A
CORRUPÇÃO NO SISTEMA EDUCACIONAL
Um
dos principais pilares que o educador
tem em sua função de ensinar, principalmente ao educar os filhos dos outros, envolve ensinar valores éticos, principalmente
sobre honestidade e não construir sobre mentiras.
O
mais respeitado educador brasileiro Paulo Freire(1921-1997), definia a função
do educador na seguinte frase:
“O
Educador se eterniza em cada ser que educa.”
Já
Andrea Ramal define a função do educador como:
“O
Educador não é só expositor de conteúdos: ele desperta a paixão pelo saber e
nos faz pensar, para além da escola, nas motivações da nossa vida.”
No
meu tempo de adolescente estudante de
ensino fundamental e médio, eu ouvia muito discretamente as conversas de
diretores e de outros funcionários da sobre
a reclamação do mau comportamento dos alunos, um bando de desviantes quando
perdiam a cabeça com eles e temendo pelo futuro deles, achando que eles tenderiam
a virarem mais um dos futuros políticos
corruptos, ou mesmo como bem já ocorreu de um coordenador reclamar que político
para roubar já aprendia a fazer isso desde criança mentindo para os país.
É
são desses a quem nossos docentes, cobram ao fazerem greves pelos baixos
salários.
Mas,
porém, todavia, entretanto, e se por acaso eles não perceberem que a prática da corrupção também ocorre dentro do ambiente
deles. Principalmente nos altos cargos de tesourarias que mexem com os repasses
das verbas governamentais.
O
filme Má Educação (Bad
Education, EUA,2019) explora bem esse pior exemplo de prática da corrupção no sistema
educacional.
Baseado
em uma história real, ocorrido em 2004,
na Escola Pública do Distrito de Roslyn, em
Long Island onde o diretor-superintendente dessa instituição, Frank
Tassone(Hugh Jackman) era um cara que
ninguém jamais podia suspeitar que por trás da maneira como conseguia alavancar
a moral da escola a fazendo figurar entre as melhores escolas públicas
norte-americanas, levando inclusive as
seus alunos a ingressarem em instituições universitárias conceituadas como
Harvard e Yale, fazia roubando, desviando verbas para gastos pessoais.
Tassone
mostrava ser um sujeito bastante admirável dentro da escola, era sempre
atencioso com seus alunos e com a família deles. Participava de tudo que fosse
relacionado aos eventos escolares, sempre sendo um bom incentivador dos alunos. Sendo
que ninguém sequer suspeitava dos segredos escusos de como ele roubava as
verbas da escola e principalmente escondia uma vida dupla. Dentro da escola ao
ser perguntado de sua esposa, ele dizia que era viúvo, mas, na verdade, vivia se escondendo no armário com sua homossexualidade, pois já
era casado com um homem.
Tudo
ocorria sem gerar tanta suspeita, até o momento onde ocorre de sua aluna Rachel(Geraldine
Viswanathan), uma aspirante a jornalista que escreve para o pequeno jornal da
escola, quando vai a sua sala para pedir uma rápida declaração sobre o
ambicioso projeto dele, é que começaria a partir uma investigação que o levou para a prisão e manchou
para sempre a reputação dele.
O
filme contou com a direção de Cory Finley, que junto ao seu roteirista Mike
Makovsky, não por acaso um ex-aluno dessa instituição e que conviveu com
Tassone. Ambos optaram aqui por em vez de ao contar a história verídica pela
ótica da Rachel, a aluna da instituição começando a utilizar os seus dotes
jornalísticos e um tanto amador, inspirado na intrépida repórter Lois Lane das
histórias do Superman, para trazer aquela estética inspirada ou mesmo seguindo nos
moldes de filmes sobre instigação jornalística como Spotlight (EUA,
2015) ou mesmo The Post(EUA,2017). Onde poderia
criar uma atmosfera romantizada da profissão, principalmente envolvendo o
dilema dela se noticiava ou não.
Aqui
não, eles optaram pelo foco na desconstrução da imagem de Tassone como herói da
escola aos poucos, fazendo cair sua máscara. Principalmente quando outra gente
da instituição também fazia suas roubadas das verbas escolares junto com Tassone
como a coordenadora Pam Gluckin(Allison Janney), principalmente quando o filho
numa balada termina sendo preso em flagrante, por exemplo e como ele colocava o
seu marido como um laranja. A obra
contou em seu elenco com Hugh Jackman protagonizando
o Tassone, que segurou muito bem o filme
com sua ótima interpretação em todas as camadas de Tassone, o eterno Wolverine
do cinema, desempenhou aqui o brilhantemente papel do diretor que mostrava ser bem
intencionado pela educação, mas diante de tanta mentira que ele construiu,
principalmente na maneira como ele até mesmo acreditava nas próprias, especialmente
na sua vida tripla, de esconder da escola que era gay, já muito bem casado com
um homem e mantém isso quando se envolve com seu ex-aluno. A comunidade LGBTQIA+,
com certeza se revoltaria com o tipo de representação banal que o filme criou a
respeito da representatividade homoafetiva com tanto desrespeito e ataques
homofóbicos que existem. Porém, temos de levar em conta que é um pouco difícil ter
pena do cara que enganava todo mundo a sua volta, até mesmo o próprio marido. Foi
muita canalhice o que ele fez. Allison Janney defendeu bem o papel da coordenadora
Pam Gluckin, principalmente em sua subtrama mostrando que ela também teve uma
participação na roubalheira da escola. E Geraldine Viswathan como a Rachel, a jovem
estudante da instituição, aspirante a jornalista cuja matéria que publicou com
toda essa denúncia foi que manchou a reputação de Tassone na escola, defendeu
bem o papel apesar de sua subtrama ter sido a mais fraca, bem poderia ter um
destaque a mais numa pegada de instigação jornalística, mas como tanto o diretor
e o roteirista optaram por essa visão, fica compreensivo.
Ao
caro leitor que for da área da educação, tipo um professor ou mesmo pedagogo, ou
trabalha num cargo de coordenação pedagógica de alguma escola pública ou
particular, eu não recomendo assistir
esse filme, se quiser assistir mesmo assim, que o veja com a cabeça aberta. Porque ele pode ser bastante
depressivo para você dependendo logicamente do seu estado de espirito, mostrando como até
mesmo dentro do ambiente de ensino, não está imune de haver corrupção e esse
ciclo vicioso não se acaba. Ainda mais que a trama foi baseada num fato verídico.
Triste. Não.
Quem
tiver um aparelho de SMARTV, como eu tenho é só procurar lá no catálogo de
filmes que tem disponível e foi onde vi esse filme. Não confundir o título dessa
obra em português com Má Educação (La
Mala Educación, Espanha, 2004), obra do espanhol Pedro Almodóvar.
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