REVISITANDO A LIGA EXTRAORDINÁRIA
Na manhã de domingo, 08 de Janeiro de 2022, vi no TelecinePlay ao filme A Liga Extraordinária(The League Extraordinary Gentlemen, Reino Unido, EUA, Alemanha, 2003) eu já tinha visto esse filme na época quando foi lançado em 2003 na antiga sala de cinema do Grupo Severiano Ribeiro, localizado no térreo do Natal Shopping em frente à Praça de Alimentação.
E confesso que tinha gostado e me deslumbrado bastante com os
efeitos especiais, naquela ocasião em que eu jovem de apenas 18 anos não tinha muita bagagem para avaliar criticamente
esse filme. Ao revisitar esse filme inspirado na obra do quadrinista britânico Alan Moore quase vinte anos depois, pude
constatar o porquê de na época ele foi um fracasso de crítica e de bilheteria.
E o fator principal está no problemático roteiro que foi adaptado pelo quadrinista James Robinson que apresentou
uma narrativa apressada, mal desenvolve
seus personagens, a própria direção do Stephen Norrington é problemática, não se conecta bem com o
roteiro, ainda mais se a gente for
lembrar que foi adaptado de uma HQ autoral de Alan Moore, cuja fama de detestar
suas obras serem adaptadas para o audiovisual é bastante conhecida até por ele
não autorizar. Quem já teve oportunidade
de ler uma obra de Moore como eu que tenho em minha coleção da Salvat Preta da
Marvel, a história de Capitão Britânia-O Mundo Distorcido, roteirizada
por ele, ou mesmo a edição de Batman-A Piada Mortal na DC Comics na edição encadernada de luxo da Panini deve
bem saber que o tipo de estética textual e ilustrativa dele é bastante
complexa, usa de muitos elementos artisticamente filosóficos e intelectualizados demais que
exigem a um leitor que for cair de paraquedas uma atenção mais redobrada para
poder compreender o sentido da história, só por esse fato pode-se compreender o
porquê de Moore sentir uma ojeriza por suas obras virarem adaptações midiáticas
com o intuito comercial.
O
enredo até que apresenta uma história bastante promissora ao se ambientar num elegante cenário da
Inglaterra do final do século 19 em plena Era Vitoriana. Onde um sujeito
mirabolante como Fantom começa a praticar grandes furtos em museus europeus e o serviço secreto da Coroa Britânica começa
a recrutar sujeitos bem fora do comum para formar uma Liga Extraordinária de
Super-Heróis, que tratam-se de nada mais, nada menos do que os famosos personagens
literários surgidos na fase áurea do
romantismo, como o caçador Alan Quaterman(Sean Connery), protagonista do
romance aventuresco As Minas do
Rei Salomão do britânico Henry
Rider Haggard(1856-1925), que já foi
adaptado três vezes para o cinema. A
vampira Mina Harker(Peta Wilson), personagem
saída do clássico livro de terror
Drácula do irlandês Bram Stoker(1847-1912), Capitão Nemo(Naseerudin
Shar), protagonista do clássico da ficção cientifica Vinte Mil Léguas Submarinas do francês
Júlio Verne(1828-1905), Dorian Gray(Stuart Thowsend) protagonista do romance O
Retrato de Dorian Gray, do irlandês Oscar Wilde(1854-1900), O Dr. Jeckyl e seu alter ego monstruoso Mr.
Hyde(Jason Fleming) protagonista do clássico do horror O Médico e o
Monstro do britânico Robert Louis Stevenson(1850-1894), Rodney Skinner, protagonista do também
clássico da literatura de horror O Homem Invisível do britânico
Herbert George Wells, que assinava como H.G.Wells(1866-1946) e o jovem Tom Sawyer(Shane West) protagonista
do clássico de aventura As
Aventuras de Tom Sawyer do americano Mark Twain(1835-1910), pseudônimo
de Samuel Langhorne Clemens. A história até parece promissora num primeiro
momento, mas vai desandando em virtude das infinidades de problemas que essa
produção passou nos bastidores, principalmente nos conflitos criativos
envolvendo direção criativa com a direção executiva da Fox. Tem coisas que no
papel se mostrava uma maravilha, mas, durante a execução se mostrou bastante
problemática e acabou não funcionando a ponto de se mostrar raso.
Muitos dos recursos dos efeitos especiais do CGI usados para o filme ficaram datados. Fora os problemas de bastidores, principalmente nos 20 tratamentos de roteiro que o filme passou e que afetaram e prejudicaram as atuações de todo elenco como Sean Connery, por exemplo, o primeiro 007 do cinema deixava evidente descontentamento com o roteiro e com os novos rumos da indústria cinematográfica e nesse filme ao protagonizar o Allan Quaterman o primeiro a ser introduzido na história deixou transparecer isso bem evidente. A Liga Extraordinária marcou o fim melancólico da sua carreira, já que após o lançamento do filme. O ator decidiu se aposentar e foi viver seus últimos anos de vida refugiado nas Bahamas até falecer em 2020 aos 90 anos. Não só Sean Connery teve sua atuação bastante prejudicada, como também da Peta Wilson, atriz australiana, estrela da famosa série de TV La Femme Nikita(1997-2001) também foi bastante desperdiçada no filme ao representar a vampira Mina Haker do mesmo jeito que outros do elenco também foram prejudicados.
Outro fator que
também gerou um baita prejuízo para a produção, a tornando bastante problemática,
foi que durante as filmagens ocorrida
durante o Verão de 2002 na República Tcheca que enfrentou um longo período chuvoso e com enchentes que destruíram os sets
de filmagens, que geraram a mudança da
locação para a Ilha de Malta. Isso gerou
o prejuízo orçado em US$ 7 milhões que não foram compensados pela baixa repercussão
que não conseguiu cobrir o alto custo do investimento da Fox.
Diante disso, posso concluir o porquê de A
Liga Extraordinária figurar no ranking dos piores filmes do gênero de
Super-herói a ponto de cair no esquecimento com o passar do tempo.
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