SERÁ
MESMO QUE TODO CRÍTICO QUE ODIOU MULHER-MARAVILHA 1984
É UM
ANTON EGO DE RATATOUILLE?
Eu
ainda não fui ver Mulher-Maravilha
1984, e nem sei se ainda irei ver nos cinemas, já que ainda não me sinto muito inseguro em entrar
novamente numa sala de cinema vendo este desgraçado vírus da COVID-19 ainda
ameaçando a vida de muita gente e dizimando mais vidas. Porém, tenho
acompanhado bastante as notícias sobre
as repercussões desanimadoras envolvendo
o filme que a crítica especializada não gostou, o Rotten Tomattoes, um site composto por
diferentes críticos e com base nas avaliações dão notas podres quando é ruim e
frescas quando é boa, dependendo da porcentagem, que antes deu um certificado de aprovação nas
sessões exclusivas da crítica especializada nas prévias, depois que chegou aos cinemas e nas semanas
seguintes de exibição deu um péssimo
certificado de aprovação ao filme e as
repercussões dos canais de Youtube negativas tem sido unânimes. Eu mesmo tenho sentido isso
sempre que posto algum link de sites com
notícias sobre Mulher-Maravilha 1984 no feed do Facebook na página do meu Grupo do Cinema com
Super-Herói quando posto de qualquer
site sobre a arrecadação do filme que tem noticiado como grande o que é para
ser questionável, sempre tem alguém comentando que a obra é uma bosta. O que
tem gerado toda uma saraivada de ataques polarizados da parte de dcnautas
contra a crítica especializada, principalmente na Internet. Com os
canais do Youtube inclusos.
Essa
sensação de hostilização, ojeriza desse público com a opinião da crítica especializada me remeteu a animação da Pixar Ratatouille(EUA,
2007).
Mas,
vocês leitores devem estarem se perguntando: Por quê disso me remeter a
animação da Pixar que não tem nada haver? Não é nem um filme de super-herói?
Calma, eu vou explicar, no filme temos a história do
ratinho Remmy(Voz original de Patton
Oswald e na versão BR por Phillipe Maia), que sempre foi diferente da sua
colônia de ratos, porque ele desenvolveu uma ótima habilidade olfativa e era
bastante apreciador da boa culinária.
Queria
mostrar essa sua capacidade para a arte de cozinhar e ser um gourmet, e tinha
como grande ídolo o chef August Gusteau(Voz original de Brad Garret e na versão
BR foi dublada por José Santa Cruz), o dono do conceituado e glamouroso restaurante de Paris, o Gusteau´s.
É
ao ver o noticiário na TV da casa de uma senhora no campo, onde sua colônia de ratos estava estabelecida
sobre o Restaurante que ele descobre que Gusteau faleceu e ao ver que, por exemplo, lá conhece Anton
Ego(Voz original de Peter O´Toole e de Lauro Fabiano na Versão BR), um ferrenho
crítico gastronômico, que se acha o dono da razão, e tem a última palavra, sendo entrevistado depois de fazer uma crítica horrível sobre os últimos pratos
do restaurante que fez ele perder uma das cinco estrelas a ponto do Gusteau ser
ameaçado de fechar as portas. Ao ser descoberto e botado para fora da casa
dessa velhinha, Remy se separa do seu bando e vai a Paris em busca de seu
sonho. Sempre ouvindo e conversando inconscientemente o Gusteau em sua mente. Com
seu famoso lema: “Qualquer um pode ser
um cozinheiro”. Ao chegar ao restaurante, conhece o atrapalhado do Alfredo
Liguini(Voz original de Lou Romano e na versão BR dublada pelo célebre ator global Thiago Fragoso), que
consegue um emprego de ajudante de cozinha, onde vai conviver entre a equipe
com tipos bem esquisitos como o Skiner(Voz original de Ian Holm e na versão BR
dublada por Marcio Simões), um nanico muito autoritário que vai se revelar o
grande antagonista da obra. Principalmente o grande segredo para o Liguini um
atrapalhado que não cozinhava nada,
conseguir fazer bons pratos vai ser graças a ajuda do rato Remy que o manipula
pegando nos fios de seus cabelos a quem ele chama carinhosamente de
Mini Chefe. Além desse, também conhecerá Colette(Voz original de Jeanne
Garofallo e na versão BR dublada pela então célebre atriz da Rede Globo Samara
Fellipo). A única mulher na equipe da cozinha do Gusteau´s, que será sua
orientadora-auxiliar, e com quem vai viver um par romântico.
A
forma como dá certo a parceria do Liguini com o Remy, e quando este descobre
que era herdeiro do Gusteau que vai dar uma nova respirada no restaurante
atrair seus antigos clientes. Ao mesmo tempo que também vai afetar um pouco a
parceria, já que Liguini ficou tão impressionado e deslumbrado com o sucesso que ao deixar subir muito a
sua cabeça, acaba ignorando Remy
e quando flagra este deixando sua colônia roubando as comidas do cofre do
restaurante o expulsa de vez da sua vida.
Até
o momento que aparece o grande desafio que é quando o Anton Ego, o temido
crítico gastronômico aparece durante uma coletiva dele de imprensa e o desafia
a fazer um dos pratos para ele para ser analisado na sua crítica do jornal.
E
ai que Liguini se desespera e resolve ir atrás do Remy, fazer as pazes com ele
e preparar um prato que tenha a difícil missão de agradar ao exigente Anton Ego.
Para
piorar, Liguini resolve contar toda a verdade para a sua antiga equipe que ele
era uma fraude, e quem cozinhava de verdade era um rato, todos indignados o abandonam, até mesmo
Collete, então todos os membros da sua colônia é quem resolvem ajudá-lo a
preparar o prato para a pessoa mais desagradável, mais intragável e mais indigesta de lidar que é o
temido crítico gastronômico Anton Ego sempre repetindo a palavra “perspectiva”,
como seu mantra para ser surpreendido. E
justo neste momento que aparece duas pessoas ameaçando denunciar o
estabelecimento por calamidade de saúde pública
como o Vigilante Sanitário e Skinner
para se vingar por ter sido expulso do restaurante. É então que Remy resolve preparar o
Ratatouille, um dos pratos mais caracteristicamente francês de legumes com
guisado bem rustica, que o exigente do
Anton Ego ao experimentar aquele prato entra num momento de êxtase de quando
lembra de sua infância quando vivia uma vida modesta no campo e tinha uma
verdadeira paixão por aquele prato preparado por sua mãe.
Então, ele exigi ao Liguini apresentar
quem foi o responsável pelo prato, Liguini convence Ego a esperar todo mundo
sair, e quando o restaurante já estava
completamente vazio e que Liguini apresenta a Ego que aquele prato foi
feito por um bando de ratos, Ego vai embora e no seu escritório escreve em sua
máquina datilográfica a sua crítica no jornal ao prato do Gusteau´s, fazendo até uma
autoanalise sobre a função dele como crítico de arte, no caso gastronômico e
rasga mil elogios com o restaurante, com o prato que lhe foi oferecido que
mexeu com seus sentimentos. Apesar da crítica positiva do Ego, isto não impediu
o fechamento do estabelecimento, por conta do problema de ameaça a saúde pública
com a infestação dos ratos.
Liguini
e Collete terminam o filme abrindo outro estabelecimento com o nome de
Ratatouille, onde o rato Remy vira o
cozinheiro e Anton Ego torna-se seu
cliente mais assíduo dizendo como última frase me surpreenda ao se dirigir ao
Remy.
O
filme contou com a direção de Brad Bird
que já carregava uma extensa carreira na animação desde os anos 1980, antes de
se aventurar na Pixar tinha dirigido O Gigante de Ferro(The Iron
Giant, EUA 1999) para a Warner. E na Pixar, além de Ratatouille dirigiu Os
Incríveis (The Incredibles, EUA, 2004)e Os Incríveis 2(The
Incredibles 2, EUA, 2018).
Depois
de Ratatouille, um filme que teve uma produção bastante problemática, Brad Bird
foi se dedicar a dirigir produções em live action como Missão Impossível:
Protocolo Fantasma (Misson: Impossible-Ghost Protocol, EUA, 2011) e Tomorrowland-Um
Lugar Onde Nada é Impossível(Tomorrowland,EUA,2015).
Mesmo com muitos percalços durante toda a
etapa de produção que envolveram muitos conflitos criativos de ideias durante a concepção do roteiro, a
obra realmente conseguiu cumprir bem o seu objetivo característico da Pixar que
foi trazer um ar reflexivo e filosófico com as sutilidades do roteiro sobre as realizações dos nossos
sonhos, dos nossos objetivos, bem representado na figura do rato Remy e com sua
vocação para a gastronomia.
A
forma como o filme prestou uma singela homenagem a paixão pela arte
gastronômica, representada tanto na paixão dos protagonistas que é o rato Remy e o Liguini, que fazem dela sua
profissão quanto na figura pouco amigável do Anton Ego, o crítico gastronômico que
vive perseguindo o Restaurante Gusteau´s.
O
Anton Ego em especial é o que mais posso aqui destacar e me concentrar como
principal motivo do meu questionamento que lancei a respeito da má repercussão
de Mulher-Maravilha 1984 da critica especializa os tornarem vistos como
o antagonista dessa obra da Pixar, principalmente pela reação dos DCnautas que
amaram o filme. Que apesar de não ter nada a ver, mas pelo menos tem uma
característica que reflete bem mais ou menos essa sensação que o público dcnauta tem com relação aos que
trabalham na critica especializada por
ojerizarem o filme.
Isso
porque de alguma forma a maneira como o personagem foi pincelado na obra como
vilão bem representa essa sensação de
ódio do público a quem trabalha como crítico especializado de arte, seja em qual área que for, no caso de
Ratatouille que é gastronomia,
o Anton Ego representou bem a sensação ao qual o espectador sentia ódio por ele detonar o Restaurante
Gusteau´s isto pode ser bem perceptível
pela forma como concebido o seu design de caracterização com um rosto esguio e anguloso, um nariz
adunco para criar aquela personalidade intimidadora e egocêntrica ao personagem,
o olhar frio e intimidador, em conjunto
aos ângulos de câmera em contra-plongés, que posicionadas abaixo dele deram
aquele ar de superioridade e grandeza ao personagem. Que em conjunto ao seu
figurino sempre elegante todo vestido de
preto com cachecol roxo e sapatos pretos,
e com um porte intelectualizado usando
óculos e com uma pele pálida que lembrava um vampiro sanguessuga, aquilo
ajudou a compor o perfil soturno,
sombrio e pouco amigável do personagem,
o que também pode ficar evidente pela maneira como foram trabalhadas as luzes e
as sombras ao seu redor, como nas cenas
ambientadas dele sentado em seu escritório digitando em sua máquina
datilográfica a sua crítica ao Gusteau´s. Que ajudaram a compor a atmosfera
sombria, pesada e negativa que o
personagem carrega em todo o filme, que na versão original foi dublado pelo já
falecido astro de Lawrence da Arábia(Lawrence of Arabia, EUA,
1962) Peter O´Toole(1932-2013) que sendo britânico imprimiu bem no personagem uns toques
elegância em sua fala, que na versão brasileira foi dublado
por Lauro Fabiano(Dublador do Alvo Dumbledore nas séries de filmes de Harry
Potter), onde ambos fizeram trabalhos de vozes incríveis ao representaram cada nuances e
trejeitos de fala do personagem, especialmente na forma delicada, refinada e elegante que dava bem aqueles toques esnobes,
egocêntrico e bastante intimidador ao Ego, cujo nome já entregava esta
característica, do estudo do ego da psique humana, que só depois dele experimentar o Ratattouile
do Rato Remy é que extasiado em sua cartase, quando ao dar umas
garfadas naquele prato o fez lembrar da nostálgica lembrança de sua
humilde infância no campo, quando sua mãe preparava um prato idêntico
aquele, ele então foi mudando seu conceito, e quando descobriu
que foi preparado por um rato, acabou escrevendo em seu texto uma crítica
positiva ao Gusteau´s e criticou a
própria crítica. Cuja função é falar bem ou mal de qualquer coisa, que isto é
até fácil, mas acaba esquecendo outros olhos e outras visões do que uma coisa
que a ignora a primeira vista pode nos surpreender demais.
Também
do elenco de vozes originais, outro ator
famoso que faleceu recentemente, o também britânico Ian Holm(1931-2020),
eternamente lembrado como o Bilbo Bolseiro da clássica trilogia de O
Senhor dos Anéis, formada por O Senhor dos Anéis: A
Sociedade do Anel (The Lord of the Rings The Fellowship of the Ring, Nova
Zelândia, EUA, 2001), O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The
Lord of the Rings: The Two Towers,Nova Zelândia, EUA,2002), e Senhor
dos Anéis: O Retorno do Rei(The Lord of the Rings: The Return of the
King, Nova Zelândia, EUA, 2003). Na
animação de Ratatouille ele é quem ficou encarregado de fazer a voz
original do Skinner, sujeito bastante mal humorado e bastante mal intencionado,
que vai fazer de tudo para puxar o tapete do Liguini e que na versão brasileira coube a Marcio Simões(Dublador do Gênio na
animação de 1992 de Aladdim
da Disney com voz de Robin Williams e também no live action de 2019 estrelado por Will
Smith) representar a sua voz num trabalho perfeito de incorporar o jeito de falar
gritado, grosseiro e irritante dele.
Também
merece menção do seu casting de vozes da
versão brasileira, os destaques as participações de Thiago Fragoso e Samara
Felippo, dois jovens astros em evidência
e com a carreira em ascensão da Rede
Globo na época, fazendo as vozes na animação do Liguini e da Colette, o casal protagonista da
obra. Thiago Fragoso mostrou boa desenvoltura e uma boa sacada no trabalho de
voz que incorporou para o personagem,
especialmente no timming cômico dele agir muito pateticamente e abobalhado
imprimindo carisma a um perfil de um
tipo malandro e um tanto picareta, aproveitador e cara de pau, principalmente no
que dizia respeito a ele incorporar um
sujeito que estava enganando todo mundo fingindo-se
que era um talentoso gastrônomo, ainda
mais depois que descobre ser filho
bastardo do Gusteu´s, temática bem pesada para ser abordado num desenho infantil, quanto na verdade não passava de uma marionete
humana de um rato, que este sim era um talentoso gourmet, os créditos que ele levava por essa
mentira subiram tanto a cabeça dele a ponto de não perceber a
armadilha que estava entrando, mas teve sua jornada de redenção depois. E
Samara Felippo, como a voz da Colette mostrou um bom desempenho dela, na
personalidade bem exigente, rigorosa, rígida,
empoderada e perfeccionista ao fazer dela principalmente nas suas falas
muito gritadas e até bastante afetadas
quando perdia a cabeça com o Liguini com quem acaba se apaixonando, mesmo depois de
descobrir o quão babaca e pilantra que ele se mostrou depois. E o Phillipe Maia(Dublador
do Matt Murdorck na série do Demolidor da Netflix) como o rato Remy também ficou crível ao
trabalhar bem a personalidade em diferentes camadas que fazia o público se
importar com ele na sua jornada de realizar seu sonho de ser reconhecido pelo
que sabia fazer melhor. E fora que é bastante perceptível o quanto o filme traz toda
uma atmosfera vintage em sua cenografia de uma Paris, ambientado talvez nos anos 1980, visto
que Ego escreve suas críticas numa máquina datilográfica, o modelo de TV que
Remy assisti na casa de campo de uma senhora ao noticiário sobre o Gusteu´s é
de tubo polegadas, e é lido em jornal
impresso enfim.
No
balanço geral, posso concluir que Ratatouille mostrou ser um bom exemplo para entendermos esta sensação
de ojeriza que nesse atual momento os fãs dcnautas tem em relação ao que a
critica especializada vem detonando a obra de Mulher-Maravilha 1984.
Ok, que aqui nessa obra o foco é na arte
gastronômica, mas que também é valido para o cinema, principalmente com relação ao sentimento do público que amou
Mulher-Maravilha 1984, tem pela crítica especializada que detonou a
obra. Onde aqui o Ego, o crítico gastronômico desde o começo nos foi
pincelado como grande vilão, a ponto que
ele carregava algum traço de perfil vilanesco,
como bem destaquei em seu design de caracterização para destruir o Gusteau´s e tudo
que ele dizia era uma palavra final. Mas
se fomos observando em suas diferentes
camadas que não foi bem assim. Principalmente, quando ele experimenta o prato
do Ratatouille feito pelo Remy, pudermos observar uma outra camada dele que
mostrou ao dar a primeira garfada no Ratatouille lhe remetendo ao deja vu de quando
se deliciava com este mesmo prato que ele experimentava na sua humilde infância
no campo feito por sua mãe, compreendemos as razões do porque ele era tão
apaixonado pela arte da gastronomia e transformou a sua paixão na sua
profissão, não como chefe de cozinha e
dono de um grande restaurante, mas, como um trabalho intelectual, a obra não
especifica se ele é jornalista, que
escreve suas críticas numas colunas de jornais. É ai que o negócio vai mudando
de figura, quando percebemos que ele também era um ser humano cheio de falhas e
defeitos, e que também pode errar mudar de opinião, seja para o bem ou para o
mal.
Enfim,
isso também é um exemplo válido para explicar
a respeito dessa sensação que Mulher-Maravilha 1984 tem ocasionado nessa
polarização entre o público que amou e a critica que detestou. Ninguém é dono da
verdade, tudo existe opiniões diferentes. O que é saudável e desde que seja tratado
com respeito e tolerância, até porque
ninguém é igual neste mundo. O conceito de normal é muito variado, portanto,
não vamos entrar em conflito por besteira, num momento tão complicado que
vivemos.
A
quem ainda não viu, ou já assistiu e quer dar uma revisitada em Ratatouille,
ficou interessado em conferir após ler esta minha crítica ao filme, ele
se encontra disponível no serviço de streaming da Disney Plus.
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