domingo, 13 de agosto de 2017

RESENHA DO FILME PLANETA DOS MACACOS-A GUERRA(2017).



Conclusão de um ciclo foi isto o que eu sentir ao conferir a Planeta dos Macacos-A Guerra na noite de sábado, 12 de Agosto de 2017 no Midway Mall. 














O capítulo final da saga reboot da franquia clássica lançada entre a transição dos anos 1960 até mais ou menos meados dos anos 1970 com base no romance do francês Pierre Boulle(1912-1994). Neste filme pude observar toda uma atmosfera bem densa, pesada, com uma alta dose de carga dramática.  A trama mostra as consequências pós-acontecimentos dos eventos de O Confronto(2014), inclusive na abertura aparece textos explicando isto,  desde dos eventos mostrados  em A Origem(2011). Com A Guerra pudemos observar todo o fechamento deste ciclo bem coeso, sem precisar de muitas ideias mirabolantes, com a grande surpresa dos primatas em cena terem ficado tão perfeitamente produzido no CGI que nem por um segundo você lembra que todos eles ali são artificiais com pessoas em capturas de movimento. Destaque principalmente para Andy Serkis como o líder Cesar, ele que já tem esta especialidade de ser dublê de personagens de captura de movimento, basta para isso nos lembrarmos do Gollum da trilogia de O Senhor dos Anéis.  Neste filme então ele se superou na interpretação. O enredo apresenta o cenário de derramamento de sangue entre os macacos e os humanos iniciado depois que Koba tinha traído Cesar em O Confronto, inclusive em alguns momentos o nome dele é mencionado e aparece atormentando Cesar nos pesadelos, principalmente quando este vive se questionando sobre os sentimentos vingativos de mágoa e raiva, os seus demônios internos, principalmente após ver sua esposa e seu filho serem mortos por um malvado Coronel(Woody Harrelson). 











Neste cenário conflituoso e de muito derramamento de sangue em um futuro pós-apocalíptico viral, há primatas que lutam ao lado dos humanos como informantes e colaboradores, alguns destes que foram seguidores de Koba. A direção do filme é do Matt Reeves, que havia dirigido O Confronto, após substituir Rupert Wyatt que havia dirigido A Origem.  Neste filme, ele conseguiu bem conduzir a trama, em conjunto a uma boa direção de arte, mostrando uma fotografia escura que dá um toque bem pesado especialmente quando Cesar e parte de seu bando vai para uma região nevada e descobre que ali há primatas escravizados pelo Coronel que quer criar um muro gigante. Uma inteligente e sútil alusão criticam ao governo de Trump nos EUA. A trilha sonora do Michael Giachinno consegue casar muito bem com toda a atmosfera, todo o clima pesado ao qual o filme se propõe a ser. 











Como já adiantei a técnica da captura de movimento nos macacos está perfeita, ficam parecendo macacos de verdade em cena, e não simples dublês encenando se fazendo passar por simples primatas, usando um traje para criar o frame da captura de movimento. Tanto de Andy Serkis como Cesar e o resto dos atores que protagonizam os primatas, inclusive destaco para o primata que se identifica como Macaco Mau que faz um tipo cômico que provocou muitas risadas na plateia criando um bom frescor quebrando o ritmo da pesada carga dramática que o filme apresenta. Assim como Woody Harrelson como o Coronel transmiti uma sensação super ameaçadora ao papel lembrando o Coronel Kurtz(Marlon Brandon) do clássico Apocalyse Now(1979) e destaco para a menina que é encontrada por Cesar numa casa abandonada e passa a acompanha-lhe na  sua jornada, a maneira como a menina passa sem falar sequer uma palavra e se comunicando em sinais que é o efeito da doença símia fez ele desempenhar bem o papel, coisa que talvez se ela falasse poderia ser muito problemático. No balanço geral, Planeta dos Macacos-A Guerra encerrou com chave de ouro todo o arco do personagem Cesar na trama, fechando todo o ciclo de origens da famosa franquia clássica. Resumindo Planeta dos Macacos-A Guerra é sensacional, uma maravilha, obra-prima do cinema, foda demais.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

RESENHA DE DUNKIRK(2017)

Chirstopher Nolan, mesmo sendo um diretor que divide opiniões, ame ou o odeie, é de se admirar e reconhecer como ele consegue ter a coragem de trabalhar obras mais autorais, numa época em que Hollywood vem se rendendo a onda mais dos reboots, e aos filmes de super-heróis, não querendo se arriscar em ideias novas. Com Dunkirk, seu mais recente filme, que conferi na noite de Quarta-Feira, 02 de Agosto de 2017. Não é diferente. 















O filme nos apresenta o episódio da Evacuação de Dunqurque, também denominada de Operação Dínamo ocorrida entre Maio e Junho de 1940. Uma operação militar que tinha como objetivo inicial 45 mil homens em dois, mas devido ao desastre da Invasão da França pelas tropas nazistas, a operação acabou durando cinco e tiveram de resgatar 120 mil homens.  Temática sobre a Segunda Guerra Mundial já é um elemento bem batido no cinema. Se a gente for pedir indicação de filme desse tipo a um historiador, ele pode mencionar uns mais relevantes, já existem outros que passam batido. O principal diferencial de Dunkirk está maneira como ele apresenta
uma  ótica  sobre este fato  da Segunda Guerra Mundial de uma forma fora do convencional como estamos acostumados em filmes desse gênero onde eles criam uma ideia glamorizada e romanceada de exaltar tendenciosamente  os soldados americanos como os santos imponentes  salvadores do mundo, e os alemães ficarem figurando de forma demonizada como se fossem caricaturas de  vilões com perfis  mirabolantes, maniqueístas de histórias em quadrinhos. No caso de Dunkirk, Nolan aqui não se preocupou em criar estereótipos como estamos acostumados neste tipo de gênero, inclusive sequer é mencionado as tropas alemãs nazistas. 










O grande inimigo representado no filme, que mais amedronta tanto  os soldados em terra no litoral, quanto os marinheiros em alto-mar e os aeronautas no ar, são no aspecto  psicológico causado  pelas angustias, pelas tensões de a qualquer momento você bombardeado, que ficou muito casado com a trilha do Hans Zimmer, um velho parceiro do diretor, cujos  efeitos sonoros criados por ele são magníficos, primorosos que faz o espectador sentir o clima agonizante da guerra. A direção de arte  também é muito primorosa, tanto no aspecto de maquiagem e figurino dos militares. 











A fotografia com paletas de cores escuras cria aquela sensação de desconforto com aquele cenário hostil do conflito, contrastando inclusive com a panorâmica litorânea, que costuma usar paletas de cores com tonalidades amareladas solares para criar um brilho a mais, tudo isso torna o filme impecável.  Agora no aspecto de roteiro, o filme falha em não desenvolver seus personagens, que não tem em nenhum momento seus nomes mencionados. Por causa desse fator, o filme poderia sair perfeitamente se o roteiro fosse trabalhado com mais precisão, mais apuro. 














O fato dos personagens não terem nomes na história, fica difícil uma identificação com o público  a ponto de muitos questionarem se eles realmente existiram  durante o conflito, ou não existiram,  foram criações fictícias do diretor para criar maior carga dramática a trama, o famoso recurso narrativo  da licença poética.  Poderia se tornar uma das  obras-primas mais perfeitas que Nolan já fez, se caso ele tivesse estruturado o roteiro de forma mais apurada e precisa. Ele ainda tem muito chão para chegar ao patamar de Kubrick.