Na tarde de Quarta-Feira, 30 de Julho de 2014, fui conferir
ao mais novo filme da franquia de Planeta dos Macacos, desta vez é “Planeta dos
Macacos- O Confronto”.
Antes de falar especificamente sobre este filme, vou
primeiramente fazer uma rápida introdução curiosa de como esta franquia surgiu
há exatos quarenta anos e ganhou vida nova agora na década de 2010.
Planeta dos Macacos foi inspirado em um romance do gênero ficção cientifica da autoria do francês Pierre
Boulle(1912-1994), que o publicou em 1963, e cinco anos depois, em 1968
inspiraria a primeira e clássica adaptação cinematográfica pelas mãos de Frank
J. Schaffner(1920-1989) e contou com o então famoso astro do cinema Charlton
Heston(1923-2008), no papel principal do
astronauta George Taylor que mostra pelo
seu ponto de vista de ao posar seu foguete e chegar num lugar muito estranho,
habitado só por macacos de consciência humana e vendo os humanos virarem escravos deles, o tempo todo ele pensa que ali é outro planeta
e que os macacos seriam como se fossem
alienígenas , com consciência humana e
tendo dominado a Terra completamente.
Taylor só vem a descobrir que ali era a Terra quando ao caminhar numa
praia montado a cavalo ele vê ali a Estatua da Liberdade fica bastante
indignado, numa cena que é considerada a mais antológica do cinema.
Aquele filme foi considerado um grande marco para história
do cinema num momento em que o mundo vivia um cenário muito tumultuado da
Guerra Fria, a sociedade americana na época vivia em conflitos internos com uma
juventude insatisfeita com os conflitos do Vietnã, grupos sociais minoritários marginalizados
brigando pelos direitos civis, a influencia da contracultura, do movimento
hippie fez com que de algum modo no filme que os macacos representavam bem esta
ideia. Mesmo na época sem muitos recursos tecnológicos sofisticados de hoje para fazer lindas capturas de
movimentos, a maneira artesanal como foi produzido com máscara cuja
movimentação facial parecida em stop motion, conseguia transmitir um pouco mais
de fidelidade. O sucesso comercial que
o filme conseguiu obter levou a uma série de sequencias que foram lançadas ao
longo da década de 1970, como “De volta ao Planeta dos Macacos” (1970), “A Fuga
dos Planetas dos Macacos” (1971), “A Conquista dos Planetas dos Macacos” (1972)
e finalizando com “Batalha do Planeta dos Macacos” (1973). Sendo que nenhum desses conseguiu obter o
mesmo sucesso fenomenal de bilheteria. Em 2001, Tim “Batman”Burton fez uma refilmagem com Mark Wahlberg numa
produção que ficou muito autoral do
diretor que terminou por não agradar muito nem a crítica, chegando a não render
muita em bilheteria. Enterrando de vez a franquia, até que em 2011,
a franquia foi ressurgida com um reboot dirigido por Rupert Wyatt, intitulado
de “Planeta dos Macacos- A Origem”, com uma história toda repaginada mostrando
como pano de fundo um prelúdio do que ocasionou os primatas terem desenvolvido
forte inteligência humana por causa da intervenção da própria humanidade quando
os primatas foram usados como cobaias para tentarem desenvolver a cura para o Alzheimer.
Que foi desta ideia que gerou o efeito
colateral como bem de uma forma mais consistente o primeiro filme desta nova
franquia apresentou. Fomos apresentados
ao chimpanzé Cesar, ainda filhote nascido de uma fêmea que foi caçada para
servir de cobaia de laboratório. Foi naquele laboratório que trabalhava
Will(James Franco), um humano que passa a cuidar de Cesar como se ele fosse seu
filho, na primeira passagem que mostra Cesar como filhote, que foi feito
todo digitalmente com captura de
movimento tendo o dublê Andy Serkis como protagonista que já tinha como
currículo já ter feito o Gollum na
trilogia do “Senhor dos Anéis”, e outro protagonizado outro macaco, o “King Kong” num remake de Peter
Jackson de 2005. Na passagem de Cesar
como filhote em “A Origem” é mostrado ele até bancando o cupido para Will
quando este o leva para ser atendido por uma bela veterinária que termina
virando esposa do Will.
No decorrer do desenvolvimento daquele filme foi mostrado
como Cesar aos poucos estava se sentindo meio diferente de outros animais, inclusive de sua própria
espécie com quem ele irá se deparar quando Will resolve manda-lo para um
santuário de macacos, onde lá todos são maltratados, e ele então resolve pegar
o soro criado para lhes dar super força para espalhar nos outros macacos enjaulados
no santuário e depois o utiliza nos macacos de laboratório.
O primeiro desta nova safra não só mostrou belas capturas de movimentos em
Cesar, como também conseguiu transpor isto muito bem nos dubles que fizeram os
outros macacos. Seria uma grande hipocrisia de minha parte definir que este
filme foi muito melhor em se comparando à clássica franquia lançada entre os
anos de 1968-1973, mesmo porque eu ainda não existia nesta época. Quando eu
nasci em 1985, a franquia já havia terminado fazia 10 anos, mesmo assim eu
conhecia algumas referências sobre estes filmes, cheguei inclusive a conferir
alguns pedaços destes quando passava na TV, na grade do “Cinema em Casa” que
era para o SBT, o equivalente a “Sessão da Tarde” da Rede Globo. E também cheguei apenas uma vez conferir no
antigo VHS, versão particular de Tim Burton do qual admito que a meu ver ficou um tanto razoável.
Pelo menos numa coisa este prelúdio do filme dos primatas
conseguiu superar, que foi explicar de uma forma mais elaboradamente clara e
objetiva de como pelo ponto de vista dos seres da Terra os primatas conseguiram
evoluir uma consciência humana, saindo da obviedade que o filme clássico quanto
a refilmagem de Tim Burton do ponto de vista do astronauta que ali era outro
planeta e os macacos eram vistos como alienígenas. “A Origem” terminou com Cesar formando a sua
primeira comunidade de macacos na floresta, ele se despede do seu antigo dono
Will, e deixando um gancho para os eventos do que seriam mostrados nesta nova
sequencia com o subtítulo de “O Confronto”, com as primeiras pessoas se
contaminando com a gripe símia que ocasionará o grande pano de fundo para esta nova sequencia inspirada no reboot.
Bom depois desta introdução vou fazer agora minha análise sobre
“Planeta dos Macacos- O Confronto”,
procurando no máximo não entregar muito spoiler.
Esta sequência desta vez dirigida por Matt Reeves, já começa
bem impactante com a câmera focando de forma bem enquadrada no rosto pintando de
Cesar, agora simbolizando a importante figura do líder tribal dos macacos. Neste primeiro momento é mostrado em como os
primatas que Cesar libertou do laboratório e do antigo santuário conseguiram se
adaptarem bem a selva, e mostram novas maneiras de como eles estão virando cada
dia mais humano.
Conseguiram desenvolver as técnicas de caça humana, pegam
até um urso, os mostram também tomando banho no riacho, montando os cavalos e
mais curioso de tudo é mostrando a maneira como eles já estabelecem uma divisão
de casta entre cada espécie. Os
chimpanzés passam a assumirem o papel dos comandantes pacifistas, os
orangotangos passam a representarem a figura dos intelectuais, inclusive eles
são até mostrados como professores ensinando e transmitindo conhecimento aos
macaquinhos numa escolinha deles improvisada dentro da comunidade e aos gorilas
já é mostrado a importância deles como a figura dos militares que fazem a
segurança, uma boa referencia a maneira que os antigos filmes da franquia já
tinham bem determinado.
Nesta passagem também mostra Cesar já tendo uma família bem
constituída com um chimpanzé adolescente um bebê macaquinho recém-nascido. Entre todos os macacos ele aos poucos é o
único que desenvolveu a mesma capacidade humana de comunicação, enquanto que
boa parte dos outros macacos usa o método da linguagem dos sinais dos surdos.
Um momento que eu achei mais curioso nesta passagem do filme
é a maneira como eles contam sua passagem de tempo, e eles usam das estações do
ano. É isso fica bem evidente quando Cesar ao dialogar com um dos orangotangos
que já mostravam esta habilidade de comunicação ainda em “A Origem” comenta
sobre o fato de já fazer muito que já tinham mais tido contato com humanos e
que eles nunca mais tentaram invadir o respectivo território deles e os
combateram corpo a corpo. Então o
orangotango Maurice lhe explica que faz dez primaveras que eles tem mais
aparecido ali para tirar-lhes a paz. As dez primaveras segundo o cálculo deste
orangotango significa dizer que cronologicamente já tinham se passado dez anos desde
aqueles eventos ocorridos em “A Origem”.
Ao mostrar a população humana inteira da Terra depois que a
Gripe Símia se espalhou por todos os lugares dizimando muita gente, e
transformando muitas cidades em um cenário devastador bem pós-apocalíptico com
as casas, os prédios e tudo completamente abandonado com matos espalhados por
tudo o que é canto. Chegando a remeter a
“Eu sou a Lenda” com uma cenografia perfeita sem nada de utilização de chroma-key,
bem representando a atmosfera quer nos apresentar.
É no núcleo humano que somos apresentados a três importantes
personagens que mesmo sendo meros coadjuvantes na história irão representar a
figura dos que tentaram intermediar entre os humanos com os macacos. Estes
serão representado por Malcom(Jason Clark), seu filho adolescente
Alexander(Kodi Smith McPhee) e
Ellie(Keri Russel) . Que irão se
mostrar serem mais pacíficos com os macacos em contraponto a Dreyfuss(Gary
Goldman) que tem uma posição bem nazista de querer exterminar os primatas a
ponto de vê-los como simples animais ameaçadores, pragas.
Em comum estes vivem numa região de quarentena para ficarem
longe do contato do vírus, todos são mostrado de uma forma muita suprimida sem
se aprofundar no desenvolvimento individual das personalidades de cada
personagem, são apresentados tendo em comum o fato de terem perdido pessoas
queridas e amadas pelo vírus. Como é o caso do Malcom que perdeu a primeira mulher,
mãe de seu filho, antes dele conhecer sua atual esposa ali Ellie, que relata
ter perdido a única filha por causa do vírus, em nenhum momento do filme ela comenta
do marido, deixando a entender que ela provavelmente devia ser mãe solteira até
mesmo é mostrado o Dreyfuss chorando ao mexer nas fotos dos seus meninos num
aparelho de tablet.
Neste núcleo humano é mostrado como cada um passou a viver ali
na cidade toda devastada com escassez de tudo, inclusive de energia eletrônica,
e para conseguirem isso eles terão de tentarem religar a antiga hidrelétrica
que ficas localizada justamente no mesmo local onde habitam os macacos.
E para poder conseguir este objetivo é que Malcom se oferece
para se aproximarem da tribo dos macacos para fazer um acordo amigável, no
começo eles são todos hostilizados, mas Cesar sente que estes humanos são bons.
O único do grupo símio que não se mostra satisfeito com esta atitude de Cesar é
o Koba .
No decorrer do filme este vai se mostrar ter uma posição
extremamente radical com relação a esta proximidade dos humanos com os macacos,
em virtude dele ter conhecido o lado ruim dos humanos, isto acaba influenciando
para que aos poucos, no decorrer da obra
ele vai desenvolvendo sua personalidade ruim, a ponto de virar a figura arquetípica do
Osama Bin Laden dos macacos.
Será Koba o responsável por violar um código imposto por
Cesar, a de que “macaco não mata macaco”, uma linda frase que me chamou
bastante a atenção pela tom impactante como ele coloca, mostrando o quanto
Cesar tem poder de liderança nesta comunidade.
Koba vai aos poucos adquirindo a habilidade de saber como
manejar um revolver numa onde se aproxima de uns caras que estão treinando com
uma pistola, e nesta passagem como ele aprendeu a técnica da malandragem, da
trapaça, da encenação para enganar os
cara por ter carregar o trauma de ter conhecido o lado maligno dos seres
humanos nos tempos em que ficou enclausurado num laboratório como cobaia e sido
maltratado até o dia em que foi libertado pelo Cesar. Koba no primeiro momento se faz de doido,
age como se fosse um típico macaco de circo para distrair os caras para
aproveitar desse momento em que eles estão
todos distraídos com sua
descontração para pegar a arma de fogo de um deles e de posse resolve atirar
nos caras.
É utilizando esta que ele provocará um atentado contra Cesar
depois que Malcom e companhia conseguem finalmente ativar a hidrelétrica, e é
no momento em que todos estão festivos pelo fim da missão. Koba dá um disparo
em Cesar que faz ele cair do penhasco sem ninguém nota-lo apenas o próprio
César. Será a partir desse incidente começado pelo Koba que tem inicio o
primeiro confronto dos humanos contra os primatas com consciência humana.
O que eu poderia descrever da impressão que o filme me
proporcionou foi das melhores, tanto no
aspecto técnico da parte visual como ficou bem captado a movimentação digital
de cada dublês encarando os macacos, ficou muito perfeita, eles ficavam parecendo macacos mesmo de
verdade, a ponto de muitas das representantes da sociedade protetora dos
animais fazer elogios críticos positivos ao filme pelo fatos deles não utilizarem macacos de
verdade na maior das cenas pela maneira
como tecnicamente eles foram bem desenhados digitalmente e de como os próprios encarnam bem os maneirismos e as
nuances de personalidade de cada
macaco. E como já havia colocado a
cenografia também é um espetáculo a parte, todo feito sem utilização de
chroma-key, e sem
carregar resquício algum de
efeito de computação gráfica, principalmente na cena que representa a cidade de
São Francisco como uma cidade-fantasma
num cenário pós-apocalítico viral
e completamente selvagem consegue justamente criar a atmosfera tensa que o filme quer
transmitir sobre a que ponto uma situação do
extremo limite da intolerância pode ocasionar um conflito.
O roteiro eu só tenho que elogiar, pois mesmo sendo
conduzido por um diferente diretor, onde em muitos casos quando isso aconteceu
em outros filmes de franquias de sucesso, a experiência de mudança de diretor
com uma ideia completamente diferente mostrou-se um grande fiasco de crítica e
de bilheteria, mas nesta sequencia reboot de Planeta dos Macacos, posso
descrever isso não mostrou-se ser
prejudicial e sem carregar muita
alteração nos rumos do roteiro, ele soube como conduzir e amarar bem o
espectador, e mostrou como conduzir o foco principal do filme, que eram os
macacos.
Basicamente o público não deve sentir pela ausência do
Will(James Franco), já que em “Planeta
dos Macacos- A Origem”, ele era um mero
coadjuvante , agindo apenas como
espectador cujo arco fecha-se quando ele se despede do Cesar.
Isso também pode ser sentido no núcleo humano deste filme,
são os primatas o grande foco do protagonismo de Cesar e o antagonismo do Koba.
Que gera muitos ganchos não para um
conflito, mas para vário que deveram ocasionar no que as franquias mostraram
dos humanos sendo escravizados pelos macacos. Poderemos ter mais filmes da nova franquia de
Planeta dos Macacos?
Para encerrar, vou colocar a titulo de curiosidade o que eu
andei descobrindo nas pesquisas que fiz sobre o que representa estes primatas
na cultura pop para dar maior embasamento ao texto desta minha análise não só
de “Planeta dos Macacos- O Confronto”, mas de todo o contexto de importância que
a franquia teve quarenta anos atrás e ganha um revival no
momento presente.
Como descrevi no inicio os filmes de “Planeta dos Macacos”, foram
inspirados em um romance do francês Pierre Boulle, confesso que antes dos
filmes eu nunca tinha ouvido falar desse romance, e se eu ignorava a existência
desse romance, logicamente por não ter seria lido seria até uma hipocrisia da
minha parte fazer comparações entre livro
e filme, cujas técnicas narrativas são
muito opostas umas das outras, desde que
o cinema surgiu e com isso vieram as primeiras adaptações literárias para as
telonas, onde os personagens das páginas ganhavam vida na pele dos atores, nunca os críticos conseguiram chegar a um consenso
entre qual é a melhor das onde a arte
foi manifestada.
Mas neste caso
baseado na fonte que li sobre detalhes do pioneiro clássico “Planeta dos
Macacos” de 1968, e lendo também um rápido resumo da sinopse do livro, as
grandes diferenças drásticas que uma carrega com relação a outra será mostrado neste
esquema que vou compartilhar com vocês.
Observem:
-No livro de Pierre Boulle, o herói que conduza narrativa é o jornalista francês Ulysse Mérou, função
que ficou a cargo do astronauta americano Geroge Taylor no cinema.
-No livro a passagem de como é descrita os humanos vivendo
como escravos , como se já não bastasse ser extremamente cruel, ainda tinha o
agravante deles viverem completamente despidos, ou seja, totalmente nus. Assim que foi decidido fazer a primeira
adaptação para o cinema, os produtores decidiram suavizar esta passagem criando nos humanos trajes de peles de animais
que combinou perfeitamente a atmosfera do filme, dando a eles uma
característica mais selvagem os remetendo a típica figura primitiva dos Homens
das Cavernas. E isso virou tendência nos
filmes seguintes da franquia lançados em 1970, 1971, 1972 e 1973.
-No livro a sociedade primata é descrita já sabendo como manejar todo o
aparato de equipamento tecnológico de uso comum da humanidade, como os carros, os
televisores e os helicópteros , mas no filmes os produtores decidiram transformar
a tecnologia deles em primitiva com o intuito de diminuir gastos orçamentários.
.
-No livro é descrito que os macacos tem um estilo de
comunicação própria do qual Ulysse Mérou precisa aprender para poder conseguir
se comunicar com eles, já nos filmes foi mostrado os macacos falando de maneira idêntica aos
humanos, o que não significou um alivio
para Taylor que teve de ficar forçadamente mudo por causa de um ferimento na
garganta até ficar curado.
-Por fim, a mais curiosa alteração do livro para o filme,
foi a maneira como é descrito o habitat dos macacos, no livro é descrito os
macacos habitando num planeta similar a Terra, enquanto que no filme mesmo, os
produtores ambientá-los na Terra propriamente dita.
FONTE:
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