terça-feira, 4 de agosto de 2020

O JAPÃO NA ÓTICA DE YASUJIRO OZU

Sempre que se ouve falar em falar em Japão, se assimila muito a visão do pais moderno que simboliza a grande potência econômica. Exportador de tecnologia, prova disso é o quanto de eletrodomésticos, automóveis e computadores que são de marcas japonesas. Porém, também existe um grande desafio do Japão manter viva antigas tradições milenares de geração em geração é o que três obras que assisti pelo Youtube do diretor  Yasujiro Ozu(1903-1963) bem refletem que se tratam-se de  Pai e Filha, O Sabor do Chá Verde sobre o Arroz e Era Uma Vez em Tóquio.

Na trama de Pai e Filha (Banshun 晩春 ou como é escrito na forma  ideogramática japonesa em kanji, Japão, 1949), temos a história de Noriko(Setsuko Hara) que é uma mulher que está na idade  para se casar, mas se recusa para cuidar de seu pai Shuchick((Chishû Ryû) que vai fazer de tudo para insistir que sua filha se case, antes que ela fique velha demais para além do desejável.






Já na trama de O Sabor do Chá Verde sobre o Arroz (Ochazuke no Aji  ou na escrita japonesa em kanji お茶漬けの味 , Japão, 1952), temos a história do casal Satake( Shin Saburi) e Taeko(Michiyo Kogure), que se casaram  através de um arranjamento familiar, um costume comum entre os japoneses chamados de “miai”. Mas parece que eles não tendo bons momentos de relacionamento amoroso, inclusive ela tem dado mais atenção a umas saídas acompanhadas de amigas para ficarem fofocando sobre a vida alheia. É então que as coisas mudam quando Taeko abriga em sua casa, a sua jovem sobrinha Setsuko(Keiko Tsushima), uma jovem que está prestes a se casar, onde estão providenciando um arranjamento, sendo que Setsuko se mostra muito contrária a esta ideia, prefere se casar com um homem que a amasse em vez de se casar a força com um sujeito arranjado que ela sequer conhecer e viver infeliz como a exemplo de Taeko. Taeko meio que a contragosto, resolve aceitar a difícil missão de instrui-la.







Por fim, na trama de Era Uma Vez em Tóquio( Tôkio Monogatari ou escrita japonesa em kanji  東京物語 Japão, 1953).

Temos uma história bem familiar que é a história do velho casal Shuchiki(Chishû Ryû) e Tomi(Chieko Higashiyama) saindo sua pacata moradia do interior para irem a capital Tóquio, onde vão visitar a maioria de seus filhos residem por lá. E nessa ida, eles vão se deparar com algumas estranhezas, principalmente a respeito do costume moderno da capital que vai gerar um imenso choque cultural neles. Principalmente quando eles se interagem com seus netos.












Como bem podemos observar Ozu procurou retratar nestas três obras os aspectos universais que envolvem os relacionamentos humanos, principalmente na transmissão de valores familiares, ainda mais dentro dos costumes culturais  complexos da  sociedade japonesa para nós ocidentais cristãos, onde a prática do cristianismo é pequena com um povo cuja religião é predominante xintoísta e  budista.

Ambas as obras podem não agradar a todos os públicos, principalmente os que não estão habituados a apreciar o tipo de estética que Ozu trabalhou nestas obras onde ele explora muitas tomadas contemplativas, principalmente em momentos que mostram como os personagens de cada uma  agem de forma corriqueira, e com muito silêncio  e as vezes  sem muito movimento demorando horas  onde nada acontece, o que  pode ser bastante chato e  tedioso para quem não está habituado a apreciar este tipo de estética cinematográfica.

Fora também o ritmo arrastado da narrativa  e com um texto  cheio de complexidades filosóficas que também não é para qualquer conseguir digerir e compreender o real significado ainda na visão exótica cultural nipônica, ainda mais no idioma original japonês cuja fonética é um tanto estranha que dá impressão de que os japoneses estão sempre de mau humor. Só quem aprecia obras mais cults, mais cinema de arte, cabeça é que vai apreciar bem estas obras que simbolizam um reflexo do que o Japão passava em cada uma das épocas em que estas obras foram lançadas, principalmente tentando se reerguer moralmente e culturalmente depois que o país ficou completamente arrasado por duas bombas atômicas nas cidades de  Hiroshima e Nagasaki em 1945 que marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial.

E que hoje é um pais moderno, que representa  uma das grandes potências econômicas na indústria tecnológica, que vive sempre no dilema entre ser moderno e preservar suas tradições milenares.

Ainda mais neste momento atual  em que o pais está passando por uma situação bastante delicada, enfrentando um grande prejuízo causado pela COVID-19, que fez com que o Japão  já se preparando para receber um grande fluxo de turismo por causa do importante evento esportivo dos Jogos Olímpicos em Tóquio que iria acontecer agora neste segundo semestre de 2020 precisou ser suspenso e foi adiado para o ano que vem.  Triste não.


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