segunda-feira, 23 de setembro de 2013

RESENHA DE ELYSIUM(2013)

Na tarde de Sábado, 21 de Setembro de 2013, finalmente fui conferir acompanhado do meu pai no Moviecom Praia Shopping, ao tão aguardado filme Elysium, um dia após este ter entrado em cartaz. Esse eu posso garantir que é bem diferente das sequência de blockbusthers de heróis dos quadrinhos que até agora foram  só os que eu andei conferindo nas salas de cinemas do Cinemark Midway Mall.























A minha principal motivação para ir conferir esse filme está no fato do elenco ser composto de dois bons atores brasileiros: um era a Alice Braga, que já carregava um vasto currículo no cinema hollywoodiano  e o outro Wagner Moura, fazendo sua estréia nesse mercado, estrelando uma megaprodução junto com grandes estrelas do calibre de Matt Damon e Jodie Foster.

Antes de começar minha descrição, primeiramente  vou fazer uma introdução comentando sobre os clichês que muitos críticos de cienma costumam  alfinetar  uma agulha no  gênero da ficção cientifica, categoria  da qual pertence Elysium. Bom, confesso que antes de assistir ao filme,  eu ainda não li crítica alguma, nem mesmo sei que tipo repercussão ele está adquirindo lá fora. Portanto, o que vou aqui introduzir  faz parte do ponto de vista de uma pessoa com quem até pouco tempo eu tinha muita proximidade. Essa pessoa no caso de quem estou me referindo trata-se de Tereza*, minha ex-colega da academia de Pilates que eu frequento. Assim como eu, ela também tem um  gosto eclético por  filmes e  dia sim, dia não comentava dos lançamentos que tinha conferido acompanhada de seu marido,  entre esses estavam os títulos da extensa   safra de filmes da categoria ficção cientifica propriamente dita que foram lançadas até agora, dos quais ela sempre colocava em seus comentários críticos  ter achado muito clichê a abordagem estética de cada um deles, dos que me lembro ela havia citado até o presente momentos como por exemplo: Depois da Terra ou mesmo Guerra Mundial Z,  ela achou a abordagem de todos eles   identicas sem muita inovação, sem   criatividade, principalmente pela maneira como  transmitem  a idéia  de mostrar uma visão do Planeta Terra  em um mundo futurista após ter sido devastada, num cenário desértico, hostil, com a humanidade completamente dizimada e principalmente mostrando uns poucos sobrevivente lutando contra a ameaça dos alienígenas.


Se Tereza fosse conferir Elysium,  com certeza ela veria  neste algum detalhe clichê carregado de referências de outros títulos do gênero.

A começar pelo fato da trama girar em torno de justamente se passar como descrito acima, no Planeta Terra super devastado, num ambiente um tanto quanto pós-apocalipito, o que isso  posso garantir não ser nenhuma novidade nesse gênero, antes de Elysium, eu já havia conferido outros filmes com esse mesmo  tipo de abordagem lidando justamente com essa idéia de um futuro pós-devastação do Planeta Terra como em Eu Sou a Lenda(2007) ou mesmo recentemente em Oblivion(2013). Quem já deve ter conferido a esses que citei com certeza deve notar que a estética de Elysium tem  elementos referentes a estes títulos do gênero, ou mesmo podem notar referencias ao drama A Estrada(2009), que mesmo não tendo ameaça de aliegeneas demonstra de forma bruta e agressiva até que ponto a humanidade pode sobreviver em um mundo completamente devastado e com tudo completamente escasso chegando ao ponto de voltarem a agir como nos tempos dos Homens da Cavernas.




















Elysium pelo menos não apresenta este tipo de clichê com relação a ameaça alienígena, no entanto pode também ser notado que o filme carregue referências de outros filmes do gêneros como a presença dos robôs que no filme são apresentado como os agentes da lei, a presença destes seres cibernéticos se tornou muito comum nesse gênero desde que o mestre do cinema expressionista alemão Fritz Lang(1890-1976) lançou em 1927, o histórico filme Metropolis, pioneiro em mexer com a temática futurista ainda na fase do cinema mudo.


Apesar de carregar os típicos elementos dos padrões-clichês citados acima, com tom de referências a Terra Pós-apocalíptica ou mesmo a presença de Robôs,  ainda assim pode-se notar que o filme carrega em sua estética um sabor  de criatividade mais original com relação a estes.

O principal diferencial de Elysium para os outros títulos citados anteriormente está na maneira como ele faz a abordagem do tema, ele transmite uma idealização de imaginar o cenário caótico da Terra em um futuro  daqui há uns 150 anos por ai, onde a humanidade sobrevivente em vez de viver assustada com ameaça constante  dos ETs, vive em pânico com  a ameaça provovada por eles mesmos, tendo de  se submeterem a tirania da alta sociedade, privilegiada que vive  em  total segurança  e muito confortavelmente num satélite em plena órbita justamente denominado Elysium.


O filme também carrega toda  uma interessante abordagem de apologia  político-social imaginando justamente como seria a Terra vivendo em plenos meados do século 22, numa visão nua e crua das divisões sociais em um cenário da Terra depois de devastada, tendo de um lado uma minoria privilegiada usufruindo do bom e do melhor no espaço e a maioria da massa empobrecida da Terra tendo de se submeterem aos mandos e desmandos  deles, bastante encarecida de tudo. 


















Elysium conta a direção do sul-africano Neil Blomkamp, o mesmo responsável por dirigir Distrito 9(2009), filme que marcou sua estreia em Hollywood contando com a produção do neo-neozelandês Peter Jackson. Esse eu confesso que nunca cheguei a conferir antes de Elysium, mas pelo que já andei colhendo informações, ele é do mesmo gênero deste e utiliza a mesma abordagem  de metáfora crítica social. Uma realidade que ele conhece muito bem de perto, já que nasceu num país que vivia até 1990 sobre o Regime do Apartheid que impondo a divisão  entre a população minoritária branca, representante  das elites e dos negros  representante das camadas massificadas marginalizadas.

O enredo de Elysium gira em torno justamente dessa idéias de divisões de classes sociais ambientada num mundo futuro, mais precisamente no ano de 2159 depois que a Terra deixou de produzir oxigênio, isso gerou emprobrecimento do solo, as florestas foram todas dizimadas, com a escasses de água e com  toda ausencia de recursos naturais,  a humanidade inteira pagaria um preço muito alto e caro, pois com toda essa carência vieram todos os males e as consequências  possíveis de se imaginar como a guerra, a fome que juntando tudo isso todos ficaram com riscos de serem contaminados pelos mais diferentes tipos de doença. Os mais carentes, que representam a maioria massificada da população marginalizada é que são os mais afetados  pelas  carências de tudo o que o Planeta Terra não tem a lhes oferecer de conforto e de esperança. Enquanto que na Terra todos ficam no caos, lá em cima, na Estação Espacial Elysium residem os privilegiados, gente rica, que moram em  paradisiacas casas luxuosas que reproduzem bem todos os requintes glamourosos típicos do condomínios fechados de alto padrãocom direito a imensos jardins com piscinas, playgrouns, parques e uma infinidades de coisas que são bastantes cobiçado por muitos, mas são privilegio de poucos. Quem é a responsável pelo comando  desta Estação Espacial é a Secretária Delacourt(Jodie Foster), que no filme, não sei se quem estiver lendo este comentário vai ter a mesma impressão que eu tive quanto ao fato de decifrar a importância dela não só como  Comandante de Elysium, como também dela assumir uma outra função, a de corretora de imóveis do lugar,  há alguns momentos no filme onde isso fica meio que vago, principalmente numa  cenas de quando ela apresenta o local para alguns visitantes ilustres.


Em contrapartida, aqui na empobrecida Terra, Max(Matt Damon), um  dos diversos cidadãos terráqueos marginalizados, cheio de ficha suja  na Polícia comandada pela Guarda Robótica  de Controle de Elysium é quem será o grande responsável e simbolizará a  típica figura arquetípica do herói cansado das injustiças sociais  que resolve combater o sistema.



No decorrer de como a história vai sendo costurada e amarrada, Max irá contar com a ajuda de dois importantes aliados para convencê-lo a arriscar-se levá-lo para Elysium onde ele colocará em prática o plano ousado de como modificar o sistema de computadores que oraganiza os registros de entradas e saídas de todos os cidadãos de lá para terem acessos aos sofisticados aparelhos que conseguem curar milagrosamente todos de qualquer doença incurável, e principalmente cancêr ou mesmo AIDS.Dentre essas pessoas estão Spider(Wagner Moura), um gênio da informática, um hacker que consegue adquirir importantes informações  dos registros de computadores de Elysium como por exemplo, o código de cidadania implantando na pele das pessoas que funciona como todo e qualquer tipo de documento automático de identidade civil falsa na estação, seja como passaporte ou mesmo para a pessoa utilizar a máquina de cura. Isso faz com que ele também atue como um coiote, permitindo a entrada clandestina das pessoas a Elysium.

Esse será quem irá instruir e convencê-lo a ir lá e modificar do jeito que ele achar possível de proporcionar em Elysium, o acesso a melhor qualidade de saúde para toda a população carente da Terra. E ele é o único que pode fazer porque Spider implantou nele um monte de tralhas mecânicas para poder absorver todos os complexos de procedimentos protocolares da Estação. 

De início ao saber dessa missão, ele até que se recusa colaborar porque teme que isso ao ser retirado do seu cerébro e conectá-lo  e ter de conectá-lo a outro computador ele estaria cometendo um grande suicidio.  Mas ele logo muda ao saber que contará com o apoio e a aliança de Frey(Alice Braga), a enfermeira de um hospital de onde ele foi atendido após levar muitas surras, que não por acaso é alguém que ele conhece desde dos tempos de sua infãncia quando vivia num orfanato comandado por uma freira e mantinha uma forte afeição por ela. Quem assisti pode notar um clima de romance que eles sentiam lá quando viviam conviviam no orfanato  e onde ele dizia para ela o seu sonho  de um dia quando crescerem iriam juntos viver Elysium e sendo que agora devido as circustancias complexas de cada um, parece mostrar  não ter tendências a esse amor dos dois  ser correspondido ou mesmo duradouro como acontece nos clichês dos  filmes de romances, comédias ou mesmo dramas água com açúcar.  Ainda mais que Frey tem como grande preocupação o delicado estado de saúde de sua filha com leucemia e que não vê outra escolha a não se arriscar a ir clandestinamente para Elysium para lá ser tratada e curada, já que no Hospital onde ela trabalha as condições de atendimento são tão precárias que ela jamais teria de conseguir com que lá sua filha melhorasse.

Em contrapartida, a Secretária Delacourt com sua postura firme  para não deixar o caos que está para acontecer se Max e sua trupe modificar o sistema que libere a entrada de qualquer um na estação e  resolve contratar o mercenário Kruger(Sharlto Copley), um assassino profissional que será o gancho para todo o clima da tensão, suspense que gerarão momentos muito previsiveis pelo ponto de vista de uns, ou mesmo imprevisíveis para outros. 


Fazendo uma análise e interpretação aprofundada a respeito do quesito  das concepções artísticas e técnicas do filme. Artisticamente  pude analisar e também observar  que da maneira como o enredo do filme foi escrito, construido, moldado e dilapidado pelos roteiristas e como Neil Blomklamp soube como conduzir bem a ideia de transpor no filme elementos bem diferenciais, que sob meu ponto de vista não o torna tão clichê, pegando emprestado um termo utilizado pelo Felipe Fonseca quando comenta em seu blog "Site do Fonseca",  não achei a trama de Elysium muito redondo, pelo menos para mim ele se mostrou ser imprevisível e  me causou muito impacto ainda mais pela brilhante trilha sonora orquestrada por Ryan Amon, de quem confesso que antes desse eu o desconhecia, pode até ser  que eu já tenha ouvido ele orquestrando em outros filmes que eu tenha ligeiramente assistido e nem tenha notado, ou talvez esse filme deva ser sua primeira experiência em compor  soundtracks para o cinema.


Se eu tivesse que dar uma nota para o filme no quesito roteiro eu daria um 9, porque apesar de carregar muitos elementos clichês para um típico filme do gênero ficção cientifica, ainda assim ele consegue transpor uma certa inovação, principalmente, no que diz respeito a idéia atemporal de ainda de se viver em divisões, onde os privilegiados podem usufruir de tudo de requinte em uma comunidade orbital como a Estação Elysium, e os que não são privilegiados vivem excluidos a margem da sociedade, ainda mais numa época futurista Pós-Devastação do Planeta Terra. E também pelo clima impactante de suspense que o filme proporciona. Também pontuo as excelentes performances da Jodie Foster como a Secretaria Delacourt, notei que ele demonstrou uma interpretação muito segura da típica figura de alguém que  sabe mostrar pulso firme para comandar, também achei excelente a interpretação do Matt Damon protagonizando Max, apesar de achar que o personagem dele sozinho não teria sido capaz de conseguir se não fosse pelo Spider. Falando nesse, posso descrever seguramente que a presença do Wagner Moura no filme superou todas as minhas expectativas, pelo menos para mim fiquei de que em todo os momentos do filme que onde há a presença dele, eu sinto que ele rouba a cena, tudo isso porque eu pude sentir que o tom da interpretação que ele coloca em todas as nuances, em todos os trejeitos do personagem seja na falar ou mesmo movimento corporal, pelo menos para mim ele colocar carisma no personagem. E com  esse carisma seria até uma ousadia em colocar que o Spider na pele não ficou só um papel secundário de enfeite e com isso o próprio mostrou a que veio ao dar o seu passo inicial em Hollywood. O mesmo não posso dizer da Alice Braga, assim, até gostei do desempenho dela como a Frey, mas não sei achei que o papel não foi aproveitado no filme. Ela até consegue convencer fazendo o papel de uma mãe que faz todo o sacríficio para ajudar a doente. No entanto, ela como par romãntico de Matt Damon deixou um pouco a desejar, é muito provavel que tanto ela quanto ele tenham encontrado um bom entrosamento, e provavelmente sem isso tenha havido uma falta de química. 

A função do papel dela como par romântico do protagonista deixou pelo menos para mim a impressão de que a Frey entrou no filme apenas como um enfeite. 


E tecnicamente o que eu poderia destacar de melhor está por exemplo: nas cenográfias contrastantes, principalmente na maneira como são enquadrados as visões panôramicas da Terra toda devastada, desorganizada e sem vida com o brilho paradisiaco da Estação Espacial Elysium,  além desse um outro destaque quanto a concepção técnica está no enquadramento de uma  cena onde Max   ao confrontrar com um dos robõs vigilantes da Estação, ao  disparar um tiro de  uma pistola neste e ao ser atingido fica todo despedaçado no plano em cãmera lenta, chegando a se pensar ou mesmo a imaginar  se Blomkamp teria se inspirado no diretor Michael Bay, que é uma fera em criar esse tipo de plano em seus filmes. Para entender melhor disso do que estou falando, é só dá uma conferida na trilogia dos "Transformers", que vocês irão entender melhor.


Para encerrar outro ponto interessante que gostei bastante no filme é o fato dele carregar   muitos momentos onde adireção    brinca ao criar uma atmosfera de Torre de Babel, assim, porque em diferentes momentos há cenas onde os diálogos ocorrem em diferentes línguas além do inglês dos norte-americanos, e isso pode ser notado nas cenas de flashback em que o protagonista Max ao recordar de sua infãncia no orfanato quando fica perto da freira que administrava esse lugar, o diálogo dele com ela ocorria na língua hispãnica, assim como pode ser sentido quando Max se aproxima de alguns amigos ou mesmo nas cenas onde a Secretária Delacourt cumprimenta gente ilustre em Elysium tem momentos onde ela solta umas frases em francês por exemplo.  E alguns dialogos em africãner, um típico dialeto da África do Sul que mescla palavras oriundos de vários dialetos nativos  com palavra oriundas das colonizações inglesas e holandesas também pode ser notada no filme. Provalvelmente uma consequencia da composição do elenco  ser quase todo multinacional, que de todo jeito mostra que não foram só os norte-americanos os únicos a serem afetados pela devastação do planeta e nem muito menos que os habitantes privilegiados de Elysium sejam todos dos Estados Unidos, e a prova disso é o fato de sugerir mostrar o superior da Secretária Delacourt em Elysium, o Presidente Patel(Faran Tahir) ser um indiano.  Mesmo sendo carregado de licenças poéticas, que é pode-se esperar de um típico  filme de ficção cientifica, a trama dele gira bem em torno de um drama mais contextualizado com a atual realidade  se for parar refletir dessa maneira. Do tipo, é como se a Estação Espacial Elysium do filme homonimo representasse  uma junção de várias superpotências de países de Primeiro Mundo unidas no espaço usufruindo de tudo de bom  que o dinheiro pode proporcionar, até mesmo lindas paisagens verdes vagando pelo espaço enquanto que os não-privilegiados que vivem na Terra, representam a típica dos países do Terceiro Mundo cuja população cansada de viver na escassez de tudo resolve fugir clandestinamente como imigrantes.


Bom assim foi a minha interpretação sobre o filme, se alguém despertou algum  interesse de ir conferir ao filme, assistam e tirem suas próprias conclusões.










*Nome ficcticio  feito com o intuito de manter preservar sua privacidade.




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