Na tarde de Sábado de Páscoa, 19 de Abril de 2014. Fiz mais um dos meus programas preferidos, fui
ao cinema conferir um filme bem propicio para a ocasião da data de celebração
cristã: Noé, em 3D no Shopping Midway Mall. Estrelado pelo eterno "Gladiador"
Russel Crowie. Posso simplesmente descrever que achei o filme perfeito,
fantástico e fabuloso.
Pessoalmente, nunca fui muito de seguir uma religião
especifica. O que não significa que eu seja ateu, mesmo porque, recebi batismo
numa Igreja Católica e já houve em diferentes momentos da minha vida em que
frequentei diferentes cultos cristãos, pelos mais diferentes segmentos, desde o
tradicional catolicismo romano, passando por um culto evangélico ou mesmo em um
centro espirita. Estou mais para um agnóstico,
que é aquele individuo que não prática religião alguma, mas não nega a
existência de Deus.
Talvez por isso mesmo, explique o motivo do porque eu não
sentir de certa forma uma forte identificação com os mitológicos personagens
bíblicos, apesar de achar linda cada narrativa do que eles fizeram e superaram para seguirem ou mesmo desobedecerem aos
preceitos de Deus, mas acontece que eles
são descritos por uma visão tão perfeita e
inquestionável, ás vezes sem muita proximidade com a realidade, ao
contrário das divindades de outras civilizações antigas como os gregos, por
exemplo, que apesar de serem símbolos de grandes divindades são mostrados como seres humanos
tão imperfeitos como qualquer gente comum, portanto tem mais proximidade com a
realidade.
A respeito do filme em questão, o que me despertou o
interesse de conferi-lo foram as diferentes críticas que ouvi de pessoas do meu
ciclo de convivência que assistiram, gostaram e me recomendaram assistir.
Primeiramente, posso descrever que em tudo pelo qual eu pude
observar no filme em nada ele lembra a história do personagem bíblico, apesar
de conhecer pouco dessa sua passagem na fonte da qual ele se originou. O conhecimento que tenho dele e de todos os
personagens que ilustram a fabular mitologia bíblica é um tanto quanto escassa,
as poucas referencias bíblicas que tenho são da parte de minha
própria formação como historiador e quando vou lendo
algum artigo de um acadêmico da minha
área historiográfica sobre civilizações perdidas é que vejo algumas referências bíblicas. Mas no resto, sou um tanto quanto ignorante.
Aliás, aproveitando esse gancho, e pegando emprestado os
conhecimentos que adquirir nas diferentes disciplinas que aprendi durante o
período de minha graduação no curso de História da UnP e bem mais tarde quando
fiz parte de um grupo de Extensão sobre estudos de Mitos e Religião promovido
pela UFRN em 2012. Posso colocar de uma maneira a não parecer muito tendencioso
que o filme sobre Noé em nada remete a Bíblia, mesmo porque há de se levar em
consideração que a Bíblia como a gente conhece, foi escrito não por apenas um
autor, mas vários. Todos os antigos autores anônimos de cada passagem escreviam nas antigas línguas mortas como o latim, por exemplo,
na forma de pergaminhos. Durante os
séculos seguintes, após o fim do Império Romano, quando a Europa já estava bem
cristianizada e a Igreja tinha forte influencia no meio politico, numa época em
que boa parte da pobre população era analfabeta. O conteúdo era lido restritamente pelos
monges nas línguas latinas e também gregas cultas e assim sendo transmitidas para a população inculta. Foi só no século 15 quando um monge alemão
chamado Martinho Lutero, que apareceu
para revolucionar a Igreja criando o novo segmento do protestantismo,
aproveitou bem da situação que vivia para contestar os dogmas do catolicismo
tradicional com suas 95 teses, em um momento em que outro importante alemão
Johannes Gutemberg inventava uma importante máquina que foi o berço da
imprensa, enquanto Lutero se indignava
com o fato da Bíblia não ser acessível ao povo, deixa sua marca revolucionaria
ao traduzir o livro sagrado numa linguagem mais acessível ao povo, e foi a
partir que a Biblia passou a ser traduzida
para diferentes idiomas, que além ter sido traduzido para outras línguas,
também passou a criar novas interpretações.
E a partir dessas novas interpretações passou-se gerar
diferentes discussões quanto a veracidade dos seus conteúdos.
Pelo que pude observar, o filme ele não tem nenhuma
fidelidade com a narrativa bíblica, o que já causou tremenda polêmica em alguns
países cristãos. Apesar de como dito acima, eu conhecer pouco da história
bíblica, mais especificamente de Noé, ainda pude observar alguns furos que
cometeu ao fazer uma salada mista do Universo Bíblico.
Na trama do filme dirigido por Darren Aronofsk, diretor que carrega em seu recente
currículo de sucessos como: O Lutador(2008) e Cisne Negro(2010). Que eu não tinha conferido antes, portanto,
posso colocar que a obra desse diretor para mim foi um território virgem.
Nesse filme é nós apresentado uma figura de Noé descendendo
da arvore genealógica de Adão e Eva, o primeiro homem e a primeira mulher a
serem criados por Deus na Terra. O
começo mostra uma narrativa em textos relatando o que aconteceu na Terra depois
que o primeiro casal comeu do fruto proibido, ele cita o nome dos filhos que
eles tiveram depois que Deus os expulsou
do Jardim do Éden. Mesmo os que conhecem
a Bíblia de forma aprofundada ou mesmo esporadicamente como eu devem saber que os nomes dos filhos gêmeos de Adão e Eva, são Caim e Abel, e que
foi Caim que mordendo-se de inveja de
Abel resolve mata-lo.
Bem, só que nas narrativas textuais do filme, é descrito que
Adão e Eva tiveram um terceiro filho. E que seria desse suposto terceiro filho
que o Noé do filme descendia.
Ao longo do filme somos apresentado a um Noé na infância
ouvindo relatos de seu avô Matusalém, sobre as antigas guerras dos descendentes
de Adão e Eva. No decorrer do filme é mostrado Noé tendo visões da serpente que
foi grande responsável pela expulsão do paraíso do primeiro casal criado por
Deus.
Depois o filme vai sendo desenvolvido em mostrar Noé depois
de crescido e como um homem já bem experiente e com uma família bem constituída
e nos é apresentado ele como um sujeito consciente de sua missão de criar uma
arca para preparar sua família e os animais para lidar com o dilúvio.
Uma das coisas que mais me surpreendeu no filme foram as
belas cenas panorâmicas que mostram belos contrastes entre um lugar um deserto
e árido, que ocasionado por uma simples
chuva cria um efeito mágico de tudo se transformar num vale verde. Também gostei muito das cenas de como Noé vai
construindo a arca, que foi toda produzida manualmente sem nenhum efeito de
computação gráfica. Não querendo entrar,
mas já entrando na parte mais controversa quanto à questão de analisar se o
filme carrega alguma semelhança com a Bíblia, uma das coisas que achei que os
produtores exageram muito em utilizar das licenças poéticas para este filme foi
na maneira como eles criaram uns gigantes de pedra que no filme são descritos
como os Guardiões, que ajudam Noé na construção da arca e na defesa de tribos
invasoras para tentar destruí-la. Estes
são apresentados como seres de luz que vieram para Terra desobedecendo A Deus e
terminaram ficando petrificados. A meu
ver de uma maneira como eles foram incluídos no filme deu a entender que os
produtores queriam transformar numa ficção com atmosfera exageradamente fabular.
Pessoalmente achei um pouco bizarro a maneira como o filme
colocou os seres de luz transformados em pedra.
A maneira como eles foram criados digitalmente os seus movimentos, e as
entonações de suas vozes robóticas fazem eles parecerem uma versão tosca dos
Transformers.
Do resto gostei bastante do elenco, a começar pelo excelente
desempenho de Russel Crowie como o protagonista, onde ele consegui encontrar em diferentes
momentos, as nuances em que envolve o
personagem, também destaco o veterano
Antony Hopkins que está brilhante no papel do Matusalém, o velho sábio, avô do Noé.
Jennifer Connely também está brilhante no papel da esposa de Noé. E por
fim destaco desempenho da Emma Watson, a atriz que até então eu só associava a
Hermione Granger da franquia de Harry Potter está excelente no papel da Lila, que torna-se esposa de um dos
três filhos de Noé, com quem tem filhas gêmeas. A meu ver, seu desempenho
dramático foi elogiável, que em nada ela lembrava a inteligente garota bruxinha
estudiosa.
Bom, basicamente é isso, posso definir que Noé é um filme
épico mediano, bom apenas para entreter, quanto a ser uma referencia para
estudos teológicos é um tanto quanto equivocado eu fazer este tipo de
definição. Mas com certeza, ele pode
trazer diferentes reflexões isto sim é algo que não se pode negar.
FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/04/1435072-critica-e-preciso-paciencia-de-jo-para-encarar-filme-epico-noe.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Noah_%28filme%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arca_de_No%C3%A9
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