segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

UMA SPACE OPERA COM TURMA DA MÔNICA

 

 

Na plena época de pandemia, que tivemos os cinemas fechados. Pipocaram notícias sobre a divulgação da nova animação da Disney ambientada no Brasil. E muitos canais no Youtube que falam de animação reagiram num clima de grande exagero de  glorificação.




O que eles talvez não saibam é que nós mesmos aqui no Brasil, já produzimos nossos próprios filmes de animação, mesmo que os recursos de produção  sejam escassos e não aja tanto apelo comercial como ocorre com uma grande marca como é a Disney. Se bem que a mesma já havia explorado antes nas animações com os curtas estrelado pelo papagaio Zé Carioca nos anos 1940.

Uma dessas animações brasileiras em questão que assistir neste período de quarentena da pandemia do coronavírus foi A Princesa e o Robô(Brasil, 1984). Produzida pelos estúdios da MSP, estrelado pela Turma da Mônica, criados pelo Mauricio de Sousa. Que assisti passando pela página da Turma da Mônica que sigo no Facebook.




Eu lembro muito vagamente da única vez  que assisti a esta animação estrelada pelos clássicos personagens dos gibis brasileiros, que compõe a chamada Era de Ouro das Animações da Turma da Mônica.

Eu era bem criança e vi numa fita VHS no videocassete do antigo aparelho de tv de  tubo polegadas  de tela quadrada que meu pai havia locado para mim numa videolocadora. Nessa época, inclusive eu até tinha uma VHS da Turma da Mônica, intitulada de A Rádio do Chico Bento(Brasil, 1989), que eu costumava ver bastante uma infinidade de vezes.




Que foi uma versão em live action da Turma da Mônica estrelada não por crianças, mas sim adultos fantasiados como os personagens crianças usando umas máscaras como era nos parques, algo parecido como é na Disney com o Mickey Mouse e toda sua turma.

  E quando revisitei essa obra anos depois, quando ficou disponível no Youtube, confesso que senti um forte estranhamento, ainda com relação a versão cinematográfica mais recente que foi Turma da Mônica-Laços(Brasil,2019). Onde nessa obra foram representadas por crianças de verdade, ao contrário dessa versão que eu vi no VHS da Rádio do Chico Bento, que em alguns momentos dá uma certa vergonha alheia de vê adultos na pele de crianças que fica parecendo algo meio Chaves até.

Bom, mas voltando a comentar sobre A Princesa e o Robô, ao revisita-la pude constatar como a obra se mostrou bastante impecável e de ótima qualidade passados  três décadas depois que foi lançado.  






Mesmo que os  recursos de produção na época, década de 1980 para uma animação no Brasil  inclusive,   fossem bastante precários, principalmente se a gente for comparar a gigante hollywoodiana na indústria da animação como a Disney, por exemplo. Que aliás, durante essa época vivia sua pior fase chamada de Era das Trevas.

E naquela época a produção do  cinema nacional, ainda viveu aquela fase vista como vergonhosa da pornochanchada ou quando não era isso, eram as comédias da trupe dos Trapalhões e pouco depois entraria numa fase bastante  complicada durante o Governo Collor no começo dos anos 1990, que fechou a Embrafilmes que deu fim as nossas produções,  e só retomamos ainda bastante timidamente em 1995 já durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso até chegar a outros bons patamares nas décadas seguintes do século 21.

A Princesa e o Robô mostrou ser um bom exemplo de filme que ousou em  apresentar um tipo de abordagem que não é muito familiar a nós brasileiros e não tão explorados em versões live actions e nessa versão em animação tornou isto bastante possível que é por meio do escapismo da Space Opera, com inspiração da onda de Star Wars.

 Normalmente estamos acostumados a investir nas engessadas comédias popularescas estreladas por grandes estrelas da TV, das novelas principalmente, representando aqueles típicos retratos do cotidiano brasileiro representado sempre nas figura de um malandro, espertão  seja da elite ou dos suburbanos.  Que representam aquela típica fórmula certeira do sucesso que é onde temos mais recursos.

E no caso de A Princesa e o Robô, por ser uma história que contou com a participação de personagens tipicamente cartunescos, se mostrou ser possível esta abordagem mais  alternativa de um estilo de ficção cientifica como  a space opera, inspirado na onda da primeira franquia de  Star Wars(1977-1983).

Um dos fatores prováveis para nós brasileiros não nos familiarizarmos com este gênero de ficção cientifica  pode ser explicado pelo próprio fato de sermos um país subdesenvolvido que tem um grande número de analfabetos e como o ensino aqui é pouco valorizado, tanto que temos uns canalhas, nojentos, vis, repugnantes de nossos atuais  governantes ignorantes negacionistas que infestam o Planalto Federal em Brasília cometem o genocídio com nossa população com esta desgraça que é a COVID-19.





De certa forma, a HQ da Turma da Mônica simboliza bem uma característica bem tipicamente da criança brasileira que talvez muita gente não perceba, que é o fato delas está no fato deles representarem um grupo de crianças que vivem no mesmo bairro, ou seja, no fictício Bairro do Limoeiro onde  brincam juntas ao ar livre na rua.

Coisa que nos tempos atuais  está cada dia mais raro de acontecer, em virtude, principalmente da insegurança causada pela criminalidade.

O Bairro do Limoeiro nas histórias da HQ simboliza um retrato ainda que um tanto escapista de um bairro tipicamente brasileiro, onde as crianças protagonistas que residem lá formada pela Mônica, o Cebolinha, o Cascão e a Magali, mesmo com suas diferenças de personalidades.

 A Mônica apesar de ser a mais graciosa, também tem uma personalidade temperamental e explosiva, principalmente quando é provocada pelo Cebolinha. Já a  Magali, a comilona que carrega essa característica por sofrer de transtorno alimentar

O Cebolinha é o que adora provocar a Mônica com seus planos infalíveis de tira-la da liderança da rua, que no caso ele fala lua por ser dislálico, já o Cascão que é cumplice do Cebolinha em seus planos infalíveis tem horror a tomar banho, vive sujo já que é uma característica dele sofrer de hidrofobia.

Do mesmo modo, também retratam bem isso nos lares familiares de cada uma, onde elas ali vivem uma vida que não é tão glamorosa que pudesse caracterizar o Limoeiro como um bairro nobre da elite brasileira, do mesmo jeito que não é caracterizado como um bairro popular de comunidade periférica, suburbana, a ponto deles simbolizarem um retrato da extrema pobreza brasileira.

 Mas, sim, é um bairro que simboliza bastante o  retrato, o espelho  de uma classe média mais próxima a minha ou mesmo da sua, que não ostenta um padrão de vida glamuroso, elegante e luxuoso,  ou do contrário, nem muito humilde, mas desfrutam de um padrão de vida bastante  confortável.

Cada um desses personagens, Mauricio de Sousa criou de forma bastante intimista como um retrato de pessoas reais do seu convívio.

Na obra do filme em si, o grande protagonismo mesmo não é nem  tanto da Turminha do Limoeiro, mas sim, do Robozinho em sua jornada para conquistar o coração da Princesa Mimi do Planeta Cenorando, lugar  em forma de cenoura, que está ameaçada pelo Lorde Coelhão.

 O Robozinho ao vir para a Terra, cai no Bairro do Limoeiro e a Turminha formada pela Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e o Anjinho vai carregar o grande desafio de ajudá-lo em sua jornada a voltar para o seu planeta natal  e enfrentar o Lorde Coelhão e conseguir ficar com a Princesa Mimi. Numa pegada de conto de fadas Disneys.

Ao revisitar essa animação pude constatar como a qualidade da produção se mostrou incrível e como envelheceu bem para os padrões limitados de produção de animação aqui no Brasil, utilizando-se dos recursos primários não tão sofisticados assim, mas que de todo jeito mostraram um trabalho incrível nos traços,  nas movimentações e  nas paletas de cores idênticas aos personagens cartunescos das Hqs clássicas.

Destacar também a presença do casting de elenco que contou com a presença de boa parte dos atores que passaram a darem as vozes padrões aos personagens nas animações a partir desse filme que foi produzido no antigo estúdio de dublagem paulista da Álamo que fechou suas portas em 2011. Apesar de se notar umas pequenas falhas e cujos timbres de vozes em falsetes para os personagens ainda não estavam acertados como nos acostumamos a ouvir.

Dentre os principais estão a Marli Bortoleto como a Mônica, Angélica Santos como o Cebolinha, Paulo Camargo como o Cascão e Elza Gonçalves como a Magali. Também merecem menção do elenco de vozes originais:  os nomes de Denise Simonetto(Primeira Voz da Anri do Jaspion), fazendo a voz do Anjinho nesse filme, Orlando Viggiani(Voz do Ryu do desenho  Street Fighter dos anos 1990) fazendo a voz do Franjinha, André Luís foi a voz do Robozinho e Flora Maria Fernandes foi a voz da Princesa Mimi e os falecidos Marthus Mathias(1927-1995), eterna voz do Fred Flintstone, que no filme fez a voz do Rei de Cenorando, pai da Princesa Mimi e Araken Saldanha(1928-2020), voz do Mestre Ancião de Cavaleiros do Zodíaco dublando a voz do grande vilão da história o Lorde Coelhão. 

Bom, para quem não teve a oportunidade de ver o filme A Princesa e o Robô,  esta animação brasileira de space opera da Turma da Mônica, é só procurar pelo Youtube que ele se encontra disponível completo.

Agosto de 2020

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