quinta-feira, 1 de maio de 2014

RESENHA DO FILME NOÉ(2014)


Na tarde de Sábado de Páscoa, 19 de Abril de 2014.  Fiz mais um dos meus programas preferidos, fui ao cinema conferir um filme bem propicio para a ocasião da data de celebração cristã: Noé,  em 3D  no Shopping Midway Mall.  Estrelado pelo eterno "Gladiador" Russel Crowie. Posso simplesmente descrever que achei o filme perfeito, fantástico e fabuloso.

Pessoalmente, nunca fui muito de seguir uma religião especifica. O que não significa que eu seja ateu, mesmo porque, recebi batismo numa Igreja Católica e já houve em diferentes momentos da minha vida em que frequentei diferentes cultos cristãos, pelos mais diferentes segmentos, desde o tradicional catolicismo romano, passando por um culto evangélico ou mesmo em um centro espirita.  Estou mais para um agnóstico, que é aquele individuo que não prática religião alguma, mas não nega a existência de Deus.

Talvez por isso mesmo, explique o motivo do porque eu não sentir de certa forma uma forte identificação com os mitológicos personagens bíblicos, apesar de achar linda cada narrativa do que eles fizeram e superaram  para seguirem ou mesmo desobedecerem aos preceitos de Deus, mas acontece que  eles são descritos por uma visão tão perfeita e  inquestionável, ás vezes sem muita proximidade com a realidade, ao contrário das divindades de outras civilizações antigas como os gregos, por exemplo, que apesar de serem símbolos de grandes  divindades são mostrados como seres humanos tão imperfeitos como qualquer gente comum, portanto tem mais proximidade com a realidade. 



 



 
 
 









 

 

A respeito do filme em questão, o que me despertou o interesse de conferi-lo foram as diferentes críticas que ouvi de pessoas do meu ciclo de convivência que assistiram, gostaram e me recomendaram assistir.

 

Primeiramente, posso descrever que em tudo pelo qual eu pude observar no filme em nada ele lembra a história do personagem bíblico, apesar de conhecer pouco dessa sua passagem na fonte da qual ele se originou.  O conhecimento que tenho dele e de todos os personagens que ilustram a fabular mitologia bíblica é um tanto quanto escassa, as poucas referencias bíblicas que tenho são da parte de  minha  própria formação como historiador e quando  vou lendo  algum artigo de um acadêmico da minha  área  historiográfica  sobre civilizações perdidas  é que vejo algumas referências bíblicas.  Mas no resto, sou um tanto quanto ignorante.

 

Aliás, aproveitando esse gancho, e pegando emprestado os conhecimentos que adquirir nas diferentes disciplinas que aprendi durante o período de minha graduação no curso de História da UnP e bem mais tarde quando fiz parte de um grupo de Extensão sobre estudos de Mitos e Religião promovido pela UFRN em 2012. Posso colocar de uma maneira a não parecer muito tendencioso que o filme sobre Noé em nada remete a Bíblia, mesmo porque há de se levar em consideração que a Bíblia como a gente conhece, foi escrito não por apenas um autor, mas vários.  Todos  os antigos autores anônimos  de cada passagem  escreviam  nas antigas línguas mortas como o latim, por exemplo, na forma de  pergaminhos. Durante os séculos seguintes, após o fim do Império Romano, quando a Europa já estava bem cristianizada e a Igreja tinha forte influencia no meio politico, numa época em que boa parte da pobre população era analfabeta.  O conteúdo era lido restritamente pelos monges nas línguas latinas e também gregas cultas e assim sendo  transmitidas para a população inculta.  Foi só no século 15 quando um monge alemão chamado Martinho Lutero, que  apareceu para revolucionar a Igreja criando o novo segmento do protestantismo, aproveitou bem da situação que vivia para contestar os dogmas do catolicismo tradicional  com suas 95 teses,  em um momento em que outro importante alemão Johannes Gutemberg inventava uma importante máquina que foi o berço da imprensa,  enquanto Lutero se indignava com o fato da Bíblia não ser acessível ao povo, deixa sua marca revolucionaria ao traduzir o livro sagrado numa linguagem mais acessível ao povo, e foi a partir que a Biblia passou  a ser traduzida para diferentes idiomas, que além ter sido traduzido para outras línguas, também passou a criar novas interpretações.

E a partir dessas novas interpretações passou-se gerar diferentes discussões quanto a veracidade dos seus conteúdos.

 

Pelo que pude observar, o filme ele não tem nenhuma fidelidade com a narrativa bíblica, o que já causou tremenda polêmica em alguns países cristãos. Apesar de como dito acima, eu conhecer pouco da história bíblica, mais especificamente de Noé, ainda pude observar alguns furos que cometeu ao fazer uma salada mista do Universo Bíblico.

 

Na trama do filme dirigido por Darren  Aronofsk, diretor que carrega em seu recente currículo de sucessos como: O Lutador(2008) e Cisne Negro(2010).  Que eu não tinha conferido antes, portanto, posso colocar que a obra desse diretor para mim foi um território virgem.

Nesse filme é nós apresentado uma figura de Noé descendendo da arvore genealógica de Adão e Eva, o primeiro homem e a primeira mulher a serem criados por Deus na Terra.  O começo mostra uma narrativa em textos relatando o que aconteceu na Terra depois que o primeiro casal comeu do fruto proibido, ele cita o nome dos filhos que eles tiveram depois  que Deus os expulsou do Jardim do Éden.  Mesmo os que conhecem a Bíblia de forma aprofundada ou mesmo esporadicamente como  eu devem saber que os nomes dos filhos  gêmeos de Adão e Eva, são Caim e Abel, e que foi  Caim que mordendo-se de inveja de Abel resolve mata-lo.

Bem, só que nas narrativas textuais do filme, é descrito que Adão e Eva tiveram um terceiro filho. E que seria desse suposto terceiro filho que o Noé do filme descendia.

 

 

 

 

 

Ao longo do filme somos apresentado a um Noé na infância ouvindo relatos de seu avô Matusalém, sobre as antigas guerras dos descendentes de Adão e Eva. No decorrer do filme é mostrado Noé tendo visões da serpente que foi grande responsável pela expulsão do paraíso do primeiro casal criado por Deus.

 

Depois o filme vai sendo desenvolvido em mostrar Noé depois de crescido e como um homem já bem experiente e com uma família bem constituída e nos é apresentado ele como um sujeito consciente de sua missão de criar uma arca para preparar sua família e os animais para lidar com o dilúvio.

 

Uma das coisas que mais me surpreendeu no filme foram as belas cenas panorâmicas que mostram belos contrastes entre um lugar um deserto e árido, que ocasionado por  uma simples chuva cria um efeito mágico de tudo se transformar num vale verde.  Também gostei muito das cenas de como Noé vai construindo a arca, que foi toda produzida manualmente sem nenhum efeito de computação gráfica.  Não querendo entrar, mas já entrando na parte mais controversa quanto à questão de analisar se o filme carrega alguma semelhança com a Bíblia, uma das coisas que achei que os produtores exageram muito em utilizar das licenças poéticas para este filme foi na maneira como eles criaram uns gigantes de pedra que no filme são descritos como os Guardiões, que ajudam Noé na construção da arca e na defesa de tribos invasoras para tentar destruí-la.  Estes são apresentados como seres de luz que vieram para Terra desobedecendo A Deus e terminaram ficando petrificados.  A meu ver de uma maneira como eles foram incluídos no filme deu a entender que os produtores queriam transformar numa ficção com atmosfera exageradamente fabular.

Pessoalmente achei um pouco bizarro a maneira como o filme colocou os seres de luz transformados em pedra.  A maneira como eles foram criados digitalmente os seus movimentos, e as entonações de suas vozes robóticas fazem eles parecerem uma versão tosca dos Transformers.  

 

Do resto gostei bastante do elenco, a começar pelo excelente desempenho de Russel Crowie como o protagonista, onde  ele consegui encontrar em diferentes momentos,  as nuances em que envolve o personagem, também destaco  o veterano Antony Hopkins que está brilhante no papel do Matusalém, o velho sábio,  avô do Noé.  Jennifer Connely também está brilhante no papel da esposa de Noé. E por fim destaco desempenho da Emma Watson, a atriz que até então eu só associava a Hermione Granger da franquia de Harry Potter está excelente no  papel da Lila, que torna-se esposa de um dos três filhos de Noé, com quem tem filhas gêmeas. A meu ver, seu desempenho dramático foi elogiável, que em nada ela lembrava  a inteligente  garota bruxinha estudiosa.

Bom, basicamente é isso, posso definir que Noé é um filme épico mediano, bom apenas para entreter, quanto a ser uma referencia para estudos teológicos é um tanto quanto equivocado eu fazer este tipo de definição.  Mas com certeza, ele pode trazer diferentes reflexões isto sim é algo que não se pode negar.

 

 

 

FONTE:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/04/1435072-critica-e-preciso-paciencia-de-jo-para-encarar-filme-epico-noe.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Noah_%28filme%29

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arca_de_No%C3%A9

 

 

 

 

 

 

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