Na Quinta-feira, 26 de Maio de 2016, feriado de Corpus
Christi, fui finalmente conferir ao tão aguardado X-Men: Apocalipse, mais um
filme da franquia dos mutantes da Fox, uma semana após a estreia oficial.
O que posso descrever das minhas impressões deste filme,
é que assim ele em parte me surpreendeu, em parte não me decepcionou, mas me
incomodou ver algumas coisas muito relaxadas e repetitivas do roteiro. Poderia
ter sido melhor explorado em alguns aspectos, mas em outros deixou a desejar.
As parte que mais agradou
no filme e achei fantástico, foi
ele começar com uma introdução do Apocalipse passada no Antigo Egito, onde ali
sendo o Faraó En Sabah Nur sendo idolatrado pelo povo como um deus e recebe a transferência de um
ser alienígena com os poderes mutantes.
Até o momento em que ocorre uma conspiração e acaba que En Sabah Nur fica
soterrado por longos séculos. Uma maneira bem chamativa de dar um destaque para
ele como vilão e mostrar o peso dele como ameaça central da trama. Um contato meu
do facebook chegou a comparar esta introdução de X-Apocalipse aos filmes “A
Múmia”(1999) e “O Retorno da Múmia”(2001), que de fato não deixar de remeter,
até pela maneira bem escapista dos efeitos da devastação causado por uma
divindade. Após esta introdução ocorre então
o passar dos séculos, irônico falar em
virtude da própria cronologia do universo mutante ser muito confusa. Até chegar
ao ano de 1983, passados 10 anos após os
acontecimentos de “X-Men: Dias de um futuro esquecido”(2014). Onde no primeiro
momento somos apresentados ao jovem Scott Summers/Ciclope durante uma aula
sentindo um tremendo incomodo nos olhos, era sinal de que ele estava
descobrindo os seus poderes mutantes de soltar raios infravermelhos. Que ocorre
numa cena do banheiro da escola, onde ele estava se escondendo da ameaça de um
colega valentão.
Logo depois somos rapidamente apresentados a cena em sua
residência com a família dele, mostrando
a importância do seu irmão Alex/Destrutor o levando para ser matriculado na Escola
Xavier para Super-Dotados já funcionando. Lá já acontece dele ser apresentado a
Jean Grey que já está matriculada como aluna. Pessoalmente gostei da maneira
como eles foram apresentados como alunos novatos da Escola já estabelecida
tendo outros alunos, com o Professor X sendo o diretor e o Fera o instrutor dos
alunos e assim a trama sendo desenvolvida. Uma introdução perfeita de Ciclope e
Jean que me surpreendeu, digo isso porque, eu tive muito receio sobre a maneira
como eles iriam introduzir o casal que comanda a equipe no combate, como também
a introdução da Tempestade na história. Tive receio do retorno destes
personagens vividos por atores mais
jovens, poderia gerar alguns furos de roteiro com relação aos que foi mostrado nos filmes da primeira
franquia mutante lançado entre 2000-2009. Dentre estes, posso destacar que
no filme de 2000, o Professor X tinha
explicado para Wolverine que Ciclope, Jean e Tempestade tinham sido seus
primeiros alunos. Mas como foi mostrado no reboot de X-Men:Primeira Classe(2011)
quando o Professor X fundou sua Escola junto com o Magneto em 1962, ele ainda
não tinha recrutado os três para formarem o embrião da equipe. Que foi formada
por ele, Magneto, a Mística, o Fera, Banshee e Destrutor quando eles estavam
envolvidos numa missão da CIA atrás de Sebastian Shaw.
Passados onze anos nos
eventos de X-Men: Dias de um futuro esquecido que se passa em 1973, vimos a
Escola abandonada porque muitos aluno foram combater no Vietnã e sequer os três
tinham sido matriculados nesta longa distancia de tempo. O buraco fica ainda maior
se formos analisar que em X-Men-Origens-Wolverine(2009) eles fizeram uma
introdução distorcida de como o Scott/Ciclope entrou nos X-Men ao ser capturado
pelo Dente-de-Sabre, para virar prisioneiro da Base de Striker junto com outros
mutantes. E ao ser libertado pelo Wolverine, aparece o Professor X ainda andando e já careca os convencendo para
entrarem no jato para serem seus alunos. Pior é como foi mostrado o Professor X
indo atrás da Jean na cena da premissa de X-Men: O Confronto Final(2006), onde
ele além de aparecer ainda andando e careca, é acompanhado do Magneto que fala deles estarem preparando a criação da
escola dos mutantes. E neste aspecto, a Fox deu bem corrigida na introdução de
como cada um do trio entra na escola. Enquanto que o Scott contou com a ajuda
do irmão para ser matriculado, já a Jean já foi mostrada matriculada, sem
precisar explicar de onde e como que o Professor X a conheceu. Já a Tempestade
foi apresentada ainda não compondo a nova equipe, na sua introdução é mostrado
ela vivendo uma vida errante de ladra de
feira no Egito. No mesmo local, onde a agente da CIA Moira MacTargett estava
investigando um acontecimento estranho envolvendo uma seita para despertar uma
ameaça milenar que é o Apocalipse. Quando Apocalipse acorda com o nome real dele de En Sabar Nun sendo
mencionando constantemente ocorre um
evento cataclísmico mundial que por este motivo faz Charles Xavier no Cérebro e
lá ao observar Moira resolve ir atrás que não a via faz vinte anos. No momento
onde ele acompanhado de Destrutor vai atrás dela, ela parece mostra-se
surpresa, o que se explica pelo fato da última vez que ela teve contato com
Xavier em Primeira Classe, ele apagou todas as lembranças de Moira. O retorno dela na saga da história mostra-se
importante neste momento porque ela tem a função de apresentar a Xavier que é o
Apocalipse, a nova ameaça que vai lidar. No decorrer do enredo somos
apresentados a outras introduções de personagens, além da Tempestade estar no
Egito onde é convencida a ser um dos quatro Cavaleiros do Apocalipse. Também
somos apresentados a apresentação do Noturno e do Anjo que estavam juntos
participando de uma disputa de ringue na Berlim Oriental. É neste momento que a
Mística aparece para libertar o Noturno, enquanto que o Anjo é depois
convencido a trabalhar para o Apocalipse.
Enquanto que o Magneto é apresentado
vivendo no interior da Polônia, com uma falsa identidade trabalhando como
operário de uma fábrica, tentando viver uma vida comum após os eventos de “Dias
de um futuro esquecido” ao lado da família que ele constituiu neste local.
Isto até o momento em que ele faz a maior escorregada de
usar o seu poder mutante ali dentro. O que faz alguém da fábrica o denunciá-lo
para as autoridades polonesas. É neste momento que ocorre mais uma vez a
situação dramática de Magneto vivenciar mais uma perda familiar como foi
mostrado no “Primeira Classe”, no momento em que um soldado polonês solta um
arco de flecha em direção a sua esposa e
sua filha. É nisso que ocorre dele ser recrutado pelo Apocalipse. Também somos
apresentados a Psylocke que é introduzida como uma assistente que vive no
subterrâneo que pelo fica evidente ele é um lugar responsável por criar passaportes ilegais para
mutantes que querem viajar clandestinamente antes de virar um dos quatro
cavaleiros do Apocalipse. Tem também a Jubileu que é uma inútil, e por fim o
Mercúrio que ficou melhor explorado no filme em belas sequencias dele correndo.
Tudo isto que coloquei foram as partes que me agradaram,
já o que me desagradou foi observar foram algumas coisas que esperava ter um
mínimo de coerência. A parte que mais pecou para mim foi a Mística ter ficado
indiferente e não ter revelado para o Noturno que ele era seu filho. Assim
poderíamos saber se ela neste longo espaço de tempo dessa nova cronologia de
filmes, ela manteve algum caso com o Azazel. Eu também pude reparar no que para
mim virou um furo de roteiro, o Mercúrio revelar para a Mística que o Magneto é
seu pai, mas como ele sabia disso se não é mostrado a mãe dele revelando isto. Tudo isto
causado pela treta judicial da Fox com a Marvel. Também me desagradou observar
muita coisa cômoda, como por exemplo, não explorar a essência da equipe no dia
a dia da Escola, ou mesmo na rotina deles fora daquele espaço. Como eles lidavam
com o preconceito, que é a principal característica da essência da equipe. Outra
coisa que me desagradou foi ver novamente a presençs de William Striker na
história, que se aproveitou da situação em que boa parte dos alunos estavam
desprotegidos depois que a Escola foi destruída pelo Apocalipse que raptou o
Professor X. Tudo um pretexto para
motivar a introdução mais uma vez do Wolverine desta vez aprisionado no projeto
Arma X para ser libertado pelo grupo. Por incrível que possa parecer o que vou
descrever, mas na sessão que estive a plateia inteira aplaudiu a presença do
Wolverine. Principalmente na maneira como foi explorado sua essência selvagem.
Confesso
que esta parte do Wolverine, até me agradou, principalmente pelo cuidado de não
o mostrarem de novo completamente sem roupa. Apesar disso, também me incomodou
o fato de me deparar com outro furo de
roteiro que diz respeito ao fato de que no fim de “Dias de um futuro
esquecido”, o Striker tinha pego o
Wolverine no lago onde ele caiu. Mas quando a câmera se foca nele, podemos
observar a transformação dos seus olhos
sendo a Mística disfarçada. O que me
deixa intrigado ao fato de que como o real Striker conseguiu coloca-lo como
sua cobaia. O que não ficou muito bem explicado. Pior mesmo para aumentar ainda
mais o buraco, é o fato de neste filme ele conseguir ser solto graças ao
Noturno, a Jean e o Ciclope. O que em comparação aos filmes primeira franquia
era mostrado nas cenas de flashbacks, até mesmo no “Origens” que ele havia se libertado
independentemente destes estarem ali para libertá-los. Fora também o fato de todos os personagens
sequer terem mostrado sinais de envelhecimentos no passar de vinte anos em
relação aos eventos do Primeira Classe e dez após os eventos de Dias de um
futuro esquecido. E Striker que o diga, posso concluir que foi tão inútil servindo só para encher linguiça. Mesmo sem
ele, o filme teria se desenvolvido melhor. Foi puro pretexto para introduzir o
Wolverine para agradar a gregos e troianos.
Eu também fiquei muito incomodado com o excesso de CGI
jorrando na tua cara, principalmente para as destruições catastróficas
mundiais, onde dava para perceber sinais de artificialidade feita em chroma
key, mas que em compensação funcionam bem no 3D. Deu para perceber as faíscas
saindo da tela.
Posso destacar entre o que para mim funcionou e o que não funcionou no filme
foram os seguintes:
Funcionou:
A construção do Apocalipse como a ameaça central do filme, funcionou a meu ver
desde a maneira como ele foi introduzido na premissa, até quando ele foi
acordado com sua essência megalomaníaca de querer bancar uma divindade, com
ares bíblicos. Também vi que funcionou a sua caracterização bem adaptada, onde
dava para observar uma característica
profética divina, bem o contraste da
caracterização clássica com armadura metálica, que poderia ficar mais horrível,
mais artificial, com detalhes muitos robóticos, parecendo mais uma versão dos
Transformers.
A Pyslocke com a caracterização original, foi algo que
para mim funcionou, e ela também incorporando boas coreografias nas porradas e
nas espadas também funcionou, compensando a falta de profundidade da
personagem. Uma prova da Fox está
se abrindo a dar mais toques quadrinhescos as tramas do
Universo Mutante, algo que ela não fazia desde que lançou o primeiro X-Men em
2000 para um tom de seriedade mais o que ficava evidente pelos uniformes
padronizados.
Outra característica que a meu ver funcionou na trama, e eu
posso até levar porrada pelo que vou colocar, mas enfim vamos lá. Foi a maneira
como eles colocaram a Mística como mentora dos mutantes. Tudo bem, que para
muitos críticos ele estraga o filme, pelo fato de destacar demais a sua interprete
Jennifer Lawrence, principalmente por ela figurar como a atual queridinha de
Hollywood. Ok. Mas tirando isso, para mim a Mística mentora funcionou,
principalmente deles trabalharem nela este seu potencial que na franquia
clássica tinha faltado que era sua habilidade de comando. Nisso foi o que me deixou
satisfeito, apesar de ter faltado apresentar de novo o problema que foi não
mostrar o Magneto formar a sua Irmandade dos Mutantes que serve bem para criar
o contraponto com os X-men.
A própria
introdução do Ciclope e da Jean Grey na trama sem precisar de muito recursos de
didatismo ajudou e muito na agilidade da trama. Sophie Turner como Jean Grey me impressionou.
E Tye Sheridan como o novo Ciclope desempenha do personagem lidando com o
dilema de seus poderes e começando a mostrar seu potencial de liderança ainda que muito sutilmente como é caracteristicamente sua essência nos
quadrinhos.
O Mercúrio e o Noturno servindo de alivio cômico o tempo
todo para soltar umas piadas também funcionou para mim já que dava um tom mais
leve no timing certo para dar uma equilibrada nas dosadas pesadas cenas densas.
Apesar da parte do Mercúrio tinha horas que ficava bastante irritante.
A própria reprodução datada dos 1980, seja no corte dos
cabelos, nas roupas ou mesmo nos carros que reconstituíram bem o modismo da
época também funcionou. Com um tom bem nostálgico, principalmente ao ver
Mercúrio brincando com Pacman. Principalmente no núcleo dos novatos em especial,
que ficaram parecendo estrelarem um típico filme de comedia juvenil que bem
marcaram essa época. Para compreender esta minha comparação, aconselho aos
jovens leitores que tiverem menos de 30 anos a assistirem alguns clássicos
juvenis marcos dessa época como os
dirigidos por John Hughes(1950-2009), como “Curtindo a vida adoidado”, por exemplo, ou mesmo “A Vingança dos Nerds”
ou mesmo até “Karaté Kid” ou de outros gêneros como os de ação, que vocês vão compreender o porque desta minha
referência. Aliás por falar em filmes clássicos dos anos 1980, tem uma curiosa cena de easter eggs que
mostram Jean, Scott, Jubileu e Noturno saindo de uma sessão de cinema onde
estavam um dos blockbusthers daquele verão de 1983, que é O Retorno de Jedi, o
capitulo final da trilogia clássica de Star Wars.
Por fim, outra coisa foi a impressionante que funcionou a
meu ver foi trilha sonora do John Ottman, principalmente na cena da premissa no
Egito Antigo, criando bem uma atmosfera épica para trama. E usar de algumas canções
que foram sucessos de 1983 para compor a ambientação datada também funcionou.
NÃO FUNCIONOU
Já o que não funcionou para mim, foi como já antecipei, a
presença da Jubileu que só serviu de enfeite.
A introdução dela não fez diferença alguma para a trama.
A introdução do Anjo foi um tremendo desperdício. Mais
uma vez eles escorregaram novamente neste personagem como fizeram em X-Men: O Confronto Final.
Muitas situações mal explicadas, deixando mais buracos no
roteiro.
A presença do
Striker para mim também não funcionou,
foi um puro desperdício para encher linguiça.
A morte esquecida do Destrutor foi algo que para mim
também não funcionou, eles fecharam o arco do personagem que teve importância
nessa nova franquia de uma maneira muito vergonhosa.
Por fim, uma das coisas que para mim além de não
funcionarem também me incomodaram bastante, foi a Fox desde o primeiro X-men
acomodar-se muito na formula que deu certo, e só investir nesta formula. Desde os primeiros aos atuais, a Fox só deu
atenção a desenvolver poucos personagens que criaram um forte apelo para segurar os filmes, e não pensaram em
investir em outros que soubessem captar a essência desses dilemas deles de
viverem no mundo a sua volta com o preconceito por serem diferentes.
No balanço geral, X-men: Apocalipse foi de longe de todos
os filmes da franquia produzida pela Fox o que eu mais gostei por ser aberto
mais a referência, mais quadrinhescas, porém falha apresentando os mesmos
problemas com relação aos dramas individuais dos personagens. Ou mesmo se concentrar no que
tem mais apelo com o público como o
Wolverine para atrair o marketing. O público aplaudiu na sessão em que eu
estava, o que significa dizer que com isso a Fox tão cedo não vai abrir mão de
continuar até quando só Deus sabe investindo na franquia dos mutantes,
principalmente com outras expansões do universo, como foi mostrado com o filme
do Deadpool. Como já é bem característico, o filme conta com a presença do Stan
Lee, e tem uma cena pós-credito que sugere uma pista do que poderemos esperar
para os próximos filmes. Ela é bem discreta. Se você é fã de X-Men é quer
conferir então recomendo. Vale a pena o ingresso garanto.
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