domingo, 30 de novembro de 2025

A ESPIONAGEM BRASILEIRA EM O AGENTE SECRETO(2025)

 

Finalmente na noite de sábado, 8 de Novembro de 2025 fui conferir no Shopping Midway Mall ao tão aguardado filme O Agente Secreto(Brasil, 2025), a mais nova produção dirigida por Kleber Mendonça Filho, cuja expectativa era alta, principalmente depois da sua exibição durante  o Festival de Cannes em maio desse ano  na qual recebeu aplausos da plateia e  foi premiado.




A expectativa era grande e pelo que pude constatar com meus próprios olhos, valeu cada centavo.

Nessa produção, acompanhamos a jornada de Marcelo(Wagner Moura) chegando a sua terra natal Recife em pleno clima de Carnaval.



Ele vai parar numa pensão de Dona Sebastiana(Tania Maria), uma senhora que cria um gato pitoresco de duas faces, lá ele também conhece outros hospedes, que assim como ele estão lá  por outras razões.




Ele se encontra as escondidas com seu filho Fernando que vive aos cuidados de seu sogro Alexandre(Carlos Francisco), um projecionista  do Cinema São Luiz, o popular cinema de bairro de Recife, mesmo Marcelo retornando a sua terra natal, ele não consegue sentir muito seguro, ainda mais quando  fica sabendo que dois agentes do Governo Militar estavam chegando a Recife vindos de São Paulo para mata-lo a mando do empresário  Ghirotti(Luciano Chirolli).




E Marcelo precisará correr contra o tempo em planejar junto com Elza(Maria Fernanda Candido) um passaporte falso  para fugir do país com seu filho.




Em O Agente Secreto, o diretor Kleber Mendonça Filho soube bem como trabalhar a sensação de desconforto, como ele já havia trabalhado antes em outras produções de sua filmografia, como em O Som ao Redor(Brasil,2012), que foi o primeiro longa-metragem de ficção  a torna-lo renomado até internacionalmente após dirigir o documentário Crítico(Brasil, 2008)  e após ter se consolidado dirigindo curtas-metragens ao longo dos anos 2000, como: Vinil Verde(Brasil, 2004), Eletrodoméstica(Brasil, 2005), Noite de Sexta, Manhã de Sábado(Brasil, 2006) e Recife Frio(Brasil, 2009).




Que foi onde ele abordou o desconforto ambientado no bairro de classe  média recifense de Setúbal, que foi onde ele cresceu mostrando a rotina dos moradores que vive num lugar pouco movimentado onde habita o silêncio, que é interrompido por qualquer barulho externo.




Em Aquarius(Brasil, 2016) o diretor trabalhou bem a sensação do desconforto ao contar a história da jornalista Clara(Sonia Braga) que é a única moradora do prédio residencial Aquarius, localizado a beira-mar do Recife  que resiste em permanecer morando mesmo lidando com a ameaça de construtores que já compraram todos os 3 andares do prédio.  A ameaçando expulsa-la com os cupins.




Uma sutil crítica ao modelo de negócio  podre e corrupto  da especulação imobiliária.

Com Bacurau(Brasil, 2019) que ele co-dirigiu ao lado de Juliano Dorneles, o diretor explorou bem o nível do desconforto ao mostrar a população da fictícia Bacurau, lidando com a ameaça de supostos discos voadores que vem causando na população, quando na verdade, foi ocasionada por um grupo miliciano dos Estados Unidos a mando do prefeito corrupto Tony Júnior(Thardelly Lima).




Já no documentário Retratos Fantasmas(Brasil, 2023), o diretor explora bem o desconforto ao retratar o declínio dos cinemas de bairro do centro de Recife  que ele cresceu assistindo e mostrando os locais abandonados que figuram como retratos fantasmas como bem o título sugere.

Já com o mais recente O Agente Secreto, o diretor explora bem aqui a sensação do desconforto em relação a maneira de mostrar o seu protagonista Marcelo retornando a sua terra natal Recife  em pleno clima festivo do Carnaval de 1977, onde no momento em que o Brasil ainda vivia aquela  época repressora de Ditadura Militar.




Onde Marcelo era um perseguido político e ao saber que está jurado de morte a sensação de desconforto é enorme, ainda mais quando logo nas cenas iniciais vemos o protagonista parando o carro num posto de gasolina para abastecer e ele demonstra uma reação de espanto ao ver o cadáver de uma pessoa morta em frente ao posto.

Sugerindo que sua morte foi assassinato pelos militares.




Ele também trabalha o desconforto ao usar de elementos fantasiosos como o Gato de Duas Faces de Dona Sebastiana, a aparição de um Tubarão Enorme com uma perna decepada no necrotério que dá origem a lenda da Perna Cabeluda que passa a aterrorizar Recife a noite.

Tudo isso torna a obra bastante reflexiva.

O Agente Secreto apresenta bem essa temática um tanto cara ao Brasil envolvendo essa vista grossa quanto a maneira como o nosso governo  tratou as consequências criminosas da Ditadura Militar, principalmente quando tomou a decisão  de anistiar torturadores a ponto deles terem vividos anos  impunemente e negando os crimes  das torturas e das mortes por décadas e que só agora depois da traumática experiência que tivermos com um desgoverno de um ex-militar com um passado criminoso de tentar praticar um atentado terrorista contra um quartel e que era exaltado como Mito e idolatrava torturadores, fez algumas tentativas de golpe e está sendo condenado, é que realmente entendemos a gravidade da situação.

Quando eu graduei no Curso de História na UNP nos anos 2000, eu convivi com um colega militar, um senhor já falecido que tinha essa postura bem negacionista. Se você mencionasse na frente dele  o nome Ditadura Militar, ele logo reagia dizendo que não foi. Acreditando na narrativa que estava defendendo a segurança da nação contra a ameaça comunista com um ponto de vista heroico. Claro que ele tinha as  suas razões para ter essa postura, já que a mente dele foi completamente institucionalizada para isso, ainda mais que ingressou no exército bem na  fase barra pesada dos anos de chumbo e depois que se aposentou viveu um padrão de vida um tanto confortável.

A obra conta em seu elenco com Wagner Moura que no filme representou perfeitamente o papel do protagonista Marcelo, ele transmiti brilhantemente em cena a sensação do desconforto do personagem servindo como fio condutor dessa narrativa.  

Ele consegue imprimir bem no personagem essa sensação de ao mesmo tempo que está feliz por retornar a residir em sua Recife, mas ainda assim não se sente seguro em relação ao fato de estar sentenciado de morte por agentes do governo militar.

Além dele, também brilham no filme a atriz  Tania Maria que representa no filme o papel de Dona Sebastiana, a dona de uma pensão que o  abriga,  cuja interação dela com Marcelo procura dar um certo conforto a ele na adversa situação de insegurança como uma figura maternal, onde inclusive mostra ele trabalhando numa repartição pública para investigar a certidão de óbito da sua mãe.

Também brilham no filme: Carlos Francisco na pele de Seu Alexandre, o sogro do protagonista que aqui assume uma boa função  de ficar cuidando do neto Fernando e é o projecionista do Cinema São Luiz, que foi inspirado por incrível que pareça numa pessoa real que no caso foi Alexandre Moura que faleceu em 2002, ele aparece no documentário Retratos Fantasmas, numa imagem de  arquivo de quando Kleber Mendonça Filho registrou os momentos finais de atividade do Cinema Art Palácio em 1992, onde o Seu Alexandre real trabalhava.

No documentário tem registro dele com a anedota de relembrar “que não aguentava mais ouvir a canção-tema de O Poderoso Chefão depois de exibi-lo tantas vezes.”

(Trecho retirado do site AdoroCinema de 7 de Novembro de 2025).

Outros nomes que brilham são: Maria Fernanda Cândido, que representa bem o papel da Elza, a mulher que orienta Marcelo a fugir. Hermila Guedes brilha como Claudia, uma colega de Marcelo na Pensão de Dona Sebastiana, com quem ele chega a manter uma relação amorosa e procura também dá um bom suporte emocional para ele nessa situação adversa que ele vem passando como um fora da lei procurado pelos agentes do Governo Militar.  Alice Carvalho brilha na pele da Fátima, esposa de Marcelo que aparece num flashback, visto que fica subentendido que ela havia morrido a mando de Ghirotti.

O Ghirotti que é muito bem representado por Luciano Chirolli, um sujeito com um nível de prepotência sem limites, principalmente para mandar contratar agentes do governo para eliminar como a dupla formada por Bobbi e Augusto, muito bem representado  pelos atores Gabriel Leone e Roney Villela.

Também mencionar a participação internacional do alemão Udo Kier*, que mostra um ótimo desempenho na pele do comerciante Hans, um judeu que viveu os horrores no nazismo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Outras participações internacionais no filme são da portuguesa Isabél Zuaa e do angolano Licínio Januário que representam o papel do casal angolano Thereza Vitória e António que vivem na Pensão de Dona Sebastiana, fazendo companhia a Marcelo.

Eles são um casal que estava fugindo do cenário conflituoso de guerra civil que estava ocorrendo em Angola, desde sua declaração de independência de Portugal, e estavam se preparando para pedirem asilo na Suécia.

E mencionar o ótimo apuro técnico da produção de recriar uma Recife Retrô do final dos anos 1970. Mostrando a panorâmica da ruas com o povo dirigindo carros como o Opala, um Fusca, uma Brasília, vestindo trajes bem típicos que eram as modas da época e cortes de cabelos que estava na moda.

Fora a homenagem metalinguística aos cinemas de bairro, com referências a Tubarão (1975) e A Profecia(1976).

Num balanço geral, a obra de O Agente Secreto é um ótimo filme thriller  de suspense que usa de elementos fantasiosos como o sobrenatural que não é jogado, está encaixado no contexto,  tratando de abordar a temática sobre a politica brasileira naquela fase final da repressão da Ditadura Militar.

Um filme que escancara a hipócrita omissão do nosso Governo Brasileiro  quantos aos crimes cometidos na Ditadura e que agora estão sendo punidos severamente.

*O ator Udo Kier faleceu em 23 de Novembro de 2025, aos 81 anos. Quando já haviam passado  quatro semanas após o filme entrar em cartaz nos cinemas. Ele já carregava uma longa filmografia onde já havia estrelado produções dos mais conceituados cineastas. E já tinha participado de outra produção dirigida por Kleber Mendonça Filho que foi em Bacurau(2019) onde representou o Michael, o psicopata assassino que comanda uma milicia dos Estados Unidos contratado pelo prefeito Tony Júnior para matar o povoado de Bacurau. Sua participação como o Hans em O Agente Secreto o seu último papel da carreira.

 


sábado, 29 de novembro de 2025

O ESPETÁCULO DE RICHARD PRYOR

 

Nesse ano de 2025, em que vai se completar 20 anos da partida do comediante  Richard Pryor(1940-2005), a melhor maneira de conhecer o seu estilo peculiar de humor  que ele levou para o cinema é assistindo ao filme  Richard Pryor: Live in Concert(EUA, 1979).




Trata-se de  uma produção que acompanha a apresentação  de stand up do comediante mais boca suja que o humor já conheceu.




Nessa obra que conta com 1 hora e 18 minutos de duração e  conta com a direção de Jeff Margolis(1946-2025) e produção de Stephen Blauner(1933-2015) e Hillards Elkins(1929-2010)  ele é caracterizado como uma comédia stan up de concerto um subgênero de  filme que apresenta uma apresentação ao vivo sob a perspectiva de um espectador, cujo tema é uma apresentação ao vivo estendida ou um concerto, seja por um músico   ou um comediante stan up.

 Filmado no Terrace Theater em Long Beach, California,  em 10 de dezembro de 1978. Foi produzido e distribuído de forma independente, sendo o primeiro longa-metragem composto apenas por stand-up comedy.

Na obra, a gente acompanha a apresentação de Pryor contando suas piadas desbocadas e autodepreciativas de cunho erótico, escatológico e racial  só com o microfone mesclando o verborrágico com o humor físico divertindo a plateia com as câmeras centralizadas neles, que mudam de posição a medida que ele vai contando mais piadas, o que torna o tempo de duração não tão cansativo.

É uma boa maneira de conhecer um pouco do estilo de humor que Pryor bastante explorado  nos filmes onde ele  não tinha medo de escancarar e criticar o problema racial na sociedade americana.  

A crítica de cinema americana Pauline Kael(1919-2001) comentou assim sobre o filme:

"Provavelmente o maior de todos os filmes de performance gravada. Pryor fazia personagens e vozes explodirem dele.... Assistindo a esse comediante físico misteriosamente original, você não consegue explicar seu talento e tudo o que ele faz parece ser a primeira vez."

O comediante Eddie Murphy chegou a definir o filme como "a maior performance de stand-up já capturada em filme."

É uma obra que de um artista único que a comédia americana já conheceu.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

O DOCUMENTÁRIO SOBRE A RAINHA DA MÚSICA TEJANA

 

Nesse ano de 2025, se completou 30 anos da trágica morte da cantora Selena Quintanilla Perez (1971-1995) que morreu baleada em 31 de Março de 1995 precocemente aos 23 anos. A autora dos disparos que lhe tiraram a vida foi Yolanda Saldivar, a responsável por administrar um fã-clube dela e era funcionária de sua butique. A motivação envolvia uma vingança já que a família de Selena começou a desconfiar dela e investigou que ela estava desviando dinheiro do fã-clube e da butique.




 Após matá-la, Yolanda foi presa e condenada no dia 26 de Outubro de 1995 a  à prisão perpétua   com possibilidade de liberdade condicional   em trinta anos, 30 de março de 2025; esta era a pena máxima de prisão permitida no Texas na época. Em 22 de novembro de 1995, ela chegou à Unidade Gatesville (agora Unidade Christina Melton Crain) em  Gasteville, Texas, para ser processada.




Saldívar pediu ao Tribunal de Recursos Criminais do Texas que aceite uma petição que contesta sua condenação. Ela afirma que a petição foi apresentada em 2000 no 214º Tribunal Distrital, mas nunca foi enviada ao tribunal superior. Seu pedido foi recebido em 31 de março de 2008, 13º aniversário da morte de Selena. Em 27 de março de 2025, quase 30 anos após a morte de Selena, Yolanda Saldívar teve seu pedido de liberdade condicional negado após análise dos juízes, que argumentaram: "Após uma análise completa de todas as informações disponíveis, que incluíram quaisquer entrevistas confidenciais realizadas, o painel de liberdade condicional determinou negar a liberdade condicional a Yolanda Saldivar e agendar sua próxima revisão de liberdade condicional para março de 2030".

Tudo isso é contado no recém-lançado documentário da Netflix Selena y Los Dinos: Legado de Família (2025). Uma produção de alta qualidade, dirigida por Isabel Castro,  onde toda a sua narrativa é construída pelos depoimentos da família, amigos e com muitas imagens de arquivos que exploram bem diversas faces da cantora além dela como ícone da música tejana*,  mostra sua visão empreendedora e também um pouco das suas inseguranças, principalmente em relação ao sucesso e a responsabilidade nas costas  de sustentar o rotulo de Rainha da Música Tejana. Recomendo assistirem.


sábado, 22 de novembro de 2025

30 ANOS DO FILME TOY STORY

 

No dia 22 de Novembro de 1995, estreava nos cinemas a revolucionaria animação de Toy Story, a primeira que apresentou ao mundo o selo da então desconhecida Pixar que havia surgido em 1986 e teve entre seus fundadores, o gênio da tecnologia Steve Jobs(1955-2011).




Ela também contou entre seus fundadores com: Edwin Catmull, Alvy Ray Smith, John Lasseter e Alexander Shure(1920-2009).

    A Pixar era a junção de Pixel e Art, fazendo uma junção do conceito de tecnologia com a arte.




    Até aquele momento a animação acompanhou muitas evoluções junto com  o cinema desde seus primórdios quando ainda era mudo.

     A primeira técnica usada foi a Rubber Hose, que numa tradução literal significa membros de mangueira de borracha, que eram como lembravam os formatos  dos braços e das pernas dos personagens e com o corpo retangular lembrava uma mangueira  e  uma cabeça de formato arredondado desproporcional que lembravam  borrachas.  





     Um dos curtas que melhor exemplifica essa fase é O Vapor Willie(Steamboat Willie, EUA, 1928), a primeira a introduzir o Mickey Mouse, o icônico ratinho que virou o símbolo da empresa.

     Ele foi o primeiro ainda na fase em preto em branco a ser incluído o som, mesmo não tendo dialogo.

    A medida que o cinema foi evoluindo ao descobrir   a técnica da colorização com a Technicolor, o setor de animação caminhou junto e foram trazendo produções clássicas das animações.




Isso perdurou até o momento em que um novo cenário mudaria na década de 1950, foi quando a maioria dos lares americanos passou a instalar o aparelho de  televisão e nisso surgiu uma grande ameaça para as exibidoras, visto o comodismo que ter um aparelho de TV em sua residência gerava.

Fora que o Congresso Americano havia aprovado uma lei para acabar com o modelo de ingresso chamado de casadinha onde se assistia a dois filmes ao mesmo tempo.

Foi por volta desse período que os grandes estúdios  foram começando aos poucos a fecharem seus departamentos de animação e demitir seus animadores. E dentre essas empresas estava a MGM, que demitiu William Hanna(1910-2001) e Joseph Barbera(1911-2006) do estúdio e esses se juntaram e formaram uma sociedade, criaram a Hanna-Barbera Productions.

Essa empresa passou a investir mais no novo mercado  da televisão, passando a produzir produções mais barateadas, porque o custo para se produzir uma animação é muito caro.

O barateamento da Hanna-Barbera em produzir séries animadas como: Zé Colmeia,  Dom Pixote, Flintstones, Jetsons dentre outros ganhou o rótulo de animação limitada. Que se trata de uma  técnica que usa movimentos e quadros simplificados e repetidos para reduzir o tempo e o custo de produção de animações, usando um número menor de quadros por segundo, o que resulta em um desenho menos detalhado. 

A principal característica que os personagens que Hanna e Barbera criaram para a televisão era o acessório da gravata que servia como uma forma de orientar os animadores a só movimentarem a cabeça.

Outros também foram seguindo essa tendência até que durante a década de 1980, a animação para a televisão passou a virar uma vitrine para vender brinquedos, isso porque foi nessa época que foram produzidos animações inspiradas em marcas de brinquedo como o He-Man que surgiu como o brinquedo da Mattel ou mesmo Comandos em Ação da Hasbro.  

Foram essas produções que ameaçaram o reinado da Hanna-Barbera no ramo da televisão, que entre as décadas de 1960 e 1970 reinou absoluto. Foi a partir daquele momento que a produtora entraria em declínio aos longo dos anos 1990.

Já que foi nessa época que marcou o reinado da Nickelodeon na televisão com suas séries de animações mais conceituais e experimentais.

Em paralelo, a Disney era a única que mantinha o seu departamento de animação ainda operando, mas enfrentando uma barra difícil, principalmente depois que seu fundador Walt Disney faleceu em 1966, passaram a baratear os custos de produção adotando a técnica de xerografia. O que fez mergulhar no período de era das trevas.  Muitas das que foram lançadas durante essa época figuram entre mais esquecidas da Disney.

Mas,  mudaria quando, ainda na década de 1980 surge a figura de Jeffrey Katzenberg para comandar a empresa e sob seu comando que a empresa a partir do lançamento de A Pequena Sereia(1989) que entrou no ponto de partida para a sua Era da Renascença.

Foi nessa fase da Disney, que a animação de Toy Story surgia como uma produção do então desconhecido selo da Pixar que revolucionou a técnica de animação nos apresentando pela primeira  a computação gráfica em 3D.

Fora que eles souberam bem como trabalhar na estrutura da  história pela ótica de imaginar como agem os  brinquedos quando  não estão perto dos humanos, trabalhando suas personalidades e trazendo mensagens reflexivas que podem ser assistido por todas as idades.

Muitos desses fatores tornaram a Pixar por muito tempo, um selo de referência de qualidade e excelência no setor da animação, algo que tem faltado ultimamente, visto que os últimos lançamentos que ocorreram nesse começo da década de 2020, foram fracassos atrás de fracassos, o que tem levado a empresa a investir em sequências de algumas produções que foram sucesso para dar balançada nas finanças, no ano passado Divertidamente 2(2024), sequencia de Divertidamente (2015) foi o único filme até agora lançado nessa segunda metade da década de 2020 a alcançar um enorme sucesso de bilheterias e Toy Story vai para seu quinto filme.

Muito disso, seja uma consequência depois da demissão que John Lasseter sofreu no final de 2018, em meio as acusações de assédio. Ele que comandou a diretoria criativa e executiva da empresa e sempre era quem prezava pela qualidade das histórias,  aprovava as que tinham potencial e desaprovava as que não tinham e com a sua demissão a empresa ficou um tanto sem rumo e cada dia mais, a Pixar caminha para rumos incertos agora que em 2026, completa seu 40ª Aniversário, o tempo vai dizer quais serão os novos rumos da empresa.

domingo, 16 de novembro de 2025

25 ANOS DO FILME O GRINCH


 

 No dia 17 de novembro de 2000, estreava nos cinemas a produção natalina de O Grinch(How The Grinch Stole Christmans, EUA, 2000).

Baseado no livro  de Theodor Seuss Geisel, que  assinava  com o pseudônimo de   Dr. Seuss(1904-1991) publicado em 1957.  

Conta a história de uma criatura verde chamada de Grinch(Jim Carey) que nutre um imenso ódio pelo Natal, isso porque ele desde a infância sofria muita gozação da população da  Cidade dos Quem   por ser diferente com uma aparência feia de pele verde e peluda, já que foi trazido bebê por uma cegonha que o deixou aos cuidados de duas senhoras atrapalhadas.




Durante sua infância nutriu uma forte paixão por sua colega de classe Martha May Whovier(Christine Baranski), uma das importantes e conceituadas damas do povoado dos Quem, quase uma socialite, onde ela sempre desperta um flerte do Prefeito Augustus May Who(Jeffrey Tambor), uma autoridade  com porte   físico rechonchudo, cuja personalidade era de um   sujeito rude, arrogante, prepotente  e muito vil e desprezível  que conheceu o Grinch na infância quando foram colegas de sala, onde lá ele era tipo um valentão que vivia o provocando principalmente o seu rosto cheio de pelo, em consequência desses bullyings chegou   a ponto dele viver odiando o Natal até chegar a fase adulta, quando cresceu isolado do povoado vivendo como um ermitão numa caverna na companhia de seu cachorro Max, que vive tentando sensibilizá-lo para o natal.





Mas ele se recusa a entregar-se  ao sentimento natalino, deixando seu coração diminuído. Ele se tornou uma figura lendária na região que muita gente do povoado dos Quem passou a ter medo só de ouvir falar no nome dele.

É então que uma menina chamada Cindy Lou(Taylor Momsen), filha do carteiro da Cidade dos Quem Lou(Bill Irwin) resolve se arriscar a ir atrás do Grinch para usar de sua pureza para tentar sensibilizá-lo. Uma ideia que toda a população dos Quem se mostra contra e a confusão já está dada.



O Grinch contou com a direção de Ron Howard, que aqui enfrentou grandes problemas para a execução do seu trabalho  nos bastidores, em especial, com as duas empresas que negociaram a compra do direito de adaptação da obra que foram a Universal Pictures e a Imagine Entertainment, já que eles só começaram a negociar a compra do copyright da obra  depois que Seuss faleceu em 1991, em vida, ele sempre se posicionou contra a ideia de ver suas obras serem adaptadas por Hollywood, com exceção de algumas produções animadas para TV.

Depois da morte do autor, Audrey Geisel(1921-2018)  viúva do autor  foi quem se encarregou de negociar com as duas empresas cinematográficas que estavam interessadas na produção, uma negociação que acabou não sendo nada fácil. Já que além de aceitarem as altas  exigências monetárias dela, como os US$ 5 milhões de dólares em dinheiro, tendo 50% de ganho com o merchandising, 70% de ganhos nas vendas dos livros e 4% da bilheteria. Tanto a Universal, quanto a Imagine ao conseguirem negociar essa compra,  tiveram de ceder com a participação dela  nas decisões criativas a respeito da obra.

Uma delas foi que ela exigia que o ator escolhido para representar O Grinch tivesse uma estatura comparável ao personagem do livro, e ela então listou  quatro nomes de grandes estrelas de sua preferência estavam: Gene Hackman(1930-2025), Dustin Hoffman, Jim Carrey e Robin Williams(1951-2014). Acabou que Jim Carey terminou sendo o escolhido, e foi uma boa escolha mesmo. Carrey na época figurando como grande estrela de sucesso em filmes de comédia, representou bem em cena o papel principal ainda que tenha ficado irreconhecível pela caracterização bastante realista feita pelo maquiador Rick Baker que foi toda desenvolvida usando pelos de iaque e  com uma máscara bem orgânica que mostrava um realismo bastante medonho de ver de tão feio que ficou. Carrey chegou a enfrentar o grande inferno que foram os longos dias intensos de gravação, e que para conseguir superar o transtorno ouvia muito Bee Gees quando tinha folga. No entanto, o resultado acabou sendo compensador visto que o ator imprimiu bem ao papel aqueles seus  típicos maneirismos  característicos de representar explorando muito do humor físico e nas caretas que sempre foram suas especialidades.

Na obra, ele imprimiu muito bem isso no personagem, principalmente na forma excêntrica e irreverente  dele agir afetado, rude, grosseiro, mal-humorado  e bastante espalhafatoso.  Há também de destacar a participação do ator anão Josh Ryan Evans que representou bem no filme o papel do Grinch criança que faleceu precocemente com 20 anos em 2002 em consequência de uma doença cardíaca congênita. 

Do mesmo jeito que o diretor Ron Howard que também como produtor executivo junto com Brian Grazer,  enfrentou um trabalhão pesado com sua equipe para escolher uma boa locação para recriar a cenografia lúdica da Cidade dos Quem, as caracterizações e figurinos bem extravagantes e caricatos  dos outros personagens que habitam o povoado também não foi das tarefas mais fáceis de serem produzidas. Juntando ao trabalho da pós-produção em fazer montagem e editar na parte de fotografia e arrumar umas boas paletas de cores que dessem um tom agradável ao filme, para tornar o filme bastante lúdico, fora também o desafio da adaptação do roteiro cuja função coube a Jeffrey Price e Peter S. Seaman.

Um ponto curioso a se observar é que todos os habitantes da Cidade dos Quem ficaram com os narizes bem pontudos, um ar caricato e até bastante cartunesco. Com exceção da menina Cindy, que na obra  foi bem representada por Taylor Momsen, então na época uma garotinha de apenas 6 anos, que mostrou um bom talento artístico virando cantora depois que cresceu.

Analisando O Grinch, nesse passar de mais de vinte anos  eu lembro de  assistir  a primeira vez quando passou na TV e  tinha gostado e ao dar uma revisitada nessa obra pude constatar que a sua estética envelheceu bem, mesmo não tendo apresentado nada de inovador, de conceitual, de experimental.

Principalmente pelo texto apresentar muito mais do que uma abordagem escapista sobre a data natalina com tom puramente divertido, também apresentou umas sutis críticas a representação do natal como data comercial, que era uma coisa que o Grinch mais detestava, não a sua representação de harmonia e união familiar, mais sim os apreços pelas futilidades materiais  e o Prefeito Augustus mais simbolizava esse tipo de representação, do mesmo modo  que a Martha também simbolizava e a boa da população dos Quem também.

Fora que também o filme abordou, muito antes desse debate se tornar público sobre as consequências que a discriminação que ele sofria na infância dentro da escola por ser diferente, e sofrendo de uma prática abusiva de bullying de um menino valentão que ao virar adulto, se tornou a importante autoridade da Cidade dos Quem, no caso o Prefeito Augustus.  Ainda que sutil, mas já mostrava que quando se renega a prática do bullying  e quando são fechados os olhos as consequências disso para a  vítima na vida adulta  podem serem horríveis e o Grinch representou bem isso.  Ainda mais pelo agravante fato  dele ter crescido como um descompensado sem a presença de país e foi criado por umas senhoras muito desajustadas. O que fez ele crescer insensível e com o coração gelado.  E foi graças ao sentimento pueril da menina Cindy, que fez voltar a sentir novamente o sentimento sensível que ele havia ignorado.

Com os efeitos práticos e com o tom da caracterização que fez Jim Carrey ficar com uma aparência horrorosa e medonha, por essas e outras coloco que o filme envelheceu bem.

Não só Jim Carrey brilha no filme, como também brilham no filme  os atores:  Jeffrey Tambor na pele do Prefeito da Cidade dos Quem Augustus May Who, um sujeito de caráter vil, repugnante, detestável que só de lembrar que ele quando foi coleguinha de escola do Grinch fazia bullying que o deixava traumatizado a sensação de raiva por ele é grande, é difícil nutrir empatia por ele. A representação de Tambor no filme é magnifica.

Também mencionar o ótimo desempenho de Christine Baranski na pele da Martha, que foi o amor de infância do Grinch representa bem no filme o papel de uma senhora com pose de socialite fútil que chega a despertar inveja da Betty, mãe da Cindy Lou, muito bem defendida por Molly Shannon que depois de ver seus presentes de natal furtados pelo Grinch percebe que o significado do natal não era comercial.

E para Bill Irwin que representa bem o papel do simplório carteiro dos Quem Lou, pai da Cindy.  O elenco do filme também conta com a participação do veterano Anthony Hopkins que faz a narração em off.  

No balanço geral, posso concluir que O Grinch é uma obra que passados 25 anos ainda mostra ser muito relevante, mostrando não só o Natal pelo lado lúdico, mas também trazendo a reflexão de que ela não é só uma data meramente comercial.

Em 2018, foi lançado uma nova adaptação cinematográfica de O Grinch, dessa vez em  animação produzida pela Universal e pela Ilumination.


quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A PÉSSIMA CINEBIOGRAFIA DO DONO DO BAÚ

 

Aproveitando o clima  que vamos ter uma nova cinebiografia de Silvio Santos(1930-2024) que é Silvio Santo Vem Ai(Brasil, 2025) com Leandro Hassum no papel principal.




Compartilho aqui a minha impressão sobre a cinebiografia dele lançada no ano passado estrelada por Rodrigo Faro que só tive a coragem de assistir no começo de 2025 na minha SmarTV.

Precisei constatar com meus próprios olhos, depois de assistir o quão ruim de verdade sem parecer que estou sendo uma Maria vai com as outras, como a cinebiografia Silvio (Brasil, 2024) é de um nível de mal gosto absurdo.





 Uma das coisas que posso resumir sobre a má qualidade dessa obra está no seu roteiro Frankestein que é centralizado no clima tenso de quando o apresentador foi mantido refém   pelo sequestrador de sua filha Patrícia Abravanel  na sua mansão  em 2001*. Onde vão ocorrendo flashback de sua vida que é editado de uma forma muito apressada.

Isto fora as atuações péssimas que são prejudicadas pelo texto e pela direção ruim.

A produção desse filme enfrentou uma longa jornada para ser concretizado, tudo isso começa quando  em 2018, as produtoras  desse filme: Moonshot Pictures e FJ Productions haviam  divulgado a notícia de que iriam fazer a cinebiografia do apresentador.  





Eles já haviam anunciado o nome de Rodrigo Faro para representar o papel do comunicador, que chegaram a receber a autorização dele em vida.

As gravações do filme estavam agendadas para começar em 2019 e estava programado para ser lançado em 2020.





Porém, em virtude do fatídico acontecimento da crise viral que o mundo enfrentou com a Pandemia de Covid-19, o filme precisou passar por uma série de adiamentos e de atrasos na produção, que envolveu inclusive a questão orçamentária.

Inicialmente o título se chamaria Silvio Santos-O Sequestro, para se focar justamente no episódio.

Foi nesse  interim de incertezas quanto a produção desse filme, que foi passando por mudanças na direção, e na equipe de roteiristas que foi lançada em 2022, a telebiografia de Silvio Santos O Rei da TV(Brasil, 2022-2023) para o serviço de streaming do Star Plus. Uma produção da Gullane Entretenimento que não por acaso, havia anunciado a produção  também em 2018, mesma data que a produtora do filme Silvio também fez o anuncio sobre a produção.





Depois de passados uns três anos sem muitas novidades sobre o longa, eis que para grande surpresa de todo mundo,   em abril de 2024 o trailer é finalmente apresentado pela distribuidora Imagem Filmes  e já gera uma repercussão bem negativa, principalmente pelo desempenho do Rodrigo Faro no papel do Silvio Santos com uma caracterização nada convincente e com a data marcada para o lançamento nos cinemas em 12 de setembro.

Eis que faltando poucos dias para o lançamento nos cinemas, ocorre   a notícia do falecimento do Silvio Santos em 17 de agosto e a produção sofreu  um outro adiamento, principalmente com as sessões testes que já estavam agendadas, mas que em respeito a memória do apresentador tiveram que ser adiadas, mas a data mesmo de lançamento  do filme permaneceu.

Todos esses fatores explicam bem como o filme estava mesmo fadado ao fracasso.

Num comparativo com a série biográfica do Star Plus que apresentou duas temporadas com oito episódios cada.

Posso descrever que a série O Rei da TV leva uma enorme vantagem ao  saber  bem como explorar e extrair diferentes camadas multidimensionais  a respeito do Silvio Santos, além do idolatrado apresentador que a gente via na televisão.

Algo que na cinebiografia Silvio isso peca muito. Por exemplo: a forma como na primeira temporada eles narram sua trajetória de uma maneira não linear tendo como ponto de partida  sendo ambientado na data de 1988 quando ele já o celebre dono do SBT enfrentou o problema do pólipo na garganta que o fez enfrentar uma delicada cirurgia, onde são mostrados flashbacks de sua humilde adolescência no bairro carioca se aventurando de camelô, corta e volta para a situação do Silvio enfrentando o problema na garganta, depois corta para apresentar a jornada do jovem galã na televisão e sua ascensão tanto como apresentador quanto como empresário entre as décadas de 1960 e 1970 com suas passagens pela TV Paulista e Globo.

E na segunda temporada, mostra sua trajetória sendo  centralizada com ele encarando o escândalo do seu Banco PanAmericano ocorrido em 2010 e mostrando sua jornada encarando a candidatura para a Presidência da República em 1989 e encarando uma forte concorrência com a Globo aos domingos e com o episódio do sequestro.

A maneira como O Rei da TV trabalhou bem o roteiro amarrado de uma forma coesa e explorou sua narrativa sem muita pressa para que o telespectador possa absorver as informações sobre muita coisa que mesmo sendo verídico e de conhecimento público sobre a vida de Silvio como comunicador, ainda assim foram impressos uns toques de licenças poéticas para poder render uma história mais palatável.

Fora o apuro técnico quanto ao conceito da estética retrô kitstch que reproduziu em paletas de cores quentes vibrantes e bem aberrantes  toda atmosfera brega nos figurinos e nas reproduções dos famosos programas de auditório.

Coisa que no caso do filme, não posso dizer o mesmo. A tremenda pressa que ele se mostra, deixa evidente um pouco a vergonha de assumir sua breguiçe.

O nível do texto e da direção é de qualidade tão questionável, que desperdiça muito boas atuações e fora que nada no filme acaba fazendo muito sentido.

Ele vai se perdendo ao mostrar os flashbacks da vida do apresentador ao mostrar seu encontro com Chico Anysio(1931-2012) na fila do teste para a Rádio que é mostrado de forma muito jogada dentre outros momentos muito mal trabalhados no filme.

Quando se centraliza demais na tensão do sequestro, apela demais para diálogos forçados a ponto de forçar muito a barra, principalmente na sua interação com o sequestrador.  

Dentre outras questões que o filme desperdiça muito em explorar sobre o icônico e mítico apresentador que sempre prezou muito em torno dele uma figura de homem sempre sorridente diante das câmeras, mas que fora do ar como empresário procurava agir de maneira séria, metódica, estratégica  e com muita frieza.

Ele como empresário já dividiu muito  as opiniões, principalmente como ele costumava se dialogar e se articular  com os políticos, mesmo nunca tendo exercido nenhum cargo político.  

Sua postura sempre foi apartidária a ponto dele chegar a deixar claro e  explicitamente exposto o seu puxa-saquismo a quem tivesse no comando da Presidência da República fosse da direita ou da esquerda, tanto que chegou a exibir por uns bons anos na grade de programação  do SBT o programa A Semana do Presidente com locução de Luiz Lombardi Netto(1940-2009), que por um bom tempo foi o seu parceiro oculto.

Se a gente lembrar que a sua concessão para criar o SBT veio das mãos dos militares, realmente dá para compreender o porquê dele dividir as opiniões. Essa sua habilidade era comparável a de uma raposa, no sentido de ser astuto, esperto e inteligente. Já que o animal como símbolo de sagacidade e habilidade de se adaptar e superar desafios de forma estratégica. Ou seja, o cara era uma raposa.

O filme termina com Silvio  finalmente sendo libertado graças a intervenção do então Governador de São Paulo Geraldo Alckimin, o atual Vice-Presidente de Lula e com a prisão do bandido Fernando Dutra Pinto(1979-2002) representado no filme por Johnnas Oliva, que não por acaso já o havia representado na segunda temporada de O Rei da TV.

Seis  meses após ser preso pelo crime, Fernando Dutra Pinto morreu no dia 2 de Janeiro de 2002,  vítima de uma parada cardíaca, enquanto estava preso no CDP(Centro de Detenção Provisória) do Belém. Um laudo conclusivo do Instituto Médico Legal apontou que Fernando morreu vítima de infecção generalizada provocada por um ferimento infeccionado e não devidamente tratado nas costas. Um relato de um preso afirma que Fernando teria sido torturado por carcereiros.

O filme por ser focado nele mantendo Silvio como refém em sua mansão, menciona rapidamente a libertação de Patrícia Abravanel onde ele contou com a colaboração do seu irmão Esdra Dutra Pinto, Marcelo Batista Santos, Tatiane Pereira e Luciana Santos Sousa que se apresentava como sua namorada apelidada de Jennifer. Que não são mostrados no filme.

Esses receberam uma condenação no dia 11 de Março de 2002, Esdra de 19 anos de pena de  prisão e já os outros três foram de 15 anos de cadeia.

Em Agosto de 2024, foi preso em flagrante pela Policia Federal por trafico de drogas, um dos envolvidos no sequestro Marcos Bezerra Santos, ao contrário desses, ele não foi logo preso. Passou um bom tempo foragido até que foi localizado em  Abril de 2003, foi preso e cumpriu pena.

Espero que com essa nova cinebiografia faça um trabalho mais respeitoso e apresenta uma história melhor trabalhada.

*Dez anos antes de vivenciar esse susto, Silvio Santos também passou por outro susto envolvendo um sequestro na família. Em Maio de 1992, sua irmã Sara Abravanel Soares(Sarita), que era a diretora regional do SBT no Rio de Janeiro, sofreu um sequestro onde foi mantida por 15 horas em um porta-malas e resgatada pela polícia sem que o resgate de US$ 500 mil fosse pago. Dois dos sequestradores foram condenados e já cumpriram suas penas, enquanto um terceiro ainda está na prisão. Sara é a caçula dos seis filhos do casal de judeus sefarditas Alberto Abravanel(1897-1976) nascido na Grécia e Rebeca Caro Abravanel(1907-1989) nascida na Turquia. Que vieram para o Brasil em 1924. Silvio nascido Senor era o primogênito. Quando Silvio morreu, ele além  de já não contar  mais com  os pais vivos, também já não contava mais vivo com dois dos seus irmão. Leon que também fez carreira como apresentador faleceu em 1982 aos 47 anos, em decorrência de um câncer. E Beatriz faleceu em 2006, aos 74 anos, vítima de complicações de um câncer. Sara junto a Henrique e Perla figuram como os únicos irmãos vivos do apresentador Silvio Santos até o momento em que escrevo esse texto.