sábado, 13 de setembro de 2014

ANÁLISE DO FILME "LUCY"(2014)


Na noite de Quarta-Feira, 10 de Setembro de 2014, fui conferir um interessante filme blockbusther no Shopping Midway Mall aqui de Natal/RN, um pouco fora dos padrões de todos que até agora eu conferi ao longo desses semestres de 2014. Enquanto muitos críticos reclamam de falta de criatividade e de originalidade dos roteiristas de Hollywood por digamos assim estes optarem pelo comodismo de investir em produções do passado e criar uma nova roupagem para o público de agora, como é o caso dos heróis dos quadrinhos ou também quem sabe do exemplo de Robocop, Planeta dos Macacos e Godzilla que são reboots de filmes clássicos de muitas décadas de distancia, ou também da franquia Transformer que é nada mais, nada menos do que uma versão live action de seres robóticos de outro planeta que foram inspiradas numa linhagem de brinquedos da Hasbro que foi sucesso entre a criançada dos anos 1980 e inspirou uma série animada e 20 anos depois ressurgiu como um filme autoral do Michael Bay, dos catálogos inspirados em best-seller literários ainda mais depois dos fenômenos das franquias Harry Potter e O Senhor dos Anéis no começo da década de 2000 e até mesmo do próprio exemplo da franquia de Os Mercenários, que utiliza de reunir os brutamontes astros dinossauros dos filmes de  ação para  fazer um típico filme clichê  feito para macho com direito a muita  porrada, pancadaria, tiroteio e explosão.















Nesse quesito de falta de originalidade e criatividade não é o ponto forte que eu poderia descrever sobre a minha impressão de “Lucy”.

Desse filme admito que basicamente eu não esperava muita coisa, não tinha muita expectativa de achar que esse  seria o cinemão para se assistir comendo pipoca com refrigerante.  Mesmo porque o filme pelos trailers que fui conferindo anteriormente senti que ele traria uma característica de ser o tipo de filme tipicamente complexo com uma abordagem bem padronizada para um filme cabeça.  Minha principal motivação para assistir ao filme era por causa da Scarlett Johansson que protagoniza a personagem titular da obra, se ela já me surpreendia fazendo excelentes coreografias de lutas como a Viúva Negra em quase todos os catálogos da Marvel Studios, nesse então ela se superou e me surpreendeu bastante. Aproveitando esse gancho da Viúva Negra, foi meio que justamente por causa da sua personagem do Universo Marvel que também me motivou a ir ver o filme, já que quando acompanhei as noticias de divulgação do filme em diferentes sites, coincidentemente estava também surgindo noticias de outros sites ligados ao universo do entretenimento cinematográfico ou mesmo de quadrinhos sobre os rumores de fazer um filme solo dela ao estilo dos spin-offs formado por outros heróis que geraram o primeiro filme dos Vingadores como Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América. Uma ideia que não seria tão ruim visto que a personagem já está bem estabelecida dentro das duas fases do Universo Marvel Cinematográfico, mas mesmo assim há da parte de alguns críticos seja de quadrinhos ou mesmo de cinema que olham com certa razão de verem esta ideia um tanto quanto arriscada, mesmo porque se formos parar para pensar e analisar que o passado dela a condena, ela surgiu primeiro como vilã, sendo inimiga do Homem de Ferro na primeira revista em que apareceu em uma publicação de 1964 e era uma alegoria aos tempos de Guerra Fria,  e ela representava o arquétipo de uma grande nação inimiga dos EUA,  a União Soviética e simbolizava o pavor, o pânico mundial  da prática  da espionagem da temida agencia russa KGB. E como a Viúva Negra faz parte da galeria dos vilões vira-casaca da cultura pop nerd, isso por si só já gera o grande risco a respeito da tentativa de fazer um spin-off da heroína nos cinemas poder virar um tremendo fiasco nas bilheterias assim como já aconteceu a  exemplo de outras heroínas de quadrinhos que foram para as telonas  como a  SuperGirl(1984) ,  a  Mulher-Gato(2004) e a  Electra(2005),  o fator de risco aumenta ainda mais   se provavelmente  a Scarlett Johansson topar o repetir o papel neste spin-off onde com certeza a Marvel teria de renegociar o seu milionário cachê . Ainda mais que na atualidade a atriz figura entre as mais valorizadas no mercado hollywoodiano.   Enfim, mas isso é assunto para eu abordar em meu outro blog, nesse momento a minha análise não é sobre ela como a Viúva Negra, mas sim como a personagem titular de “Lucy”.











 

Posso começar descrevendo que é basicamente a atriz que segura o filme inteiro, numa trama bem dirigida e roteirizada pelo francês Luc Besson, inclusive quem já conferiu outros filmes de ação do diretor com protagonistas femininas como exemplos que posso aqui citar são Nikita(1990) e O Quinto Elemento(1997), vai com certeza observar que neste em questão,  a heroína titular  também  carrega  muita característica  da autoria do diretor.














 

Procurando ao máximo nesta minha descrição não entregar muito spoiler, como já adiantei acima o filme usa de uma interessante abordagem cabeça tornando-se didático ao extremo no que se refere principalmente a abordagem sobre a questão da capacidade cerebral humana.  E  por essa proposta que a narrativa do filme vai sendo conduzida.  E por este excesso de didatismo posso até ousar em descrever que o filme não tem muita daquela previsibilidade.



















 

A trama começa com a personagem titular agindo de forma bem bobinha e ingênua, ela é apresentada vivendo em Taiwan conversando com o namorado dela na frente de um prédio comercial onde ele vive insistindo para ela levar uma maleta para o dono do prédio Jang(Chon Min-Sik) e a Lucy insisti  em não querer colaborar porque argumenta estar muito atarefada para fazer os seus trabalhos de faculdade, o que sugere que ela devia estar residindo lá como uma  intercambista. Este seu namorado que aparece dialogando com ela bem no inicio do filme mostra já de cara para o espectador não ser um ser sujeito boa praça, porque há alguns momentos em que a Lucy chega a questionar o porquê dele não levar pessoalmente a tal maleta para o dono do prédio, a ponto dele ficar enrolando ela inventando mil desculpas esfarpadas para não entregar pessoalmente até chegar ao ponto do cara resolver tomar a atitude extrema de fazê-la entregar esta maleta para o dono do local forçada, algemando o objeto na mão dela.  E a própria Lucy sem muita opção acaba tendo que fazer este favor sem imaginar tão ingenuamente do perigo que a estar esperando, e isto termina ficando muito claro para o espectador. É a partir do momento em que quando a Lucy entra no prédio e pede para o recepcionista chamar o dono do prédio para fazer a entrega daquilo desta maleta a mando de seu então namorado. Que tem inicio todo clima tenso de suspense do filme, porque nesta hora ela ao olhar na vidraça da portaria seu amado então ser morto a tiros na sua frente é que vai se dando conta da gravidade do perigo da situação onde se envolveu.  E será no momento que os capangas a levam para a sala dele onde lá ela termina sendo espancada ao extremo e quando estes a fazem se submeter a tomar uma droga azul para ela servir como mula, pessoa que carregam os quilos de pó da droga injetada no corpo para fazer o translado da logística da droga para não serem notados pela fiscalização nos aeroportos, junto a outros caras é então vai tomando outro rumo inesperado na vida dela principalmente no momento em que quando é mandada para uma sala isolada cria nela um grande efeito de alucinação corporal e cerebral que faz ela logo após perceber que tinha super capacidades de poderes cerebrais.












 

É neste momento em que a droga lhe confere super capacidades de poderes além do limite, chegando ao ponto da construção da personalidade vai se desenvolvendo e sendo modificada, ela deixar de ser a mocinha frágil, bobinha e ingênua e vai se transformando numa máquina mortífera que de minuto a minuto a medida que seu cérebro vai chegando a porcentagens maiores de poder, ela vai adquirindo capacidades que segundos atrás  nem fazia ideia que tinha, que vai desde da capacidade de luta corporal dando muita porrada,  bom manejo de arma e boa logística  na balística  disparando em todos os  caras da máfia chinesa até chegar a capacidade cerebral de poder controlar tudo em um simples toque  de mágica.  E a grande reviravolta na sua vida irá ocorrer a sua jornada de tentar investigar o que lhe aconteceu. Curioso observar que o filme mesmo não sendo uma adaptação de quadrinho, é uma trama cujo roteiro como bem descrevi acima tem muito da originalidade autoral do Luc Besson, ainda assim ela tem uma certa referencia  de HQ, pela maneira muito clichê como ela assim como alguns exemplos de super-heróis como Homem-Aranha adquirem os poderes superficialmente e se tornam até descritos como sobre-humanos.  Apesar dela ter essa referencia quadrinesca,  ainda assim ela carrega como grande diferença com relação  a maioria das super-heroínas de HQ  é o fato dela mesmo  ao adquirir os superpoderes e desenvolver sua personalidade a tornando  forte a ponto de tirar suas capacidades emotivas, ela mostra não necessitar  criar um chamativo  traje cheio de adereços coloridos e cujo design destacasse algumas partes do corpo como as curvas, os seios ou mesmo os quadris e o seu decote reproduzisse um típico modelo de maiô parecido como os usados pelas atletas da ginastica olímpica, das artistas circenses ou mesmo das dançarinas de strip-tease,   a ponto delas ficarem visualmente com um tosco tom carnavalesco  para empurrá-las a serem sensuais ao extremo  ponto de virarem  as  mulheres fatais sex symbols para  fetiches eróticos masculinos. No caso da Lucy ela mostra não precisar depender de nada disso. Em nenhum momento o Besson necessitou construir sua heroína assim como a Nikita de despertar a sensualidade extrema. E eu não acho sinceramente que o filme tenha sido produzido com a intenção de virar mais uma franquia de filme estrelada pela Scarlett Johansson, mesmo porque como a construção da história já tem uma narrativa bem fechada pela imprevisibilidade dos rumos que a protagonista vai tomando assim que o superpoder vai consumindo ela e como também aborda de maneira muito reflexiva a questão da capacidade cerebral humana, inclusive recheando com imagens que fazem o espectador ás vezes voar que de alguma forma ou de outra exigem uma atenção maior para o espectador compreender que tipo de alegoria aquelas imagens como de animais, de catástrofes naturais entre outros infinitos exemplos tem relação com as situações em que a Lucy está passando. Ainda mais quando no filme em questão há momentos em que o foco das cenas vai fugindo da personagem titular em questão, principalmente no momento em que entra a abordagem de teor muito acadêmico para tentar dar uma abalizada no didatismo excessivo já muito carregado no filme que é quando entra em cena os debates científicos do Dr. Samuel Norman, que é interpretado pelo veterano Morgan Freeman, que em alguns momentos meio que sem querer acaba roubando as cenas ao apresentar ele palestrando numa faculdade sobre suas pesquisas que envolve justamente a proposta da abordagem do filme.  O personagem prova justamente o que descrevi sobre o excesso de didatismo carregado demais no filme, que é tentar ser bem explicadinho. Que em alguns momentos termina chegando ao ponto de torna-lo de certo modo um tanto tedioso.



 

 










 

Posso pontuar que neste filme o Morgan Freeman consegue cumprir bem a função que simboliza o seu papel, que é a de ser um mero coadjuvante expectador, mas que procura também ser bem útil ao protagonista como ele já bem mostrou fazendo o Lucius Fox na trilogia Batman-O Cavaleiro das Trevas(2005-2012) do Christopher Nolan, fora ele o filme ainda carrega outros recheios de personagens  secundários que são vividos por atores cujos rostos não são  muito conhecido do público e  que estão ali puramente para enfeite sem ter muito aprofundamento assim como também a própria protagonista não demonstra ter muito aprofundamento, principalmente como era sua vida antes de toda aquela circunstancia.  Desses o que eu pessoalmente achei bastante entediante e irritante é a amiga de Lucy com quem ela divide o quarto em Taiwan, porque tipo na única cena ela aparece, fala demais umas coisas tão bobinhas dando a entender que foi empurrada com a intenção de dar aquela suavizada cômica no clima muito intenso e complexo que o filme carrega chegando ao ponto de torna-se muito insossa, chatinha e desnecessária. Esta foi a única coisa do filme que me incomodou já o resto mesmo tendo uma abordagem cientificamente cabeça ao extremo não me incomodou tanto porque ainda assim o filme  consegue despertar muitos questionamentos, levantar opiniões diversas sobre esta coisa da capacidade do cérebro humano entre outras infinitas questões.

 















No balanço geral, eu simplesmente posso colocar que gostei bastante do filme, principalmente pela abordagem cientificamente didática que termina dando uma típica característica de filme cabeça, como já me surpreendi bastante com o excelente desempenho da Scarlett Johansson como a personagem titular, aonde a cada cena ela vai conseguindo moldar bem todas  as  nuances em que a personagem vivencia a medida que o cérebro dela vai ficando poderosamente ilimitado.

















 

O diretor Luc Besson soube bem como construir uma trama original que consegue despertar o espectador a muitos questionamentos, o filme carrega lindos efeitos visuais e especais fotográficos que dão todo aquele tom mágico e um pouco quadrinesco também a abordagem cientificamente complexa da obra, assim como a tensão da narrativa é até bem construída como eu pude assim sentir. Um fato curioso sobre o excesso de didatismo do qual eu pontuei acima que a obra carrega, é que como se só não bastasse mostrar tanto debate cientifico de estourar os neurônios de cada espectador ele ainda procura deixar claro a associação do nome da personagem a outra Lucy, o fóssil de uma fêmea pré-histórica descoberta na Etiópia em 1974 pelo antropólogo americano Donald Johanson, que só para esclarecer ele não é pai da atriz-protagonista da obra e nem tem vinculo parental algum com ela.  O mais curioso deste fóssil foi dele ter recebido este nome por causa da famosa canção da banda inglesa Beatles chamada  “Lucy in the Sky with Diamond” que foi lançada comercialmente em 1967 no álbum “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club”, esta canção estava tocando no local e no momento onde estava havendo a escavação em um gravador, e depois de investigar que era uma fêmea. E como se não bastasse tanta explosão de neurônio dentro de um único filme, ele ainda mostra a personagem titular ficando extremamente poderosa pelo efeito da droga injetada nela e não por acaso a famosa canção da banda inglesa que inspirou o nome do fóssil que inspirou o filme, cuja autoria é de John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney já foi acusado de aludir a uma droga com a sigla de LSD, pela coincidência das suas iniciais de L de Lucy, S de Sky, e D de Diamond formarem juntas as siglas referentes a este tipo de droga que é na verdade a sigla da palavra alemã “Lysergsäurediethylamid”, que na tradução em português “Dietiamída do Ácido Lisérgico”. Já dá para entender que por si só, o filme exige assistir mais de uma vez para compreender a dimensão do surrealismo das suas abordagens. De resto, o filme seja por diferentes quesitos técnicos, seja de roteiro ou mesmo na parte visual estética o filme consegue carregar uma boa originalidade.  É carregado de muitas licenças poéticas, porque venhamos e convenhamos a ideia de uma pessoa como ela carregar a droga ingerida em seu organismo e adquirir poderes sobre-humanos seria muito improvável de acontecer na realidade, onde inclusive percebi um provável furo de roteiro numa cena onde a Lucy ainda em Taiwan entra num hospital armada com uma metralhadora, com certeza numa situação dessas qualquer um que ver uma pessoa como ela  caminhando expondo uma arma  bem notada como esta   uma causa uma sensação de pânico, não é o que acontece quando ela entra no local e caminha livremente com o objeto sem ser notada por ninguém no hospital e o mais intrigante de tudo isso, é ninguém ali ao percebe-la com a arma mostrar alguma reação a ponto de chamar a segurança, como seria com certeza natural de acontecer. Bom, simplesmente o que posso definir de Lucy é isso, um filme bem cabeça. Recomendo para quem gosta de filmes com esta abordagem cheia de didatismo como eu descrevi e que surpreenda aconselho sim assistir porque ela vai conseguir intrigar pela imprevisibilidade, agora se você não gosta muito de muita cabeça demais, prefere assistir a filmes que não faça você raciocinar tanto então nem perca seu tempo gastando o ingresso para este vá assistir sei lá Mercenários 3 que ainda está passando nos cinemas e não tem a preocupação do didatismo cientifico apresentado em Lucy.

 

 


 

 

 

 

 


 

 

 

 











 

 

 

 

 

 

 

FONTE:











Efeito Lucy:



http://legiaodosherois.virgula.uol.com.br/2014/10-viloes-que-resolveram-virar-casaca.html/10


REVISTA MUNDO ESTRANHO-ALMANAQUE CURIOSO DOS VILÕES DE HQS E MANGÁS, EDITORA ABRIL-SÃO PAULO/SP,2014.
 

 

 

 

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