Na noite de sábado, 22 de Fevereiro de 2014, fui finalmente conferir no Midway Malll ao tão aguardado blockbusther do primeiro semestre do ano que foi o reboot de Robcop produzido e dirigido pelo brasileiro José Padilha em sua estreia no mercado hollywoodiano depois de ter conquistado bons elogios em território nacional com as megaproduções dos dois Tropas de Elite.(2007 e 2010).O mais inusitado nesta empreitada é que pela primeira vez fui acompanhado de um casal que fizeram a boa vontade de comprarem antecipadamente o ingresso conjunto.
O que posso descrever sobre o filme é que ele simplesmente superou
minhas expectativas. Foi o máximo. Um show de efeitos de
computação gráfica com muita adrenalina de tirar o fôlego. Que terminou me deixando com um pouquinho de enxaqueca.
Conferir o filme, um dia após a estreia oficial foi como posso decrever uma sensação incrivelmente fantástica.
É inevitável que ao longo deste texto eu colocarei alguns paralelos para comparar com o clássico de 1987, dirigido pelo holandês Paul Verhoeven que se tornou um grande fenômeno na cultura pop virando adaptação para série animada e depois série de TV, servindo inclusive de material para paródias até servindo de inspiração para uma produção de live action japonesa do Policial de Aço Jiban(1989). A clássica obra-prima de Verhoeven conseguiu a proeza de alavancar uma alta soma de bilheteria, mesmo não contando no elenco com astros de alto cachê como eu bem pude observar nesse reboot de Padilha, nessa sua primeira empreitada hollywoodiana ele escalou nomes de peso formados por Michael Keaton, o eterno Batman dos dois filmes de Tim Burton, que nesse filme faz o papel de Raymound Sellars, o CEO da empresa Omnicorp, responsável pela criação do policial de metal, assim como Gary Oldman, o Sírius Black da franquia de Harry Potter e o Comissário Gordon da trilogia de Batman-O Cavaleiro das Trevas do Christopher Nolan, como o Dr. Dennett Norton, responsável por colaborar na transformação de Alex Murphy em Robocop e Samuel L. Jackson, o Nick Fury dos Vingadores, demonstrando que ter muito carisma ao interpretar Pat Novak, ancora de um programa do qual defensor da ideia de combater o crime organizado utilizado de muito aparato robótico.
Na versão de 1987, Verhoeven criou uma história bastante crua em transmitir a visão social de uma decadente Detroit do futuro, onde a criminalidade chegava a índices altíssimos e tão assustadores que não tinha como a policia sozinha conseguir dá conta. É nesse clima que policiais insatisfeitos com o número altíssimo de colegas mortos em combates e também com o baixo salário resolvem se reunir com o sindicato para promover uma greve. É nesse clima que uma grande corporação chamada OCP, começam a idealizar a ideia de construir um imbatível policial cyborg. O primeiro a apresentar empreitada tinha sido Dick Jones(Ronny Cox) que apresentou o modelo gigante denominado de ED-209, com o qual termina falhando ao ser mostrado pela direção. Nisso, um forte concorrente de Jones, chamado Bob Morton(Miguel Ferrer) resolve aproveitar o seu fracasso para criar um plano mais audacioso. É então nesta circunstância que ele aproveita do incidente com o policial Alex Murphy(Peter Weller) após este ter covardemente de maneira fria e sórdida trucidado a tiros pela quadrilha comandada por Clarence Broddicker(Kurtwood Smith) do qual ele vinha perseguindo acompanhando de sua parceira Anne Lewis(Nancy Allen). Murphy foi socorrido ás pressas e mandado ao hospital. Logo, ele sem lembrar direito quem era, do seu passado com sua esposa e filho acorda como máquina de Robocop graças a empreitada de Morton. "Sem grandes ambições, o "RoboCop" de 1987 parodiava a realidade consumista dos EUA e brincava com a possibilidade assustadora, mas na época ainda distante, de existirem robôs vigilantes. "*
Também no filme de 1987, "Alex Murphy passa meses num laboratório acompanhando a vida à sua volta, mas sem saber quem é. Sua busca por identidade será um dos objetivos principais do filme, conquistada durante a solução do próprio crime."** Já nessa nova versão, Murphy(Joel Kinamman) ao acordar de um sonho onde imaginava que ainda estivesse em seu corpo normal, fica completamente inconformado com o fato de descobrir que está com corpo enclausurado numa armadura metálica e ainda mais ao ver que não sobrou do seu corpo. Outra grande diferença dessa nova versão com relação ao filme de 27 anos atrás, é com o fato da circunstância que levou Murphy a virar o Rococop, não foi por causa da violência explicita e sórdida praticada pela quadrilha de Broddicker, que aliás ficou até fora desse reboot, assim como os antigos executivos Jones e Morton. Nesse filme, o que irá motivar a Ominicorp a fazer Murphy se transformar como Robocop, foi depois deste sofrer um atentado ao abrir os seu carro na frente que acaba explodindo. Outra diferença está também no fato da questão familiar do protagonista ter sido prezado e pontuado com bastante importância nessa versão atual do que a versão de 27 anos atrás, em que a imagem dele junto com a esposa e filho era vista de maneira muito rápida nas cenas de suas recordações em flashbacks, após virar uma máquina, com quem ele nunca mais teve contato depois de pensarem que ele estivesse morto, resolveram seguirem a vida mudando de cidade. O que nesse filme atual ocorre o contrário, a esposa de Alex, Clara Murphy(Abbie Cornish) mostrará ser uma mulher com personalidade dura na queda, virando até " uma das grandes pedras no sapato da OmniCorp, ameaçando contar para a imprensa que a corporação está manipulando a mente de seu marido e exigindo de Murphy que volte a ver seu filho."**
Assim como também fui reparando em outras diferenças entre o clássico dos anos 1980, para este atual remake. Como exemplo, na versão de 1987 tinha momentos que apareciam ancoras de telejornal que noticiavam momentos críticos em Detroit do aumento da criminalidade ao clima tenso da polícia como forma de criticar a política estadunidense em plena Era Reagan. "O reaganismo era a questão do momento nos EUA: o presidente Reagan vinha favorecendo o controle privado de órgãos públicos, desagradando a população. Essa situação aparece no filme, onde uma empresa assume o controle da segurança pública e propõe inserir robôs no lugar de policiais em Detroit.
Como consequência disso, outro problema quente da época vem à tona: a ameaça de greve dos policiais, que temem perder seus empregos com a privatização."** Após o noticiário tinha momentos em que quando dava intervalo, apareciam comerciais televisivos bizarros que eram considerados como incentivadores da violência, com momentos em que aparecia um programa de um cara que satirizava as sitcoms com suas excessivas banalidades. Já nessa atual versão fica a cargo de Pat Novak, a função de representar " a manipulação da mídia – ele é um apresentador que tenta convencer os espectadores a aceitarem os policiais robóticos (influenciando, assim, as votações do congresso), mas o faz promovendo debates tendenciosos.
Além disso, a própria imagem do RoboCop ganha um peso midiático que não tinha no primeiro filme – há um novo personagem responsável exclusivamente pelo marketing, que tem a função de tornar RoboCop um garoto-propaganda da campanha pró-robôs nos EUA."**
Também posso colocar que alguns dos atuais personagens presentes nesse reboot tem características semelhantes aos do clássico dos anos 1980. Raymound Sellars(Michael Keaton) tem muitas semelhanças com Dick Jones e Bob Morton , principalmente no quesito ambição selvagem . Assim como posso descrever que a figura do Dr. Norton(Gary Oldman) também carrega semelhanças aos dois no quesito de tentar manipular a sua mente artificial. Como também posso descrever que outro fato diferencial que achei interessante nesse filme, foi deles ainda mantido a figura de um parceiro humano, que desta foi representado por um homem chamado Jack Lewis(Michael K. Williams), com o mesmo sobrenome da Anne. Assumindo apenas a função de enfeite.
Depois destas comparações entre o passado e o presente, posso descrever que a maneira como o Padilha soube como construir trazendo mais dentro do próprio da atual, assim como o Verhoeven na década de 1980 construiu bem uma trama tensa, bem amarrada que fazia uma ótima crítica a realidade social do período.
"A grande dose de humor negro do holandês? Digamos que na versão 2014
de RoboCop, a sátira de Verhoeven foi substituída por críticas políticas
bem mais interessantes: temos um ambiente global vigiado por drones e
câmeras por todo lado, uma bela referência à coleta de dados
particulares por agências governamentais como a NSA, uma visão pessoal
do Padilha em relação ao intervencionismo militar (robótico)
norte-americano no mundo e a influência política (lobby) de grandes
empresas no governo. Isso tudo é o contexto. Bem atual.
A ação desenfreada de 1987 foi substituída por uma bela construção do
protagonista e personagem-título costurada sobre ótimas cenas de ação: a
refilmagem, o novo filme trata mesmo é do drama pessoal do policial
Alex Murphy, que agora tem que se aceitar como uma máquina. Inclusive
temos uma bela referência que homenageia o Avatar de James Cameron. "***
Como descrevi acima, o filme da década de 1980, não contava com um elenco estelar, como esse atual. Até porque ele tinha sido produzido por uma produtora de baixo orçamento, a extinta Orion Pictures***. Que a investiu e produziu de forma despretensiosa, com intenção de ser um filme puramente de entretenimento B. Que graças ao bom feedback obtido em com a críticas positivas jamais imaginariam viraria uma das grandes influencias da cultura pop. Ainda falando da versão clássica de Robocop, um outro fato
curioso diz respeito a escalação do seu protagonista, antes do papel ser de Peter Weller, a então produtora Orion havia pensado no nome de Arnold Schwarzenegger*** que na época estrelava grandes produções de ação que figuravam entre os mais rentáveis de Hollywood para ser Robocop, talvez depois de verem a sua bem-sucedida experiência ao fazer um ser robótico que queria matar a Sara Connor em O Exterminador do Futuro(1984).
Weller não era um astro famoso na época em que protagonizou o Robocop de 1987, assim como no atual remake cujo protagonista é o sueco Joel Kinnaman. Além disso, esses também tem em comum o fato de já terem no currículo participado de produções menores. Weller por exemplo, antes de ser o Robocop, tinha participado de "Buckaroo Banzai, a comédia de fição científica de W. D. Richter
que foi um grande fracasso em seu lançamento nos cinemas, mas que
conquistou os corações de uma nova geração de fãs."**** Já Kinnaman, o atual protagonista desse reboot, tinha em seu currículo algumas participações em filmes suecos, como Easy Money(2010)***** e fazendo papeis menores em Millenium(2011) ou mesmo Protegendo o Inimigo(2012) e chegou a ser cotado para fazer o herói dos quadrinhos da Marvel Thor, até perder para o australiano Chris Hemsworth. A carreira de Kinnaman só ganharia uma afirmação na TV ao fazer o papel do detetive Stephen Holder******, com a série policial The Killing, lançada em 2011 e que já está na terceira temporada.
Peter Weller se tornou celebre da noite para o dia graças ao sucesso de Robocop, chegou a repetir o papel no segundo filme da franquia lançado em 1990 que já não contou com a direção de Verhoeven, e conseguiu obter o mesmo êxito de bilheterias do primeiro*******. Mas não recebeu críticas positivas. Weller chegou a pensar em reprisar o papel para o terceiro filme da franquia lançado em 1993. Mas por causa dos conflitos de agenda onde ele estava envolvido nas filmagens de Mistérios da Paixão, o deixou de fora do projeto. Que em consequência da bilheteria baixa, acabou matando a franquia até ela ser revivida pelas mãos da MGM que contratou o brasileiro Padilha para continuar dando mais lucro.
Foto de Peter Weller, astro do primeiro Robocop(1987)
Depois de ter se tornado celebre em Robocop, Peter Weller não conseguiu ter muito a sorte de se estabelecer no mercado hollywoodiano. Talvez por carregar o estigma que muito ator carrega de só ser lembrado apenas por um papel. Depois de Robocop, o mínimo que Weller conquistou foi papeis menores em filmes de baixo orçamento e participações em séries de televisão. No caso de Kinnaman, o atual astro de Robocop, também pode acontecer a mesma coisa com Weller. Ele sofrer dessa sina de não conseguir se estabelecer em Hollywood por ser lembrado por esse personagem, ou não quem sabe? Achei que Kinnaman conseguiu demonstrar um excelente desempenho do Alex Murphy bem seguindo o esquema de como a história foi construída para a época atual, assim como Weller conseguiu transpor a imagem do que seria o Robocop nos anos 1980. Muitos poderão com certeza ainda ouvir falar do nome dele em futuras megaproduções de blockbusthers ou quem sabe atuando em filmes concorrentes ao Oscar. Kinnaman soube como transmitir o sentimento mais humanizado de um sujeito que agora só viver artificialmente, cuja única parte do corpo que lhe restou é o coração e a cabeça.
Para concluir, posso colocar que esse atual filme em muitos aspectos supera a versão clássica da década de 1980, principalmente no que diz respeito ao quesito visual dos grafismos computadorizados em 3D da tecnologia atual que não tinham no original. Com os escassos recursos tecnológicos da época eles chegavam a apelar para o uso padrão da stop motion, principalmente para criar o robozão ED-209. Como eu disse acima, é cada efeito mágico de tirar o fôlego, a ponto de deixar com um pouco de enxaqueca. Mas muito bacana, principalmente a variedade de seres robóticos que são mostrados no começo do filme vigiando as ruas de Teerã, capital do Irá. E também a variação dos modelos de armadura usadas por Murpy, ficou mais ou menos parecido com o recente Homem de Ferro 3(2013).
Um outro detalhe que me chamou a atenção nesse reboot foi neles incluir na trilha musical produzida pelo brasileiro Pedro Bromfman, indicado por Padilha conseguiu manter a mesma trilha musical característica do filme dos anos 1980, que foi brilhantemente orquestrada pelo americano de origem grega Basil Poledouris(1945-2006). Além dele colocar um pouco de sua autoria. Inclusive, por falar em música, não vou entregar muitos spoilers, mas tem uma curiosa cena, onde imagino que tenho sido por uma sugestão da MGM, onde eles tocam uma famosa do canção do filme "O Mágico de Oz"(1939), cujo trecho específico era do Homem de Lata(Jack Haley) que é tocado no momento onde Murphy já como Robocop faz os seus primeiros treinamentos. Fazendo dessa nova versão um dos exemplos de filmes que revitalizam antigas canções. Como a própria trilha instrumental ter sido revitalizada em algumas e fora também a perfeita composição de Pedro Bromfman. que combinam para os momentos mais tensos do filmes. E por fim outro também detalhe curioso desse filme é com o fato dele contar no elenco com Miguel Ferrer, o único do elenco de 1987 que participa desse filme. Nesse ele interpreta Vallon, um comandante de um quadrilha.
Enfim, quem ainda não conferiu essa nova versão de Robocop, confiram porque ele ainda continua em cartaz nos cinemas natalenses. Posso garantir que vale a pena.
FONTE:
http://www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/dossie-robocop-1987-vs-2014**
http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2014/02/g1-ja-viu-robocop-de-padilha-tem-heroi-sem-empatia-e-acao-politizada.html*
http://meiobit.com/280261/robocop-2014-review-do-remake-de-jose-padilha/***
http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=45416****
http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/cinema/2014/02/24/noticia_cinema,151842/ator-sueco-joel-kinnaman-conta-como-vem-conquistando-seu-espaco-no-cin.shtml*****
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Killing_(s%C3%A9rie_de_televis%C3%A3o******
http://pt.wikipedia.org/wiki/RoboCop_2*******
http://pt.wikipedia.org/wiki/Basil_Poledouris
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