sábado, 14 de dezembro de 2024

A ANIMAÇÃO OS DOZE TRABALHOS DE ASTÉRIX(1976)

 

Outro dia conferi pelo acaso na Amazon Prime Vídeo ao filme animado Os Doze Trabalhos de AsterixLes Douze Travaux d'Astérix,França, 1976) inspirada no famoso herói gaulês das  histórias em quadrinhos criado em 1959 na revista Pilote  pela dupla  René Goscinny(1926-1977) e Albert Uderzo(1927-2020) que são os diretores desse filme. Onde Uderzo também colaborou como roteirista ao lado de Pierre Watrin(1918-1990) e codirigido por Pierre Tchernia(1928-2016).




Livremente inspirada na saga mítica do herói semideus grego Héracles que com a dominação do Império Romano eles passaram a adotar um culto aos deuses gregos modificando seus nomes e Héracles virou Hércules e foi daí que  originou  a saga  dos Doze Trabalhos de Hércules.

É bom deixar claro que quando Hércules surgiu nos tempos da Grécia Antiga, foram nos lendários relatos orais que foram se espalhando até surgirem artistas como artesãos que começaram a criar gravuras e esculturas de Hércules e   escrivães que começaram a redigir poemas  em pergaminhos.





 Esses mesmos  que  séculos depois quando um inventor alemão chamado  Johanes Guthemberg(1400-1468) inventou a máquina da prensa no século 15, e deram  origem as publicações dos livros e os antigos textos em pergaminhos escritos no grego arcaico foram sendo traduzidos é que foram sendo difundidos. É bom lembrar que na Grécia Antiga ainda não havia esse negócio de direitos autorais.

Portanto, a história do mítico herói Hércules já  era de domínio público muito antes de existir o conceito de direito autoral.





 

Na obra para quem gosta  do estilo peculiar de humor de  Astérix que satiriza o herói resistente a invasão romana na Gália, onde aqui mostra ele  tendo esse desafio proposto pelo Imperador Júlio César.

Ao longo da narrativa acompanhamos Astérix acompanhado de seu inesperável parceiro glutão Obélix cumprindo o desafio das Dozes Tarefas sugeridas por Júlio César inspirado na saga de Hércules como o próprio se mostra autoconsciente disso.

Eles enfrentaram cada desafio que vão testá-los física e psicologicamente enfrentando cada um  que vão desde um veloz corredor romano, um combate com gladiador germânico, se alimentarem num  restaurante cheio de comida farta onde de hora em hora  é servido diferentes pratos, a sedução das atraentes ninfas em sua ilha, encarar um prédio burocrático dentre outros dos mais pitorescos que se pode imaginar com aquele característico humor cartunesco das obras de Astérix.

Um dos  fatos curiosos a se comentar sobre essa animação é que ele carrega como característica o fato de ser o único  filme fosse em animação ou mesmo em live action adaptado de Astérix cuja história foi originalmente criada para o filme, Goscinny e Uderzo não pegaram de nenhuma história antes publicadas  por eles em papel impressos  que o  adaptaram para cinema.

Do mesmo jeito que também foi a única a animação de Astérix  produzida  pelo Stúdio Idéfix,  fundada em 1974, por seus criadores Goscinny e Uderzo, que anos depois  o irmão de Albert Uderzo, Marcel Uderzo publicou essa história em livro ilustrado numa série de doze livros ilustrados para jovens leitores.

Provavelmente   para terem controle criativo sobre a obra  e também contou com a colaboração  do editor  Georges Dargaud(1911-1990) fundador da Dargaud, importante editora francesa de quadrinhos  como cofundador da empresa que teve uma vida curta.

 

 Isso porque o   Studio  Idéfix  encerrou suas operações em 1978, um ano após o falecimento de Goscinny em 05 de Novembro de 1977,  com 51 anos após sofrer um ataque cardíaco e nessa mesma data do fechamento da empresa lançaram o filme animado inspirado no herói Lucky Luck, criação da HQ  do belga Maurice de Bevere que assinava como Morris(1923-2001) que é A Balada dos Daltons(Lucky Luke: The Ballad of the Daltons, França, 1978) que foi um trabalho póstumo dirigido por Goscinny que faleceu faltando pouco para concluir a história.

Antes disso, houve a primeira adaptação animada de Astérix que foi Astérix, O Gaulês(Astérix, Le Gaulois, França, 1967) essa obra foi  dirigida pelo belga Ray Goossens(1924-2008) e foi inspirado na primeira HQ de Astérix publicada em 1961.

Em seguida veio Astérix e Cleópatra(Astérix et Cléopâtre, França, 1968), a segunda adaptação animada da HQ publicada em 1965, onde foi dirigido pelo próprio Goscinny e Uderzo e contou com  a codireção do americano  Lee Payant(1924-1976). Essas duas produções  contaram com a parceria da Dargaud e da Belvision.

Depois de Os Doze Trabalhos de Astérix, houve um longo hiato de 10 anos sem ter uma nova produção inspirado no famoso  herói gaulês até ser produzido um novo filme  animado de Astérix que foi Astérix e a Surpresa de César(Astérix et la Surprise de César – França, 1985).  Onde quem ficou encarregado da produção  foi a Dargaud junto com a Les Productions René Goscinny que contou com a direção dos irmãos Paul e Gäetan Brizzi.

Em seguida veio outras séries de filmes animados como: Astérix entre os Bretões(Astérix chez les Bretons, França, 1986),produção que contou com o dedo da importante companhia de cinema francesa Gaumont, fundada em 1895 pelo engenheiro Leon Gaumont(1864-1946) que teve o envolvimento de Pierre Tchenia como roteirista e foi dirigido pelo ítalo-canadense Pino van Lamsweerde(1940-2020).

Seguido de Astérix e a Grande Luta(Astérix et le coup du menhir, França, 1989) que contou com a direção de Philippe Grimmond e sem o envolvimento da mesma equipe criativa.

Na sequência vieram: Astérix Conquista a América(Astérix Conquers America, França, 1994) que contou com a direção do alemão Gerhard Hann, Astérix e os Vikings(Astérix et le Vikings, França, 2006) que contaram com a direção dos dinamarqueses Jesper Møller e Stefan Fjeldmark, Astérix e O Domínio dos Deuses(Astérix - Le Domaine des Dieux, França, Bélgica, 2014) com direção de Alexandre Astier e Louis Clichy que marca a primeira produção animada de Astérix a  usar a técnica em 3D e Astérix e o Segredo da Poção Mágica(Astérix: Le secret de la potion magique, França, 2018) que contou novamente com a direção de Astier e Clichy.

Isso sem contar a série de filmes live actions que começou a partir do final dos anos 1990 com Astérix e Obélix Contra César(Astérix & Obélix Contre Cesar, França,1999) dirigido por Claude Zidi e contou com Christian Clavier como Astérix, Gérard Depardieu como Obélix e o renomado cineasta italiano Roberto Benigni como o temido  imperador romano Júlio César.

Logo em seguida veio: Astérix e Obélix: Missão Cleópatra(Asterix & Obelix: Mission Cleopatra,França, 2002)  este  que contou com a direção de Alain Chabat que no filme também representou Júlio César, que além de contar novamente no elenco com Clavier e Depardieu repetindo os respectivos papeis de Astérix e Obélix, também contou  no elenco com a participação da  renomada atriz italiana  Monica Bellucci que representa bem em cena a mítica Rainha do Egito Cleópatra e amante de Júlio César  emprestando da  sua atraente beleza que também é baseado na mesma obra  que foi adaptada para a animação em 1968.

Na sequência tivemos:   Astérix nos Jogos Olímpicos(Astérix aux Jeux olympiques, França, 2008) filme que contou com a direção de Fréderic Forestier e Thomas Langmann, cujo elenco já não contou com Christian Clavier como Astérix, seu papel nesse filme  foi assumido por Clovis Cornilac e novamente contou com Gerard Depardieu na pele do Obélix.

Que também contou  no elenco com a participação de  Jean-Pierre Cassel(1932-2007), pai do ator Vincent Cassel que já foi casado com a atriz  Monica Bellucci a mesma que representou Cleópatra no filme anterior.

E  nesse filme fez o Druida Panoramix cuja participação marcou o seu papel póstumo e mencionar a participação do veterano e cultuado galã do cinema francês Alain Delon(1935-2024) que no filme representou Júlio César.  

Depois veio: Astérix e Obélix: Deus  Salve a  Britannia (Astérix & Obélix: Au Service de Sa Majesté, França, 2012) onde nesse ainda contou novamente com Gérard Depardieu representando o Obélix e já o Astérix foi trocado novamente por Edoard Baer, já o papel do sempre temido  Imperador Júlio César foi representado por Fabrice Luchini.

 E mencionar a participação da veterana musa francesa Catherine Deneuve muito lembrada pelo clássico filme da nouvelle vague  A Bela da Tarde(Belle de Jour, França, 1967) do diretor espanhol Luis Buñuel(1900-1983) que nesse filme representou  a Rainha Cordélia da Grã-Bretanha  e por fim tivemos o mais recente:    Astérix e Obélix: O Reino do MeioAstérix et Obélix: l'Empire du Milieu, França, 2023) que contou com a direção de Guilhaume Canet que também foi responsável por representar o Astérix, já que quem ficou encarregado do Obélix foi Gilles Lellouche, Vincent Cassel, o ex-marido de Monica Bellucci que fez Cleópatra em Astérix e Obélix: Missão Cleópatra (2002) e é filho de Jean-Pierre Cassel que fez o Druida Panoramix em Astérix e Obélix nos Jogos Olímpicos (2008) participou  do filme representando Júlio César e com Marion Cotillard representando Cleópatra.

Até o momento em que escrevo esse texto não há nenhuma notícia envolvendo alguma nova produção relacionada a marca Astérix, fosse em animação ou mesmo em live action.

A produção dessa animação de Os Doze Trabalhos de Astérix usou uma técnica que estava  sendo muito usada pela gigante Disney na época que é a xerografia.

A xerografia foi uma técnica que revolucionou a animação da Disney, permitindo que os desenhos dos artistas fossem transferidos diretamente para as células. O processo foi testado pela primeira vez em A Bela Adormecida(1959), mas foi usado em grande escala no curta-metragem Golias II e no filme 101 Dálmatas (1961). 

“A xerografia foi uma solução para o problema de transferir e tingir os desenhos dos animadores manualmente nas células de animação, um processo caro e demorado. A técnica permitiu que a Disney economizasse tempo e dinheiro, e também de controlar o tamanho dos personagens e dos objetos fotocopiados. 

O processo xerográfico foi adaptado por Ub Iwerks, o desenhista que criou o personagem Mickey Mouse. A técnica foi usada em praticamente todos os filmes de animação da Disney até A Pequena Sereia(1989), quando os computadores substituíram a necessidade de usar células.”

(Fonte: Texto retirado do Google).

Depois que Goscinny faleceu, Uderzo deu continuidade as criações de novas histórias do gaulês, em 1979 ele publicou Astérix entre os Belgas, que marcou o trabalho póstumo de Goscinny.

Em 1980, ele publica sua primeira história solo de Astérix que foi O Grande Fosso assumindo a dupla função de roteirista e ilustrador.

Uderzo deu continuidade as publicações de Astérix até  ele declarar sua aposentadoria em 2009, na época com 82 anos e já sentindo o peso do seu estado  de  saúde fragilizado. A última história que Uderzo havia publicado antes de declarar sua aposentadoria foi Astérix e o dia que o céu caiu pulicada em 2005.  

 Após declarar sua aposentadora Uderzo sofreu de uma artrite reumatoide na mão direita que o fez passar por uma cirurgia realizada em  2011.

Como se pode observar a sua saúde já se encontrava fragilizada nos últimos tempos e com o avançar da idade foi ficando cada vez mais comprometida até ele vir a    falecer  em  24 de Março de 2020 com 92 anos, também como consequência de um ataque cardíaco.

Um fato que chama aqui a atenção é que sua morte ocorreu bem no momento que havia sido decretado quarentena mundial por conta da pandemia do coronavírus, o que fez muita gente  remeter por mais estranho que se possa parecer a sua criação, isso porque existe uma publicação de Astérix intitulada de Astérix e a Transitálica publicada em 2017 mostrando  Astérix e seu parceiro Obélix participando de uma corrida onde nessa disputa  há um misterioso adversário mascarado com o nome de Coronavírus, e que por conta da coincidência do nome se criou um clima de provável profecia.

O que não passa de uma simples coincidência, mesmo porque nessa HQ em questão são de autorias de Jean-Yves Ferri como roteirista  e  Didier Conrad  como ilustrador que passaram a assumir a autoria das HQs de Astérix a partir de 2013, onde a primeira história criada por eles foi Astérix e os Pictos e Astérix e a Transitálica marca a terceira produção criada por essa dupla.

A vaga lembrança que eu carrego da primeira vez que eu tive contato  uma história de Astérix foi quando  li uns trechos de uma tira de Astérix contida no meu livro didático escolar na minha fase escolar  de Ensino Fundamental,  na antiga  6ª Série que hoje equivale ao 7ª Ano,  durante a disciplina de história abordando o Império Romano. Onde exemplificava bem  o assunto de uma forma bastante lúdica.

Das que eu pude ler, principalmente que comprei de um amigo  uns dez volumes publicado pela Record, posso descrever que as histórias são fascinantes e que funcionam bem redondinhas, fechadinhas, sem você tentar compreender as sequencias de continuidade da coesão narrativa deles.

Independente de qual você queira começar, cada uma funciona bem sem precisar compreender uma cronologia dos fatos que antecederam cada história. Elas funcionam bem isoladamente.

Seja como for, cada uma é válida.


 

 

 

 

 

 

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