sexta-feira, 15 de outubro de 2021

RESENHA DO FILME MÁ EDUCAÇÃO(2019)

 

A CORRUPÇÃO NO SISTEMA  EDUCACIONAL

 

 

Um dos principais pilares  que o educador tem em sua função de ensinar, principalmente ao educar os filhos dos outros,  envolve ensinar valores éticos, principalmente sobre honestidade e não construir sobre mentiras.




O mais respeitado educador brasileiro Paulo Freire(1921-1997), definia a função do educador na seguinte frase:

O Educador se eterniza em cada ser que educa.

Já Andrea Ramal define a função do educador como:

O Educador não é só expositor de conteúdos: ele desperta a paixão pelo saber e nos faz pensar, para além da escola, nas motivações da nossa vida.




No meu tempo de adolescente  estudante de ensino fundamental e médio, eu ouvia muito discretamente as conversas de diretores e de outros funcionários  da sobre a reclamação do mau comportamento dos alunos, um bando de desviantes quando perdiam a cabeça com eles e temendo pelo futuro deles, achando que eles tenderiam  a virarem mais um dos futuros políticos corruptos, ou mesmo como bem já ocorreu de um coordenador reclamar que político para roubar já aprendia a fazer isso desde criança mentindo para os país.

É são desses a quem nossos docentes, cobram ao fazerem greves pelos baixos salários.





Mas, porém, todavia, entretanto, e se por acaso eles não perceberem  que a prática da  corrupção também ocorre dentro do ambiente deles. Principalmente nos altos cargos de tesourarias que mexem com os repasses das verbas governamentais.

O filme  Má Educação (Bad Education, EUA,2019) explora bem esse  pior exemplo de prática da corrupção no sistema educacional.





Baseado em uma história  real, ocorrido em 2004, na Escola Pública do Distrito de Roslyn, em  Long Island onde o diretor-superintendente dessa instituição, Frank Tassone(Hugh Jackman)  era um cara que ninguém jamais podia suspeitar que por trás da maneira como conseguia alavancar a moral da escola a fazendo figurar entre as melhores escolas públicas norte-americanas,  levando inclusive as seus alunos a ingressarem em instituições universitárias conceituadas como Harvard e Yale, fazia roubando, desviando verbas para gastos pessoais.




Tassone mostrava ser um sujeito bastante admirável dentro da escola, era sempre atencioso com seus alunos e com a família deles. Participava de tudo que fosse relacionado aos eventos escolares, sempre sendo um bom incentivador dos alunos.   Sendo que ninguém sequer suspeitava dos segredos escusos de como ele roubava as verbas da escola e principalmente escondia uma vida dupla. Dentro da escola ao ser perguntado de sua esposa, ele dizia que era viúvo, mas,  na verdade, vivia se escondendo  no armário com sua homossexualidade, pois já era casado com um homem.




Tudo ocorria sem gerar tanta suspeita, até o momento onde ocorre de sua aluna Rachel(Geraldine Viswanathan), uma aspirante a jornalista que escreve para o pequeno jornal da escola, quando vai a sua sala para pedir uma rápida declaração sobre o ambicioso projeto dele, é que começaria a partir  uma investigação que o levou para a prisão e manchou para sempre a reputação dele.




O filme contou com a direção de Cory Finley, que junto ao seu roteirista Mike Makovsky, não por acaso um ex-aluno dessa instituição e que conviveu com Tassone. Ambos optaram aqui por em vez de ao contar a história verídica pela ótica da Rachel, a aluna da instituição começando a utilizar os seus dotes jornalísticos e um tanto amador,  inspirado na intrépida repórter Lois Lane das histórias do Superman, para trazer aquela estética inspirada ou mesmo seguindo nos moldes de filmes sobre instigação jornalística como Spotlight (EUA, 2015) ou mesmo The Post(EUA,2017). Onde poderia criar uma atmosfera romantizada da profissão, principalmente envolvendo o dilema dela se noticiava ou não.

Aqui não, eles optaram pelo foco na desconstrução da imagem de Tassone como herói da escola aos poucos, fazendo cair sua máscara. Principalmente quando outra gente da instituição também fazia suas roubadas das verbas escolares junto com Tassone como a coordenadora Pam Gluckin(Allison Janney), principalmente quando o filho numa balada termina sendo preso em flagrante, por exemplo e como ele colocava o seu marido como um  laranja. A obra contou em seu elenco com  Hugh Jackman protagonizando o Tassone, que  segurou muito bem o filme com sua ótima interpretação em todas as camadas de Tassone, o eterno Wolverine do cinema, desempenhou aqui o brilhantemente  papel do diretor que mostrava ser bem intencionado pela educação, mas diante de tanta mentira que ele construiu, principalmente na maneira como ele até mesmo acreditava nas próprias, especialmente na sua vida tripla, de esconder da escola que era gay, já muito bem casado com um homem e mantém isso quando se envolve com seu ex-aluno. A comunidade LGBTQIA+, com certeza se revoltaria com o tipo de representação banal que o filme criou a respeito da representatividade homoafetiva com tanto desrespeito e ataques homofóbicos que existem. Porém, temos de levar em conta que é um pouco difícil ter pena do cara que enganava todo mundo a sua volta, até mesmo o próprio marido. Foi muita canalhice o que ele fez. Allison Janney defendeu bem o papel da coordenadora Pam Gluckin, principalmente em sua subtrama mostrando que ela também teve uma participação na roubalheira da escola. E Geraldine Viswathan como a Rachel, a jovem estudante da instituição, aspirante a jornalista cuja matéria que publicou com toda essa denúncia foi que manchou a reputação de Tassone na escola, defendeu bem o papel apesar de sua subtrama ter sido a mais fraca, bem poderia ter um destaque a mais numa pegada de instigação jornalística, mas como tanto o diretor e o roteirista optaram por essa visão, fica compreensivo.

Ao caro leitor que for da área da educação,  tipo um professor ou mesmo pedagogo, ou trabalha num cargo de coordenação pedagógica de alguma escola pública ou particular,  eu não recomendo assistir esse filme, se quiser assistir mesmo assim, que o veja com a  cabeça aberta. Porque ele pode ser bastante depressivo para você dependendo logicamente  do seu estado de espirito, mostrando como até mesmo dentro do ambiente de ensino, não está imune de haver corrupção e esse ciclo vicioso não se acaba. Ainda mais que a trama foi baseada num fato verídico. Triste. Não.

Quem tiver um aparelho de SMARTV, como eu tenho é só procurar lá no catálogo de filmes que tem disponível e foi onde vi esse filme. Não confundir o título dessa obra em português com Má Educação  (La Mala Educación, Espanha, 2004), obra do espanhol Pedro Almodóvar.


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