível não pode ser ignorado.
5)MINHAS
IMPRESSÕES A RESPEITO DESSAS OBRAS NA NETFLIX
QUE ABORDAM SOBRE SURTOS:
Ambas
em comum abordam as suas maneiras, as consequências que levam um pequeno inimigo invisível como o vírus trazer uma
grande catástrofe de enormes proporções. Com
exceção de Pandemia, que é um documentário. As outras três são
puramente obras de ficção, onde seus respectivos criadores tomaram a liberdade
de imprimir uns toques de licenças poética para criar mais emotividade e
dramaticidade a narrativa sem parecer tão didático, colocando alguns elementos
de escapismo para fugir um pouco da realidade.
Mesmo carregando algumas
diferenças estéticas. Epidemia teve o seu roteiro inspirado
em um livro de não-ficção intitulado Zona
Quente do Richard Preston que serviu de base para o mote dessa trama
que mesclou e dosou perfeitamente muitos
elementos de gêneros como drama, suspense e até mesmo de filme catástrofe onde
o maior protagonismo é ocasionado misteriosa pandemia trazida por um primata da África a uma pequena
região dos EUA que gera um clima
tenso de Guerra ao fazer sua população se sujeitar a uma quarentena. Somados a
forma como o texto e a direção foram bem conduzidas, principalmente ao provocar
a tensão e contando em seu elenco com
grandes constelações de star talents
representando os papeis centrais
da trama, responsáveis por conduzir nos espectadores ao andar da história. Dustin
Hoffman se mostrou excelente na pele do Coronel Daniels, principalmente ao
desempenhar suas ótimas características detetivescas para correr contra o tempo para
descobrir a origem da contaminação.
Rene Russo como a Doutora Roberta Keough, a
ex-esposa de Daniels esteve excelente na pele dela ao encarar a difícil missão de se transferir com sua equipe médica para a
cidade que sofreu o surto e terminar acidentalmente contraindo o vírus. Morgan
Freeman na pele do reticente Coronel Bill Ford. Outros nomes estelares que
aparecem no filme estão os de Kevin
Spacey que nos últimos anos tem estado no ostracismo desde o fatídico episódio
ocorrido em 2017 quando foi denunciado por praticar abuso e assédio sexual com menores, que
não se pode negar que aquilo arruinou sua carreira e o tornou uma persona non grata em Hollywood. No
filme ele desempenhou perfeitamente o papel do Coronel Casey Schuler, que dá um
suporte a Doutora Keough e ao Coronel Daniels em suas investigações sobre o
alastramento do misterioso vírus na região até o momento onde ele também acaba
contraindo o vírus e fica adoentado. Spacey foi o único do elenco desse filme a
ser premiado duas vezes como Melhor
Ator-Coadjuvante pela Associação de Críticos de Nova York e pela Society
of Texas Film Critics Awards. Outros nomes a mencionar estão o de Cuba Gooding
Jr. na época com a carreira em evidencia e franca
ascensão estrelando comédias, nesse
filme ele interpretou o papel do
Major Salt, o fiel escudeiro do General Daniels que o acompanha em sua jornada
de investigar a origem da pandemia e caçar o primata que o trouxe. O elenco
estelar do filme também foi composto por Donald Sutherland desempenhou
perfeitamente o papel do frio,
calculista, desprezível, insensível e
sociopata do General McClintock, um sujeito que não mede esforços para promover
o seu objetivo desumano de eliminar os infectados pela doença, um verdadeiro
genocida. Também do elenco merece menção
a participação de Patrick Dempsey, o eterno Ronald Miller do clássico teen
movie dos anos 1980 Namorada de Aluguel (Can´t Buy Me Love, EUA,
1987) fazendo uma rápida participação no filme na pele do Jimbo, o cara responsável por trazer o primata infectado aos EUA e dá origem a
todo o problema catastrófico. Outro ponto também legal de Epidemia
está no brilhante do design de produção, principalmente na composição da maquiagem usada para
representar os doente infectados pelo vírus.
Já no
caso do sul-coreano A Gripe, o mote é parecido com Epidemia,
com a grande diferença desse
apresentar um teor mais barra pesada, principalmente no design de produção da
composição das maquiagens dos infectados que apresentam um grau de realismo
bastante cru e putrefato que podem ser forte demais para o seu nível de
tolerância. Do mesmo jeito que a direção e o texto acertaram em mostrar
explorar a subtrama dos bastidores
interno do governo sul-coreano com parte defendendo a exterminação dos
doente e outra parte contraria, prezando pela vida deles. O único problema
mesmo do filme está talvez nos personagens centrais da trama, principalmente
quando eles introduzem na premissa o arco do encontro entre a Doutora Kim e o bombeiro
Kang, quando este a salva de tira-la de uma cratera. O tempo todo a história
tenta forçar uma relação amorosa deles, principalmente quando Kang não se
desgruda de Mi-reu a filha pequena da Kim, quando tem início toda pandemia e
ela fica afastada da mãe. Um pequeno deslize que não chega a afetar tanto o
andar do filme que se concentra mais no tenso
drama catastrófico causado pela infestação da gripe. Onde aqui temos um
bom trabalhos das diferentes camadas de motivações de cada um, sem distinção de
mocinho ou bandido.
Quanto
a Viral trata-se de uma produção mais underground, tipo filme B
com uma estética mais voltada ao horror com zumbis para filmes on demand. Mesmo
não contando com participações estelares no elenco, ainda sim os atores brilham
no filme. E o design de produção com as caracterizações práticas que dão aquele
tom pavoroso. E a própria maneira explora o ar atmosférico do suspense
psicológico que a situação delas ficarem confinadas em casa por conta da
quarentena da virose é o que torna a obra bem mais fascinante, pois mexe com as
sensações limites das protagonistas.
Num balanço
geral, posso concluir que as quatro obras que aqui descrevi que trazem o mesmo
tema em comum, que são as consequências temerosas e calamitosas provocadas
pelos surtos de grandes doenças virais podem trazer para o mundo. A quem nessa
quarentena tiver a curiosidade de querer ver estas obras que eu aqui descrevi
neste texto procurando nos catálogos da
Netflix para assistir e querer tomar um
pouco de informação didática e de forma palatável eu indico sim senhor. Pois
vale a pena, agora caso o leitor em quarentena tiver passando pelo momento
sensível, principalmente no drama de ter
contraído o Covid 19 ou mesmo perdeu algum parente vitimado pelo vírus. Então
eu não recomendo assistir essas obras. Pois elas podem serem parecerem muito
pessimistas, mexendo e provocando o seu grau de emoção te deixarem um tanto
depressivo ou mesmo com pesadelo, principalmente com umas cenas muito chocantes
que cada uma apresenta. Epidemia tem entre umas cenas
desconfortáveis de ver que posso
destacar é quando a cidade sendo sitiada e impedido a entrada e saída de ninguém, a população ficando
revoltada, há uns que tentam desesperadamente fugir de carro, mas são impedidos
pelo exército. Ou mesmo a cena dramática de uma família onde a matriarca infectada tem de se separar do marido e dos filhos para
ser entregar ao exército e ser
consultada num local afastado dali, como se parecesse uma criminosa. Ou mesmo a
cena agonizante de uma mãe preocupada com sua filha próxima ao primata do vírus
para tentar atraí-lo e ele ser caçado pelo Major Salt que dispara uma seringa
com sonífero. Se você for um amante da
natureza, com certeza ela pode te gerar uma revolta pela forma deles estarem
mostrando um primata hospedeiro sendo
caçado para servir de cobaia para desenvolver a vacina. Já no caso de A
Gripe, o teor barra pesada da obra chegando a superar Epidemia são nas cenas
escatológicas, pútridas, sujas e até macabras dos corpos das pessoas infectadas em estado de
decomposição mostrando eles sendo comidos por ratos e sendo queimados. Quanto a
Viral, o nível barra pesada da obra pode estar na situação atmosférica-psicológica
das protagonista reclusas em casa por
causa da quarentena e quando saem se deparam com as pessoas infectadas agindo
como monstros. Por fim, Pandemia o único desses que não se trata
de uma obra de ficção, mas sim de um documentário mostrando a difícil realidade
dos profissionais da saúde em diferentes
setores espalhados pelo mundo lidando com muitas barreiras para conseguirem
desenvolver suas pesquisas de tratamento ou mesmo lidar com pacientes com doenças
raras, principalmente na parte burocrática de conseguirem fazerem lobby para
recebem verbas e financiamentos governamentais, junto ao drama desses profissionais
de tanto ficarem focados nesse objetivo
acabam abrindo mão da convivência com suas famílias. Quem tem parente que atua
na área médica, com certeza vendo este documentário vai se identificar com as
situações que ele apresenta. Há situações otimistas e outras pessimistas, que
dependendo muito do seu estado ele pode ser deprimente. Enfim, se caso você que
tiver recluso em sua casa nesta quarentena vendo Netflix, for alguém com estômago
forte para querer por curiosidade ver o nível de teor pesado que estas quatros obras
aqui apresentam. Assista e tire suas próprias
conclusões, caso não, se for muito sensível e passou pelo drama de alguém por
causa do surto da Covid-19, então não assistam. Fiquem longe dessas obras, pois
elas podem te chocar bastante.