O PROIBIDO FILME ERÓTICO DA RAINHA
DOS BAIXINHOS
A repercussão da polêmica declaração que Xuxa Meneghel deu numa entrevista concedida ao programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, na noite de Domingo, 01 de Novembro de 2020. Sobre as acusações que recaem sobre ela de ter praticado pedofilia num menino menor de idade em um filme pornográfico que ela estrelou e cujo assunto voltou à tona após as acusações do polêmico apresentador policialesco Sikêra Junior.
Onde recomendou as pessoas verem e
tirarem suas próprias conclusões, o filme que ela mesma proibiu a circulação por muitos anos e tem sido bastante procurado pelo Google.
Resultando na divulgação de sua exibição na TV feita neste domingo, 07 de
Fevereiro de 2021 na madrugada de quinta para sexta-feira pelo Canal Brasil.
O
tão falado e famigerado filme em questão,
alvo dessa discussão toda, trata-se de Amor,
Estranho Amor(Brasil, 1982). O filme foi dirigido por Walter Hugo Khouri(1929-2003). Diretor
que tem em seu currículo filmes de temáticas adultas. Foi um diretores
expoentes da pornochanchada no cinema brasileiro entre as décadas de 1970 e
1980, principalmente se você for pesquisar o seu currículo no site do IMDB. Que
foi um gênero que reinava no cinema nacional por explorar sem nenhum pudor,
todo o erotismo para atrair as bilheterias. Numa época em que nossa produção
nacional estava sofrendo nas mãos dos censores em pleno período governo
autoritário da Ditadura Militar(1964-1985).
Um
dos fatores que tornava que esse gênero popular no Brasil naquele período, era
pelo fato deles investirem pesado em atrair o público escalando as populares
estrelas da TV, como astros da novelas, em especial do primeiro escalão da Rede
Globo para protagonizarem estas produções.
Só
por esta minha descrição já podemos deduzir que uma obra desse diretor, não se
podia esperar um filme fofinho, com nicho voltado para crianças tendo
então Xuxa presente no elenco. Que nessa
época ainda não tinha sequer virado a popular apresentadora infantil que
conhecemos por muito tempo, era apenas modelo em começo de carreira.
Sobre
o famigerado problema apontado dela nessa obra ter um relacionamento
pedófilo com um menino ao qual a acusam,
isso ai é só a ponta do iceberg, quando a gente repara em outros problemas
maiores que tornam esta obra a mais despudorada e puramente depravada já feita
no cinema brasileiro.
A
trama do filme começa com o protagonista Hugo(Walter Foster na versão
adulta e de Marcelo Ribeiro na versão criança), um senhor de meia idade, entrando numa antiga mansão em São Paulo que havia comprado
recentemente. Lá ao entrar o enredo vai nos tele transportando a memória de sua
infância quando em 1937, ele havia se mudado de Santa Catarina ainda garoto
onde sua avô o joga aos cuidados de sua mãe Anna(Vera Fisher) que era a
prostituta de luxo que trabalhava ali nesse lugar que era um bordel de luxo. Bom só ai é que começam os problemas, porque
quando ela apresenta o garoto as suas companheiras estas ai não mostram o menor
pudor, em tentar seduzir e se insinuarem
para o ingênuo menino de apenas 12 anos.
Onde lá ele é obrigado a conviver e
observar a escória mais pobre da alta
sociedade, entre estes políticos
apoiadores de Vargas em plena época do Estado Novo, como Osmar Passos(Tarcísio Meira), o cliente
mais fixo mais fixo de Anna.
As
coisas terão uma reviravolta quando Laura(Iris Bruzzi), dona do bordel resolve
contratar uma nova garota chamada Tamara(Xuxa Meneghel), que envolve o grande
mistério da sua virgindade para servir como agradinho de Osmar para seu aliado
Benicio(Mauro Mendonça). Será a presença de Tamara que vai mexer com Hugo a
ponto dela se aproximar dele e fazer a tão
polêmica e chocante cena de beijo
despida com um garotinho que até hoje causa discussão entre grupos
conservadores e uma grande reviravolta vai ocorrer onde Hugo
terá de deixar o bordel e se separar de novo de sua mãe.
Eu
conferi esta obra há uns três anos, isto
lá para 2018, depois de ver um vídeo-analise de um youtuber sobre este filme, que indicou o link de uma conta postada de alguém na
plataforma do Youtube com o filme disponível,
numa época em que judicialmente o filme ainda estava proibido de ser veiculado.
Mesmo depois de Xuxa resolver desistir de continuar brigando pela proibição de
sua veiculação ao longo de 30 anos e passar a recomendar assisti-lo para
tirarmos a nossas próprias conclusões.
Pude
perceber que muito pior do que Xuxa, antes de virar o símbolo do público
infantil, fazer nesse filme uma garota de programa se insinuando para um garoto
de pouca idade e com muita inocência, sendo que ele aqui não é a protagonista,
mas sim o garoto Hugo em primeira pessoa, pela ótica dele que a trama se
desenrola. Onde assim, a ideia de retratá-lo vivendo num ambiente podre de bordel, onde além de sua mãe trabalhar como
uma meretriz, também existe outras meretrizes que não mostram o menor pingo de pudor e de vergonhas para
se insinuarem diante de garoto. Mostrou bastante como a obra era de um tom de
libertinagem sem limites. No filme, não é só mostrado Hugo se despido fazendo
uma cena picante e cheia de tesão com Tamara, mas também dele observando os montes de bacanais das meninas do bordel, da
sua mãe com Osmar Passos, e como se não bastasse há um momento já no final do
filme quando o menino se despede da mãe, onde ocorre uma chocante cena deplorável e nojenta de incesto entre mãe
e filho.
O
fato de ter sido dirigido e também roteirizado por Walter Hugo Khouri, cineasta de filmes com
temática muito sacanas, e sendo um dos expoentes desse gênero das pornochanchadas
no Brasil sendo estrelado por um garotinho que tinha apenas 12 anos, convivendo
num ambiente de bordel, por si só já
mostrou o nível do problema. Fora que se fomos analisar estruturalmente o
roteiro, o seu mote é muito raso, tirando as cenas de constantes e surubas no
bordel, a história não evolui muito. Ainda mais que para piorar, como se não
fosse só o garoto observando as coisas nojentas e sofrer constantes assédios e
insinuações das meninas, tem um momento erótico com Tamara, a coisa piora
quando já no final, Hugo ao se despedir da sua mãe Ana ela o obriga a fazer sexo,
um puro exemplo de incesto.
Mesmo
com problemas de roteiro, o filme até
que apresentou um bom design de produção ao gravar numa locação de um casarão antigo
para o luxuoso bordel, com todos os retoques e requintes bem vintage que bem
representavam uma atmosfera retrô, com boa
dose de viagem no tempo aos glamorosos bailes
de elites dos anos 1930, bem trabalhados
nas caracterizações dos figurinos de cada personagem.
Mesmo
o filme contando com grandes participações estelares, que até se empenham para se
entregarem ao texto, ainda assim não
conseguem salvar o filme cujo ritmo é um tanto vagaroso, principalmente numas
cenas que exploram demais a
contemplatividade, ou mesmo em situações muito sem pé nem cabeça. O elenco
estelar contou além da
Xuxa que é bastante lembrada por causa dessa polêmica toda por fazer uma garota
de programa que transa com um garotinho menor de idade, principalmente que ela
virou uma célebre apresentadora infantil, o destaque em especial do elenco vai para Tarcísio
Meira e Vera Fisher, que encenam par romântico na trama, os dois que na época
figuravam no alto escalão da Rede Globo e no ano passado foram dispensados após mais 30 anos de
serviços na emissora. O elenco também
contou com Mauro Mendonça, outro célebre
ator da Rede Globo na pele do Benicio. Íris
Bruzzi, uma ex-vedete que no filme representou o papel da Laura, dona do bordel. O falecido Walter Foster(1917-1996),
o galã dos primórdios da TV brasileira que representou bem no filme o papel do
Hugo bem idoso que foi até bem defendido por Marcelo Ribeiro, o garotinho que
protagonizou o filme com apenas 11 anos. Difícil de acreditar. Também merece
menção a rápida participação de Rubens
Ewald Filho(1945-2019), célebre critico de cinema que era presença recorrente
na televisão para prestar curadoria dos filmes, que aparece numa rápida ponta no filme como um
assessor de um político no bordel.
Inclusive,
Vera Fisher que participou da obra estrelando a prostituta de luxo Anna, aproveitou a polêmica, que Xuxa causou na entrevista ao Fantástico,
lembrando desse famigerado filme e declarou
numa entrevista ao Cinejornal da TV Brasil como descrita na matéria do site Uol, publicada em 26 de Novembro de 2020. Ela
que além de estrelar a obra, também foi coprodutora junto com Aníbal Massaini
Neto declarou que por causa da briga judicial que Xuxa causou por muito tempo para tirar o filme de circulação pelo Brasil,
acabou por sentir este efeito no próprio bolso:
“Tinha
um elenco enorme... Pena que o público só viu por um tempo. Ele entrou em
cartaz nos cinemas, fez ótimo público, mas saiu de circulação. Eu senti muito
até porque era coprodutora do filme. O produtor principal era o Anibal Massaíni
e nós sentimos no bolso.”
(VERA
FISHER)
O
que posso concluir da minha avaliação sobre a obra é que ela pode não tender a
agradar a todo mundo. Principalmente pelo teor muito pesado de ser uma obra
puramente erótica estrelada por um menino em cenas bem grotescas de sexo. Numa história
que podia ter tudo para transmitir uma excelente mensagem crítica social sobre
a prostituição infantil e a prática da pedofilia, especialmente a praticada
pelo incesto entre uma mãe prostituta com seu filho. Mas falha miseravelmente
num roteiro bastante pífio e sem muita dosagem. Fora que outro problema do
filme está na captação do som que estava muito precária. Que em comparação aos
filmes brasileiros mais recentes, isto mostrou uma evolução. Quem tiver a curiosidade de ver a obra com a cabeça aberta quando ela for
veiculada esta semana pelo Canal Brasil para tirar suas conclusões diante de
toda a discussão polêmica que foi ocasionada no final do ano passado, ocasionada
pela acusação de um jornalista policial com a ex-apresentadora infantil de
pedofilia, então recomendo ver, porém, não espere uma obra-prima grandiosa.
Se
ainda tiver em dúvida, as palavras da própria
podem te convencer:
“Quem
não viu, veja o filme. É um filme muito legal. Aquilo lá é uma ficção, não é a
minha biografia. E no mundo que a gente está vivendo, as pessoas querem me
atingir falando sobre o filme, e não me atingem, porque aquilo lá é uma
ficção”, disse Xuxa.
“Não
gosta de mim, não tem problema. Querem me chamar de garota de programa, querem
me chamar de pedófila por um filme que eu fiz quando tinha 18 anos, chamem.
Aliás, gostaria que todo mundo visse o filme, é muito bom”, completou.
P.S: Depois de participar desse filme, Xuxa virou a famosa apresentadora de programa infantil que quem cresceu no final dos anos 1980 e começo dos 1990 como eu, por exemplo, deve saber do que estou falando. Primeiro começou na extinta Rede Manchete em seus primórdios, apresentando o programa Clube da Criança, a partir de 1986 foi contratada pela Rede Globo onde permaneceu por 29 anos comandando o Xou da Xuxa, depois comandou outras atrações na emissora e a sua popularidade fez com que ela começasse a investir no cinema com sua empresa a Xuxa Produções, que além de produzir filmes estrelados pela própria, também produziu outras produções não estreladas por ela mas de gosto duvidoso, como foi o caso de Inspetor Faustão e o Mallandro (Brasil, 1991), estrelado pelos populares apresentadores de TV Fausto Silva e Sergio Mallandro, neste ruim filme que é considerado a maior vergonha alheia do cinema nacional.
FONTE
SITE PODER360:
https://www.poder360.com.br/midia/filme-proibido-por-xuxa-sera-exibido-pela-1a-vez-na-tv/
Nenhum comentário:
Postar um comentário