quarta-feira, 6 de março de 2019

ALITA:ANJO DE COMBATE: DO MANGÁ PARA AS TELAS OCIDENTAIS HOLLYWOODIANAS

Finalmente conferi no domingo de Carnaval na sala de cinema do Midway Mall, ao tão aguardado  filme Alita:Anjo de Combate(Alita: Battle Angel, EUA, 2019). Uma adaptação do mangá(quadrinho tipicamente japonês) de autoria de Yukito Kishiro que o publicou a primeira vez no Japão nos anos 1990. Que no original em japonês o título é Gunnm( na escrita ideogramática japonesa em Kanji 銃夢) onde a protagonista se chama Gally que para o Ocidente foi adaptado para Alita. 
















Hollywood tentar adaptar uma obra  japonesa impressa  para o Ocidente não é  tarefa das  mais fáceis, visto o fato de que este tipo de obra procura mostrar a ótica, a percepção, a concepção filosófica e de toda a complexidade de como o japonês vê a vida de modo geral e que nós do Ocidente não conseguiríamos jamais entender.   Ainda mais conseguir manter essa essência num formato estético narrativo que fosse mais atraente e palatável  como blockbusther mercadológico hollywoodiano. Muitas obras japonesas de mangás que já foram adaptados por Hollywood não conseguiram se saírem bem sucedidos nesta empreitada. 








No caso de Alita:Anjo de Combate que teve sua  adaptação contando com nomes de peso, como   James Cameron diretor de filmes grandiosos como os dois  Exterminador do Futuro, Titanic e Avatar e com direção do Robert Rodriguez, diretor de Um Drink no Inferno e Sin City, por exemplo, já se mostrou bem diferente. Cameron há vinte anos  tinha o desejo de fazer a adaptação de Alita, tinha inclusive até comprado os direitos de adaptação ainda na década de 1990, mas durante este longo tempo  ele foi adiando a ponto desse filme ficar num limbo de pré-produção já que Cameron precisou esperar  o tempo certo para chegar a tecnologia adequada para tirar este filme do papel.  Foi só depois do sucesso de Avatar em 2009, filme que ele demorou 15 anos para concluir após vir a tecnologia adequada  que finalmente ele pôde realizar o projeto de adaptar Alita.  No filme tem seu enredo  ambientado  em um futuro pós-apocalítico no ano de 2563, onde após uma grande guerra catastrófica denominada de "A Queda" deixou o Planeta Terra completamente devastado. 








Sem nenhum recurso natural, completamente poluída. É neste cenário desolador que o Dr. Dyson Ido(Christoph Waltz) encontra num lixão pedaços da cabeça de uma robô abandonada de quem ele sequer do seu passado. Ao remodela-la  e lhe dar uma nova vida. Ido passa a ter uma relação de filha com ela e a batiza de Alita(Rosa Salazar). Esta cyborg começa a criar vida própria, aos poucos ela vai conhecendo outras pessoas e outros cyborgs como ela  onde  vai descobrindo outros segredos, como por exemplo a existência de Zalém, um lugar que fica localizado acima da terra e que é um privilegio de poucos. Dentre estes que ela conhece nesta sua jornada está Hugo(Keeran Johnson), um jovem humano que sonha ir para Zalém e que  ela nem sequer desconfia que ele faz o trabalho sujo desmontar junto a uma gang a mando de Vector(Mahershala Ali) que está sendo dominando por Nova em Zalem.








É durante toda esta sua jornada que ela vai se deparar com outros segredos, como o fato do Dr. Ido seu pai de criação ser caçador de recompensas, ela descobrir que foi uma guerreira durante "A Queda". Que Nova é quem manipula tudo ali dentre outros segredos que ao longo da história vão ser descobertos. Como já descrito, adaptar uma obra de mangá para o mercado hollywoodiano não foi tarefa das mais fáceis. 


   






Mas de todo jeito os dois nomes de peso envolvidos no projeto conseguiram bem transmitir de uma forma espetacular, especialmente no design de produção que tornou crível realmente verossimilhante o contexto que aquela obra retrata, um mundo pós-apocalítico onde a humanidade consegue com seres robóticos como os cyborgs de uma forma bem natural. Especialmente da protagonista interpretada por Rosa Salazar, especialmente na captura de movimento facial  onde os olhos esbugalhados da personagem fez distinguir bem de um ser humano comum  e remeter bem fielmente ao traço do  mangá.  Ela também mostrou uma entrega perfeita nas cenas de luta muito bem coreografadas e com uma interpretação emotiva mesmo com um rosto irreconhecível feito digitalmente, mas mesmo   também mostrou-se incrível. Antes de ser a protagonista desse filme  ela já tinha participado de filmes menores em papeis secundários, é bem provável que após este papel muita gente a ouça muito falar no nome dela no  futuro. Quem sabe? Christoph Waltz no papel do Dr. Ido mostrou um  desempenho brilhante, saindo um pouco da zona de conforto de sempre fazer  vilões com ar muito afetado.  Jennifer Connelly no papel da misteriosa e enigmática  Chiren é um tanto quanto subutilizada, Mahershala Ali no papel do Vector desempenha a função de seu personagem como uma espécie de corpo hospedeiro do Nova em Zalém aqui na Terra.






E já Keeran Johnson na pele Hugo foi de todos o que achei que teve o desenvolvimento mais fraco da história, especialmente no ato final que mostrou-se ser bastante  problemático e muito apressado  também.  




Tirando estes problemas na estrutura do roteiro. No geral filme mostrou-se uma grande surpresa para o público em apresentar um novo conceito de ficção cientifica bem cyberpunk, do qual Kishiro bebeu muito da fonte para criar sua história no mangá cujo ritmo é um tanto arrastado, mas com tom bastante reflexivo em imaginar como seria a humanidade sobreviver  no mundo futurista  pós-apocalíptico com a Terra escassa e tendo conviver numa verdadeira barbárie com os robôs sendo a lei, num design de produção primoroso, muito bem  simbolizado na cenografia, na fotografia também com bons ângulos de câmeras  e nas paletas de cores, principalmente externas a noite com as luzes de neon e os figurinos e nas caracterizações  de todos os personagens robotizados como o da protagonista também ficaram impecáveis sem parecer tão extravagante a ponto da maioria ficarem muito ridicularmente  carnavalescos. 






Em um balanço geral, posso descrever que Alita:Anjo de Combate é um filme  bacana, Cameron e Rodriguez cumpriram bem o desafio de adaptar uma história de quadrinhos japonês para o público mais massificado mantendo algumas características importantes do mangá, mas que fosse mais palatável a todo o público ocidental,   pode estar longe de ser uma obra perfeita como ficção cientifica, mas mesmo assim cumpre bem a sua proposta de ser um filme bem pipoca, puramente aventura. Se você que aprecia este gênero com aquele teor mais reflexivo, acho melhor você nem perder tempo e dinheiro assistindo a este filme. No resto posso descrever que só apagar o cérebro e mergulhar na história.       

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