UM OLHAR PARA REFLETIR SOBRE A CARIDADE.
Definir
a importância de Divaldo Franco apenas
como um simples médium, escritor de
inúmeros livros espiritas seria diminuir
muito a importância do que ele realmente representa como um bom exemplo de herói
nacional que anda faltando por ai, principalmente como caridoso filantropo. Um
tipo que sempre luta pela paz, pela caridade e não representado na figura de
tipos utópicos, demagógicos construídos de homens valentes e divinizados guerreiros ou mesmo de mártires representando o combate
eterno do bem contra o mal armado. No
caso de Divaldo, a sua maneira de combater o mal não é através de armas, mas
sim com as palavras transcritas e
psicografadas com os espíritos, transformadas em livros.
É nesse aspecto e muito mais que vamos conhecer
através da sua cinebiografia Divaldo-O
Mensageiro da Paz(Brasil, 2019). Com direção e roteiro de Clovis Mello, a trama foi toda
estruturada em apresentar Divaldo em três diferentes fases da vida dele. O
primeiro momento do filme é mostrado como era sua infância em Feira de Santana/BA.
Vivendo uma vida comum numa família simples
junto dos pais e de seus irmãos. Nesta primeira fase do enredo é retratado Divaldo(João Bravo na primeira
fase) criança já mostrando os seus
primeiros sinais mediunidade. Que apareceu justo no momento em que ele
enfrentou o seu primeiro abalo familiar, que foi quando sua irmã mais velha
comete suicido. Isso deixou sua família bastante abalada, a ponto de ficaram super
decepcionados quando na Igreja que costumavam frequentar, o Padre se recusou a
rezar uma missa por ela. A segunda fase do filme começa com Divaldo(Nessa fase
quem o interpreta é Guilherme Lobo) já na juventude enfrentado outro abalo familiar que foi quando seu irmão José foi encontrado
morto na rua numa noite festiva de São João. É aonde também ocorre uma
importante transição em sua vida. Já que será a partir desse momento que com a sua
mediunidade mais forte, acaba conhecendo uma importante senhora chamada de
Laura(Ana Cecilia Costa) que é médium e ela será a responsável por leva-lo
a capital Salvador, e acolhido em sua casa.
Passará a aprimorar mais a sua habilidade mediúnica que arruma alguns empregos
públicos para conseguir se sustentar. Retrata também os muitos desafios que ele
terá de enfrentar para poder se dedicar ao seu trabalho de mediunidade e de
caridade. Principalmente quando ele teve de abrir mão de uma vida normal como
qualquer pessoa comum, como por exemplo, de constituir família. Principalmente
por ele sempre viver em contato constante com os espíritos, como a sua mentora
espiritual Joana de Angelis(Regiane Alves). E também é mostrado o seu contato
com Chico Xavier(Álamo Facó), e o
momento onde ele quase foi a loucura tentando se matar e conhecendo Nilson(Papel
de Bruno Suzanno na primeira fase e Oswaldo Mill na segunda fase) seu companheiro e
amigo da caridade, será na terceira e
conclusiva fase que o filme retrata o momento dele já o
respeito e conhecido filantropo enfrentando outros desafios de sua vida,
outras tormentas, outras provas e expiações.
E conclui com ele sendo aplaudido para
um público num teatro, com o próprio em pessoa. E recebendo o reconhecimento pelo
seu trabalho filantrópico com a Mansão do Caminho, os livros publicados dentre
outros trabalhos caridosos. A maneira
como o diretor Clovis Mello estruturou todo o mote do filme a dividindo em fases distintas da vida do Divaldo,
ficou excelente, crível. Moldou todo o perfil de Divaldo em suas mais
diferentes camadas principalmente a de ser humano, numa obra que não foi fácil
de ser executada, principalmente para captar recursos e patrocínio ainda na
etapa de pré-produção, mas que no final se mostrou bastante recompensador. Segundo
o próprio diretor declarou, que a maior preocupação dele com relação a obra,
não foi fazer dela uma simples cinebiografia com tom de docudrama, mas sim de
apresentar e propagar-se as mensagens de respeito e amor ao próximo independente
do credo.
Isso me deixou bem evidente que
a intenção do filme não é de doutrinar ninguém, mas sim de transmitir a emoção de
valores de amor ao próximo sem julgamento. Nesses tempos tão difíceis em que
cada vez mais a sociedade está muito materialista e muito mais individualista e egocêntrica, levando ao aumento exorbitante
de altos índices de depressão e suicídio e cada vez mais nos deparamos com
exaltações a heróis superficiais, principalmente os que ostentam uma vida glamorosa
coisa que com Divaldo não faz desse
jeito.
Ele sempre se manteve humilde e simples, e sempre amando ao próximo. Clovis
Mello se preocupou bem em dosar o texto o deixando não tão
melosamente denso e choroso, imprimiu
uns bons toques de comédia para o público
poder ter um bom respiro, mas no momento certo com bom timing, do mesmo jeito
que no drama ele soube como conduzir e direcionar o timing do drama. Muito disso se deve ao roteiro, que contando
com a consultoria do próprio Divaldo dá
para se notar que ele não colocou tanta licença poética. O filme apresentou uma
impecável direção de arte, com belos enquadramentos panorâmicos em planos abertos
mostrando um pouco da linda arquitetura de Feira de Santana e da Salvador de
outras décadas, principalmente nas arquiteturas clássicas e com fotografia com
paletas de cores vibrantes que dão vida a obra e os figurinos com toques vintage
também ficaram impecáveis. Também merece
destaque, o brilhante casting de elenco que conta com muitas participações
estelares.
Com destaque para Bruno
Garcia, protagonizando o Divaldo Franco na terceira fase do filme, com ele mais
amadurecido e já conseguindo lidar muito bem e com muita carga de responsabilidade
da sua missão como médium divulgador e mensageiro da paz e cuja principal
missão é o trabalho com a caridade. Além dele no filme, o mesmo papel também
é protagonizado por Guilherme Lobo com
ele jovem na segunda fase onde mostrou um desempenho seguro dele agindo bastante
imaturo e caindo nas armadilhas do sucesso e com suas inseguranças, mostrando
como qualquer pessoa que estivesse no lugar e muitas se questionando e o menino João Bravo que o protagoniza criança
na primeira fase também se mostrou excelente. Também merece destaque o ótimo desempenho de Marcos Veras,
comediante da nova geração do humor brasileiro que no filme interpreta o Espírito
Obsessor, papel completamente diferente do
que ele está acostumado a fazer que atormenta o Divaldo desde criança. Regiane
Alves como a Joana de Angelis também está brilhante no papel da mentora espiritual
do Divaldo colocando todo aquele ar
sereno a personagem e para concluir destaco aqui a participação de Álamo Facó
que ficou perfeitamente crível como Chico Xavier na cena onde é mostrado Divaldo
visitando a casa dele. No balanço geral,
posso descrever que Divaldo-O Mensageiro da Paz é um filme que
merece sim ser assistido, independente do seu credo religioso, é um filme que vem bem
a calhar neste atual momento em que
vivemos uma sociedade completamente intolerante, polarizada, facilmente influenciável
por energias negativas da cultura inútil, imoral e totalmente materialista,
individualista e egoísta.
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