segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O IRLANDÊS- A OBRA-PRIMA DE MARTIN SCORCESE DA NETFLIX


Martin Scorsese é  um cineasta que nesse ano deu o que falar, principalmente na polêmica declaração que fez sobre o que achava dos filmes de super-heróis. Nos brinda com mais uma obra sua magnifica trabalhando com personagens bem complexo como é o caso de O Irlandês(The Irishman, EUA, 2019), produção da Netflix. 







O seu tão comentado filme onde aqui ele retoma uma das abordagens preferidas que envolve o submundo do crime assumindo a dupla  função de diretor e produtor. Baseado na história de Frank Sheeran(1920-2003), vivido magistralmente na tela por Robert De Niro. Um veterano da Segunda Guerra Mundial, que passa a conhecer e entrar para o mundo do crime, na época em que inusitadamente trabalhava como caminhoneiro responsável por entregar carnes aos bares e restaurantes dominados pelas máfias. E será numa dessas entregas que tem início o  seu envolvimento no mundo do crime que ele vai passar a ficar muito próximo de Russell Bufallino(Joe Pesci), que através dele irá conhecer Jimmy Hoffa(Al Pacino) com quem passará a prestar serviços sujos e abomináveis, como tirar a vida de  gente friamente como um matador de aluguel da máfia. A ponto disso modificar completamente sua personalidade por muito tempo  e logo após ser preso viver abandonado pela família.  A trama do filme é narrada em primeira pessoa mostrando Sheeran já idoso vivendo recluso numa clinica sob cuidados médicos, onde ele conta diretamente ao expectador como foi toda a sua trajetória até ali. Principalmente no que envolve a participação da máfia no meio politico americano, tanto nas eleições sindicais, quanto na de John Kennedy para presidente em 1960. A ideia de um filme estar representando o mundo do crime e pela ótica do criminoso como protagonista pode nos passar aquele velho receio principalmente da parte de alguns purista deles quererem criar uma ideia de romantização e glamourização  sobre a vida criminosa. A ponto de servir como péssimo exemplo para formar novos bandidos. No caso de O Irlandês, eu pessoalmente não senti nada disso. Aqui o diretor Martin Scorsese procurou representar toda as camadas de um cara que ao entrar no caminho sem volta da criminalidade, ao mesmo tempo que ganhou status vivendo de luxo ao ficar próximo de gente poderosa,  após cometer muitas atrocidades matando friamente cada um que desse mancada com ele, também descobriu o quão perigoso é aquilo a ponto de ir para na prisão e passar o resto da vida solitário e abandonado pela própria família.   






O  seu roteiro  teve como fonte o livro de memórias  O Irlandês: Os Crimes de Frank Sheeran a Serviço da Máfia.  De autoria do Charles Brandt, advogado e investigador do caso. Que ao ser adaptado por Steven Zaillian imprimiu algumas licenças poética para tornar a história mais cinematograficamente mais palatável e dá mais dramaticidade. Como na cena mostrando Sheeran matando Jimmy Hoffa dentro da residência dele. Se bem que ele havia desaparecido em 1975, e declarado morto em 1982. Até hoje o mistério do seu desaparecimento permanece inconcluso. 




















Além de conter um roteiro bem escrito, o filme também apresenta um ótimo design de produção. Especialmente na caracterização do Robert De Niro bem rejuvenescido para representar as diversas fases da vida de Sheeran em cada época bem datada. Não só nos figurinos, mas também nas locuções que criam uma ótima atmosfera  retrõ com ares bem vintage ao filme. E com um nível de violência bruta e intensa. 






O filme contém 3 horas e meia de duração, para quem prefere ver adrenalina, ação, explosão  e situações absurdas de um pipocão filme blocbusther  dos filmes de super-heróis. Este filme com certeza não foi feito  para  agradar a este tipo de público. Principalmente  por acharem muito chato  e tedioso a quantidade de diálogos muitos expositivos que este filme apresenta. O ritmo vagaroso das cenas que apelam para algumas contemplatividades como o plano sequencia sem cortes do começo do filme passando pelos corredores da clínica onde Sheeran está internando que vai nos direcionando a ele e o mesmo interagir com o público quebrando a quarta parede para contar sua versão da história, como se ele estivesse palestrando ao público numa videoconferência na narrativa em primeira pessoa e lá que ele vivenciou  os seus últimos momentos de vida até sua morte em 2003, vitimado pelo câncer aos 83 anos.  Ou mesmo, nos momentos em que quando somos apresentados a cada mafioso real  com quem Sheeran vai sendo apresentado, aparece umas legendas explicando os rumos reais de cada um teve, como as mortes que sofreram por balas. Esse monte de didatismo apresentado na obra pode tender a agradar quem apreciar e contempla um cinema de valor mais artístico e com um estilo mais peculiarmente autoral de Martin Scorcese.








Num balanço geral, O Irlandês trata-se de um bom exemplo de filme de arte  que vai  com certeza vai tender a despertar o interesse nas premiações, com um personagem bastante complexo que representou bem os perigos de entrar na vida criminosa e suas consequências. Num trabalho bem casado entre direção e texto, e contando com um elenco de feras como além de Robert DeNiro, também contou com Joe Pesci, Al Pacino, Harvey Keitel entre outros. Se você um bom cinema de arte, não perca tempo corre na Netflix que está disponível para você a hora que quiser.

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