Sempre
que se ouve falar em falar em Japão, se assimila muito a visão do pais moderno
que simboliza a grande potência econômica. Exportador de tecnologia, prova
disso é o quanto de eletrodomésticos, automóveis e computadores que são de
marcas japonesas. Porém, também existe um grande desafio do Japão manter viva
antigas tradições milenares de geração em geração é o que três obras que
assisti pelo Youtube do diretor Yasujiro
Ozu(1903-1963) bem refletem que se tratam-se de Pai e Filha, O Sabor do
Chá Verde sobre o Arroz e
Era Uma Vez em Tóquio.
Na trama de Pai e Filha (Banshun
晩春 ou como é
escrito na forma ideogramática japonesa
em kanji, Japão, 1949),
temos a história de Noriko(Setsuko Hara) que é uma mulher que está na
idade para se casar, mas se recusa para
cuidar de seu pai Shuchick((Chishû Ryû) que vai fazer de tudo para insistir que
sua filha se case, antes que ela fique velha demais para além do desejável.
Já na trama de O Sabor do Chá Verde
sobre o Arroz (Ochazuke no Aji ou na escrita japonesa em kanji お茶漬けの味 , Japão, 1952), temos a história do casal Satake(
Shin Saburi) e Taeko(Michiyo Kogure), que se casaram através de um arranjamento familiar, um
costume comum entre os japoneses chamados de “miai”. Mas parece que eles não
tendo bons momentos de relacionamento amoroso, inclusive ela tem dado mais
atenção a umas saídas acompanhadas de amigas para ficarem fofocando sobre a
vida alheia. É então que as coisas mudam quando Taeko abriga em sua casa, a sua
jovem sobrinha Setsuko(Keiko Tsushima), uma jovem que está prestes a se casar, onde
estão providenciando um arranjamento, sendo que Setsuko se mostra muito
contrária a esta ideia, prefere se casar com um homem que a amasse em vez de se
casar a força com um sujeito arranjado que ela sequer conhecer e viver infeliz
como a exemplo de Taeko. Taeko meio que a contragosto, resolve aceitar a
difícil missão de instrui-la.
Por fim, na trama de Era Uma Vez em
Tóquio( Tôkio Monogatari ou escrita japonesa em kanji 東京物語 Japão, 1953).
Temos uma história bem familiar que é a
história do velho casal Shuchiki(Chishû Ryû) e Tomi(Chieko Higashiyama) saindo
sua pacata moradia do interior para irem a capital Tóquio, onde vão visitar a
maioria de seus filhos residem por lá. E nessa ida, eles vão se deparar com
algumas estranhezas, principalmente a respeito do costume moderno da capital
que vai gerar um imenso choque cultural neles. Principalmente quando eles se
interagem com seus netos.
Como bem podemos observar Ozu procurou
retratar nestas três obras os aspectos universais que envolvem os
relacionamentos humanos, principalmente na transmissão de valores familiares,
ainda mais dentro dos costumes culturais
complexos da sociedade japonesa
para nós ocidentais cristãos, onde a prática do cristianismo é pequena com um
povo cuja religião é predominante xintoísta e budista.
Ambas as obras podem não agradar a todos
os públicos, principalmente os que não estão habituados a apreciar o tipo de
estética que Ozu trabalhou nestas obras onde ele explora muitas tomadas
contemplativas, principalmente em momentos que mostram como os personagens de cada
uma agem de forma corriqueira, e com
muito silêncio e as vezes sem muito movimento demorando horas onde nada acontece, o que pode ser bastante chato e tedioso para quem não está habituado a
apreciar este tipo de estética cinematográfica.
Fora também o ritmo arrastado da
narrativa e com um texto cheio de complexidades filosóficas que também
não é para qualquer conseguir digerir e compreender o real significado ainda na
visão exótica cultural nipônica, ainda mais no idioma original japonês cuja
fonética é um tanto estranha que dá impressão de que os japoneses estão sempre
de mau humor. Só quem aprecia obras mais cults, mais cinema de arte, cabeça é
que vai apreciar bem estas obras que simbolizam um reflexo do que o Japão
passava em cada uma das épocas em que estas obras foram lançadas,
principalmente tentando se reerguer moralmente e culturalmente depois que o
país ficou completamente arrasado por duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki em 1945 que marcaram o fim
da Segunda Guerra Mundial.
E que hoje é um pais moderno, que
representa uma das grandes potências
econômicas na indústria tecnológica, que vive sempre no dilema entre ser
moderno e preservar suas tradições milenares.
Ainda mais neste momento atual em que o pais está passando por uma situação
bastante delicada, enfrentando um grande prejuízo causado pela COVID-19, que
fez com que o Japão já se preparando
para receber um grande fluxo de turismo por causa do importante evento esportivo
dos Jogos Olímpicos em Tóquio que iria acontecer agora neste segundo semestre
de 2020 precisou ser suspenso e foi adiado para o ano que vem. Triste não.
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