segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

RESENHA DO FILME AMOR, ESTRANHO AMOR.

 

O PROIBIDO FILME ERÓTICO DA RAINHA 

DOS BAIXINHOS

 

 

A repercussão da  polêmica declaração que Xuxa Meneghel  deu numa entrevista concedida  ao programa  Fantástico da Rede Globo de Televisão, na noite de  Domingo, 01 de Novembro de 2020. Sobre as acusações que recaem sobre ela de ter praticado pedofilia num menino menor de idade em um filme pornográfico que ela estrelou e  cujo assunto  voltou à tona após as acusações do polêmico apresentador policialesco Sikêra Junior. 




Onde recomendou as pessoas verem e tirarem suas próprias conclusões, o filme que ela mesma proibiu  a circulação por muitos anos  e tem sido bastante procurado pelo Google. Resultando na divulgação de sua exibição na TV feita neste domingo, 07 de Fevereiro de 2021 na madrugada de quinta para sexta-feira pelo Canal Brasil.

O tão falado e famigerado  filme em questão, alvo dessa discussão toda,  trata-se de Amor, Estranho Amor(Brasil, 1982). O filme foi   dirigido por Walter Hugo Khouri(1929-2003). Diretor que tem em seu currículo filmes de temáticas adultas. Foi um diretores expoentes da pornochanchada no cinema brasileiro entre as décadas de 1970 e 1980, principalmente se você for pesquisar o seu currículo no site do IMDB. Que foi um gênero que reinava no cinema nacional por explorar sem nenhum pudor, todo o erotismo para atrair as bilheterias. Numa época em que nossa produção nacional estava sofrendo nas mãos dos censores em pleno período governo autoritário  da Ditadura Militar(1964-1985).




Um dos fatores que tornava que esse gênero popular no Brasil naquele período, era pelo fato deles investirem pesado em atrair o público escalando as populares estrelas da TV, como astros da novelas, em especial do primeiro escalão da Rede Globo para protagonizarem estas produções.

Só por esta minha descrição já podemos deduzir que uma obra desse diretor, não se podia esperar um filme fofinho, com nicho voltado para crianças   tendo então  Xuxa presente no elenco. Que nessa época ainda não tinha sequer virado a popular apresentadora infantil que conhecemos por muito tempo, era apenas modelo em começo de carreira.





Sobre o famigerado problema apontado dela nessa obra ter um relacionamento pedófilo  com um menino ao qual a acusam, isso ai é só a ponta do iceberg, quando a gente repara em outros problemas maiores que tornam esta obra a mais despudorada e puramente depravada já feita no cinema brasileiro.




A trama do filme começa com o protagonista Hugo(Walter Foster na versão adulta  e de Marcelo Ribeiro na versão  criança), um senhor de meia  idade, entrando numa  antiga mansão em São Paulo que havia comprado recentemente. Lá ao entrar o enredo vai nos tele transportando a memória de sua infância quando em 1937, ele havia se mudado de Santa Catarina ainda garoto onde sua avô o joga aos cuidados de sua mãe Anna(Vera Fisher) que era a prostituta de luxo que trabalhava ali nesse lugar que era um bordel de luxo.   Bom só ai é que começam os problemas, porque quando ela apresenta o garoto as suas companheiras estas ai não mostram o menor pudor,  em tentar seduzir e se insinuarem para  o ingênuo menino de apenas 12 anos. Onde lá ele é obrigado a  conviver e observar   a escória mais pobre da alta sociedade, entre estes  políticos apoiadores de Vargas em plena época do Estado Novo,  como Osmar Passos(Tarcísio Meira), o cliente mais fixo mais fixo de Anna.




As coisas terão uma reviravolta quando Laura(Iris Bruzzi), dona do bordel resolve contratar uma nova garota chamada Tamara(Xuxa Meneghel), que envolve o grande mistério da sua virgindade para servir como agradinho de Osmar para seu aliado Benicio(Mauro Mendonça). Será a presença de Tamara que vai mexer com Hugo a ponto dela se aproximar dele e fazer a tão  polêmica e chocante  cena de beijo despida com um garotinho que até hoje causa discussão entre grupos conservadores   e uma grande reviravolta vai ocorrer onde Hugo terá de deixar o bordel e se separar de novo de sua mãe.  




Eu conferi esta obra  há uns três anos, isto lá para 2018, depois de ver um vídeo-analise de um youtuber sobre  este filme, que indicou  o link de uma conta postada de alguém na plataforma do   Youtube com o filme disponível, numa época em que judicialmente o filme ainda estava proibido de ser veiculado. Mesmo depois de Xuxa resolver desistir de continuar brigando pela proibição de sua veiculação ao longo de 30 anos e passar a recomendar assisti-lo para tirarmos a nossas próprias conclusões.

Pude perceber que muito pior do que Xuxa, antes de virar o símbolo do público infantil, fazer nesse filme uma garota de programa se insinuando para um garoto de pouca idade e com muita inocência, sendo que ele aqui não é a protagonista, mas sim o garoto Hugo em primeira pessoa, pela ótica dele que a trama se desenrola. Onde assim, a ideia de retratá-lo vivendo num ambiente podre  de bordel, onde além de sua mãe trabalhar como uma meretriz, também existe outras meretrizes  que não  mostram o menor  pingo de pudor e de vergonhas   para se insinuarem diante de garoto. Mostrou bastante como a obra era de um tom de libertinagem sem limites. No filme, não é só mostrado Hugo se despido fazendo uma cena picante e cheia de tesão com Tamara, mas também dele observando  os montes de bacanais das meninas do bordel, da sua mãe com Osmar Passos, e como se não bastasse há um momento já no final do filme quando o menino se despede da mãe, onde ocorre uma chocante  cena deplorável e nojenta de incesto entre mãe e filho.

O fato de ter sido dirigido e também roteirizado  por Walter Hugo Khouri, cineasta de filmes com temática muito sacanas, e sendo um dos expoentes desse gênero das pornochanchadas no Brasil sendo estrelado por um garotinho que tinha apenas 12 anos, convivendo num ambiente de bordel,  por si só já mostrou o nível do problema. Fora que se fomos analisar estruturalmente o roteiro, o seu mote é muito raso, tirando as cenas de constantes e surubas no bordel, a história não evolui muito. Ainda mais que para piorar, como se não fosse só o garoto observando as coisas nojentas e sofrer constantes assédios e insinuações das meninas, tem um momento erótico com Tamara, a coisa piora quando já no final, Hugo ao se despedir da sua mãe Ana ela o obriga a fazer sexo, um puro exemplo de incesto.

Mesmo com problemas de roteiro, o  filme até que apresentou um bom design de produção ao gravar numa locação de um casarão antigo para o luxuoso bordel, com todos os retoques e requintes bem vintage que bem representavam uma  atmosfera retrô, com boa dose de  viagem no tempo aos glamorosos bailes de elites  dos anos 1930, bem trabalhados nas caracterizações dos figurinos de cada personagem.

Mesmo o filme contando com grandes participações estelares, que até se empenham para se entregarem ao texto,  ainda assim não conseguem salvar o filme cujo ritmo é um tanto vagaroso, principalmente numas cenas que  exploram demais a contemplatividade, ou mesmo em situações muito sem pé nem cabeça. O elenco estelar  contou   além da Xuxa que é bastante lembrada por causa dessa polêmica toda por fazer uma garota de programa que transa com um garotinho menor de idade, principalmente que ela virou uma célebre apresentadora infantil, o  destaque em especial do elenco vai   para Tarcísio Meira e Vera Fisher, que encenam par romântico na trama, os dois que na época figuravam no alto escalão da Rede Globo e no ano passado  foram dispensados após mais 30 anos de serviços na emissora. O elenco  também contou  com Mauro Mendonça, outro célebre ator da Rede Globo na pele do Benicio.  Íris Bruzzi, uma ex-vedete que no filme representou o papel da Laura,  dona do bordel. O falecido Walter Foster(1917-1996), o galã dos primórdios da TV brasileira que representou bem no filme o papel do Hugo bem idoso que foi até bem defendido por Marcelo Ribeiro, o garotinho que protagonizou o filme com apenas 11 anos. Difícil de acreditar. Também merece menção  a rápida participação de Rubens Ewald Filho(1945-2019), célebre critico de cinema que era presença recorrente na televisão para prestar curadoria dos filmes,  que aparece numa rápida ponta no filme como um assessor de um político no bordel.

Inclusive, Vera Fisher que  participou da obra  estrelando a prostituta de luxo  Anna, aproveitou a polêmica, que Xuxa  causou na entrevista ao Fantástico,  lembrando desse famigerado filme e declarou numa entrevista ao Cinejornal da TV Brasil como descrita na  matéria do site  Uol, publicada em 26 de Novembro de 2020. Ela que além de estrelar a obra, também foi coprodutora junto com Aníbal Massaini Neto declarou que por causa da briga judicial que Xuxa causou por muito tempo  para tirar o filme de circulação pelo Brasil, acabou por sentir este efeito no próprio bolso:

“Tinha um elenco enorme... Pena que o público só viu por um tempo. Ele entrou em cartaz nos cinemas, fez ótimo público, mas saiu de circulação. Eu senti muito até porque era coprodutora do filme. O produtor principal era o Anibal Massaíni e nós sentimos no bolso.”

(VERA FISHER)

O que posso concluir da minha avaliação sobre a obra é que ela pode não tender a agradar a todo mundo. Principalmente pelo teor muito pesado de ser uma obra puramente erótica estrelada por um menino em cenas bem grotescas de sexo. Numa história que podia ter tudo para transmitir uma excelente mensagem crítica social sobre a prostituição infantil e a prática da pedofilia, especialmente a praticada pelo incesto entre uma mãe prostituta com seu filho. Mas falha miseravelmente num roteiro bastante pífio e sem muita dosagem. Fora que outro problema do filme está na captação do som que estava muito precária. Que em comparação aos filmes brasileiros mais recentes, isto mostrou uma evolução.    Quem tiver a curiosidade de ver  a obra com a cabeça aberta quando ela for veiculada esta semana pelo Canal Brasil para tirar suas conclusões diante de toda a discussão polêmica que foi ocasionada no final do ano passado, ocasionada pela acusação de um jornalista policial com a ex-apresentadora infantil de pedofilia, então recomendo ver, porém, não espere uma obra-prima grandiosa.

Se ainda  tiver em dúvida, as palavras da própria podem te convencer:

“Quem não viu, veja o filme. É um filme muito legal. Aquilo lá é uma ficção, não é a minha biografia. E no mundo que a gente está vivendo, as pessoas querem me atingir falando sobre o filme, e não me atingem, porque aquilo lá é uma ficção”, disse Xuxa.

 

“Não gosta de mim, não tem problema. Querem me chamar de garota de programa, querem me chamar de pedófila por um filme que eu fiz quando tinha 18 anos, chamem. Aliás, gostaria que todo mundo visse o filme, é muito bom”, completou.

P.S: Depois de participar desse filme, Xuxa virou a famosa apresentadora de programa infantil que quem cresceu no final dos anos 1980 e começo dos 1990 como eu, por exemplo, deve saber do que estou falando. Primeiro começou na extinta  Rede Manchete em seus primórdios, apresentando o programa Clube da Criança, a partir de 1986 foi contratada pela Rede Globo onde permaneceu por 29 anos comandando o  Xou da Xuxa, depois comandou outras atrações na emissora e a sua popularidade fez com que ela começasse a investir no cinema com sua empresa a Xuxa Produções, que além de produzir filmes estrelados pela própria, também produziu outras produções não estreladas por ela mas de gosto duvidoso, como foi o caso de Inspetor Faustão e o Mallandro (Brasil, 1991), estrelado pelos populares apresentadores de TV  Fausto Silva e Sergio Mallandro, neste ruim  filme que é considerado a maior vergonha alheia do cinema nacional.

FONTE SITE PODER360:

https://www.poder360.com.br/midia/filme-proibido-por-xuxa-sera-exibido-pela-1a-vez-na-tv/


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