A
TELEBIOGRAFIA DE SILVIO SANTOS.
Que
Silvio Santos é uma unanimidade em proporcionar diversão para o brasileiro com
seu estilo animado de apresentar que é inigualável, disso não pode se
questionar. Porém, há outras facetas pouco conhecidas que a série do serviço de
streaming Star+ tem mostrado e vem causando polêmicas, trata-se de O Rei da
TV (Brasil, 2022).
Antes de comentar sobre a série, começo primeiramente comentando que o ex-executivo da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, em sua autobiografia intitulada O Livro do Boni (Casa da Palavra, 2011), descreve lá que desde que acompanhou o surgimento da TV no Brasil nos anos 1950, sempre a via com essa atmosfera de circo para proporcionar uma diversão para os brasileiros sem precisar sair de casa, que nos faz esquecer um pouco da nossa dura realidade de cada dia.
O que digamos faz até sentido essa aura de escapismo circense proporcionada pela TV em todos os lares, se a gente for analisar que Chacrinha(1917-1988), por exemplo, com seu irreverente estilo de se apresentar na TV todo trajado de forma extravagante, um tanto carnavalesco era o que mais simbolizava esse raciocínio de Boni.
O que também se consolidou quando na década de 1980 foram surgindo
programas de auditórios infantis como os do palhaço Bozo, da Xuxa, dentre outros que traziam além de apresentações musicais dos
populares artistas dos mais variados estilos, também proporcionou a aura de circo
trazendo o espetáculo de malabaristas, trapezistas, mágicos, palhaços, enfim.
E
Silvio Santos sempre soube bem como
explorar isso na TV. E a série em seus oitos episódios explora isso de forma
fascinante.
A
sua narrativa não segue uma linearidade cronológica sobre a vida pública e privada de
Silvio Santos.
Desde
o primeiro episódio a gente vai conhecendo a história de Silvio cujo ponto de
partida nos primeiros minutos como o já
famoso dono do SBT com a história se passando em 1988.
Onde
somos apresentado ao Silvio(Representado
nesse momento por José Rubens Chachá) começando a apresentar o seu programa e
de repente a ter um problema na garganta que o impede de falar, chamado de
pólipo.
Ai
tem início ao conturbado período de sua
vida em que ele precisou enfrentar uma delicada cirurgia na garganta que podia
afetar as suas cordas vocais a ponto de fazê-lo perder a voz.
O
que o deixa apreensivo, é nessas horas que temos um corte de cena mostrando um flashback que retorna a 1945 mostrando o
garoto Silvio Santos quando era chamado simplesmente de Senor Abravanel(Representado
por Guilherme Reis nessa fase) em sua humilde vida comum na Travessa da Lapa de onde nasceu em 12 de
Dezembro de 1930, no Rio de Janeiro,
numa família simples, onde ele sendo filho primogênito de pai grego e mãe
turca constituída também de cinco irmãos.
Onde
lá nesse ambiente muito humilde, mostra
ele observando um ambulante usando um truque para vender canetas, e ao
observa-lo começa a mostrar suas
habilidades para começar a mostrar traquejo e expertises para o negócio e para
a comunicação.
E
ao quase ser flagrado por um policial, e vendo o talento artístico dele o sugere ingressar no rádio.
Depois
vai voltando ao tempo presente do final dos anos 1980 ao longo dos episódios
seguintes da série.
Nesse
interim vamos conhecendo outras figuras importantes na vida de Silvio Santos,
principalmente quando ele começa no entretenimento, primeiro quando ingressa no
rádio, vai para a TV, onde conheceu Manuel de Nóbrega(Cacá Carvalho), seu
parceiro de quem foi apresentado ao Baú da Felicidade.
Sua passagem pela TV Paulista, depois pela
Rede Globo e já como dono do SBT em cada momento muito pitoresco.
E na situação em que ele vai encarar uma
delicada cirurgia que para suprir ausência, ele decide colocar o jovem Gugu
Liberato(Paulo Nigro). E detalhes poucos
explorados sobre sua vida intima em família são explorados na série.
Essa
série de drama biográfico da Star+ foi produzida pela produtora Gullane
Entretenimento, conta com o envolvimento de oito produtores-executivos
assinando a produção e teve o texto escrito por sete roteiristas e contou com a
direção de três diretores.
Que
procuraram contar a trajetória do maior comunicador ainda que se utilizando de licenças poéticas
para fins dramatúrgicos.
Até
porque a própria história de Silvio Santos é cheia de muitos mistérios em torno dele. Visto que ele nunca foi de dar
entrevistas, nunca participava de tantos eventos de festas e sempre procurava preservar a visão alegre em
torno dele e a vida intima de sua família.
Em
nenhum momento sentimos uma sensação chapa branca na obra, isso porque como a produção não foi autorizada por Silvio
Santos, com certeza, tanto ele quanto a família não permitiriam apresentar
mostrar situações onde Silvio Santos se
mostrou um cara errático, babaca, tendo
reações explosivas, principalmente com
relação a sua primeira mulher Cidinha(Roberta Gualda) mãe de Cintia e Silvia.
Com
quem ele consumido pelo trabalho, vivia ausente, e foi bastante escroto de para
criar uma imagem galanteadora na TV com o público feminino, escondia que já era
casado, o que deixava Cidinha deprimida.
E nos momentos onde espertamente ele procurava se utilizar da sua expertise com o dinheiro para sair pela tangente em situações nada agradáveis pelas quais ele já vivenciou tanto como apresentador e como empresário.
Como o momento que
mostra ele bajulando um militar numa clara referência ao General João Batista
Figueredo(1918-1999), para conseguir a concessão de sua emissora.
O
que difere bastante com relação ao que eu tinha visto no livro A Fantástica História de Silvio Santos(EB,
2000) biografia de autoria do jornalista Arlindo Silva(1923-2011), onde este
por já ter trabalhado por vinte anos como assessor de imprensa do apresentador,
apresenta naquela obra um ar tendencioso
em exaltar demais, com ares de santificação, as virtudes de Silvio Santos como patrão, a
ponto de passar pano.
Isso não ocorre em relação a esta série
biográfica, que aqui expõe e não passar pano em mostrar como o
endeusado Silvio Santos da TV, fora do ar está longe de figurar como um santinho.
Isso
gerou grande polêmica entre a família Abravanel,
que se mostrou descontente com o resultado do que a série apresentou por
justamente não ter autorização deles.
Se tivesse provavelmente teria que ser chapa branca, passando pano em não mostrar situações delicadas onde o Dono do Baú agiu de má fé se mostrando babaca.
É bom lembrar que a obra, apesar do caráter biográfico sobre o mais importante
apresentador da TV brasileira, trata-se de uma ficção e que foram incorporados
muitos elementos de licenças poéticas para fins mais dramatúrgicos.
Dentre
os pontos que posso destacar do roteiro é a forma como ela surpreende para quem
é da geração como eu que nasceu por
volta anos 1980 e cresceram se habituando a ver Silvio Santos comandando a programação
de domingo da emissora na qual ele é o
dono, o SBT(Sistema Brasileiro de Televisão), cuja característica sempre foi proporcionar
um estilo de programação ao gosto
popular, com toques de breguices, seja com programas que promoviam gincanas com a
plateia como o Topa Tudo Por Dinheiro e premiar com alguma graninha com
direito a um aviãozinho de dinheiro, onde inclusive é apresentado na série a
pessoal real que criava aqueles aviõezinhos de dinheiro, um concurso musical
como o Show de Calouros, programas para promover encontros amorosos,
como o Em Nome do Amor, ou mesmo games shows como o Tentação que
trazia como participantes os clientes do Baú da Felicidade ou sorteios do
título de capitalização TeleSena.
Ou
mesmo, promovendo o assistencialismo com a Porta da Esperança que sempre
se encerrava com um ator representando Jesus Cristo com uma voz grave de um
locutor representando Deus com a mensagem: “Paz, amor, fé, esperança, luz e
união não são apenas palavras. Você tem certeza que já fez tudo que podia pelo
seu semelhante? Pense bem, pois um dia vamos nos encontrar. E eu gostaria muito
de poder chamá-lo de MEU FILHO!”, eu confesso que quando menino
me assustava quando via aquilo passando na TV num cenário escuro e com a
luz em volta do rosto do Jesus Cristo, trazendo aquele tom um tanto kitsch.
Não
só isso me assustava, como também a música da chamada nos intervalos do SBT do Emergência
911 (Rescue 911, EUA, 1989-1996), uma série documental apresentado por
William Shatner, astro da série Star Trek, apresentando os trabalhos
pelo serviço telefônico prestado para
salvar vidas para a população americana, que o SBT adquiriu para exibir no
Brasil.
Ou mesmo quando o Gugu em seu Domingo Legal,
entrava no sério assunto jornalístico envolvendo cobertura de tragédia, a
música de fundo com aquele clima pesado de suspense me assustava que foi
composta pelo músico grego Vangelis(1943-2022), o mesmo responsável por compor
músicas para cinema.
O
que me remete à quando eu era pequeno e
costumava visitar a casa dos meus
falecidos avôs paternos aos domingos, lá
mostrava eles sintonizando no SBT vendo algum programa qualquer de Silvio
Santos.
Pode-se
se surpreender com a série apresentar a
passagem de Silvio Santos pela Globo, o
animador cujo perfil sempre visto como popular
numa emissora elitista por ter uma programação refinada e que prezava pelo
Padrão Globo de Qualidade ou mesmo se surpreender que Silvio Santos
já comandou a Record TV.
Para
quem como eu cresceu conhecendo a Record de propriedade do bispo Edir Macedo,
dono da Igreja Universal do Reino de Deus, nem sequer imagina que ela nem
sempre foi de propriedade dos pastores da Universal.
Para
se ter uma ideia, quando a Record foi inaugurada em 1953 pelo empresário Paulo
Machado de Carvalho(1901-1992) a Universal ainda não existia e o seu fundador
Edir Macedo, era apenas um garotinho com oito anos.
Pois
bem, na série é apresentada esses dois momentos dele negociando com o Paulo
Machado de Carvalho(Carlos Meceni) uma parte da venda da Record e de quando Stanislaw(Leandro
Ramos/Emilio de Mello) seu contador lhe
passar a perna vendendo para os bispos de uma igreja, cujo nome não é
mencionado, talvez para evitar processo.
Do
mesmo modo, que há em alguns momentos nos deparamos com situações nostálgicas,
como numa cena mostrando o Dono do Baú vendo as filhas pequenas na TV sintonizado na Xuxa da concorrente Globo,
em vez do programa da sua emissora comandado pelo palhaço Bozo, cujo nome não pôde
ser mencionado por questões jurídicas envolvendo a propriedade intelectual do
personagem, curiosamente quem produziu essa série foi a Gullane Entretenimento,
a mesma que fez o filme Bingo-O Rei das Manhãs(Brasil, 2017)
livremente inspirado na história de um dos homens que incorporou o palhaço Bozo
na TV, Arlindo Barreto.
Há
também algumas passagens que prestam uma singela homenagem de alguns tipos marcantes da história da emissora do Dono do Baú em seus tempos áureos,
aumentando também o ar nostálgico como a
presença da Vovó Mafalda célebre
palhaço surgido no Programa do Bozo e
que ganhou programas solo como a Sessão Desenho, tipo representado pelo
saudoso Valentino Guzzo(1936-1998) que aparece num momento de divagação do
Silvio Santos ao refletir sobre a idoneidade do Baú da Felicidade e aparece a
Vovó Mafalda nesse momento específico
com um toque escapista conversando sobre
fraude com uma menina.
Ou
mesmo a homenagem a Velha Surda, personagem da Praça é Nossa, comandada
pelo filho de seu parceiro Manuel de
Nóbrega, Carlos Alberto de Nóbrega, esse famoso personagem do também saudoso
Roni Rios(1936-2001) aparece nesse momento escapista de divagação sobre sua
ruina.
Também
ao longo da série vão aparecendo representações dos tipos mais célebres já saudosos
que fizeram parte da emissora do Dono do Baú, como o Ronald Golias(1929-2005)
que aparece num vídeo de depoimento dedicado
a Silvio Santos vestido como seu célebre personagem na Praça é Nossa,
o Pacifico, ainda que no final dos 1980, ele ainda não era contratado do
SBT, estava na Rede Bandeirantes(Band), fazendo o programa Bronco(1987-1990).
Mas
enfim são licenças poéticas de uma obra ficcional fazer o quê?
Do
mesmo modo que aparece o Pedro de Lara(1925-2007), o rabugento jurado do Show
de Calouros, que na série foi representado por Ary França, mesmo não
verbalizando em nenhum momento que aparece, ainda assim ficou muito bem
caracterizado como o Pedro de Lara fazendo até umas ótimas movimentações
físicas com trejeitos bem teatrais que
eram característicos do perfil serelepe dele.
Também
aparece mais para o final a presença de Hebe Camargo(1929-2012), apresentadora
pioneira da TV, e que naquele momento estava consolidada no SBT. Uma rápida aparição da Elke
Maravilha(1945-2016), célebre jurada do Chacrinha que se tornou jurada do Show
de Calouros de Silvio Santos e uma rápida aparição da silhueta de um locutor no primeiro episódio que eu
acredito deve fazer referência ao
locutor Luiz Lombardi Netto(1940-2009),
o famoso Lombardi, uma espécie de parceiro “invisível” de Silvio Santos, já que
os telespectadores só ouviam sua voz quando ele era chamado por Silvio Santos
para fazer algum anúncio de patrocinador, de prêmios aos participantes ou
qualquer coisa do tipo, mas nunca mostrava a cara.
Dentre
os nomes do elenco a mencionar dessa série que mais me surpreenderam que contou com bons atores, começo mencionando
o nome dos três que se revezam no
papel do Silvio em diferentes fases de
sua vida que são: Guilherme Reis
representa bem o papel do Silvio Santos adolescente quando era chamado de Senor
pela família e já mostrando seu perfil sonhador, Mariano Mattos que representa
bem o papel do Silvio como jovem galã comandando e animando um circo com a Caravana do Peru que Fala, apelido que veio do
rádio por ele não parar de falar e ficava vermelho de vergonha e de quando
estava casado com a Cidinha Abravanel(Roberta Gualda) e quando começou a
ingressar na TV comandando um programa na TV Paulista e de sua passagem pela
Globo e José Rubens Chachá que representou bem o Silvio Santos na idade madura
por volta dos 58 anos, já como dono do SBT e casado com Iris Abravanel(Leona
Cavalli), com quem aumentou a família com quatro filhas: Rebeca, Renata,
Patrícia e Daniela.
Todos
esses representaram bem o papel do Dono do Baú sem parecer que estão fazendo imitação dele beirando ao
caricato como costumamos ver nas representações dos comediantes em algumas
esquetes de programas de humor, onde ele é sempre imitado por causa do seu estilo
próprio de dar uma risada, a forma como se comunica com a plateia ou mesmo seus
cacoetes característico de comunicação.
Aqui
não, todos os três representaram bem as diferentes
camadas do mesmo Silvio Santos em diferentes momentos de sua vida.
Além
desses, outros nomes a serem mencionados são os de Paulo Nigro como o Gugu
Liberato(1959-2019) quando figurava como a jovem promessa de Sílvio Santos para
sucedê-lo no SBT, o ator representa bem
a figura do apresentador com a caracterização do corte característico de cabelo liso e alourado e vestido de terno azul que o fazia transparecer
uma caricatura de eterno molecote em forma de boneco com uma ótima subtrama dele
mostrando aceitar a proposta de ser
contratado pela Globo.
Mas
o Silvio o convence a permanecer no SBT, onde mostra até o momento pitoresco
dele junto com Gugu que realmente aconteceu pisando na Globo para falar
pessoalmente com Roberto Marinho(Pascoal da Conceição).
Roberta Gualda como a Cidinha, primeira mulher
de Silvio Santos, brilha mostrando a situação dramática dela ser ignorada por
Silvio e viver a sombra dele. Leona Cavalli como a Iris Abravanel a segunda
esposa de Silvio Santos, brilha também no papel mostrando todo um ar de
empoderamento na situação adversa que o SBT enfrentava na ausência do
marido. Cacá Carvalho, o eterno Jamanta
da novela Torre de Babel(Brasil, 1998-1999) representando na série o
papel do Manuel de Nóbrega(1913-1976) se mostra excelente ao mostrar como o Silvio conheceu o famoso
radialista e nutria uma forte relação de amizade, e por quem foi introduzido ao
Baú da Felicidade de quem ele assumiu de uma forma retratada um tanto banal,
mas que enfim. Tratava-se de licenças poéticas. Até porque o caráter dessa obra
é meramente ficcional. A gente não está assistindo a um documentário.
Outras
atuações brilhantes são de Leandro Ramos
e Emilio de Mello, que fazem ótimas representações do Stanislaw, um tipo que
não existia de fato, mas que foi condensado em diferentes figuras de contadores
com quem Silvio conheceu ao longo de sua
trajetória.
Outros
nomes do elenco que também se revezam no mesmo papel assim como o protagonista
são Leandro Ramos representou bem o
papel ao acompanhar Silvio em sua fase na Globo e Emilio de Mello o representou
brilhantemente na fase de Silvio como dono do SBT ao mostrar o seu lado canalha
ao apunhala-lo nas costas vendendo sua parte da Record para os bispos.
Também
mencionar a presença das atrizes Larissa
Nunes e Cássia Damasceno que se revezam como a Cleusa, a produtora que é o seu braço direito. Uma personagem que de
fato não existiu, mas foi criada condensada na figura de diferentes produtores
que já trabalharam para Silvio Santos. Aqui mostra ela acompanhando Silvio
desde que ele começou na TV.
Larissa
Nunes representando a Cleusa jovem quando Silvio a conheceu ainda na TV
Paulista, com quem ele ao olhar para ela à primeira vista nutriu uma
desconfiança simbolizando de uma forma sutil sua visão machista e racista.
Um dos momentos onde posso destacar que ela
brilha no papel é na cena dela apreciando uma festa na mansão do Silvio,
fazendo companhia numa mesa a um bando de senhoras tagarelando um falatório
sobre filhos, marido, vida doméstica e ela mostrando seu empoderamento diz que
prefere se dedicar ao trabalho e noutro momento é dando assistência a Cidinha doente, enquanto
que Silvio vivia atarefado. E já Cássia
Damasceno defendeu bem a Cleusa na fase de Silvio como dono do SBT onde ela
mostra uma importante função de
confiança, principalmente no momento delicado da ausência de Silvio enfrentando
a cirurgia do pólipo na garganta e ela
precisa cuidar de chefiar a grade de programação e enfrentar entre os problemas com os funcionários preocupados com
os atrasos salariais. Tem uma cena que mostra bem esse momento.
Também
mencionar a participação dos atores João
Campos e Celso Frateschi que se revezam na pele do Rossi, o todo poderoso da
Globo, uma clara referência ao Boni.
João
Campos defende bem o papel do Rossi jovem, mostrando um lado meio vilanesco com quem Silvio vive se conflitando em sua
passagem na Globo. E Celson Frateschi defende brilhantemente o papel do Rossi,
na subtrama do Gugu negociando sua ida a Globo.
Outra
menção curiosa do elenco é de Pascoal da Conceição, que para quem tem mais ou
menos a minha idade e assistia ao infantil Castelo Rá-Tim-Bum(Brasil, 1994-1997)
na TV Cultura nos anos 1990, deve se lembrar dele fazendo o excêntrico vilão
Dr. Abobrinha, na série ele faz um brilhante desempenho do Roberto
Marinho(1904-2003), magnata da comunicação e dono da Rede Globo.
Também
faço menção a participação de Nizo Neto,
que para quem assistiu a Escolinha do Professor Raimundo(Brasil,1990-1995),
criação do seu pai Chico Anysio(1931-2012), deve se lembrar dele como o Seu
Ptolomeu e também pelo seu trabalho na
dublagem dando voz a grandes atores de Hollywood como Mathew Broderick no filme
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller´s Day Off, EUA, 1986) ou a
personagens de desenhos animados como o
Presto de Caverna do Dragão. Na série, ele faz uma participação como o
Teixeira, produtor da TV Paulista.
Para
finalizar o elenco, menciono a participação de Claudio Marcio, representando
Gonçalo Roque, o popular Roque parceiro de palco de Silvio Santos. Vê-lo em
cena como o Roque está impagável, não tem como dar risada deles principalmente pela maneira como ele aparece
falando com uma voz fina, com uma cara jovial e com sua baixa estatura ficando
a ponto de parecer um moleque
pré-adolescente em cena.
Posso
descrever que O Rei da TV é uma ótima produção para conhecermos um pouco
mais sobre a história da nossa TV brasileira, mostrando bem como ali nada é tão
glamouroso como a gente imagina.
E
apresentar uma outra faceta do mítico Silvio Santos que ele nunca costuma
mostrar em público, como quando ele fica com raiva, ou mesmo quando ele chora.
Na Tv, nós sempre vamos ver uma imagem sorridente dele com seu “Oi”, ou “Quem
quer dinheiro”?, coisas desse tipo.
Até
o momento em que escrevo esse texto a
produção da série* já começou a gravar a
segunda temporada que promete mostrar uma sensação um tanto nostálgica para mim ao introduzir o
arco de Fausto Silva e retratar o
período louco na história da TV brasileira nos anos 1990 que envolveu a guerra
de audiência de domingo entre o Domingão do Faustão na Rede Globo e o Domingo
Legal no SBT, onde valia de tudo pela audiência até apelar para
sensacionalismo com as desgraças alheias trazendo um rapaz PCD(Pessoa com Deficiência)
para ridiculariza-lo pela audiência como foi o Caso Latininho ou mesmo apelar para o erotismo como o Gugu fazia com a
sua Prova da Banheira.
Período
marcado pelo reinado da baixaria na TV.
Descanse em paz,
Silvio Santos,
(1930-2024).
Nenhum comentário:
Postar um comentário