Durante este carnaval de
2020, eu estive em Macaíba-RN, mas não pulando em um bloco, estive no Retiro
Flor do Campo, participando da 43°CONFERN-Confraternização da Federação
Espirita do Rio Grande do Norte. E durante estes dias, além de participar de
algumas atividades da doutrina. Eu também tive o prazer de conferir umas
sessões de cinema promovidas como partes
das oficinas artísticas que eles promoveram durantes os cinco dias que fiquei
por lá com direito a debate após o fim da exibição. Os dois em questão que irei compartilhar aqui
minhas impressões são Projeto Florida(The Project Florida, EUA,
2017) e HoneyLand(Medena
Zemja,Macedonia do Norte,2019).
O primeiro que conferi na
segunda-feira, 24 de Fevereiro, foi Projeto Florida. Uma produção
independente, que contou com a direção, roteiro e produção executiva do Sean
Baker. A trama do filme gira em torno de Moone(Brooklin Price). Uma menina que
vive na parte pobre da Florida sendo
criada só por sua mãe Halley(Bria
Vinaite).Uma mulher completamente desequilibrada que não tem o menor pudor de
ensinar coisas erradas a menina, a ponto dela reproduzir isso constantemente.
Principalmente nos vocabulários bocas sujas da mãe. Moone reside num Motel, sim eles chamam este tipo de hospedagem de Motel, o que para nós brasileiros tem um significado mais safadinho ligado a sexo. Para os americanos o conceito de motel é como se fosse uma hospedagem mesmo, como bem foi colocado pelo organizador da sessão no debate após o fim do filme. Lá ela interage com Scooty(Christopher Rivera), seu vizinho, cuja mãe Ashley trabalha numa lanchonete onde ela vive sendo explorada por Moone de adquirir os caros lanches gratuitamente como suborno, o apresenta a uma nova amiguinha Jancey(Valeira Cotto) que passa residir no Hotel vizinho ao seu chamado FutureLand. Que passaram a formar o grupinho de amigos que seus companheiros pelos loucos passeios pelas ruas da Flórida. E correndo bastante pelos corredores do hotel onde ela vive hospedada, que muitas vezes chega a tirar o sono de Bobby(William Dafoe), o gerente do hotel que lida com o duro desafio de manter a ordem nesse estabelecimento onde lida não só com a Moone e sua mãe problemática, mas também com mais gente bastante desequilibrada ou mais que ela. Outro filme que compartilho comentar que conferir no dia seguinte, terça-feira, 25 de fevereiro, lá durante o período que passei na CONFERN em Macaíba, também como oficina e com debate é o documentário da Macedônia do Norte, intitulado mundialmente como HonneyLand, que contou com a direção da dupla Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. Essa obra nos apresentou o drama da camponesa Haditize, que trabalha como uma apicultura, mas de forma diferente. Já que ela vai atrás do mel das abelhas de forma bem artesanal, subindo as montanha e sem se utilizar de nenhuma proteção. Mas mesmo assim, consegue retirar sem sofrer nenhuma picada do ferrão delas. Pois respeita o habitat delas, ela tira sem agredir.
O mel era a única forma de sustento, que vive praticamente reclusa na montanhosa região bucólica macedônica contando só com a companhia de sua mãe já idosa e doente. Com quem ela cuida, já que não tem mais nenhum parente vivo que resida naquela região, e boa parte de suas vizinhanças haviam mudado para outras localidades. Apesar de viver muito solitária ali cuidado da mãe e trabalhando do sustento do mel das abelhas, ainda assim ela conseguia sentir um pouco de tranquilidade. Até o momento em que aparece uma família nômade que passa a se instalar lá e nisso ela já sente que sua tranquilidade estava acabando e assim terá início a um verdadeiro inferno onde o modo de como esta família irá trabalhar na Terra vai perturbar além de sua paz, mas também o seu próprio sustento com os mel das abelhas. Isto porque a maneira como eles vão agredindo o ambiente para pastar e criar gado vai matar as abelhas que produzem o mel que ela leva para ser vendido na cidade grande. Apesar das diferentes estéticas, ambos carregam em comum o fato de não serem facilmente agradáveis para todos os públicos. Principalmente para os que preferem os filmes pipocão como os do gênero super-herói, com seus escapismos, suas fantasias, e um bem definido mote entre o bem e o mal. Nesses dois eles não apresentam nada disso, ambos trazem abordagens sobre a nossa realidade crua, suja, nojenta dos horrores que ocorre no cotidiano. Ambos não são fáceis de serem digeridos, onde os seus respectivos personagens representam situações bastante realistas, com dramas mais humanos, onde eles lidam com problemas diários que estão longe de serem resolvidos com passes de mágica. Em nenhuma dessas obras, não existe distinção de herói, nem de vilão. Ali todos tem suas camadas de representatividade, com suas virtudes e defeitos, onde cada um agem acima do bem e do mal.
Em Projeto Florida, por exemplo, apresenta uma abordagem bem indigesta que envolveu transmitir uma chocante mensagem de crítica social a respeito do modo de vida das famílias pobres americanas e suas consequências para as futuras gerações. Morando de favores em lugares bem xexelentos, como os motéis em um lugar que é o paraíso do consumismo para o turismo como a Florida, onde tem inclusive o famoso parque da Disney. Uma grande ironia. Inclusive o título traz bem uma referência ao projeto de urbanização modernista no estado da Flórida que teve início nos anos 1960/70, quando o Parque da Disney em Orlando estava em construção. Um tom bem provocativo. Uma mascarada realidade terceiro mundista da maior potência econômica do mundo, os EUA, com um texto bastante profundo trazendo muitas mensagens filosóficas e reflexivas. Um filme de abordagem um tanto cult, até meio cabeça, um tanto arte. Que apresenta um ritmo narrativo que não tende a agradar a quem prefere os blockbusters de super-heróis e gosta de ver a adrenalina da ação, da pancadaria e da manobras absurdas e tudo muito frenético. Esta obra no caso não apresenta nada disso. Pois ele apresenta um ritmo muito lento, que se sustenta pelo texto, pela direção e pelo bom elenco que mesmo contando em sua maior parte com atores amadores, se mostram bem afiados nos respectivos papeis. Também em conjunto a direção de arte, que explora bem ótimos planos de contemplatividade, como as cenas onde mostra passeando ou com a mãe e com seus amigos pelas ruas da Florida e lá a câmera dá um destaque em uma ótima de planos sequência da Moone caminhando pelas calçadas passando pelos paraísos de consumismo como os parques, as lojas de grifes ou mesmo grandes fast food, lugares estes que ela não pode usufruir por causa de sua condição financeira e vivendo de favor num motel xexelento e sendo por uma mãe completamente desequilibrada e tão vida louca que não a menor cerimônia para ensinar valores errados a menina a ponto dela reproduzir isto e chegar a cúmulos de absurdos, que são privilégio para poucos para explorar bem este lado provocativo da obra. E a montagem da edição da Moone quebrando a quarta parede com toques de efeitos kuleshov, numa cena dela acompanhada da mãe na lanchonete, se mostrou impecável. Cujo elenco mesmo formado por atores amadores, ainda assim brilham ao retratar mais fielmente a realidade dura, cujo problema está longe de ser solucionado.
Desses atores merecem destaque Brooklin Prince, a menina que protagonizou a Moone desempenhou muito bem em cena o seu papel, mesmo sendo uma atriz inexperiente, ela conseguiu transmitir um ótimo carisma e mostrou um brilhante talento ao conseguir chorar numa das cenas mais impactantes do filme. Também destaco a participação da lituana Bria Vinaite como Halley, mãe da Moone, também mostrou um excelente desempenho no papel, cuja escolha foi bastante curiosa, pois a produção a escolheu através de sua foto na rede social. Ainda ela conseguiu transmitir bem no papel uma dura realidade de desempenhar a função de uma mulher completamente vida louca, que é a pior referência para a filha, mas mesmo assim demonstra o seu amor por ela do jeito dela. Merece menção também do elenco Mela Murder na pele da Ashley, a vizinha do Motel onde Moone fica hospedada, que não por acaso também é mãe do Scooty e é responsável por entregar os lanches gratuito escondidos da lanchonete onde ela trabalha, também demonstrou um bom desempenho no papel, principalmente quando resolve se confrontar com Halley e resolver não querer continuar sendo explorada por ela e como mãe zelosa se mostrou bastante preocupada em observar seu filho Scooty na péssima companhia da Moone, principalmente quando ele lhe revela que participou de um incêndio numa casa abandonada aos arredores daquela região junto com ela. Por fim, merece destaque a participação do veterano e fera da atuação William Dafoe na pele do Bobby, o sindico do Motel onde reside Moone e sua desequilibrada mãe. Ele fez um estudo muito profundo do papel, como bem explicou o responsável pela sessão. Passando semanas em motéis observando a forma de trabalhar dos síndicos para compor o papel e mostrar um desempenho convincente. Quem sempre está habituado a vê-lo incorporando papéis de mau-caráter, neste filme ele teve o grande desafio de incorporar um sujeito dubio que tem a difícil função de manter a ordem num lugar como este onde existe gente que o utiliza como moradia, principalmente a população mais pobre. Cujas nuances envolve o fato dele estar acima do bem e do mal, principalmente nas situações adversas, bizarras e inesperadas que ocorre por lá, como por exemplo, a chegada por engano de um casal de turistas brasileiros ou mesmo quando ele resolve mandar um velho que estava invadindo o território do motel tentando se aproximar das crianças. Já no caso do documentário HoneyLand, a abordagem também não é de fácil digestão, principalmente porque trata-se de uma temática muito barra pesada, que envolve a solidão e também a questão de invasão de território. Esta obra se utiliza de muitos planos de contemplatividade que muitos podem acharem muito chato, por exemplo, a panorâmica bucólica da região montanhosa da Macedônia. Onde há um momento da câmera dá um close num casal de abelhas se acasalando. E os momentos íntimos das crianças nômades tomando banho no rio, isto talvez pode parecer ficar chato para quem não está acostumado a assistir a este tipo de obra. Outra estranheza pode estar no próprio idioma local que é falado, cuja forma fonética pode dar uma impressão deles estarem falando muito grosseiramente. Nessa obra, a dupla que a dirigiu a acompanhou por longos três anos para captar toda a sua emoção. Do mesmo modo, posso destacar que ambas as obras não são fáceis de serem digeridas, por carregarem um tom muito pessimista, onde os problemas que elas lidam ali são reais, o problema é mostrado, mas não tem a intenção de serem resolvidos. Não é todo mundo que irá se agradar por estas obras, principalmente os que tem emoções muito sensíveis.
Principalmente nos vocabulários bocas sujas da mãe. Moone reside num Motel, sim eles chamam este tipo de hospedagem de Motel, o que para nós brasileiros tem um significado mais safadinho ligado a sexo. Para os americanos o conceito de motel é como se fosse uma hospedagem mesmo, como bem foi colocado pelo organizador da sessão no debate após o fim do filme. Lá ela interage com Scooty(Christopher Rivera), seu vizinho, cuja mãe Ashley trabalha numa lanchonete onde ela vive sendo explorada por Moone de adquirir os caros lanches gratuitamente como suborno, o apresenta a uma nova amiguinha Jancey(Valeira Cotto) que passa residir no Hotel vizinho ao seu chamado FutureLand. Que passaram a formar o grupinho de amigos que seus companheiros pelos loucos passeios pelas ruas da Flórida. E correndo bastante pelos corredores do hotel onde ela vive hospedada, que muitas vezes chega a tirar o sono de Bobby(William Dafoe), o gerente do hotel que lida com o duro desafio de manter a ordem nesse estabelecimento onde lida não só com a Moone e sua mãe problemática, mas também com mais gente bastante desequilibrada ou mais que ela. Outro filme que compartilho comentar que conferir no dia seguinte, terça-feira, 25 de fevereiro, lá durante o período que passei na CONFERN em Macaíba, também como oficina e com debate é o documentário da Macedônia do Norte, intitulado mundialmente como HonneyLand, que contou com a direção da dupla Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov. Essa obra nos apresentou o drama da camponesa Haditize, que trabalha como uma apicultura, mas de forma diferente. Já que ela vai atrás do mel das abelhas de forma bem artesanal, subindo as montanha e sem se utilizar de nenhuma proteção. Mas mesmo assim, consegue retirar sem sofrer nenhuma picada do ferrão delas. Pois respeita o habitat delas, ela tira sem agredir.
O mel era a única forma de sustento, que vive praticamente reclusa na montanhosa região bucólica macedônica contando só com a companhia de sua mãe já idosa e doente. Com quem ela cuida, já que não tem mais nenhum parente vivo que resida naquela região, e boa parte de suas vizinhanças haviam mudado para outras localidades. Apesar de viver muito solitária ali cuidado da mãe e trabalhando do sustento do mel das abelhas, ainda assim ela conseguia sentir um pouco de tranquilidade. Até o momento em que aparece uma família nômade que passa a se instalar lá e nisso ela já sente que sua tranquilidade estava acabando e assim terá início a um verdadeiro inferno onde o modo de como esta família irá trabalhar na Terra vai perturbar além de sua paz, mas também o seu próprio sustento com os mel das abelhas. Isto porque a maneira como eles vão agredindo o ambiente para pastar e criar gado vai matar as abelhas que produzem o mel que ela leva para ser vendido na cidade grande. Apesar das diferentes estéticas, ambos carregam em comum o fato de não serem facilmente agradáveis para todos os públicos. Principalmente para os que preferem os filmes pipocão como os do gênero super-herói, com seus escapismos, suas fantasias, e um bem definido mote entre o bem e o mal. Nesses dois eles não apresentam nada disso, ambos trazem abordagens sobre a nossa realidade crua, suja, nojenta dos horrores que ocorre no cotidiano. Ambos não são fáceis de serem digeridos, onde os seus respectivos personagens representam situações bastante realistas, com dramas mais humanos, onde eles lidam com problemas diários que estão longe de serem resolvidos com passes de mágica. Em nenhuma dessas obras, não existe distinção de herói, nem de vilão. Ali todos tem suas camadas de representatividade, com suas virtudes e defeitos, onde cada um agem acima do bem e do mal.
Em Projeto Florida, por exemplo, apresenta uma abordagem bem indigesta que envolveu transmitir uma chocante mensagem de crítica social a respeito do modo de vida das famílias pobres americanas e suas consequências para as futuras gerações. Morando de favores em lugares bem xexelentos, como os motéis em um lugar que é o paraíso do consumismo para o turismo como a Florida, onde tem inclusive o famoso parque da Disney. Uma grande ironia. Inclusive o título traz bem uma referência ao projeto de urbanização modernista no estado da Flórida que teve início nos anos 1960/70, quando o Parque da Disney em Orlando estava em construção. Um tom bem provocativo. Uma mascarada realidade terceiro mundista da maior potência econômica do mundo, os EUA, com um texto bastante profundo trazendo muitas mensagens filosóficas e reflexivas. Um filme de abordagem um tanto cult, até meio cabeça, um tanto arte. Que apresenta um ritmo narrativo que não tende a agradar a quem prefere os blockbusters de super-heróis e gosta de ver a adrenalina da ação, da pancadaria e da manobras absurdas e tudo muito frenético. Esta obra no caso não apresenta nada disso. Pois ele apresenta um ritmo muito lento, que se sustenta pelo texto, pela direção e pelo bom elenco que mesmo contando em sua maior parte com atores amadores, se mostram bem afiados nos respectivos papeis. Também em conjunto a direção de arte, que explora bem ótimos planos de contemplatividade, como as cenas onde mostra passeando ou com a mãe e com seus amigos pelas ruas da Florida e lá a câmera dá um destaque em uma ótima de planos sequência da Moone caminhando pelas calçadas passando pelos paraísos de consumismo como os parques, as lojas de grifes ou mesmo grandes fast food, lugares estes que ela não pode usufruir por causa de sua condição financeira e vivendo de favor num motel xexelento e sendo por uma mãe completamente desequilibrada e tão vida louca que não a menor cerimônia para ensinar valores errados a menina a ponto dela reproduzir isto e chegar a cúmulos de absurdos, que são privilégio para poucos para explorar bem este lado provocativo da obra. E a montagem da edição da Moone quebrando a quarta parede com toques de efeitos kuleshov, numa cena dela acompanhada da mãe na lanchonete, se mostrou impecável. Cujo elenco mesmo formado por atores amadores, ainda assim brilham ao retratar mais fielmente a realidade dura, cujo problema está longe de ser solucionado.
Desses atores merecem destaque Brooklin Prince, a menina que protagonizou a Moone desempenhou muito bem em cena o seu papel, mesmo sendo uma atriz inexperiente, ela conseguiu transmitir um ótimo carisma e mostrou um brilhante talento ao conseguir chorar numa das cenas mais impactantes do filme. Também destaco a participação da lituana Bria Vinaite como Halley, mãe da Moone, também mostrou um excelente desempenho no papel, cuja escolha foi bastante curiosa, pois a produção a escolheu através de sua foto na rede social. Ainda ela conseguiu transmitir bem no papel uma dura realidade de desempenhar a função de uma mulher completamente vida louca, que é a pior referência para a filha, mas mesmo assim demonstra o seu amor por ela do jeito dela. Merece menção também do elenco Mela Murder na pele da Ashley, a vizinha do Motel onde Moone fica hospedada, que não por acaso também é mãe do Scooty e é responsável por entregar os lanches gratuito escondidos da lanchonete onde ela trabalha, também demonstrou um bom desempenho no papel, principalmente quando resolve se confrontar com Halley e resolver não querer continuar sendo explorada por ela e como mãe zelosa se mostrou bastante preocupada em observar seu filho Scooty na péssima companhia da Moone, principalmente quando ele lhe revela que participou de um incêndio numa casa abandonada aos arredores daquela região junto com ela. Por fim, merece destaque a participação do veterano e fera da atuação William Dafoe na pele do Bobby, o sindico do Motel onde reside Moone e sua desequilibrada mãe. Ele fez um estudo muito profundo do papel, como bem explicou o responsável pela sessão. Passando semanas em motéis observando a forma de trabalhar dos síndicos para compor o papel e mostrar um desempenho convincente. Quem sempre está habituado a vê-lo incorporando papéis de mau-caráter, neste filme ele teve o grande desafio de incorporar um sujeito dubio que tem a difícil função de manter a ordem num lugar como este onde existe gente que o utiliza como moradia, principalmente a população mais pobre. Cujas nuances envolve o fato dele estar acima do bem e do mal, principalmente nas situações adversas, bizarras e inesperadas que ocorre por lá, como por exemplo, a chegada por engano de um casal de turistas brasileiros ou mesmo quando ele resolve mandar um velho que estava invadindo o território do motel tentando se aproximar das crianças. Já no caso do documentário HoneyLand, a abordagem também não é de fácil digestão, principalmente porque trata-se de uma temática muito barra pesada, que envolve a solidão e também a questão de invasão de território. Esta obra se utiliza de muitos planos de contemplatividade que muitos podem acharem muito chato, por exemplo, a panorâmica bucólica da região montanhosa da Macedônia. Onde há um momento da câmera dá um close num casal de abelhas se acasalando. E os momentos íntimos das crianças nômades tomando banho no rio, isto talvez pode parecer ficar chato para quem não está acostumado a assistir a este tipo de obra. Outra estranheza pode estar no próprio idioma local que é falado, cuja forma fonética pode dar uma impressão deles estarem falando muito grosseiramente. Nessa obra, a dupla que a dirigiu a acompanhou por longos três anos para captar toda a sua emoção. Do mesmo modo, posso destacar que ambas as obras não são fáceis de serem digeridas, por carregarem um tom muito pessimista, onde os problemas que elas lidam ali são reais, o problema é mostrado, mas não tem a intenção de serem resolvidos. Não é todo mundo que irá se agradar por estas obras, principalmente os que tem emoções muito sensíveis.
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