sábado, 21 de setembro de 2019

DIVALDO- O MENSAGEIRO DA PAZ- A PRÁTICA DA CARIDADE SEM PRETENSÕES DOUTRINÁRIAS

                UM OLHAR  PARA REFLETIR SOBRE A CARIDADE.  



Definir a importância  de Divaldo Franco apenas como um  simples médium, escritor de inúmeros livros espiritas  seria diminuir muito a importância do que ele realmente representa como um bom exemplo de herói nacional que anda faltando por ai, principalmente como caridoso filantropo. Um tipo que sempre luta pela paz, pela caridade e não representado na figura de tipos utópicos, demagógicos  construídos  de homens valentes e divinizados guerreiros  ou mesmo de mártires representando o combate eterno do  bem contra o mal armado. No caso de Divaldo, a sua maneira de combater o mal não é através de armas, mas sim com as  palavras transcritas e psicografadas com os espíritos, transformadas em livros. 


É nesse aspecto e muito mais que vamos conhecer através da sua cinebiografia  Divaldo-O Mensageiro da Paz(Brasil, 2019). Com direção  e roteiro de Clovis Mello, a trama foi toda estruturada em apresentar Divaldo em três diferentes fases da vida dele. O primeiro momento do filme é mostrado  como era sua  infância em Feira de Santana/BA.  




Vivendo uma vida comum numa família simples junto dos pais e de seus irmãos. Nesta primeira fase  do enredo  é retratado Divaldo(João Bravo na primeira fase) criança  já mostrando os seus primeiros sinais mediunidade. Que apareceu justo no momento em que ele enfrentou o seu primeiro abalo familiar, que foi quando sua irmã mais velha comete suicido. Isso deixou sua família bastante abalada, a ponto de ficaram super decepcionados quando na Igreja que costumavam frequentar, o Padre se recusou a rezar uma missa por ela. A segunda fase do filme começa com Divaldo(Nessa fase quem o interpreta é Guilherme Lobo) já na juventude  enfrentado outro abalo familiar  que foi quando seu irmão José foi encontrado morto na rua numa noite festiva de São João. É aonde também ocorre uma importante transição em sua vida. Já que será a partir desse momento  que com a sua mediunidade mais forte, acaba conhecendo uma importante senhora chamada de Laura(Ana Cecilia Costa) que é médium e ela será a responsável  por  leva-lo a capital  Salvador, e acolhido em sua casa. Passará a aprimorar mais a sua habilidade mediúnica que arruma alguns empregos públicos para conseguir se sustentar. Retrata também os muitos desafios que ele terá de enfrentar para poder se dedicar ao seu trabalho de mediunidade e de caridade. Principalmente quando ele teve de abrir mão de uma vida normal como qualquer pessoa comum, como por exemplo, de constituir família. Principalmente por ele sempre viver em contato constante com os espíritos, como a sua mentora espiritual Joana de Angelis(Regiane Alves). E também é mostrado o seu contato com Chico Xavier(Álamo Facó),  e o momento onde ele quase foi a loucura tentando se matar e conhecendo Nilson(Papel de Bruno Suzanno na primeira fase e Oswaldo Mill na segunda fase) seu companheiro e amigo da caridade,  será na terceira e conclusiva  fase  que o filme retrata o momento dele já o respeito e conhecido filantropo enfrentando outros desafios de sua vida, outras tormentas, outras provas e expiações.   





E conclui com ele sendo aplaudido para um público num teatro, com o próprio em pessoa. E recebendo o reconhecimento pelo seu trabalho filantrópico com a Mansão do Caminho, os livros publicados dentre outros trabalhos caridosos.  A maneira como o diretor Clovis Mello estruturou todo o mote do filme  a dividindo em fases distintas da vida do Divaldo, ficou excelente, crível. Moldou todo o perfil de Divaldo em suas mais diferentes camadas principalmente a de ser humano, numa obra que não foi fácil de ser executada, principalmente para captar recursos e patrocínio ainda na etapa de pré-produção, mas que no final se mostrou bastante recompensador. Segundo o próprio diretor declarou, que a maior preocupação dele com relação a obra, não foi fazer dela uma simples cinebiografia com tom de docudrama, mas sim de apresentar e propagar-se as mensagens de respeito e amor ao próximo independente do credo. 




 Isso me deixou bem evidente que a intenção do filme não é de doutrinar ninguém, mas sim de transmitir a emoção de valores de amor ao próximo sem julgamento. Nesses tempos tão difíceis em que cada vez mais  a sociedade está muito materialista e muito mais individualista  e egocêntrica, levando ao aumento exorbitante de altos índices de depressão e suicídio e cada vez mais nos deparamos com exaltações a heróis superficiais, principalmente os que ostentam uma vida glamorosa coisa que com Divaldo não faz  desse jeito.





 Ele sempre se manteve humilde e simples, e sempre amando ao próximo. Clovis  Mello se preocupou bem  em dosar o texto o deixando não tão melosamente  denso e choroso, imprimiu uns bons toques  de comédia para o público poder ter um bom respiro, mas no momento certo com bom timing, do mesmo jeito que no drama ele soube como conduzir e direcionar o timing do drama.  Muito disso se deve ao roteiro, que contando com a consultoria do próprio Divaldo  dá para se notar que ele não colocou tanta licença poética. O filme apresentou uma impecável direção de arte, com belos enquadramentos panorâmicos em planos abertos mostrando um pouco da linda arquitetura de Feira de Santana e da Salvador de outras décadas, principalmente nas arquiteturas clássicas e com fotografia com paletas de cores vibrantes que dão vida a obra e os figurinos com toques vintage também ficaram impecáveis.  Também merece destaque, o brilhante casting de elenco que conta com muitas participações estelares.  





Com destaque para Bruno Garcia, protagonizando o Divaldo Franco na terceira fase do filme, com ele mais amadurecido e já conseguindo lidar muito bem e com muita carga de responsabilidade da sua missão como médium divulgador e mensageiro da paz e cuja principal missão é o trabalho com a caridade. Além dele no filme, o mesmo  papel  também é protagonizado  por Guilherme Lobo com ele jovem na segunda fase onde mostrou um desempenho seguro dele agindo  bastante imaturo e caindo nas armadilhas do sucesso e com suas inseguranças, mostrando como qualquer pessoa que estivesse no lugar e muitas se questionando e  o menino João Bravo que o protagoniza criança na primeira fase também se mostrou excelente. Também merece destaque o ótimo desempenho de Marcos Veras, comediante da nova geração do humor brasileiro que no filme interpreta   o Espírito Obsessor, papel completamente  diferente do que ele está acostumado a fazer que atormenta o Divaldo desde criança. Regiane Alves como a Joana de Angelis também está brilhante no papel da mentora espiritual do Divaldo colocando todo  aquele ar sereno a personagem e para concluir destaco aqui a participação de Álamo Facó que ficou perfeitamente crível como Chico Xavier na cena onde é mostrado Divaldo visitando a casa dele.  No balanço geral, posso descrever que Divaldo-O Mensageiro da Paz é um filme que merece sim ser assistido, independente  do seu credo religioso, é um filme que vem bem a calhar neste atual momento  em que vivemos uma sociedade completamente intolerante, polarizada, facilmente influenciável por energias negativas da cultura inútil, imoral e totalmente materialista, individualista e egoísta.

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