quinta-feira, 30 de julho de 2020
Por Que "Deus e o Diabo na Terra do Sol" É Uma Obra-Prima
"Deus e o Diabo na Terra do Sol" é uma obra-prima do cinema brasileiro. Entenda por quê.
terça-feira, 28 de julho de 2020
POR QUÊ O HULK NO MCU NÃO TEM FILME SOLO?
Olá Grandes Super-Heróis nesse vídeo trago debato aqui sobre o porquê e as razões que fazem com o famoso Gigante Esmeralda Hulk não tenha filme solo dentro do MCU? Baseado no minha recente ao assistir dois filmes do Verdão. Que foram Hulk(EUA,2003) e a animação do Planeta Hulk(Planet Hulk, EUA, 2010).
quarta-feira, 22 de julho de 2020
RESENHA DE O HOMEM DO FUTURO(2011): UMA FICÇÃO CIENTIFÍCA BRASILEIRA
A
produção do cinema brasileiro, sempre foi bastante sofrida, visto que aqui para a gente
produzir um filme precisa depender de verba governamental. Fora que nós brasileiros em sua maioria, não
costumamos dar muito valor a nossa produção cinematográfica onde sempre temos
uma visão banal. Principalmente pelas produções das pornochanchadas. Sofremos
no começo da década de 1990, quando o então Presidente da República do Brasil
Fernando Collor de Mello fechou a
Embracine e a produção cinematográfica foi prejudicada. E depois que houve a
retomada fomos aos poucos nos aperfeiçoando. Desde da retomada do cinema
nacional, nos acomodamos sempre a trabalhar na comédia com aquelas fórmulas prontas com toques bem
caracteristicamente novelescos e com muita dose de apelo popularesco suburbanos e
periféricos para atrair a plateia. Ainda
mais sendo estrelado por atores do primeiro escalão da Rede Globo, a maior
emissora do pais. Isto não é o caso do filme O Homem do Futuro(
Brasil, 2011). Que fez um ótimo trabalho
experimental de ficção científica sobre viagem no tempo. Algo incomum para o calibre do cinema
brasileiro.
Na
obra, acompanhamos a história de João/Zero(Wagner Moura), um brilhante
cientista que trabalha como professor universitário numa conceituada faculdade.
Mesmo sendo um brilhante gênio da ciência, vive na frustação de ter vivido uma
situação humilhante há vinte anos quando durante uma noite festiva
do baile a fantasia em 1991 na Universidade, ele foi bastante
achincalhado no palco na frente de todo mundo pelo Ricardo(Gabriel Braga
Nunes) o lambuzando, botando penas e o pendurando numa corda em direção ao
público e foi lá que ele perdeu o grande amor de sua vida
Helena(Alinne Moraes) que participou dessa brincadeira de mau gosto colocando o
letreiro de Zero, o apelido dele que o estigmatizou para o resto da vida.
Helena
que passados 20 anos, virou uma grande modelo internacional, e ele vive
obcecado por ela a ponto de usar a máquina molecular que estava desenvolvendo para fazer uma
viagem no tempo, que contou com o auxílio financiado de seus velhos
companheiros da época de faculdade Sandra(Maria Luísa Mendonça) e
Otávio(Fernando Ceylão). Otávio é o que mais se mostra contra esta ideia, tenta
impedi-lo, mas, não consegue e durante sua ida a 1991 para modificar o passado ele contara com reforço do hacker Sushi(Daniel
Uemura). Então quando ele chega a 1991 pela primeira vez, bota em prática o que
havia pensado que era modificar aquele acontecimento e quando ele consegue
entra num futuro alternativo onde ele começa a estranhar o fato de ter Ricardo
como seu assistente e se tornou podre de rico, mas muito canalha passando a
perna nos seus dois companheiros de faculdade que lhe deram a maior força no
seu projeto e viraram seus inimigos nos tribunais, e o quanto que ele virou um
canalha em mandar prender Helena e que havia virado um tremendo cafajeste e
torrava a grana a ponto de ficar endividado. E a trair com outras mulheres.
Ao
perceber a grande mancada que fez ao modificar a sua existência temporal para
deixar ocorrer novamente e assim temos a jornada dele diante do maior inimigo
que é o tempo.
O
filme contou com a direção e o roteiro de Cláudio Torres, diretor que nasceu
num importante berço artístico sendo filho dos atores Fernando
Torres(1927-2008) e Fernanda Montenegro e da atriz Fernanda Torres e já no seu currículo cinematográfico contém outras obras experimentais importantes como Traição(Brasil, 1999), Redentor(Brasil,2004),
A Mulher do Meu Melhor Amigo(Brasil.2008) e A Mulher
Invisível(Brasil,2009) . Eu
lembro bem de ter assistido na telona na época do lançamento e fiquei bastante
surpreendido com esta inusitada estética que o diretor trabalhou na obra de ficção científica com toques de comédia e
drama. Coisa que normalmente não é muito familiar aos brasileiros, principalmente nas telenovelas já que somos
um país muito desigual onde temos um governo que pouco investe no ensino. E
para quem sonhar em fazer carreira na ciência, sofre pela falta de verba do
governo. Uma lástima. Ao revisita-lo na Netflix pude ver que ele envelheceu bem,
principalmente ao tratar da questão ética por parte da ciência e suas
consequências que a ganância pode trazer, principalmente numa invenção que mexe
com viagem no tempo. E que existe limites para o homem ficar brincando de Deus.
Bem dosado entre a comédia e o drama.
Por
mexer com viagem no tempo, o filme apresenta alguns furos de roteiro como
ocorre também nas megaproduções de Hollywood que quando você imerge na história
nem repara como o fato do protagonista roubar um carro de um casal no passado
de 1991, por exemplo.
Há
criticas mistas que o acham bastante pasteurizado, muito americanizado, não
parece muito jeito de filme brasileiro principalmente pela estética de ficção
cientifica. A mesma é a que fica dando valor as comédias banais popularescas achando
a coisa mais primorosa do mundo com aquelas formulas baratas de risada fácil
mostrando o brasileiro esperto malandro. E não entendeu as sutilidades da
abordagem do texto que é muito cheio complexo e didatismo, que não estamos
habituados a prestigiar. E não tenham reparado que, por exemplo, as principais características
que o filme bem reflete sobre o Brasil está em João pegando verbas sem a autorização
e ele reclamar de trabalhar como escravo dentro da universidade. E o próprio
refletir a profissão de docente no Brasil. Coisa que pelo que parece não foram
muito notadas pelos experts. Achando que uma abordagem dessa obra muito elitizada não simboliza o reflexo do Brasil.
Enfim,
O Homem do Futuro trata-se de uma obra magnífica bem fora dos
padrões de produção brasileira, com um brilhante texto cômico cheio de
complexidades didáticas cujo teor não é
para qualquer um entender, bem numa pegada mais nerd sobre
universo cientifico de viagem no tempo. Ao contrário das comédias
mais popularescas que retratam bem o
estereótipo do brasileiro malandro que quer se dar bem a qualquer custo.
Com um elenco brilhante de peso, só tem feras.
Que representaram bem a boa construção e
desenvolvimento dos seus personagens. Wagner Moura como protagonista João
desempenhou brilhantemente o papel com todas as camadas do personagem,
principalmente dele vivendo em constante conflito com ele mesmo, como podemos bem perceber nas suas diferentes
versões com que ele se depara: Como o João do passado de 1991 trabalhou perfeitamente
o jeito bem abobalhado, imaturo e ingênuo falando gago. Já na versão do João no presente de 2011, representou bem a sua versão de professor universitário que
carrega todas as frustações daquela noite em que foi humilhado e foi abandonado
pelo seu amor. E na versão do João de um futuro alternativo
modificado por ele, representou bem a camada mais dramática e melancólica dele
vendo as consequências da decisão que tomou ao modificar seu passado, onde
conquistou o que queria que era rico, bilionário com o seu invento, no entanto
viu pagar um alto preço de viver solitariamente por trás de todo o glamour e da
riqueza, que o tornou um cara frio e insensível. Um ótimo gênio da ciência, mas
que sempre vivia atormentado por este acontecimento, criando assim seus
demônios internos. Alinne Moraes como a Helena ficou excelente
representou as diferentes camadas dela em cena, a tipo estereotipo do mulherão
sonho erótico de qualquer nerd, mostrando
bem que amava sim João do jeito
que ele era, mas por uma armação do canalha do Ricardo que o humilhou na frente
de todo mundo, ela o abandonou e seguiu carreira de modelo por imposição do
Ricardo. Gabriel Braga Nunes como o Ricardo representou brilhantemente o
papel desse sujeito playboy, mau
caráter, que por trás daquela posse de galã de TV era um sujeito podre,
nojento, que não media esforços para
conquistar o objetivo ganancioso de
separar Helena de João para transforma-la numa modelo internacional a vendendo
para um agente espanhol. Também merece menção as partições de Maria Luiza
Mendonça como Sandra que fez uma excelente representação cômica dela bastante
afetada. Outra menção importante do elenco vai para Fernando Ceylão que ficou excelente como o
Otávio, o alivio cômico, parceiro de João desde dos tempos da faculdade e seu colaborador
no projeto, além de desempenhar bem na comédia ficou óitmo também no drama.
Fora também algumas participações especiais. Como a de Gregório Duvivier,
humorista que integra o grupo humorístico da internet Porta dos Fundos como um sujeito andando na
rua em 1991 com quem João pede informação. Rodolfo Botino, ator que acompanhei
mais mostrando seus dotes culinários quando apresentava um programa chamado UD
Gourmet no canal de vendas Shoptime aparece no filme como um barman nessa obra
que foi seu último trabalho, ele faleceu meses depois do lançamento em 11 de
Dezembro de 2011, após enfrentar uma batalha contra o HIV. Daniel Uemura como o
hacker Sushi também esteve incrível naquele estereotipo nerd. E vale mencionar
também a participação gringa do franco-argentino Jean-Pierre Noher como o Mayer,
o agente espanhol a quem Ricardo apresenta Helena para se sua modelo e fazer
carreira internacional.
Também
juntando ao ótimo design de produção dos bons efeitos especiais ocasionados
pelas viagens no tempo colocaram bem uma estética futurista na obras, e as
locações feitas entre São Paulo e Rio de Janeiro, a excelente com os adereços
bem retrô que bem rementem ao começo dos
anos 1990, que é bem explorado com uma estética vintage. Fora também a trilha musical perfeita como a
canção Tempo Perdido do Legião Urbana representada no filme pelos
protagonistas ficou simplesmente
incrível. Fora também a música By My Side da banda australiana INXS tocando ao fundo nas cenas de
amor entre João e Helena no Baile a Fantasia que estava entre as mais tocadas
nas rádios da época. Fora também a produção musical do Lucas Raele que
trabalhou uns toques de música de sintetizador que bem criou a atmosfera de
ficção cientifica.
No
Balanço Geral, posso concluir que O Homem do Futuro trata-se de uma obra cinematográfica brasileira que pode ser bem agradável para quem gosta
de uma estética mais experimental como essa abordando ficção cientifica com a complexidade mais reflexiva
da viagem no tempo coisa que não temos
muito o hábito de trabalhar, fugindo um pouco dos padrões e das fórmulas
baratas e mais popularescas das comédias
suburbanas, com temáticas banais e escrachas com ares novelescos como estamos
acostumados a ver em nossas produções.
sexta-feira, 17 de julho de 2020
O LADO BOM DOS FILMES DE BATMAN DE JOEL SCHUMACHER(1939-2020)
Olá Grandes Super-Heróis, nesse vídeo eu separei o que eu havia retirado na versão bruta do material original do último vídeo sobre os filmes de Batman Eternamente e Batman&Robin dedicados a memória do Joel Schumacher(1939-2020) que já estava longo demais com mais de 1 hora de duração. E fora que analisando friamente, fugiria demais ao foco ao assunto. Então resolvi colocar nesse vídeo extra os dois únicos pontos positivos que os dois filmes do Schumacher dirigiu da franquia do Batman.
quarta-feira, 15 de julho de 2020
POR QUÊ OS DOIS BATMAN DIRIGIDOS POR JOEL SCHUMACHER SÃO TÃO ODIADOS?
Olá Grandes Super-Heróis. No vídeo de hoje, no mês passado, Batman Eternamente (Batman Forever, EUA, 1995), completou 25 anos do seu lançamento. Filme dirigido por Joel Schumacher. Que não por acaso faleceu no dia 22 de Junho, aos 80 anos após enfrentar uma batalha contra o câncer. Ele que já estava há anos aposentado do cinema. Carrega no currículo filmo gráfico trabalhos excelentes. Mas ficou bastante estigmatizado por ter dirigidos dois filmes do mais icônico herói da DC. Cujos resultados ficaram tão péssimos que até hoje se tornaram umas unanimidades de ruins. Mas por quê será? Após revisitar os dois filmes do Morcegão que ele dirigiu que foi Batman Eternamente e Batman & Robin (EUA, 1997). É dou minha explicação.
terça-feira, 14 de julho de 2020
TRAILER DE POR QUÊ JOEL SCHUMACHER É TÃO ODIADO PELOS DOIS BATMANS QUE ...
Aqui vai um pouco do que vou mostrar no vídeo dedicado aos dois filmes controversos de Batman dirigidos por Joel Schumacher com direito ao som de Kiss From a Rose do Seal.
quinta-feira, 9 de julho de 2020
Ilha das Flores 1989 FILME COMPLETO
Narração de Paulo José.
Diretor: Jorge Furtado; Elenco: Ciça Reckziegel
Gênero: Documentário, Experimental;
Ano: 1989; Duração original: 13 minutos; Cor: Colorido; Bitola: 35mm; País: Brasil; Local de Produção: RS.
Ficha Técnica: Produção de Mônica Schmiedt, Giba Assis Brasil, Nôra Gulart Fotografia Roberto Henkin, Sérgio Amon Roteiro Jorge Furtado; Edição de Giba Assis Brasil; Direção de Arte por Fiapo Barth; Trilha original por Geraldo Flach.
Prêmios:
Urso de Prata no Festival de Berlim 1990
Prêmio Crítica e Público no Festival de Clermont-Ferrand 1991
Melhor Curta no Festival de Gramado 1989
Melhor Edição no Festival de Gramado 1989
Melhor Roteiro no Festival de Gramado 1989
Prêmio da Crítica no Festival de Gramado 1989
Prêmio do Público na Competição "No Budget" no Festival de Hamburgo 1991.
terça-feira, 7 de julho de 2020
RESENHA DO FILME CAZUZA-O TEMPO NÃO PARA(2004) PARA LEMBRAR OS 30 ANOS DE SUA MORTE.
PARA
LEMBRAR OS 30 ANOS SEM CAZUZA. UMA CRÍTICA DA SUA CINEBIOGRAFIA.
No
dia 07 de Julho de 1990, partia para o plano espiritual o cantor Agenor de
Miranda Araújo Neto, artisticamente conhecido como Cazuza(1958-1990). Então na época precocemente
com 32 anos vitimado pela AIDS. Em
memória dos 30 anos de sua morte, irei comentar e analisar sobre a
cinebiografia Cazuza-O Tempo Não Para(Brasil, 2004).
Nascido no Rio de Janeiro em uma
família de classe média alta. Cazuza era filho único
do produtor fonográfico João Araújo(1935-2013) com a cantora Lucinha
Araújo de quem foi daí que ele herdou a paixão pela música a ponto dele
resolver construir uma carreira artística.
Antes
de se lançar na carreira artística, ele já era chamado de Cazuza desde criança, palavra muito usada no
Nordeste como sinônimo de moleque, já que sua família carregava umas raízes
nordestinas. Prova disso, existe um
livro infanto juvenil pouco conhecido de muitos brasileiros com o título de Cazuza, de autoria do maranhense Viriato
Correa(1884-1967), publicado em 1938,
que escreveu uma história bastante intimista sobre sua infância escolar
com o seu protagonista o Cazuza que dá título à obra.
De
tanto ser chamado por esse apelido que na escola tinha dificuldade de atender a
chamada do professor pelo seu nome de batismo.
Em
meus 35 anos de vida, não tive o privilégio de acompanhar a carreira meteórica
dele, visto que quando eu nasci ele já estava bombando e quando ele morreu, eu
era muito criança estava com apenas cinco anos e como qualquer criança dessa
idade que eu tinha na época ouvia as
músicas de Xuxa, Sérgio Mallandro, Trem da Alegria, Mara Maravilha, Angélica
dentre outros. Eu cresci ouvindo muitas
boas referências dele como cantor e toda a aura de glorificação em torno dele,
principalmente pelo trabalho social que sua mãe Lucinha fazia com crianças e
jovens portadores da AIDS com a ONG Viva Cazuza, que ela fundou junto de seu
marido João depois que Cazuza morreu e principalmente quando lá para 1997 foi
publicado a biografia Cazuza-Só as mães são felizes escrito pela jornalista Regina Echeverria com
depoimento de sua mãe Lucinha.
Eu
só fui ter a dimensão da importância de como Cazuza foi mais do que um talento
musical, mas também um cantor importante para sua geração após conferir ao
filme biográfico Cazuza-O Tempo Não Para lançado em 2004.
O
filme contou com a direção de dois
diretores: Sandra Werneck e Walter
Carvalho, cuja base para o roteiro foi
no livro biográfico Cazuza-Só as Mães são Felizes. Como já
mencionado acima, que foi adaptado por Fenando Bonassi e Victor Navas, com
produção de Daniel Filho e coprodução da Globo Filmes.
O
filme retratou a história de sua meteórica carreira artística a partir do ponto que mostra ele se preparando
para encenar no Circo Voador uma peça teatral Pára-quedas no coração com a Companhia Asdrúbral Trouxe o Trombone que
marcou bastante o cenário teatral do Brasil nos anos 1980 por suas obras
satíricas, ácidas, transgressoras e de muita crítica social, como uma ótima
forma de escapismo para um momento bem delicado que o Brasil estava passando ao
entrar na transição do fim da Ditadura Militar para entrar no Governo Civil da
Nova República. Naquele momento em que o Brasil entrava na década de 1980
esperando por uma grande mudança depois que o recém-empossado Presidente da
República João Batista Figueiredo(1918-1999) havia decretado Anistia em 1979 aos
exilados e presos políticos e começou uma nova reestrutura do cenário político
brasileiro esperando adotar as eleições diretas para presidente, foram surgindo
novos partidos políticos e a inflação
começou a estourar que fez a década de 1980 ficar marcada como “A Década
Perdida”. Em nenhum momento da
obra foi mostrado como era sua infância em casa, principalmente na convivência
que tinha com outros artistas que visitavam o seu pai, um influente produtor
musical que chegou a presidir um dos mais importantes selos fonográficos
brasileiros, a da gravadora Som Livre. Também não foi mostrada na obra a passagem dele na escola, onde lá conviveu com o futuro jornalista da Rede Globo Pedro
Bial que foi seu colega de turma, com quem protagonizou um causo curioso de ao
fazerem um trabalho escolar de entrevistar o poeta e cantor Vinicius de
Morares(1913-1980) eles saíram de lá bastante de pileque de tanto beberem uísque que ele ficava os oferecendo.
Esta
falta é compensada pela maneira como foi construindo e moldando a personalidade
do Cazuza como artista e como ser humano no mote do enredo. Logo depois dessa
passagem pelo circo voador, temos ele sendo integrado a banda de rock
brasileira Barão Vermelho onde virou o vocalista.
O
Barão Vermelho foi um importante conjunto musical que foi o expoente junto de
outras bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Kid Abelha
dentre outras bandas e artistas surgidos na época que tocavam o rock com uma
sonoridade estética influenciada pela musicalidade que estava em alta
internacionalmente como o Rock Progressivo, a New Wave, o Punk e a sonoridade
moderna do sintetizador que inspirou a estética de sonoridade deles trazendo
uma letra de ferrenho tom crítico e transgressora naquele momento em que o Brasil estava passando por uma
importante transformação no seu cenário político, onde também passávamos pela
grande crise econômica da inflação em
alta.
Numa
época em que também a música ganhava uma
roupagem mais moderna, inovadora e revolucionária. Ganhando formas e cores com
a popularização do videoclipe que já era um recurso antes usados pelos filmes
musicais e por outros artistas musicais, onde os Beatles foram os pioneiros nos
anos 1960. Mas foi nos anos 1980 que a
popularização deles ficou mais evidenciado, isso porque foi nessa época, mais
precisamente em 1981 que estava surgindo nos EUA uma emissora com programação
100% musical chamada de MTV. Que naquela época pré-mídia digital, foi
importante para ajudar a facilitar na divulgação de artistas que estavam
começando a se lançarem na indústria fonográfica sem depender de tanta
burocracia. Que antes disso, a maioria dos artistas penavam em conseguirem o interesse das
gravadoras e tinham de se sujeitarem aos esquemas de mandos e desmandos dos jabás envolvendo os acordo das gravadoras com as emissoras de rádio e TV para poderem terem
seus trabalhos divulgados nesses meios.
E
já houve casos aqui no Brasil de muitos artistas que já se revoltaram contra esse sistema adotado pelas gravadoras com as empresas de rádio e TV como
Tim Maia(1942-1998) e Lobão.
Muito
disso, também influenciou no tipo de sonoridade que Cazuza imprimiu em sua
passagem pelo Barão Vermelho e logo após se lançar em carreira solo. Cuja
passagem como filme bem retratou não foi lá as mil maravilhas. A prova disso
são as diferentes cenas mostrando ele ás turras e dando muitos pitís com Roberto Frejat durante os
ensaios da banda e depois dele resolver seguir em carreira solo e este passar a
assumir os vocais da banda em seu lugar a partir daí. Aliás, há de se colocar que o filme bem
apresentou como Cazuza, por trás do talentoso e perfeito artista tão
glorificado, tão mitificado por muitos apreciadores de música de
qualidade. Era em contraste um ser humano imperfeito, com uma personalidade difícil de lidar, com um estilo
de vida desregrado, porra louca, adorava se aventurar numas noitadas regado a
muitas bebidas e drogas. E vivia tendo aventuras sexuais com homens, e o filme mostra isso sem o menor
pudor. A sua vida louca, como ele mesmo definia numa canção, chegava ao ponto
dele preocupar constantemente seus pais. Sua mãe principalmente, como é bem
mostrado numa cena dela o livrando da delegacia
e até mesmo seu próprio pai, que no inicio não aprovava ele fazer carreira na música, por conhecer
bem aquele meio onde trabalhava.
Foi por consequência desse estilo de vida porra louca que ele levava que resultou dele contrair a AIDS, que o
filme retratou essa passagem de uma forma muito chocante dele ao saber do
resultado tenta se jogar no mar para se matar. Mas é acolhido pelo seu produtor e amigo pessoal Ezequiel
Neves(Emílio de Mello). Até mostrar os momentos finais de sua vida de uma forma
muito tocante.
Os
dois diretores fizeram um trabalho muito crível nesse filme, numa época
posterior a retomada da produção cinematográfica brasileira que teve seu começo
a partir da segunda metade dos anos 1990, cujo ponto de partida é a partir de Carlota
Joaquina-A Rainha do Brasil (Brasil, 1995).
Num
trabalho muito impecável de closes de câmeras, de fotografia, de figurinos e
caracterizações que imprimiu uma ótima estética vintage a obra. Fora também o
brilhante desempenho de elenco, que contou com muitas feras estelares como Daniel de Oliveira protagonizando o Cazuza esteve
excelente representando o Cazuza em suas diferentes facetas, tanto como o
brilhante artista que era, cheio dos perfeccionismos, principalmente nas cenas
que mostram ele nos bastidores das produções do seu disco e das suas brigas e pitís com seus companheiros do Barão Vermelho, das
loucuras que ele vivia fazendo nas noitadas com suas orgias com homens. Onde
ele mostrou ser bastante desinibido de fazer uma cena de beijo seminu com outro
homem. Moldando e retratando bem a figura de um ser humano imperfeito que era.
Além de ter ficado bem caracterizado como ele tanto quanto estava no auge do
sucesso com porte de galã quanto após
ter emagrecido muito para ficar com a aparência fraca e desnutrida que ele tinha quando ficou
aidético.
O
elenco estelar também contou com as
participações de Marieta Severo que ficou incrível no papel de Dona Lucinha,
mãe do Cazuza. Representou bem a figura dela como toda mãe ficava preocupada e
zelosa com o filho, principalmente Cazuza sendo seu único
filho que levava um estilo de vida bastante desregrado. Além dela ser bastante
parecida com a Lucinha real, dando um tom bastante real.
Reginaldo
Faria também é outro que esteve incrível na pele de João Araújo, pai do Cazuza.
Um cara que também vivia preocupado com ele pelo seu estilo de vida desregrado e por conhecer bem o ramo fonográfico, não dava
muito inicialmente força para ele seguir na carreira e dos melhores momentos em
que ele fez uma ótima representação é na cena onde ele irritado com Cazuza
aidético com más companhias e os mandam irem embora.
Também
merece menção desse elenco, Emilio de Mello que ficou incrível na pele do
Ezequiel Neves(1935-2010). Importante nome
por trás do sucesso do Barão Vermelho na década de 1980 e que mantinha
uma profunda relação de amizade com ele, chamado intimamente de Zeca e foi autor de algumas canções de
sucesso e que morreria coincidentemente na mesma data que lembrava os 20 anos
da morte de Cazuza em 07 de Julho de 2010 com 74 anos após batalhar contra um
câncer. No filme, foi bem mostrado a profunda relação de camaradagem que os
dois tinham, que não envolvia nenhum interesse sexual.
O
elenco também contou com as participações de Cadu Fávero como Roberto Frejat, o
companheiro de Cazuza em sua passagem pelo Barão Vermelho e que assumiu os
vocais da banda após sua saída da banda. Onde foi mostrado as diferentes
facetas como os dois nutriam uma
verdadeira relação fraternal principalmente para se aventurarem nas
farras, com os outros integrantes. Se embebedando, com orgias e drogas, muitas
drogas. Ao mesmo tempo que também retratava, que nem sempre o relacionamento deles era um mar de rosas em contraste a perfeição
deles como como talentosos cantores.
Principalmente ao retratar o quão conturbado eram as constantes brigas
homéricas que eles viviam durante os ensaios da banda.
E
de Leandra Leal representando no filme a cantora Bebel Gilberto, filha do casal
de cantores João Gilberto(1931-2019) e Miúcha(1937-2018). Na obra ela
representou bem o lado parceira e amiga do Cazuza, principalmente ao acompanhar
uma engraçada cena onde eles cantam junto a criação da canção Preciso
dizer que te amo num sitio onde ele dá uma sumida e depois aparece
repentinamente cantando canção de forma diferente. Mostrando bem como Cazuza tinha um perfil muito excêntrico para
criar suas canções, junto com seu estilo de vida anárquico, desregrado, transgressor, porra louca, farrista, beberrão, que adorava
curtir umas orgias com homens que lhe resultou de contrair uma doença
sexualmente transmissível que fez ele morrer muito precoce. Calando de vez, uma
importante voz da música brasileira símbolo de sua geração que dizia tudo o que estava entalado ao
criticar os problemas do Brasil e seu
sistema político corrupto. Canções cujas
letras são bem atemporais, e que
envelheceram bem. Podem passar 100, mil anos e elas continuaram refletindo os problemas
do Brasil e seu falho sistema político.
No
Balanço Geral, posso descrever que Cazuza-O Tempo Não Para, é uma
obra bastante atemporal. Que reflete bastante sobre a trajetória de um
importante cantor brasileiro com uma
carreira meteórica de sucesso que teve um precoce fim trágico vitimado por uma doença
sexualmente transmissível como a AIDS. Que naquela época tinha sido
recém-descoberta, e por ser recém-descoberta as informações eram muito escassas,
gerando uma série de preconceitos em relação a quem foi contaminado. Ela ainda
não tem cura, mas depois de passados 40 anos já foi desenvolvido uns coquetéis
que dão longevidade ao aidético. Coisa que quando Cazuza na época contraiu esta
doença ainda não foram desenvolvidas. Fora que como Cazuza sempre foi muito
reservado em relação a sua vida pessoal, não assumia publicamente
enquanto estava vivo sua homo afetividade, com medo do preconceito
aumentar ainda mais. Já que até então quando a doença foi descoberta foi
assimilada a comunidade LGBT+. O
preconceito então era em dobro.
Nesse
atual momento onde o mundo anda apavorado pela pandemia do corona vírus, famosa
COVID-19, que tem infectado muita gente
e causado uma grande paralisação no mundo todo gerando grandes prejuízos
humanos. Infectando e matando incontáveis vidas, que chegam a serem difíceis de
fechar a conta das estáticas e sobrecarregando o nosso sistema de saúde. Conferir esta obra biográfica sobre um
importante artista musical que teve sua ceifada por uma então recém-descoberta
doença sexualmente transmissível que ainda hoje gera tabus, ela mostra-se mais
do que necessária de ser conferida.
segunda-feira, 6 de julho de 2020
R.I.P ENNIO MORRICONE (1928-2020)
Um tributo ao grande maestro que o cinema conheceu que partiu hoje para o plano espiritual.
sexta-feira, 3 de julho de 2020
15 ANOS DE BATMAN BEGINS(2005)
Olá Grandes Super-Heróis, no vídeo de hoje vou comentar aqui o especial dedicado aos 15 anos de Batman Begins(EUA,2005). O Primeiro da trilogia do Christopher Nolan. Será que olhando hoje o filme continua relevante? Ele envelheceu bem? É o que vou comentar no vídeo.
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