O
JAMES BOND PÓS-GUERRA FRIA
COM
PIERCE BROSNAN
Os meados da década de 1990, a EON, produtora que detém a propriedade de adaptação de 007 desde os anos 1960, teria um forte desafio em tentar trazer James Bond para um novo público agora que não existia mais o clima da Guerra Fria, principalmente depois que o Muro de Berlim caiu em 1989 e a União Soviética foi dissolvida como nação em 1991 voltando a virar apenas Rússia.
E
para isso, seria preciso uma nova cara para despertar o interesse de um público
novo, principalmente da geração que estava testemunhando o fim do século 20 e
vivendo a perspectiva da chegada do século 21, ou seja, a virada do milênio, sonhando com uma vida moderna, principalmente com
o começo e o advento da popularização da
internet. E a escolha de Pierce Brosnan
como novo 007 dessa nova geração simbolizava bem esse desafio.
Do
mesmo modo, como eu já havia dedicado anteriormente com as postagens de outros atores que protagonizaram 007, aqui
analisarei os quatro filmes protagonizados por Brosnan seguindo a ordem
cronológica dos lançamentos de cada título, sem logicamente seguir algum critério de pior ao melhor, ou mesmo da minha preferência pessoal.
007
CONTRA GOLDENEYE(1995)
No
primeiro filme da série 007 que Brosnan estrelou
como James Bond que foi em 007 Contra GoldenEye(GoldenEye Reino
Unido, EUA, 1995) que foi o 17º
da franquia 007 e contou com a direção
de Martin Campbell.
O
enredo começava mostrando uma missão ocorrida “em 1986, onde os agentes do MI6 James Bond, como 007 (Pierce
Brosnan) e o agente Alec Trevelyan como 006 (Sean Bean), se infiltraram em uma
fábrica soviética de armas químicas com a intenção de destrui-la. Trevelyan é
morto pelo Coronel Ourumov (Gottfried John), porém Bond rouba um avião e
consegue fugir antes da fábrica explodir. Nove anos depois, em 1995, Bond chega
em Monte Carlo, Mônaco, para seguir Xenia Onatopp (Famke Janssen), suspeita de
fazer parte da organização criminal de Janus. Ela mata um almirante da Marinha
Real do Canadá, esmagando suas costelas com suas coxas durante a relação
sexual, deixando que Ourumov (agora General) roube a identidade do almirante.
No dia seguinte os dois roubam um helicóptero Eurocopter Tiger, que consegue
suportar um pulso eletromagnético. Eles viajam até um forte militar em
Severnaya, Rússia, onde matam a equipe e roubam os controles das armas
espaciais GoldenEye. Eles programam um dos satélites para destruir o complexo
com um pulso eletromagnético, escapando junto com o programador Boris Grishenko
(Alan Cumming). Natalya Simonova (Izabella Scorupco), a única sobrevivente,
contacta Grishenko em São Petesburgo, porém ele a entrega para Janus, sendo um
dos traidores.”
Goldeneye marcou
o retorno da franquia 007 após um
longo hiato de seis anos sem uma
nova produção da série durante o começo da primeira metade da década de 1990,
muito disso se deve em consequência das disputas judiciais que a EON Productions enfrentou nos tribunais para
conseguir permanecer com o direito exclusivo de propriedade intelectual de
adaptação oficial sobre a série 007, principalmente
porque a MGM uma das parceiras da EON havia decretado falência no final dos anos 1980, resultando
assim na renúncia de Timothy Dalton do papel e ele sendo substituído por Pierce
Brosnan como protagonista e marcou o último que ela contou com Albert R.Broccoli
no comando da série como
produtor-executivo, ele veio a óbito no
ano seguinte.
Um
fato curioso sobre o irlandês Pierce Brosnan, o escolhido para ser
o James Bond nessa nova era 007, é que ele foi casado com a atriz Cassandra
Harris(1948-1991), que representou a bond girl Condessa Lisi Von Shiafi em 007-Somente
Para Seus Olhos (For Your Eyes Only, Reino Unido, 1981). Brosnan quase
chegou a ser cogitado a ser o novo 007 para substituir Roger Moore(1927-2017)
para viver James Bond em 007-Marcado Para a Morte(1987). Terminou
que quem foi escolhido foi Timonty Dalton. Cassandra Harris não chegou a
prestigiar Brosnan na pele de James Bond, pois ela havia falecido em 1991 com 43 anos. Brosnan era
cinco anos mais novo que Cassandra, cujo causa do seu falecimento foi de um câncer no ovário. O mesmo mal que também
levaria a obtido posteriormente a filha do casal Charlote em 2013.
Brosnan realmente mostrou que era a cara nova certa para atrair a renovação de público para a série 007 naquele momento para a geração dos anos 1990, mais entretida com as inovações tecnológicas e não muito interessada em seus conceitos já bastante antiquados de enfrentar a ameaça de uma grande nação do mal, com seu charme galanteador característico que ajudou a compor e a imprimir a essência do James Bond e sabendo mostrar que tinha mais energia para encarar coreografia de luta, mesmo ainda estando meio cru quanto ao tom. Nesse novo upgrade que foi dado a série. Pode-se dizer que após três décadas e chegando ao número de 17 filmes produzidos em sequência da série, o 007 da década de 1990 da Era Pierce Brosnan já não era mais o mesmo de antes quando foi feito para o público dos anos 1960 durante a Era Sean Connery cuja essência se contextualizava naquele momento de Guerra Fria. A única coisa que fazia remeter aos filmes desse período foi a presença em cena do ator Desmond Llewelyn(1914-1999), que foi mantido representando o personagem Q., o responsável por criar e desenvolver as tralhas tecnológicas usadas por Bond para enfrentar perigos e manobras absurdas. O ator estava no papel desde de Moscou Contra 007(From Russia With Love, Reino Unido, 1963), o segundo filme da série.
E pode-se dizer literalmente que ele representou mesmo
nesse e também nos dois filmes seguintes da série estrelada por Brosnan como o
último resquício que remetia aos filmes clássicos da série dos anos 1960
protagonizados pelo Sean
Connery(1930-2020). Já que ao longo das
três décadas ininterruptas que os filmes da série 007 foram lançados, muitas
mudanças haviam ocorrido na EON Productions onde boa parte da antiga
equipe de roteiristas responsáveis pelas
adaptações dos textos de Ian Fleming(1908-1964) dos primeiros filmes para as
telonas já estavam aposentadas ou mesmo já haviam falecidos, do mesmo modo como já estavam aposentados ou falecidos as equipes técnicas de dublês, direção de fotografia,
cenografia e maquiagem, o maestro John Barry(1933-2011) que acompanhou a
produção musical da série desde o princípio também já estava aposentado, fora
também o fato de que a franquia há muito tempo não contava mais com a colaboração de Harry Saltzman(1915-1994)
como sócio de Broccoli na EON Productions, que faziam vinte anos que eles
haviam rompido a sociedade após lançarem 007 Contra o Homem com a Pistola
de Ouro(1974), o segundo da série protagonizado por Roger
Moore(1927-2017), após tretarem bastante
envolvendo as diferenças criativas sobre os novos rumos da série 007, Saltzman
inclusive havia falecido no ano anterior ao lançamento de Goldeneye
em 28 de setembro de 1994. E tirando isso também tinha a participação de Albert
R. Broccoli que trabalhou como produtor da série, mesmo na época já enfrentando
problemas por causa da saúde já bastante
frágil, ainda mais pelo peso da idade
com 85 anos estando bastante idoso.
O
texto do próprio filme, tira sarro dele
mesmo em alguns momentos sobre o quão
antiquado ele estava ficando em encarar
a ameaça de uma organização russa, logo após o fim da URSS e o fim da ameaça
comunista.
Do elenco que participou desse filme merecem menções os nomes de Sean Bean, famoso pela primeira franquia de O Senhor dos Anéis (2001-2003) representando o Alec Trevelyan o companheiro de Bond, Agente 006 que se fez passar por morto, e depois para se vingar de Bond e chefiar a organização Janus. Judi Denchi como a primeira mulher a representar o papel de M. que antes tinha sido de Bernard Lee(1908-1981) e Robert Brown(1921-2003). Samantha Bond foi quem assumiu nesse filme e durante a Era Brosnan o papel da secretária do MI6 Moneypenny, que sempre tentava seduzir James Bond em vão que anteriormente havia sido de Lois Maxwell(1927-2007) durante as Eras Sean Connery e Roger Moore e de Caroline Bliss nos dois filmes estrelados por Timonty Dalton. Joe Don Baker, o mesmo ator que representou o excêntrico vilão militar Brad Whitaker em 007-Marcado para a Morte (1987) que tinha uma obsessão por colecionar tudo relacionado a guerra.
Representou
nesse filme o papel do Jack Wade, um
excêntrico agente da CIA, que colabora com Bond. A polonesa Izabela Scoporuco
que representou no filme a programadora
de computadores russa Natalya Simonova, a única sobrevivente da explosão
provocada pela Janus em seu laboratório na Sibéria, é quem será a bond girl
paixonite final de Bond no filme e a que ele irá proteger da grande ameaça. Outra
atriz bond girl presente no filme foi a
holandesa Famke Janssen, mais conhecida na posteridade por viver a heroína Jean Grey na trilogia clássica dos X-Men
da Fox lançada durante os anos 2000. Nesse filme representou a Xenia
Onatopp, a espiã da Janus, que representa bem aquele estereótipo sexista da mulher russa femme fatale. Principalmente
quando tenta seduzir Bond para o perigo. Robie Coltrane que posteriormente
ficaria famoso entre o público infanto-juvenil por representar o gigante bruxo
Rubéo Hagrid na série de filmes de Harry Potter lançados entre os
anos de 2001-2011, nesse filme, ele representou
o papel de Valentin Zukovsky, o ex-agente da KGB, que virou um mafioso e a quem
Bond tem como seu informante. Alan Cumming que representou o excêntrico
programador de computador russo Boris Grishenko, que trabalhava com Natalya
Simonova no começo da história. Mas que
se bandeou para o lado da Janus. Representando o personagem com um ar de alivio
cômico um tanto forçado,
principalmente num estereotipo muito
patético de nerd com óculos agindo meio abobalhado
e meio afetado. A cantora Minnie Drive,
que fez uma participação como a Irina, cantora da boate de Valentin e também
sua amante. E o alemão Gottfried
John(1942-2014) na pele do Coronel Ourumov, outra importante figura de comando da Janus dentre outras
participações.
Quem
ficou encarregado da parte musical do
filme foi o francês Éric Serra, que também contou com a colaboração do Bono
Vox, vocalista da célebre banda irlandesa U2. Com a abertura sendo cantada por
Tina Turner.
007
O AMANHÃ NUNCA MORRE(1997)
No
segundo filme da série 007 que Brosnan estrelou
como James Bond que foi em 007-O Amanhã Nunca Morre(Tomorrow
Never Dies, Reino Unido, EUA, 1997) o 18º da franquia 007 que contou com a
direção de Roger Spoottiswoode marcou um
novo ciclo para a série, onde a franquia passa a ser comandada pelos herdeiros
de Brocolli, no caso Michael G. Wilson, seu enteado e sua filha Bárbara Brocolli, nesta obra lançada um
ano após Brocolli falecer vítima de um ataque cardíaco no dia 27 de Junho de
1996, na época já bastante idoso com 87
anos o que já lhe dava sinais de uma saúde muito frágil. Ele ainda chegou a
acompanhar a fase de pré-produção do filme, inclusive nos créditos finais eles
prestam uma homenagem à memória de Broccoli com um pequeno texto. E com o
falecimento dele, pode-se dizer que a série 007 protagonizada por Brosnan
durante o final da década de 1990 foi deixando de ter as características que
remetiam aos filmes clássicos da série dos anos 1960. O único resquício que
remetia a Era Sean Connery era a
presença do ator Desmond LIewelyn como o
excêntrico Q. a mente por trás das
tralhas tecnológicas usadas por Bond em combate.
No
enredo de O Amanhã Nunca Morre “Bond, com a ajuda da agente
especial chinesa Wai Lin, descobre que o magnata da mídia, Elliot Carver,
manipula as notícias com seu império das comunicações jogando potências
internacionais umas contra as outras para formar a Terceira Guerra Mundial. O
filme faturou 333 milhões de dólares mundialmente.”
No elenco da obra, tivemos as participações da malaia Michele Yeoh como a espiã chinesa Wai Lin e uma das bond girls, que acompanha Bond em sua operação para desmascarar o magnata da comunicação Elliot Carver num estereotipo bastante sexista sobre as orientais. Jonathan Price representando o milionário magnata megalomaníaco e egocêntrico da comunicação Elliot Carver e com suas ganancias e ambições sem limites para fazer lavagem cerebral no povo, manipulando as informações. Teri Hatcher, a famosa estrela da TV na época, havia terminado de fazer a intrépida repórter Lois Lane na popular série de TV Lois & Clark-As Novas Aventuras do Superman (1993-1997) e no filme representou a Paris Carver, a esposa do antagonista Eliot Carver que tem um rolo com James Bond e chega a protagonizar um dos momentos mais picantes que já teve na série 007. E é morta depois.
A holandesa Daphne Deckers que representou a bond girl Lady,
assessora de imprensa de Elliot Carver, que apesar aparecer pouco e não ter
tanta relevância para a história, nem chega a colaborar na missão de Bond e nem
sequer protagonizou uns momentos picantes com eles, porém, pelo menos ela ganhou popularidade ao
estrelar e fazer o ensaio sensual para a
capa da famosa revista masculina Playboy na edição americana de Fevereiro de
1998.
Também mencionar as participações de Rick Jay(1946-2018) como o Henry Grupta, capanga de Carver e um tecno-terrorista. Vicent Schiavelli(1948-2005) representando o Dr. Kaufman, o sujeito que tenta matar James Bond. O alemão Götz Otto representando o Stamper, o capanga de Carver com aquele estereotipo típico de sujeito alto, de corpo atlético e ar de mal-encarado.
Também destacar a participação de Colin Salmon, que representou o
Charles Robinson, o integrante do MI6, faz um trabalho de assessoria para a Chefe
M.(Judi Denchi) este personagem não existia nos livros de Fleming, foi fruto de
uma licença poética da produção, ele também foi presença nos dois filmes
seguintes da série estrelados por Pierce Brosnan.
Destaque
para a música de abertura cantada pela Sherly Crow, que conseguiu dá uma
sensação que remete a mesma que a sensação
de emoção, mesclada com adrenalina, romance e muita dose de momentos
picantes.
Posso
concluir que o desempenho de Brosnan neste filme da série 007 até que melhorou muito em relação ao
primeiro, mesmo diante de um enredo
fraco e pouco inspirado.
007-O
MUNDO NÃO É O BASTANTE(1999)
No
terceiro e penúltimo filme da série 007 que Brosnan estrelou como James Bond que foi em 007-O
Mundo Não é o Bastante( The World is Not Enough, Reino Unido, 1999) o 19º
da franquia 007 que contou com a direção de Michael Apted(1941-2021).
“O
enredo do filme gira em torno do assassinato do bilionário Sir Robert King pelo
terrorista Renard. Bond é enviado para a Turquia com a missão de proteger a
filha de King, Elektra. Em sua missão, Bond desvenda um esquema de
supervalorização do petróleo, desencadeando uma fusão nuclear nas águas de
Istambul.”
Brosnan
já conseguiu entregar e estar bem mais à vontade ao desempenhar a essência personagem neste filme, ainda que a construção
do seu enredo também não demonstrasse muita
inspiração.
Fato
curioso é que na data que essa obra foi
lançada, ou seja, em 1999, mesmo ano em
que a humanidade estava testemunhando a virada do milênio. Lembro bem de quando
eu era bem um adolescente de apenas 14 anos, e o clima euforia pela chegada do
novo milênio, ao mesmo tempo que havia todo o clima conspiratório em torno do
Bug do Milênio causar um clima apocalíptico, que o filme inclusive faz até
menção a isso bem no final. Enfim, confesso que duvido muito que 007-O Mundo Não É o Bastante possa
figurar na lista dos melhores filmes de 1999 dentre os mais marcantes e memoráveis a nível de obras como: De Olhos Bem Fechados, o filme
póstumo de Stanley Kubrick(1928-1999), Matrix, Beleza Americana, O Sexto
Sentido, Clube da Luta, Magnólia, A Espera de um Milagre dentre outros
lançados na mesma data do filme com
abordagens e estéticas bastante diferentes, mas que ambos carregavam
e representavam em comum bem um
reflexo sobre a sensação dos anseios e desejos que a humanidade estava passando
naquele momento da virada do milênio. Isso porque ele basicamente ainda seguia a velha fórmula básica da franquia 007 ao longo de mais
de 30 anos, com 19 filmes já produzidos, sem muita inovação ou mesmo ousadia.
Por
outro lado, pode-se descrever que este filme pelo menos marcou o último da
série lançada no século 20. Foi também o que marcou a despedida de Desmond
Llewelyn do papel de Q., a presença
de Desmond mostrava ser o último resquício que ainda remetia aos
filmes clássicos do 007 dos anos 1960 da
Era Sean Connery, em quase todos os 19 filmes que haviam sido produzidos desde
então ele esteve presente em todos os filmes da série. Fora as ausências no
primeiro que foi em 007 Contra o Satânico Dr. No(1962) e no
primeiro estrelado por Roger Moore Com 007 Viva e Deixe Morrer(1973)
e também nas duas produções não-oficiais da Eon Productions como Cassino
Royale(1967) e 007-Nunca Mais Outra Vez(1983) mesma data do
lançamento de 007 Contra Octopussy(1983) onde nesse sim ele
esteve presente. Desmond Llewelyn faleceu aos 85 anos no dia 19 de Dezembro de
1999, num acidente automobilístico. Poucos meses depois que o filme entrou em
cartaz nos cinemas dos EUA e do Reino
Unido. Foi portanto, o último filme também da carreira do ator. No filme, foi mostrado o próprio Q. aparecendo
rapidamente anunciando a sua
aposentadoria e nomeia o R. o responsável pelas engenhocas tecnológicas de Bond
que foi representado no filme por John
Gleese.
O
elenco, aliás, também contou com as participações de Denise Richards como a
cientista atômica Christmas Jones, uma
dentre as muitas bond girls com nomes exóticos, excêntricos e com quem Bond termina levando para uns amassos no final. Depois de salva-la do
perigo, outra também atriz a ser mencionada é Serena Scott Thomas como a Dra.
Molly Warmflash, a médica que aparece cuidando dos ferimentos de Bond e este se
aproveita para dar uns pegas nela. Se o antigo James Bond já era antiquado como símbolo de masculinidade, aqui
se prova bastante politicamente incorreto, quando ele assedia sexualmente a
médica que o atende dentro do consultório do MI6. Algo parecido ao que aconteceu
em 007 Contra a Chantagem Atômica(Thunderball, Reino Unido, 1965)
em que ele representado por Sean Connery
deu uns amassos na enfermeira Patrícia Fearing representada por Molly
Petters(1942-2017). Nesse período tão complicado em que a humanidade ainda vive
com medo e temor do coronavírus que
matou muita gente e a atuação das
profissionais da saúde tem sido crucial nesse campo de batalha contra um
inimigo invisível, renunciando até o convívio com as suas famílias.
Portanto, a representação médica nesse estereotipo sexista nessa obra de
mais vinte anos se mostrou um completo desserviço.
Outros nomes também do elenco são da francesa Sophie Marceau representando a
Elektra King, assassina do seu pai milionário e vai se aliar a outro
antagonista Renard, papel de Robert Carlyle. A italiana Maria Grazia Cucinotta
representou a Cigar Girl, uma bond girl ajudante da missão de Bond, Robie
Coltrane retornando na pele do mafioso russo Zukovsky, outra vez colaborando
como informante dentre outras participações.
Quem
ficou encarregado da produção musical foi David Arnold com o tema de abertura
interpretado pela banda americana Garbage.
007
UM NOVO DIA PARA MORRER(2002)
No
quarto e último da série 007 que Brosnan
estrelou como James Bond que foi em 007-Um Novo Dia Para Morrer(Die
Another Day, Reino Unido, EUA, 2002) o 20º
da franquia 007 que contou com a direção do neozelandês Lee Tamahori.
O
seu enredo gira em torno de Bond “ao investigar o comércio ilegal de armas na
zona desmilitarizada entre as Coreias do Norte e do Sul, que são trocadas por
diamantes contrabandeados da África. O contrabando de diamantes foi arquitetado
pelo Coronel Moon que com a ajuda de seu capanga Zao e de um agente traidor do
MI6 (que no final, se descobre que era a Miranda Frost, que era infiltrada e
mudou de lado, traindo 007 e os demais. Foi ela quem revelou o disfarce de 007
como comprador de diamantes).”
O
filme marcou o primeiro da série a ser lançado no século 21, na data comemorativa aos 40 anos da franquia.
Pena que o enredo mal trabalhado representou um presente de grego para os fãs
de carteirinha da marca. Mostrando outro grande desafio para a série conseguir
renovar o seu público, agora no caso a
geração millenials como eu que já estava achando cringe a representação de
Brosnan como 007. Ainda mais tentando manter aquela atmosfera antiquada de um charmoso e elegante espião
britânico combatendo a ameaça comunista,
como era nos filmes clássicos da Era Sean Connery para a geração do começo do
século 21, quando já havia se passado
uma década da Queda do Muro de Muro de Berlim e da Dissolução da URSS, naquele
momento em que a ameaça que o mundo vivia era o terrorismo praticado por grupos
islâmicos que haviam sido responsáveis um ano antes pelo atentado as Torres
Gêmeas em Nova York na manhã de 11 de
Setembro de 2001. Prova do quanto a série precisava se renovar, para atrair um
público novo.
Brosnan
na época com 48 anos, já estava mesmo sentindo o peso da idade, ainda mais se a
gente lembrar que ele estava com 41 anos quando começou na série 007 fazendo Goldeneye.
Ainda assim ele conseguiu ainda
demonstrar mais fôlego para encarar cenas espalhafatosas, de muita adrenalina e umas bastante absurdas
como conseguir surfar numa tsunami.
Além
de marcar a despedida de Brosnan do papel principal, também marcou a despedida
de Samantha Bond no papel da Moneypenny. E foi a última vez que vimos Colin Salmon na
pele de Charles Robinson, o assessor da Chefe M. Também foi o último a seguir a cronologia oficial da
franquia. Que no filme seguinte estrelado por Daniel Craig em 007-Cassino
Royale(Casino Royale, Reino Unido, EUA, 2006), a série foi reiniciada.
O
filme contou em seu elenco com John Gleese representando de novo o papel de R.,
o substituto de Q., agora virando o Q., papel
que por anos de Desmond Llewelyn até falecer tragicamente em 1999, num acidente
automobilístico poucos meses depois após
o lançamento de O Mundo Não é o Bastante.
Outros
nomes do elenco a serem mencionados são de Halle Berry, outra atriz a participar de 007, então
na época já famosa estrelando a
Tempestade na trilogia original de X-Men,
fez no filme o papel da Agente Americana da NSA Jinx, cuja primeira aparição saindo do mar em Cuba,
ela aparece trajando o biquini laranja com uma faca na cintura em homenagem a
Ursula Andress, no primeiro série O Satânico Dr.No(1962),
justamente para lembrar os 40 anos da série 007, completados naquela data do
lançamento. Mesmo ela tendo um grau de importância maior para a trama, não se
pode que a maneira como ela foi introduzida de biquini criou uma representação um tanto racista dela
num estereotipo bastante sexualizado de objetificação sobre o fetiche da beleza exótica da mulher preta,
do mesmo modo como já havia ocorrido com outras poucas atrizes pretas que
participaram de outros filmes da
franquia como Glória Hendry que representou a Rose Carver em Com 007 Viva
e Deixe Morrer(1973) ou mesmo Grace Jones como a May Day em 007 Na Mira dos Assassinos(1985)
Outros
nomes também importantes do elenco são:
Will
Yun Lee, americano de descendência oriental que participou do começo da
história onde estava em operação na Coréia do Norte, do Coronel Tan-Sun Moon,
que ele vê morto, mas na verdade estava vivo, fez cirurgia para modificar sua
face completamente e mudou de nome para o megalomaníaco empresário Gustav
Graves, sendo representado por outro ator,
o britânico Toby Stephens. Se a série em seus primórdios já cometeu
muito racismo com os orientais, onde o primeiro o vilão o Dr. No, um chinês foi
representado pelo canadense Joseph Wiseman(1918-2009), num exemplo péssimo de
yellow face, aqui então colocar um ator ocidental para representar um
norte-coreano após passar por uma cirurgia plástica mostrou o nível de absurdo que a série. É preciso
você imergir mesmo nessa fantasia para acreditar de fato naquilo. Rick Yune que
representou o Zao, capanga do Coronel Moon, agora Gustav Graves numa caracterização
bastante horrenda e um tanto ridícula, cheia de cicatrizes no rosto e careca que mais deixou parecer uma caricatura
cartunesca, mais parecendo um cospobre
de anime. A britânica Rosamund Pike, que representou bem a agente dupla MI6 Miranda
Frost, a típica bond girl femme fatale. O neozelandês Lawrence Makoare, que
representou o Kill, o segurança brutamonte de Graves em seu castelo na região
fria da Groenlândia, se eu não estiver enganado onde Graves apresenta a sua temida
invenção do Icarus. A maneira como o
ator o apresenta na cena dele recepcionando
Bond, e se apresentando num elegante tom de voz grave
de barítono, provou bem sutilmente o nível de ameaça que ele podia representar.
Michael Madsen que representou bem o papel de Damian Falco, um dos importantes colaboradores
da inteligência do MI6. E mencionar
também a participação da cantora Madonna, celebre pop star da música como a
Verity, a treinadora de esgrima de Graves/Moon num traje preto um tanto quanto excêntrico. Ela que inclusive
foi responsável por cantar a música de abertura do filme que contou a produção
de David Arnold.
Enfim,
num balanço geral, dá para descrever que a representação de Pierce Brosnan como
007 nessa nova etapa da franquia até que foi satisfatório, mesmo que apesar de
boa parte ainda figurarem com cara dos filmes clássicos estrelados pelo Sean
Connery.
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