No final da tarde de Segunda-Feira, 10 de Novembro de 2014,
fui conferir a uma interessante sessão de cinema no Shopping Midway Mall, o
filme em questão que assisti foi o drama nacional inspirado na biografia de uma
ilustre figura do cenário musical brasileiro, estou me referindo a “Tim Maia”.
Antes de começar a minha analise do drama biográfico do
ilustríssimo Tim, vou primeiramente comentar o curioso caso de naquela
Segunda-Feira no qual assisti ao filme foi no dia promocional do Projeto
Brasil, onde os catálogos nacionais exibidos naquele dia custavam pelo valor
simbólico de 3,00 R$. E talvez isso deva explicar o porque de eu ter enfrentado
uma gigantesca fila num dia tão atípico de começo produtivo de semana para
conferir uma sessão de cinema que não seria de um filme qualquer. Foi em consequência desta fila quilométrica
que terminou gerando como consequência eu ter de mudar a programação da sessão
que eu estava planejando assistir.
O filme no que posso resumir me surpreendeu bastante pela
proposta que soube bem apresentar para o público que aprecia a boa música
brasileira de um cantor tem uma simbologia muito importante e aos que estão na
casa dos 50 anos para cima tiveram o privilegio de vivenciar as diferentes
fases musicais dele bem reconstituídas em diferentes cenários datados.
Em meus 29 anos de vida, e amante da boa música como sou, confesso
que não tive muito o privilegio de vivenciar nenhuma das fases meteoricamente
douradas no qual o filme biográfico sobre Tim Maia retrata de forma magnifica. Quando
eu nasci em 1985, o Tim Maia já estava há muito tempo bem estabelecido na sua
carreira musical, apesar de na época o cenário industrial das grandes gravadoras brasileiras estavam mais interessadas investir como suas mercadorias em
cantores de outros gêneros musicais como do rock, por exemplo. A mesma coisa também aconteceu a medida que
fui crescendo ao longo da década de 1990,
quando vivenciei o cenário industrial
musical ser dominado pelas duplas sertanejas, as bandas melódicas de pagodes e
as bandas de trio elétrico do carnaval baiano que passaram a serem denominados por meio do produtor musical Hagamenon Brito de
axé music*. Quando ele faleceu em 1998, eu na época só tinha 13 anos, portanto,
não conhecia praticamente nada do que Tim Maia representava musicalmente para a
arte brasileira, a medida do tempo fui descobrindo e conhecendo o que
representava o seu grande legado artístico ainda mais na parte social sendo
representante da classe então marginalizada brasileira, conhecendo bem sua
capacidade genial de compor os mais diferentes tipos de ritmos musicais desde
as baladas dançantes como “Vale Tudo”, “Descobridor dos Sete Mares” até mesmo
com as baladas bem românticas como : “Primavera”,
“Você”, “Me dê motivo”, “Azul da Cor do Mar” entre outros exemplos.
Uma coisa que me surpreende bastante em ver um cantor como
Tim Maia tenha conseguido com este incrível talento genial de criar e compor as
próprias músicas e o tipo de entonação de voz que criava para as canções conseguia
cativar e atrair os mais diferentes públicos mesmo não tendo uma boa estética
física como ponto favorável, o seu grande talento que contrastava bastante com
a sua personalidade difícil, juntando a sua vida pessoal muito porra louca e se
envolvendo em situações muito controversas onde terminaram lhe custando altos
preços que em diferentes momentos dos seus 55 anos de vida mancharam muito sua
carreira e em consequência disso ele terminou vivendo uma vida pessoal muito
sofrida e solitária, outro também
contraste do sucesso que ele alcançou musicalmente.
No filme em questão com direção e roteiro de Mauro Lima,
adaptado do livro “Vale Tudo- O Som e a Fúria de Tim Maia” publicado em 2007,
de autoria do jornalista, produtor musical e muito amigo do Tim, Nelson Motta. Ele é o tempo todo narrado pelo ponto de
vista do cantor, amigo e parceiro musical dele Fábio(Cauâ Reymond) , é por meio
da sua narrativa mostrando as diferentes fases da vida do Tim Maia e como já
descrito no final do terceiro desse texto, nos diferentes cenários bem datados e bem reproduzidos pelos cenários fotográficos,
pelas maquiagens, os cortes de cabelos e os figurinos. Nas primeiras horas de filme, somos guiados
por meio da narrativa de Fábio que nos apresenta primeiramente como era a vida
de Tim em sua infância bem humilde na Tijuca, onde ele sendo o penúltimo filho
da numerosa família dos 20 filhos de Altino Maia e Maria Imaculada Maia, batizado
de Sebastião Rodrigues Maia, nessa passagem inicial do filme é mostrado como
ele já desde criança já tinha adquirido o aspecto físico bem rechonchudo, ainda
mais quando era mandado a ajudar a família entregando marmitas, o que lhe
rendeu o codinome no bairro de “Tião Marmita” e por assumir essa função
terminava aproveitando para comer as escondidas a comida dos clientes de sua
família. Também é mostrado como ocorreu a
sua formação escolar, em um colégio ministrado por uma companhia de padres. O filme no decorrer da passagem do tempo vai
se desenvolvendo mostrando um Tim Maia(Vivido por Robson Nunes nesta fase de adolescente colegial e pós-colegial) mais crescido e com o aspecto físico mais roliço
no final da década de 1950, sonhando alto com sua carreira musical. Foi graças a um padre da escola que ele
conseguiu adquirir o primeiro instrumento da sua vida, também é nesta fase da
vida dele que é apresentado as suas primeiras tentativas de tentar a chance na
tão sonhada musical formando duas diferentes bandas.
Nessa passagem do filme também é mostrada como foi o
relacionamento dele com duas importantes figuras da música brasileira, jovens
na sua mesma faixa etária como Roberto Carlos e Erasmo Carlos, o pioneirismo da
Jovem Guarda, um importante movimento musical surgido por esta época influenciado
pelo rock americano. Também o mostra formando junto com estes dois a banda “The
Sputniks”, em um interessante cenário que para quem tem mais de 50 anos deve
com certeza sentir um pouco de nostalgia, porque neste momento é mostrado ele por esta época de sua primeira
tentativa de se lançar cantor no programa de auditório do então ilustríssimo apresentador de TV
do Carlos Imperial(1935-1992), que era naqueles primórdios da televisão
com a extinta TV TUPI(1950-1980) a mesma coisa que hoje representa Faustão e
companhia Ilimitada.
É também nesta fase apresentada no filme da sua juventude
que é mostrado o Tim Maia já adquirindo a sua personalidade bem intempestiva,
que se tornaria a grande responsável por em diferentes momentos da sua vida por
queimar sua carreira na música.
Com o desenvolver maior é mostrado o Tim Maia se aventurando
nos EUA, onde lá tendo contato com o povo marginalizado das ruas do Brooklin
conheceu a influencia musical que o faria adotar assim que retornasse.
Antes disso vai mostrando durante esta passagem em solo
americano, a sua experiência de malandragem ao se envolver numa treta com os
marginais roubando e comercializando droga, esta sua grande mancada lá seria
responsável por sua prisão e deportação para o Brasil.
No momento em que apresenta ele retornando ao Brasil, é
mostrado como aqui ao saber como seus antigos parceiros de “Sputniks” Roberto
Carlos e Erasmo Carlos estavam se tornando grandes mercadorias lucrativas para
muita gravadora brasileira.
E de como ele precisou penar muito para conseguir virar o
cantor que se tornaria futuramente. Mais
para frente, o filme vai se desenvolvendo em mostrar o cantor(Interpretado por
Babu Santana até a morte do cantor) com
já bem estabelecido mercadologicamente falando e havendo uma forte santificação
dele.
É no cenário da fase dourada que foi nos anos 1970, que é
mostrada como era detalhes curiosos dos bastidores das canções que ele gravou,
mostra um pouco da sua relação amorosa com Janaina(Alinne Moraes) colocado com um toque de licença poética,
isto porque a presença dela no filme cria a junção das duas mulheres com quem
Tim Maia se apaixonou, sendo a Janaina real e a segunda foi com quem ele
constituiu família. É por esta fase da
vida dele que ao espectador é apresentado como na mesma medida e proporção ele
conseguiu grandes sucessos, como também grandes fracassos, sua vida bem porra
louca se nas festas onde bebia e drogava excessivamente e envolvido nos
episódios controversos, como quando inventou a aderir a seita religiosa dos
racionais, onde ele terminou utilizando para doutrinar seus fãs gravando um álbum que terminou lhe custando
sua carreira fora o seu forte desemperramento que fez ele entrar em sérios
conflitos com gravadoras somados ao
afastamento de alguns de seus amigos, de sua amada e somados a sua boa genialidade
musical, que contrastava bastante com sua personalidade difícil que o
levava a viver um estilo de vida bem controverso e somados ainda a sua vida bem
sedentária terminou gerando o fim de sua vida na solidão.
Pelo que pude constatar do filme sobre a vida do cantor Tim
Maia, ele procura esmiuçar ao máximo possível todos os diferentes momentos da
carreira da ascensão e queda passando por fases bem controversas também
mostrando seu talento musical incrível contrastando com o ser humano cheio de
muitas falhas como qualquer pessoa comum, ou seja, são as várias faces de um
mesmo Tim Maia.
Assim, tiveram alguns momentos que acabaram ficando de fora
do filme, logicamente para o filme não ficar muito cansativo e tedioso. Inclusive pude notar a ausência de mostrar
detalhes de sua vida intima na representação da figura paterna com os filhos
Leo e Carmelo Maia. Assim como também
não chegaram explorar suas outras amizades com outros cantores como Jorge Bem
Jor ou mesmo Sandra de Sá ou mesmo de outros episódios bem controversos de
algumas práticas de malandragens que lhes custaram muitas dividas.
Enfim, o que posso definir do filme biográfico sobre Tim
Maia, ele é excelente para se conhecer um pouco melhor do nosso contexto
musical, para gente saber como dar valor a cultura brasileira. Como já descrito
nos parágrafos acima ele carrega uma excelente fotografia e belíssimas
cenografias reconstituem bem cada momento histórico do cenário musical onde o
Tim vivenciou, os figurinos também estão impecáveis, o uso dos carros também é
uma bela visão poética.
O elenco presente no filme é incrível, com destaque para
Robson Nunes e Babu Santana que estão incrivelmente perfeitos encarando o papel
do cantor em diferentes momentos da vida.
Robosn Nunes está excelente apresentando um Tim Maia mais
jovem sonhando alto com sua carreira artística e tendo uma forte ligação com o
Roberto Carlos. E mostrando os primeiros
sinais da sua personalidade explosiva e Babu Santana está extremamente perfeito
no papel do Tim Maia já bem mais adulto e com a carreira musical estabelecido com
uma caracterização perfeita, e criando uma perfeita empostarão de voz para
ficar super igual ao cantor, é curioso imaginar que os dois que encarnam com
perfeição no filme um Tim Maia com idades tão diferentes, o primeiro bem
adolescente e o segundo dos trinta anos para cima, tem na vida real
uma diferença de idade bem pequena de apenas 3 anos . Assim como posso
pontuar a excelente presença de outros atores que são rostos bem conhecidos do
grande público de novela global, como Cauã Reymond que está brilhante no papel
de Fábio e a forma como ele faz a narrativa da obra também é perfeita, assim
como a Alinne Moraes ótima no papel da Janaina que parece mostrar aquela figura
das típicas mulheres interesseiras que gostam de darem em cima de algum famoso
milionário para tentarem se darem bem, o protótipo da piranha periguete. Assim
como também conta com ótimas participações de rostos conhecidos de novelas
globais que sabem como aproveitar os tempos de presença de cada um. Como já bem descrevi acima, o filme tem todo
um clima de nostalgia para quem com um pouco mais de idade do que eu conheceu
muitas das suas diferentes fases bem reconstituídas no filme.
FONTE:
“Termo Axé Music nasceu pejorativo,
mas se tornou forte. Hagamenon Brito explica: http://ciclosdejornalismo.blogspot.com.br/2011/10/termo-axe-music-nasceu-pejorativo-mas.html
http://caiobraz.com.br/5-motivos-para-ver-o-filme-do-tim-maia/
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