Ontem de manhã conferi na Netflix, ao filme O Menino Maluquinho(Brasil,
1995).
Um filme infantojuvenil br, que me lembro vagamente de ter ido
assistir, eu estava com 10 anos acompanhado da minha família no antigo
prédio da sala de cinema do Rio Verde aqui em Natal/RN, localizado em
frente a Catedral Nova na Avenida Floriano Peixoto em Tirol, no centro
da cidade, onde hoje é o prédio de uma Igreja Evangélica. O filme contou
com a direção de Helvecio Ratton e produção de Tarcísio Vidigal.
Com
inspiração no famoso personagem literário do desenhista, chargista,
cartunista e escritor Ziraldo que o publicou em 1980. O filme
analisando pelos olhos de hoje, passados mais de vinte anos após seus
lançamento, dá para ver e sentir que ele bem representou uma enorme
contribuição para a retomada da produção do cinema brasileiro naquele
momento em que as produções estavam bem tímidas, especialmente depois
que no começo do anos 1990, o Governo de Fernando Collor de Mello
prejudicou a nossa produção cultural, e bem naquele momento em que
tínhamos recém-lançado a moeda do Real do Governo FHC que nos deu uma
estabilidade e deu fim ao longo ciclo de inflação.
É que nossa produção cinematográfica foi aos poucos retomando. O filme apesar de apresentar entre suas
falhas técnicas, uma qualidade meio sofrível da imagem com alguns
chuviscos que criam uma sensação de ter envelhecido mal com o tempo,
dando uma sensação de produção amadora por causa da retomada tímida e a
captação do áudio também não estava lá essas coisas. Mas que de todo
jeito ainda é uma produção que mesmo com recursos bem limitados e com um
orçamento até modesto se formos comparar aos padrões hollywoodianos.
Apresenta um belo primor do design de produção, especialmente dos
figurinos dos personagens que remetem bem a atmosfera datada ao final
dos anos 1960. A panorâmica do bairro onde reside o protagonista, cheio
de residencias bem coloridas e com umas paletas cujas tonalidades dão o
toque lúdico a obra. E a atmosfera bucólica de quando ele vai para a
fazenda de seu avô e junta sua galera, que teve como locações a cidade
histórica de Tiradentes/MG que é incrivelmente mostrado com ele fugindo
de uma gang de meninos. Outra boa qualidade que merece ser destacado no
filme está no roteiro, soube bem como trabalhar além do tom divertido,
também o tom dramático, especialmente na sutilidade do personagem lidar
com a separação dos pais. Samuel Costa, o protagonista mostrou um
desempenho brilhante. Fora também contar com participações de um grande
elenco de feras como Roberto Bomtempo e Patricia Pillar na pele dos pais
do Menino Maluquinho, Luis Carlos Arutin na pele do simpático Vovô
Passarinho, o avô do protagonista. Ele que assim como seu personagem
terminou morrendo no filme, ele morreria no ano seguinte após o
lançamento, vitimado por uma asfixia em um incêndio ocorrido no seu
apartamento em Janeiro de 1996. Que também contou com as participações
de Hilda Rebelo como a Avó do Menino Maluquinho, Vera Holtz como a
Professora, Tonico Pereira como Seu Domingos, o motorista do ônibus
escolar, Edy de Castro como a Irene, empregada domestica do Menino
Maluquinho e Othon Bastos como o Padre que reza no enterro do Vovô
Passarinho e com a produção musical também incrível do Antonio Pinto, filho do
Ziraldo com um repertório de músicas lúdicas interpretadas por Milton
Nascimento e um coral infantil.
Mesmo que o seu formato a primeira possa parecer um tanto datado, já que o protagonista reflete uma característica um tanto rara de se ver entre as crianças da atualidade que é a das crianças brincarem na rua, visto o nível a que chegamos com o clima de insegurança que fazem a gente gastar horrores com segurança pessoal, e fora que no atual momento onde passamos a morar em condomínios fechados e o mundo moderno afetou e muito a maneira de nos relacionarmos com outras pessoas e as nossas crianças tem encontrado mais refúgio no mundo virtual. Coisa que na própria época em que o filme foi lançado a própria época do lançamento deste filme isto também já acontecia, já que era a época que nossas crianças estavam mais brincando nos videogames de SuperNitendo e eu fui uma dessas. Acredito que por essas e outras que o
filme do Menino Maluquinho merece ser revisitado e apresentado para as
novas gerações. Um fato curioso a se observar, mesmo que não seja muito relevante, entre os créditos aparece entre uma menção ao nome de muitas as empresas responsáveis por patrocinar o filme, entre estas aparece o da extinta TELERJ(Empresa de Telecomunicações do Rio de Janeiro), que deixou de existir após ser privatizada em 1998, e que a partir de 1999 passou a ser chamada com outras empresas de telefonias de outros estados como a TELERN aqui do Rio Grande do Norte, por exemplo, de TELEMAR e a partir de 2007 passou a usar a marca OI.