quinta-feira, 7 de agosto de 2014

ANÁLISE DO FILME PLANETA DOS MACACOS-O CONFRONTO(2014)


Na tarde de Quarta-Feira, 30 de Julho de 2014, fui conferir ao mais novo filme da franquia de Planeta dos Macacos, desta vez é “Planeta dos Macacos- O Confronto”.

Antes de falar especificamente sobre este filme, vou primeiramente fazer uma rápida introdução curiosa de como esta franquia surgiu há exatos quarenta anos e ganhou vida nova agora na década de 2010.

Planeta dos Macacos foi inspirado em um romance do gênero  ficção cientifica da autoria do francês Pierre Boulle(1912-1994), que o publicou em 1963, e cinco anos depois, em 1968 inspiraria a primeira e clássica adaptação cinematográfica pelas mãos de Frank J. Schaffner(1920-1989) e contou com o então famoso astro do cinema Charlton Heston(1923-2008),  no papel principal do astronauta George Taylor  que mostra pelo seu ponto de vista de ao posar seu foguete e chegar num lugar muito estranho, habitado só por macacos de consciência humana e vendo os humanos virarem  escravos deles,  o tempo todo ele pensa que ali é outro planeta e que os macacos seriam  como se fossem alienígenas ,  com consciência humana e tendo dominado a Terra completamente.   Taylor só vem a descobrir que ali era a Terra quando ao caminhar numa praia montado a cavalo ele vê ali a Estatua da Liberdade fica bastante indignado, numa cena que é considerada a mais antológica do cinema.












 

Aquele filme foi considerado um grande marco para história do cinema num momento em que o mundo vivia um cenário muito tumultuado da Guerra Fria, a sociedade americana na época vivia em conflitos internos com uma juventude insatisfeita com os conflitos do Vietnã, grupos sociais minoritários marginalizados brigando pelos direitos civis, a influencia da contracultura, do movimento hippie fez com que de algum modo no filme que os macacos representavam bem esta ideia. Mesmo na época sem muitos recursos tecnológicos sofisticados  de hoje para fazer lindas capturas de movimentos, a maneira artesanal como foi produzido com máscara cuja movimentação facial parecida em stop motion, conseguia transmitir um pouco mais de fidelidade.   O sucesso comercial que o filme conseguiu obter levou a uma série de sequencias que foram lançadas ao longo da década de 1970, como “De volta ao Planeta dos Macacos” (1970), “A Fuga dos Planetas dos Macacos” (1971), “A Conquista dos Planetas dos Macacos” (1972) e finalizando com “Batalha do Planeta dos Macacos” (1973).  Sendo que nenhum desses conseguiu obter o mesmo sucesso fenomenal de bilheteria.  Em 2001, Tim “Batman”Burton fez  uma refilmagem com Mark Wahlberg numa produção que ficou muito autoral  do diretor que terminou por não agradar muito nem a crítica, chegando a não render muita em  bilheteria.   Enterrando de vez a franquia, até que em 2011, a franquia foi ressurgida com um reboot dirigido por Rupert Wyatt, intitulado de “Planeta dos Macacos- A Origem”, com uma história toda repaginada mostrando como pano de fundo um prelúdio do que ocasionou os primatas terem desenvolvido forte inteligência humana por causa da intervenção da própria humanidade quando os primatas foram usados como cobaias para tentarem desenvolver a cura para o Alzheimer.  Que foi desta ideia que gerou o efeito colateral como bem de uma forma mais consistente o primeiro filme desta nova franquia apresentou.  Fomos apresentados ao chimpanzé Cesar, ainda filhote nascido de uma fêmea que foi caçada para servir de cobaia de laboratório. Foi naquele laboratório que trabalhava Will(James Franco), um humano que passa a cuidar de Cesar como se ele fosse seu filho,  na primeira passagem  que mostra Cesar como filhote, que foi feito todo digitalmente com  captura de movimento tendo o dublê Andy Serkis como protagonista que já tinha como currículo  já ter feito o Gollum na trilogia do “Senhor dos Anéis”, e outro protagonizado outro  macaco, o “King Kong” num remake de Peter Jackson de 2005.  Na passagem de Cesar como filhote em “A Origem” é mostrado ele até bancando o cupido para Will quando este o leva para ser atendido por uma bela veterinária que termina virando esposa do Will.

No decorrer do desenvolvimento daquele filme foi mostrado como Cesar aos poucos estava se sentindo meio diferente de  outros animais, inclusive de sua própria espécie com quem ele irá se deparar quando Will resolve manda-lo para um santuário de macacos, onde lá todos são maltratados, e ele então resolve pegar o soro criado para lhes dar super força para espalhar nos outros macacos enjaulados no santuário e depois o utiliza nos macacos de laboratório.

 

O primeiro desta nova safra  não só mostrou belas capturas de movimentos em Cesar, como também conseguiu transpor isto muito bem nos dubles que fizeram os outros macacos. Seria uma grande hipocrisia de minha parte definir que este filme foi muito melhor em se comparando à clássica franquia lançada entre os anos de 1968-1973, mesmo porque eu ainda não existia nesta época. Quando eu nasci em 1985, a franquia já havia terminado fazia 10 anos, mesmo assim eu conhecia algumas referências sobre estes filmes, cheguei inclusive a conferir alguns pedaços destes quando passava na TV, na grade do “Cinema em Casa” que era para o SBT, o equivalente a “Sessão da Tarde” da Rede Globo.  E também cheguei apenas uma vez conferir no antigo VHS, versão particular de Tim Burton do qual admito que  a meu ver ficou um tanto razoável.

Pelo menos numa coisa este prelúdio do filme dos primatas conseguiu superar, que foi explicar de uma forma mais elaboradamente clara e objetiva de como pelo ponto de vista dos seres da Terra os primatas conseguiram evoluir uma consciência humana, saindo da obviedade que o filme clássico quanto a refilmagem de Tim Burton do ponto de vista do astronauta que ali era outro planeta e os macacos eram vistos como alienígenas.  “A Origem” terminou com Cesar formando a sua primeira comunidade de macacos na floresta, ele se despede do seu antigo dono Will, e deixando um gancho para os eventos do que seriam mostrados nesta nova sequencia com o subtítulo de “O Confronto”, com as primeiras pessoas se contaminando com a gripe símia que ocasionará o grande pano de fundo para  esta nova sequencia inspirada no  reboot.

Bom depois desta introdução vou fazer agora minha análise sobre “Planeta dos Macacos- O Confronto”,   procurando no máximo não entregar muito spoiler.

Esta sequência desta vez dirigida por Matt Reeves, já começa bem impactante com a câmera focando de forma bem enquadrada no rosto pintando de Cesar, agora simbolizando a importante figura do líder tribal dos macacos.  Neste primeiro momento é mostrado em como os primatas que Cesar libertou do laboratório e do antigo santuário conseguiram se adaptarem bem a selva, e mostram novas maneiras de como eles estão virando cada dia mais humano.

Conseguiram desenvolver as técnicas de caça humana, pegam até um urso, os mostram também tomando banho no riacho, montando os cavalos e mais curioso de tudo é mostrando a maneira como eles já estabelecem uma divisão de casta entre cada espécie.  Os chimpanzés passam a assumirem o papel dos comandantes pacifistas, os orangotangos passam a representarem a figura dos intelectuais, inclusive eles são até mostrados como professores ensinando e transmitindo conhecimento aos macaquinhos numa escolinha deles improvisada dentro da comunidade e aos gorilas já é mostrado a importância deles como a figura dos militares que fazem a segurança, uma boa referencia a maneira que os antigos filmes da franquia já tinham bem determinado.

Nesta passagem também mostra Cesar já tendo uma família bem constituída com um chimpanzé adolescente um bebê macaquinho recém-nascido.  Entre todos os macacos ele aos poucos é o único que desenvolveu a mesma capacidade humana de comunicação, enquanto que boa parte dos outros macacos usa o método da linguagem dos sinais dos surdos.

Um momento que eu achei mais curioso nesta passagem do filme é a maneira como eles contam sua passagem de tempo, e eles usam das estações do ano. É isso fica bem evidente quando Cesar ao dialogar com um dos orangotangos que já mostravam esta habilidade de comunicação ainda em “A Origem” comenta sobre o fato de já fazer muito que já tinham mais tido contato com humanos e que eles nunca mais tentaram invadir o respectivo território deles e os combateram corpo a corpo.  Então o orangotango Maurice lhe explica que faz dez primaveras que eles tem mais aparecido ali para tirar-lhes a paz. As dez primaveras segundo o cálculo deste orangotango significa dizer que cronologicamente já tinham se passado dez anos desde aqueles eventos ocorridos em “A Origem”.

Ao mostrar a população humana inteira da Terra depois que a Gripe Símia se espalhou por todos os lugares dizimando muita gente, e transformando muitas cidades em um cenário devastador bem pós-apocalíptico com as casas, os prédios e tudo completamente abandonado com matos espalhados por tudo o que é canto.  Chegando a remeter a “Eu sou a Lenda” com uma cenografia perfeita sem nada de utilização de chroma-key, bem representando a atmosfera quer nos apresentar.

É no núcleo humano que somos apresentados a três importantes personagens que mesmo sendo meros coadjuvantes na história irão representar a figura dos que tentaram intermediar entre os humanos com os macacos. Estes serão representado por Malcom(Jason Clark), seu filho adolescente Alexander(Kodi Smith McPhee)  e Ellie(Keri Russel) .   Que irão se mostrar serem mais pacíficos com os macacos em contraponto a Dreyfuss(Gary Goldman) que tem uma posição bem nazista de querer exterminar os primatas a ponto de vê-los como simples animais ameaçadores, pragas.

Em comum estes vivem numa região de quarentena para ficarem longe do contato do vírus, todos são mostrado de uma forma muita suprimida sem se aprofundar no desenvolvimento individual das personalidades de cada personagem, são apresentados tendo em comum o fato de terem perdido pessoas queridas e amadas pelo vírus. Como é o caso do Malcom que perdeu a primeira mulher, mãe de seu filho, antes dele conhecer sua atual esposa ali Ellie, que relata ter perdido a única filha por causa do vírus, em nenhum momento do filme ela comenta do marido, deixando a entender que ela provavelmente devia ser mãe solteira até mesmo é mostrado o Dreyfuss chorando ao mexer nas fotos dos seus meninos num aparelho de tablet.

Neste núcleo humano é mostrado como cada um passou a viver ali na cidade toda devastada com escassez de tudo, inclusive de energia eletrônica, e para conseguirem isso eles terão de tentarem religar a antiga hidrelétrica que ficas localizada justamente no mesmo local onde habitam os macacos.

E para poder conseguir este objetivo é que Malcom se oferece para se aproximarem da tribo dos macacos para fazer um acordo amigável, no começo eles são todos hostilizados, mas Cesar sente que estes humanos são bons. O único do grupo símio que não se mostra satisfeito com esta atitude de Cesar é o Koba .

No decorrer do filme este vai se mostrar ter uma posição extremamente radical com relação a esta proximidade dos humanos com os macacos, em virtude dele ter conhecido o lado ruim dos humanos, isto acaba influenciando para que aos poucos, no decorrer da obra  ele vai desenvolvendo sua personalidade ruim,  a ponto de virar a figura arquetípica do Osama Bin Laden dos macacos.

Será Koba o responsável por violar um código imposto por Cesar, a de que “macaco não mata macaco”, uma linda frase que me chamou bastante a atenção pela tom impactante como ele coloca, mostrando o quanto Cesar tem poder de liderança nesta comunidade.

Koba vai aos poucos adquirindo a habilidade de saber como manejar um revolver numa onde se aproxima de uns caras que estão treinando com uma pistola, e nesta passagem como ele aprendeu a técnica da malandragem, da trapaça, da encenação  para enganar os cara por ter carregar o trauma de ter conhecido o lado maligno dos seres humanos nos tempos em que ficou enclausurado num laboratório como cobaia e sido maltratado até o dia em que foi libertado pelo Cesar.   Koba no primeiro momento se faz de doido, age como se fosse um típico macaco de circo para distrair os caras para aproveitar desse momento em que eles estão  todos  distraídos com sua descontração para pegar a arma de fogo de um deles e de posse resolve atirar nos caras.

 

É utilizando esta que ele provocará um atentado contra Cesar depois que Malcom e companhia conseguem finalmente ativar a hidrelétrica, e é no momento em que todos estão festivos pelo fim da missão. Koba dá um disparo em Cesar que faz ele cair do penhasco sem ninguém nota-lo apenas o próprio César. Será a partir desse incidente começado pelo Koba que tem inicio o primeiro confronto dos humanos contra os primatas com consciência humana.

 

O que eu poderia descrever da impressão que o filme me proporcionou foi das melhores,  tanto no aspecto técnico da parte visual como ficou bem captado a movimentação digital de cada dublês encarando os macacos, ficou muito perfeita,  eles ficavam parecendo macacos mesmo de verdade, a  ponto de muitas das  representantes da sociedade protetora dos animais fazer elogios críticos positivos ao filme  pelo fatos deles não utilizarem macacos de verdade na maior das cenas pela  maneira como tecnicamente eles foram bem desenhados digitalmente e de como  os próprios encarnam bem os maneirismos e as nuances  de personalidade de cada macaco.  E como já havia colocado a cenografia também é um espetáculo a parte, todo feito sem utilização de chroma-key,  e  sem  carregar resquício  algum de efeito de computação gráfica, principalmente na cena que representa a cidade de São Francisco como uma cidade-fantasma  num  cenário pós-apocalítico viral e completamente selvagem consegue justamente  criar a atmosfera tensa que o filme quer transmitir sobre a que ponto uma situação do  extremo limite da intolerância pode ocasionar um conflito.

O roteiro eu só tenho que elogiar, pois mesmo sendo conduzido por um diferente diretor, onde em muitos casos quando isso aconteceu em outros filmes de franquias de sucesso, a experiência de mudança de diretor com uma ideia completamente diferente mostrou-se um grande fiasco de crítica e de bilheteria, mas nesta sequencia reboot de Planeta dos Macacos, posso descrever isso não mostrou-se ser  prejudicial   e sem carregar muita alteração nos rumos do roteiro, ele soube como conduzir e amarar bem o espectador, e mostrou como conduzir o foco principal do filme, que eram os macacos.

Basicamente o público não deve sentir pela ausência do Will(James Franco), já que  em “Planeta dos Macacos- A Origem”,  ele era um mero coadjuvante , agindo apenas  como espectador cujo arco fecha-se quando ele se despede do Cesar.  

Isso também pode ser sentido no núcleo humano deste filme, são os primatas o grande foco do protagonismo de Cesar e o antagonismo do Koba.  Que gera muitos ganchos não para um conflito, mas para vário que deveram ocasionar no que as franquias mostraram dos humanos sendo escravizados pelos macacos.  Poderemos ter mais filmes da nova franquia de Planeta dos Macacos?

Para encerrar, vou colocar a titulo de curiosidade o que eu andei descobrindo nas pesquisas que fiz sobre o que representa estes primatas na cultura pop para dar maior embasamento ao texto desta minha análise não só de “Planeta dos Macacos- O Confronto”, mas de todo o contexto de importância que a franquia teve quarenta anos atrás e ganha um revival  no  momento presente.

Como descrevi no inicio os filmes de “Planeta dos Macacos”, foram inspirados em um romance do francês Pierre Boulle, confesso que antes dos filmes eu nunca tinha ouvido falar desse romance, e se eu ignorava a existência desse romance, logicamente por não ter seria lido seria até uma hipocrisia da minha parte fazer  comparações entre livro e filme, cujas técnicas narrativas  são muito opostas umas das outras,  desde que o cinema surgiu e com isso vieram as primeiras adaptações literárias para as telonas, onde os personagens das páginas ganhavam vida na pele dos atores,  nunca os críticos conseguiram chegar a um consenso entre qual  é a melhor das onde a arte foi manifestada.

 Mas neste caso baseado na fonte que li sobre detalhes do pioneiro clássico “Planeta dos Macacos” de 1968, e lendo também um rápido resumo da sinopse do livro, as grandes diferenças drásticas que uma carrega com relação a outra será mostrado neste esquema que vou compartilhar com vocês.

 

 

 

Observem:

-No livro de Pierre Boulle, o herói que conduza narrativa  é o jornalista francês Ulysse Mérou, função que ficou a cargo do astronauta americano Geroge Taylor no cinema.

-No livro a passagem de como é descrita os humanos vivendo como escravos , como se já não bastasse ser extremamente cruel, ainda tinha o agravante deles viverem completamente despidos, ou seja, totalmente nus.  Assim que foi decidido fazer a primeira adaptação para o cinema, os produtores decidiram suavizar esta passagem  criando nos humanos trajes de peles de animais que combinou perfeitamente a atmosfera do filme, dando a eles uma característica mais selvagem os remetendo a típica figura primitiva dos Homens das Cavernas.  E isso virou tendência nos filmes seguintes da franquia lançados em 1970, 1971, 1972 e 1973.

-No livro a sociedade primata  é descrita já sabendo como manejar todo o aparato de equipamento tecnológico de uso   comum da humanidade, como os carros, os televisores e os helicópteros , mas no filmes os produtores decidiram transformar a tecnologia deles em primitiva com o intuito de diminuir gastos orçamentários. .

-No livro é descrito que os macacos tem um estilo de comunicação própria do qual Ulysse Mérou precisa aprender para poder conseguir se comunicar com eles, já nos filmes foi mostrado  os macacos falando de maneira idêntica aos humanos,  o que não significou um alivio para Taylor que teve de ficar forçadamente mudo por causa de um ferimento na garganta até ficar curado.

-Por fim, a mais curiosa alteração do livro para o filme, foi a maneira como é descrito o habitat dos macacos, no livro é descrito os macacos habitando num planeta similar a Terra, enquanto que no filme mesmo, os produtores ambientá-los na Terra propriamente dita.

 

FONTE:






 

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