sábado, 20 de agosto de 2016

ANÁLISE DE ESQUADRÃO SUICIDA(2016)



Na noite de Sábado, 13 de Agosto de 2016, fui conferir ao tão aguardado filme do “Esquadrão Suicida”, no Shopping Midway Mall. 

 







Bem antes de conferir ao filme e mesmo  depois, eu acompanhei bastante a grande repercussão negativa que a critica especializada tanto dos jornalistas em suas colunas dos sites, quanto dos youtubers de quem sou inscrito fizeram, e isso me deixou um pouco sob sinal de alerta. De todo modo não tiro a razão deles não terem gostado da maneira como ele  resultou. Tanto na parte do roteiro, quanto na parte da edição que foram onde eles não pouparam a língua ácida para argumentar o quanto de ruim eles acharam. 

















 Ainda assim resolvi encarar e fui assistir a este filme, que é inspirado não numa equipe de heróis, mas sim num grupo de vilões da DC Comics, que poucos conhecem. Que irão formar um grupo de prestadores de serviço sujo, super secreto  para o Governo Americano em troca da diminuição da pena deles. Seria muita hipocrisia de minha parte descrever que eu simplesmente fui assistir ao filme porque já conhecia esta equipe das Hqs  antes, porque já lia e colecionava as edições em quadrinhos deles, quanto na verdade a minha real motivação envolvia a presença do Coringa e da Arlequina. O Coringa, considerado o mais icônico e mais antigo da galeria de vilões do Batman, o vem acompanhando  desde sua primeira publicação na revista Detective Comics lançado em 1939 criado pela dupla Bob Kane(1915-1998) e Bill Finger(1914-1974).   



















Ele teve sua inspiração num personagem do cinema mudo chamado Gwyplane, um palhaço que era visto  sempre sorrindo no filme “O Homem que ri”(1928), dirigido pelo cineasta expressionista alemão Paul Leni(1885-1929), com roteiro adaptado de um romance do francês Victor Hugo(1802-1885).  E estrelado pelo alemão naturalizado britânico Conrad Veidt(1893-1943). Que dentre todos os vilões do Morcego é visto pelos dcnautas  como o mais insano e o que mais se aproxima do herói por gerar um maior contraponto a ele em comparação aos outros vilões, já foi vivido  por diferentes atores no cinema antes de Jared Leto ser o Coringa no Esquadrão Suicida. O primeiro a encarnar o insano palhaço do crime foi Cesar Romero em um filme do Batman de 1966, extraída de uma série de tv, que não foi produzida pela Warner, onde ele era representado de uma forma bem bobinha, infantil para poder se encaixar no tom amenizado que a série se propunha a ser voltada para crianças com uma Gotham colorida, com uso do recurso das onomatopeias nas cenas de luta que criavam um efeito visual bem cartunesco. Depois deste, muitas décadas depois foi a vez de Jack Nicholson encarar o personagem no filme de 1989, dirigido por Tim Burton, que num cenário  de uma Gotham bem dark, o  encarnou numa versão mafiosa, com uma interpretação memorável  ainda mais  quando mencionava a frase “Você já dançou com o Diabo a luz do luar”, por este papel Nicholson foi o que recebeu o cachê mais caro de Hollywood na época.  























    







Vinte anos depois, o Coringa seria vivido pelo Heath Ledger em “Batman-O Cavaleiro das Trevas”(2008), com uma interpretação magnifica, encarnando toda sua essência insana, inclusive fazendo  duas cenas de improviso, o que lhe rendeu um reconhecimento póstumo ao ganhar o Oscar de 2009 de Melhor ator coadjuvante. Quanto a Arlequina é curioso analisar, que ela sendo vista como uma versão feminina do Coringa que é doida de amor por eles, a ponto de chamá-lo de meu pudinzinho. Não surgiu nos quadrinhos na mesma época quando o  Coringa surgiu na Detective Comics  lá pelo final dos anos 1930  aos começos dos anos 1940, ela só surgiu  muitos anos depois, isso lá em 1992 quando  foi concebida na primeira temporada do desenho “Batman-The Animated Series”. Onde era representada por uma psiquiatra chamada Dra. Harley Quinzell, que tratava de muitos pacientes no Asilo Arkham, entre estes  estava o Coringa e foi por causa dele que ela começou a construir uma inusitada paixão que a transformou no que ela virou.  Sua popularidade cresceu tanto que acabou ganhando umas publicações próprias nos quadrinhos. Inclusive assim que eu soube da presença dela  no Esquadrão Suicida, foi comprando algumas edições para poder me familiarizar com ela. Uma personagem bem louquinha, infantil e que gosta de viver no perigo como se fosse uma brincadeira. A presença dela no Esquadrão Suicida é sua primeira representação no cinema, sendo vivida pela bela Margot Robbie.  






















Pois foi por causa destes personagens que isto me motivou a conferir o filme, ainda que me deixasse ansioso também me deixava preocupado por causa do tempo de tela deles ser maior, o que terminaria com eles roubando demais as cenas e deixando outros personagens da obra pouco valorizados. Sem tempo para serem desenvolvidos.

Inclusive é curioso observar como a  equipe que aparece no filme, não é a mesma que formou a primeira formação em sua edição de estreia em 1959.  Aspecto este que se assemelha a Guardiões da Galáxia, cuja equipe era  pouco conhecida, não era a mesma da primeira edição em comics publicada dez após Esquadrão Suicida em 1969. O grande diferencial é enquanto Guardiões tinha sua equipe encarando perigos num cenário mais escapista, ou seja, no espaço. O Esquadrão Suicida tem a essência de encarar as perigosas missões que ninguém se suja a fazer, toques mais realistas.    
















No quesito de personagens tenho que concordar que todos eles me surpreenderam apesar de estarem muito limitados ao que o roteiro mal-trabalhado estabelece. Os atores escalados para os respectivos papeis conseguem trabalharem bem  as essências dos seus personagens, ainda que muitos limitados pelo roteiro. Will Smith como Pistoleiro é basicamente quem rouba o filme inteiro, já que como é a estrela principal, terminava ficando sem máscara para poder explorar seu tempo maior de tela. Viola Davis como a Amanda Waller, a mentora do grupo, trabalha bem  a  essência segura dela mostrando que não está de brincadeira quando vê que o negócio foge ao seu controle. Margot Robbie como a Arlequina, surpreende, é quem mais rouba todas as cenas com o seu jeito louquinho mesmo e seu figurino muito chamativo e apelativamente sensual.  Joel Kinnaman consegue defender  com segurança o seu Rick Flagg, assumindo a dura  responsabilidade de liderar um grupo desequilibrado. Adewale Akinnuoye-Agbaje como o Crocodilo mesmo ficando completamente irreconhecível consegui bem transmitir a essência selvagem do personagem meta-humano, que não gosta de ser muito sociável. Jay Courtney como o Capitão Bumerangue transmiti bem a sua característica de furtador. Jay Hernadez como El Diablo defende bem a sua essência insegura, ao usar o seu poder de soltar fogo. Karen Fukuhara como a Katana, que só aparece mais para frente no filme. Também consegue transmitir a essência do que simboliza sua personagem, principalmente no que a motiva a transforma-se numa espadachim com a espada das almas. E por fim, destaco Cara Delevigne como a entidade Magia na qual surpreendeu sendo a grande vilã da trama, e Jared Leto como o Coringa, apesar de não conseguir superar os antecedentes, consegue pelo menos mostrar que se entregou bem ao papel, apesar de boa parte das criticas o acharem uma decepção. 




















O filme em si, apesar das falhas de roteiro, podendo até apresentar muitos furos ou mesmo inconsistências no ritmo muito acelerado, que não dá nem para respirar, e a própria falta de mão para ser conduzido, apesar disso, entrega um bom filme para ser divertido. Apenas isso, cumpre o que se propõe a ser uma trama mais adulta, inclusive há diálogos em que eles falam mesmo palavrões. Inclusive eu já esperava que uns dos componentes morreria na primeira missão suicida. Apesar das situações inexplicáveis. A trilha achei ok, apesar de gerar os problemas para os ritmos das cenas, entre estas destaco a que eu mais gostei foi “Symparty for the Devil”, um sucesso dos Rolling Stones gravado em 1968. Que de alguma forma, dentre todas era a que mais conseguiu captar a essência da equipe. Muito mais do que “Bohemian Rhapsody”, clássica canção do Queen gravada em 1975, do qual os trailers viviam vendendo. 

Edições recentes em Hqs do Esquadrão Suicida que comprei recentemente para conhecê-los. 














































No balanço geral, apesar dos montes de falhas apresentadas, o filme ainda tem seus méritos que vale a pena dá uma assistida com a cabeça aberta, voltado para a diversão. 

Meu acervo com as edições de Arlequina.























Para encerrar, uma coisa que acho necessário colocar que tem me incomodado bastante, mais do que as falhas do filme, diz respeito a postura equivocada de alguns   críticos, principalmente quando o filme é de um herói da DC Comics e quando não resulta da maneira como eles esperavam, vem fazendo os comparativos com os filmes da concorrente  Marvel.  


 Minha foto no cartaz de Esquadrão Suicida no Midway Mall antes de entrar na sessão de Batman-A Piada Mortal.























Só para esclarecer, isto aqui que vou descrever não é para  denegrir ninguém, e nem para defender uma nem outra, apenas estou desabafando  uma situação que tem  me incomodado bastante quando envolve os filmes destes heróis. Que é quando eles ao fazerem os comparativos ao se referir que a DC no desespero de tentar se igualar a Marvel no cinema, não tem sabido acertar a mão. E falam mil maravilhas dos esquemas de como a Marvel trabalha o seu universo cinematográfico. Eu tenho notado umas  escorregadas deles, principalmente ao se deixarem levar pelo calor da emoção, acredito que eles sejam bem informados, mas pela situação do  momento eles acabam sem querer ocultando alguns fatos, onde acabam criando algumas distorções, principalmente pela chatice já viciante que se tornou. Vou colocar alguns pingos nos is, em dois pontos muito importantes para se fazer uma distinção entre como funciona o esquema de trabalho cinematográfico das duas editoras no cinema.




1)Não é a DC que faz os seus filmes, quem faz  é a Warner.



















Ao contrário da Marvel, a DC Comics não tem um estúdio próprio de cinema. Eis uma grande desvantagem dela em relação a Marvel. Por não ter um estúdio próprio, a DC vive tendo de se sujeitar aos mandos e desmandos da Warner Bros. Que por já ser uma grande corporação do cinema, quase centenária e tem monopólio sob todos os seus heróis, isto desde a época em que lançou a clássica quadrilogia do Superman lançada entre 1978-1987 estrelada pelo Christopher Reeve e depois  com a quadrilogia do Batman lançada entre 1989-1997 estrelado por Michael Keaton, Val Kilmer e Georger Clooney. Então por causa disso, a DC não tem autonomia como a Marvel tem para escolher e contratar quem vão ser os profissionais  envolvidos na construção da suas adaptações cinematográficas. Que envolve o elenco, tanto o principal quanto o secundário, o roteirista, o editor, o maquiador e até o diretor. Tudo isto a DC passa pelas mãos da Warner.  Sobre a parte do diretor, é curioso a gente lembrar que na  ocasião que Batman Vs Superman foi lançado em março durante a semana santa, e que dividiu as opiniões, muitos crucificaram Zack Snyder. Tudo bem, que ele pode não ser um Spielberg da atualidade, ele pode ser bom nos efeitos visuais, mas ruim na maneira como dirigi o elenco. Mas ai é que está a questão, ele como diretor estava apenas exercendo a função a que o estúdio o contratou para fazer, e quem foi que lhe contratou o serviço? Sim, a Warner. E é a mesma Warner que estabelece uma política de controle criativo para quem ficar encarregado de adaptar os heróis da DC no cinema. Ou seja, com estes fatores citados, pode-se chegar a conclusão de que a DC não tem autonomia para estabelecer ela mesma o seu universo cinematográfico.






2) Nem tudo na Marvel é um conto de fadas.






















A Marvel que muitos destes críticos rasgam elogios a respeito de toda a estratégia e organização como eles fazem para estabelecer o seu Universo Cinematográfico. Tudo isto porque  ela mesma tem um estúdio próprio, onde tem autonomia para contratar profissionais para trabalharem nas suas adaptações cinematográficas. Que não se pode discordar.   Acontece que anos atrás, na década de 1990, ela sequer teria condições de investir neste meio, isto porque, ela estava quebrada. E para se salvar não via como outra opção mais viável a não ser  vender seus heróis para os grandes estúdios de cinema. Foi nesta ocasião que a Fox comprou os X-men e o Quarteto Fantástico, e a Sony comprou o Homem-Aranha. Estas mesmas que ao comprarem os filhotes mais famosos  e rentáveis  da Marvel  e a salvaram ao longo da década de 2000, quando lançaram estes filmes com exceção do Quarteto Fantástico. Também virariam as suas grandes inimigas  nos tribunais. Principalmente depois que ela ao se reerguer financeiramente e resolveu ela mesma fazer seus próprios filmes a partir  de 2008,  com os universos compartilhados, começando timidamente com “Homem de Ferro”. Com a Sony, o negocio conseguiu ser resolvido amigavelmente com o Homem-Aranha entrando no UCM e no ano que vem terá um novo filme pertencendo a este universo.  Já com a Fox,  a novela está longe de ter um capitulo final, mesmo porque depois que no começo do primeiro semestre deste ano de 2016, onde  fomos surpreendidos com Deadpool, o filme  do mercenário tagarela que ninguém esperava virar um fenômeno. É ai então que a Fox não vai abrir mão dos mutantes tão cedo. Para encerrar, uma coisa muito  importante a ser esclarecida, o fato da Marvel ter esta autonomia com um estúdio próprio, para decidir quem vai contratar para estar envolvido nos seus projetos cinematográficos. Dando mais vantagem a ela do que em relação aos heróis da DC, que vivem submissos a um estúdio que tem monopólios sobre eles. Não significa que as produções da Marvel sejam sempre um conto de fadas. Isto porque a Marvel, como todo e qualquer estúdio, desde que a sétima arte surgiu na França em 1895, tem a sua política de estabelecer um controle criativo, principalmente para os diretores. Este tipo de política tem um lado positivo, já que assim a Marvel pode estabelecer quais pontos podem ser alterados e quais não, tanto na parte do escopo do roteiro, quanto na essência dos personagens, cenários e figurinos. Porém, também existe um lado negativo desta política do controle criativo adotado pela Marvel, que não é uma exclusividade dela, outros estúdios com anos de atividade que também já adotaram e ainda adotam este esquema,  já passaram por esta situação complicada e chata que vou colocar que são as tretas com os diretores. Que por terem de se sujeitarem a esta política da Marvel  acabam não tendo tanto  espaço para trabalhar suas ideias mais autorais. E basta a gente lembrar do problemático “Homem-Formiga”(2015), que muita gente e até eu mesmo fiquei com um pé atrás sobre o que esperar deste filme, depois que o diretor Edgar Wright saiu do projeto ainda na fase de produção por não concordar com este controle criativo da Marvel e o substituíram por Peyton Reed, uma escolha que também gerou incerteza, fora as constantes vezes em que o filme precisou ser reescrito e filmado a ponto de atrasar o cronograma das filmagens.
Espero que após este esclarecimento, tomemos mais cuidado quando a gente se deparar com relação aos conteúdos das informações.





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