Na noite de Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2014, fui
conferir ao tão comentado filme do diretor Christopher Nolan, “Interstelar”, no
Shopping Midway Mall.
Posso descrever que pessoalmente esta é a minha primeira
experiência assistindo um filme do Nolan, após este se desvincular da trilogia
cinematográfica “Cavaleiro das Trevas” do herói famoso da DC Comics “Batman”.
Goste ou não goste dos seus filmes, e mesmo as opiniões
sendo bastante divergentes. Pelo menos
pode se dizer que foi graças a sua maneira mais realista possível que conseguiu
retomar os filmes do herói as telonas sete anos após o fiasco de “Batman &
Robin” (1997), o último da quadrilogia que começou em 1989 com o primeiro filme
dirigido pelo então desconhecido Tim Burton e foi encerrado de forma grotesca
pelas mãos do Joel Shcumancher.
Confesso que bem antes ou mesmo depois da nova franquia
cinematográfica do “Batman”, eu desconhecia completamente os outros catálogos
no currículo do Nolan. Neste filme
especificamente eu pude notar muitas coisas características que o mesmo diretor
colocou da recente trilogia cinematográfica do Batman que estão bem colocados
neste filme.
Basicamente posso começar descrevendo que o filme é
justamente segundo já me comentou uns amigos que já assistiram ao filme logo em
sua primeira semana de exibição, pelos próprios comentários críticos que já
andei lendo ou mesmo assistindo aos conteúdos de vídeos dos vlogueiros do Youtube.
Poderia definir pela minha própria percepção que Interstelar
se encaixa bem na categoria dos filmes do tipo cabeça, que é o como os
apaixonados por cinema costumam definir os filmes cuja abordagem é muito
complexa a ponto de exigir uma maior compreensão do que se pode imaginar. Eles
são daqueles filmes que diferentemente de muitos blockbusthers convencionais
que se preocupam apenas em entreter para virar uma mercadoria facilmente lucrativa
para Hollywood utilizando-se de velhos clichês para atrair plateia. No caso dos
filmes cabeças, eles não são produzidos com esta intenção puramente de
entretenimento comercial, no entanto sabem como se utilizarem de uma abordagem
mais complexa para atrair novos horizontes, provocar muitas reflexões e
questionamentos c om alto teor filosófico.
E neste aspecto, “Interstelar” carrega todos estes elementos
que o tornam um filme bem cabeça, e a própria abordagem propicia este
acontecimento e sendo um prato cheio para quem gosta de estudar teorias
físicas. Como o fato da história o tempo todo se
utilizar de uso excessivo de didatismo e sendo muito acadêmico sobre os
conceitos da astrofísica que é a principal abordagem do pano de fundo da obra.
O enredo do filme tem dois panos de fundo, o primeiro se
passa na terra, em uma região rural dos EUA, em um lugar não muito especifico e
nem fica claramente datado, apesar de não deixar muito claro que se passa em um
cenário muito futurista.
É neste cenário que conhecemos o pacato fazendeiro
Cooper(Mathew McConaugey), formado
engenheiro e ex-piloto de testes da Nasa, viúvo, pai de dois filhos, o adolescente Tom e a menina Murph. Ele
também conta com o auxilio do seu sogro Donald(John Lithgow) para cuidar dos
seus filhos, ainda mais depois que ele
recebe a dura missão liderada pelo Professor Brand(Michael Caine) de ir a uma
missão espacial para ajudar a Terra cuja
biodiversidade anda completamente escassa.
Em seguida o pano de fundo vai se desenvolvendo na longa
aventura de Cooper e a tripulação pelo espaço a procura de outras galáxias para
servir de colonização aos seres humanos.
Cooper tenta fazer de tudo para colocar comida no prato dos
filhos, tentando tirar da colheita de milho, acontece que no ambiente hostil em
que o Planeta Terra inteiro vive desde que alguma praga apareceu e gerou total
escassez nos recursos naturais que ficou impossível continuar sobrevivendo só
disso. Mas ao saber da proposta de ir
viajar para encontrar meios de vidas alternativos em outros sistemas solares,
resolve aceitar a proposta do Professor Brand, e ele vai numa expedição
acompanhado de Améilia Brand(Anne Hathaway), também cientista e filha do
Professor Brand, para irem até o buraco
da minhoca que foi descoberto dentro
do Sistema Solar na órbita de Saturno,
há uma unanimidade entre os cientistas que o mandam para esta missão de que é
neste lugar a salvação para a sobrevivência do planeta, e que para isso eles
precisaram atravessar o lugar para
poderem encontrar outras galáxias para poderem colonizar.
Uma ideia que na teoria mostra ser facílima de resolver,
mas, na prática vai mostrando ser completamente difícil, a ponto de fazer
passar um tempo longo vagando pelo espaço sem terem a menor ideia do passar do
tempo onde a aparência física jovial deles vai se mantendo completamente
intacta.
E será durante toda esta longa jornada deles no filme que
vamos nos deparar com cenários nunca antes explorados, outras zonas temporais e
dimensionais recheada de muitas teses teóricas da astronomia.
Definir que a trama do filme mesmo sendo cabeça é original
seria de certo modo bastante equivocado, mesmo porque ele deixa muito evidente
algumas referencias bem clichês de outros filmes do gênero, e um que pode ser
bem evidentemente reparado do qual o filme faz referencia é em “2001-Uma
Odisseia no Espaço” (1968) do genial Stanley Kubirck(1928-1999), ainda mais que Cooper tem entre seus
companheiros tripulantes durante
a longa jornada vagando pelo espaço de um computador falante,
uma inteligência artificial chamada CASE, que
deixa bem explicito ter sido inspirado no Hall 9000, o robô de “2001”.
Apesar de ele carregar esta característica bem clichê, ainda assim ele consegue surpreender, inovar
na concepção como quer transmitir a sua maneira peculiar ao público a respeito
dessas questões cientificas bastantes inexploradas.
Entre os fatores que posso pontuar ter achado legal no filme
está a brilhante trilha sonora do Hans Zimmer, novamente trabalhando em um
filme de Nolan depois da trilogia de Batman, os arranjos instrumentais que ele
criou para cada cena traz uma sensação muito prazerosa, zen inclusive,
combinando legal com toda a atmosfera surreal que o filme nos apresenta. Criando aquela incrível sensação mística de
você estar sonhando e entrando mesmo no clima do filme como se tivesse fumado
um baseado ou mesmo enchendo a cara com cerveja.
Outro ponto legal do filme que posso destacar está também no
brilhante elenco presente, Matthew McConaugey como protagonista foi assim a
parte que mais me surpreendeu, confesso que antes de conferi-lo neste papel, eu
tinha certo “pré-conceito” a respeito do seu desempenho num personagem tão
intenso do qual foi exigido dele. Antes desse filme, eu já tinha o visto
estrelando uma comédia romântica em “Como Perder um homem em 10 dias” (2003) onde
ele interpretou um papel bobinho, numa história bem bobinha, que o
estigmatizaria demais com o rótulo de galã, por causa disso, não há como gerar
certa desconfiança para um público muito exigente de críticos de não criar muita
credibilidade seu desempenho profissional.
Já neste eu pude sentir um maior amadurecimento profissional
dele, já que ele faz bem o papel de um herói, que tem consciência das suas
imperfeições como ser humano no quesito do drama familiar em relação a longa jornada
longe de seus filhos levadas as circunstancias dessa missão orbital.
Além de Marttew McConaugey, o filme também conta no elenco
com dois atores que já trabalhando nos recentes filmes do “Cavaleiro das
Trevas”, dirigidas pelo Nolan estão o veterano Michael Caine, que está perfeito
no papel do Professor Brand, em muitas coisas ele pode remeter ao Mordomo
Alfred Pennyworth como a relação paternal que ele adquiri pela Murph, a filha
de Cooper e o mesmo ela sente por ele devido as circunstancias de ambos
carregam a dor de viverem longe e sem noticia dos entes queridos.
Anne Hathaway que também já atuou em um filme de Nolan,
também na franquia de “Batman-Cavaleiro das Trevas”, fazendo a Mulher-Gato.
Neste filme, pelo que pude sentir na sua interpretação no papel da Amélia Brand
ela está assim um tanto quanto mediana, a sua personagem pelo que pude perceber
fica boa parte do filme assumindo a função típica do coadjuvante que fica ali
só para enfeite sem ter muita preocupação de ter algum aprofundamento no
desenvolvimento de personalidade. A sua
atuação dela no papel até ficou bom de certo ponto legal, apesar de ter faltado
um pouco mais no desenvolvimento. Nas
longas horas em que a história se desenrola no longo tempo dela acompanhando
Cooper no espaço, dá a entender que ela vai despertar uma paixonite discreta
por ele, e o mesmo demora a perceber isso, que também deixa muito a entender
que nutre algum sentimento de paixão por ela, mas, não parece querer
reconhecer. Coisa assim que fica muito na duvida. Em nenhum momento do filme é mostrado os dois
sequer tendo algum sinal de afeto, alguns podem até colocar que deve ter
faltado química entre Matthew McConaugey e Anne Hathaway ou talvez envolva
outros fatores, pode ter sido porque já era como Nolan tinha bem arquitetado nos
planos cronológicos do roteiro.
Outra presença também importante no elenco é a de Matt Damon
no papel do cientista Dr. Mann, que aparece sendo encontrado pela tripulação da
nave de Cooper após passar longos anos congelados no espaço e que muitos
achavam ter morrido. Mesmo sendo um personagem facilmente esquecível no decorrer
do filme, mesmo assim, ele vai mostrando-se realmente não ser muito flor que se
cheirasse. No momento em que ele vira o
antagonista então, tentando matar Cooper é que isso vai ficando muito claro.
Para terminar a analise do elenco também pontuo o brilhante
desempenho dos atores que interpretam os filhos de Cooper, que ao longo do
filme são alternados por diferentes atores a medida que eles vão envelhecendo. Timonthy Chalamet está brilhantemente bem
apresentado como o primogênito Tom na fase juvenil, se mostrando bem
esperançoso de um dia ver o pai retornando vivo para o lar, o oposto da
interpretação de Casey Affleck que o interpreta na fase adulta mais experiente,
casado e pai de um filho, trabalhando na fazenda e passando a adquirir um
perfil mais friamente cético, a ponto de já ter perdido a esperança dele
retornar para a Terra e ficando bem mais conformado com a sua ausência. E por fim também tem William Devane que
interpreta o Tom já bem mais idoso, apenas aparecendo dando um depoimento para
um suposto documentário que é mostrado bem no inicio do filme.
Quanto as atrizes que interpretam a Murph, a caçula de
Cooper, primeiro começo destacando o brilhante desempenho de Mackenzie Foy, que
está ótima no papel da Murph menina criando suas nuances do seu dom de sentir a
coisas que não estão presentes, que faz ela pensar se tratarem de fantasmas. Na sua
pouca idade ele parece ter demonstrado um talento de gente grande ao desenhar o
perfil mais dramático, principalmente ao se mostrar reativa e inconformada com
a vigem que o seu pai vai fazer ao espaço sem ter a menor ideia de quando ele
vai retornar. Jéssica Chastian desenvolve
bem o papel Murph mais adulta e passando a trabalhar na agencia do Professor
Brand colaborando com ele e ao contrário do irmão, ainda mantem a esperança de
acreditar que seu pai ainda esteja vivo e ainda possa retornar. E por fim Ellen Burstyn está excelente no
papel da Murph bem mais idosa fazendo uma das cenas mais emocionantes do filme
que é quando Cooper após finalmente retornar ao lar, depois de terminada sua
longa missão no espaço, resolve se reencontrar com ela hospitalizada e entre a
vida e a morte numa interpretação muito comovente.
No quesito da produção, o roteiro como já havia descrito nos
parágrafos acima ele carrega uma abordagem de um filme de ficção-cientifica bem
cabeça, cheio de elementos clichês de outros catálogos do gênero. Os diálogos são
tão carregados de tons científicos, que até mesmo um expectador expert ou com Ph.D*
em teses físicas pode se perder, porque tudo é apresentado de maneira bem apresada e de forma tão rápida onde termina chegando uma hora que fica difícil de respirar ou mesmo tentar absorver tudo.
Mesmo se utilizando de muito didatismo técnico cientifico,
ainda assim a trama do filme vive carregada de muitas liberdades poéticas e uns
pequenos furos de roteiro que mesmo o expectador leigo em ciências da astrofísica
perceber e questionar certas improbabilidades
de acontecer teoricamente falando.
Uma das partes mais chatas que eu achei no filme, foi o fato
dele ter uma duração muito longa, e isto termina por gerar um forte cansaço no
espectador. Se não fosse só isto o filme
não ficaria tão tedioso. O tédio só não
fica maior quando há umas cenas durante a jornada espacial de Cooper e sua
equipe acompanhada da inteligência artificial “CASE”, este ás vezes provoca uns
alívios cômicos falando algumas frases bem bobinhas parece que para fazer o espetador
esquecer um pouco do tamanho tédio do tempo da duração ou mesmo dos longos diálogos
de forte tom acadêmico sobre teorias complexas do espaço infinito que até mesmo
os mais bem estudados na área podem até se perderem. E para encerrar, outro fator que também compensa
no filme é que além dele carregar a impressionante trilha do Hans Zimmer que
cria toda aquela atmosfera para fazer se sentir vagando pelo espaço, os
brilhantes efeitos visuais mostrando a Nave de Cooper vagando pelo Sistema
Solar e visitando cada planeta diferente com ótimos panoramas, tornando assim o
filme um show a parte e quando há as cenas deles se aventurando por outras zonas
dimensionais, temos então um show mais surreal que a outro.
FONTE:
*Ph.D-É uma abreviação para a palavra inglesa “Philosophiae Doctor” que traduzido ao pé da letra é “Doutorado em
Filosofia” . “É um título fornecido
pelas Universidades reconhecido como grau terminal nos países de língua inglesa
termo filosofia não se relaciona neste título apenas ao campo da filosofia
propriamente dita, mas provém do sentido grego da palavra, que é amor ao
conhecimento, sendo que o título de PhD é então fornecido na Europa para os
campos de medicina e direito. O termo filosofia advém do ensino de artes
liberais, baseada na ementa da Universidade Humboldt de Berlim, uma vez que até
o início século XIX muitos dos cursos de graduação atuais nem existiam, e a
filosofia era composta de ementas de diferentes cursos atuais.” Mais informações
em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Doutorado_em_filosofia
http://cinema.uol.com.br/album/2014/11/06/veja-os-filme-e-livros-que-influenciaram-interestelar.htm