Após conferir “Logan”, o
filme que marca a despedida do Hugh Jackman do papel do Wolverine no qual ele o
encarnou por longos 17 anos. É hora de fazermos um retrospecto, analisando
todos os filmes da franquia X-men onde ela encarou o anti-herói carcaju. Escolhi
aqui quatro dos sete filmes da franquia X-men onde ele participou mais
ativamente do cânone da história e teve seu arco trabalhado com mais relevância
para a narrativa, desses quatro escolhidos existe a divisão de três que formam
a chamada franquia clássica, melhor dizendo original lançado na década de 2000
e apenas uma que forma a franquia nova iniciado em 2011 com “X-Men: Primeira
Classe”, também denominada de reboot ou prequel como queira.
Não vou incluir aqui
os três filmes solos dele, porque acho que eles merecem ser analisados numa
postagem separada, assim como não vou incluir “X-men: Primeira Classe” e nem o
recente “X-men: Apocalipse”(2016). Porque em ambos, a aparição dele em pontas rápidas
mostrado nesses filmes, seja na cena do bar em “Primeira Classe” onde ele é
recrutado pelo Professor X e Magneto jovens formando o embrião dos X-men e ele
os destrata com um grosseiro insulto ou mesmo no “X-Men: Apocalipse” sendo libertado pela jovem Jean Grey de uma
prisão da Base de William Striker pode se dizer que analisando friamente estas
participações dele não tiveram muita
relevância para a narrativa, apenas cumpriram uma função de puro fan service. Em cada um que comentarei vou apresentando
pela ordem cronológica de lançamento, porque se formos tentar analisar pela
linha temporal cinematográfica que já é bagunçada, com muitas incoerências
absurdas e cheia de buracos no roteiro, terminaria explodindo demais nossas
cabeças. Esclarecido isso, vamos então para as analises dos filmes da franquia
X-men que contou com a importância do Wolverine para a trama.
X-MEN(2000)
Neste primeiro filme, onde
ele apareceu como o Wolverine no distante ano de 2000 é necessário ter em mente
que naquela época diferente de agora o gênero dos filmes de super-heróis, era
visto como algo impensável, ou mesmo improvável que pudesse realmente acontecer. Visto que muitos estúdios
viam esta ideia como muito inviável, principalmente por não saberem que tipo de
público eles iriam atingir com estas produções, não sabiam se eram para
crianças ou mesmo para adultos, muitos estúdios temiam que a crítica achasse a
ideia de transformar super-heróis de quadrinhos em filmes uma coisa muito
medíocres, ou mesmo com propostas muito viajadas. A Fox lançou este primeiro
filme da franquia logo após ter adquirido o direito de adaptação da Marvel em
1994. Naquela ocasião em que a empresa vivia num cenário muito crítico,
bastante endividada, vindo a decretar publicamente falência em 1996. Era impensável
imaginar que se não fosse X-men, a Marvel com certeza não lançaria oito anos
depois Homem de Ferro para assim poder criar o seu universo compartilhado no
cinema também denominado de UCM com os
Vingadores dividida por fases, porque foi a Fox quem fez a Marvel se reerguer
daquela situação e conseguir sair do cenário crítico que se encontrava ao longo
da década de 1990. A mesma Fox que salvou a Marvel do sufoco que passava,
também é a mesma com quem a própria Marvel vive uma longa e interminável
batalha jurídica para ter de volta a guarda de sua cria. Tirando este detalhe complexo
de lado e focando apenas na participação do Wolverine no cânone do enredo. A
maneira como o arco do Wolverine foi trabalhado no escopo da trama já mostrava
um peso enorme para a obra. Logo na sua introdução ocorrida na cena do bar em Alberta,
no Canadá. Onde ele atuava como se fosse uma espécie de gladiador do ringue
para entreter a plateia assim como no pão e circo romano, ali já fica bem estabelecido
qual era a sua essência sem precisar de tanta explicação didática, e qual
envolveria a sua função para a trama, que era proteger a Vampira das garras do
Magneto. Porque é neste mesmo local, que ele a conhece antes de deles entrarem
para os X-Men. É curioso imaginar que na época o então desconhecido Hugh Jackman quando foi
escalado para este papel, quase não foi dele, o Wolverine estava destinado a
outro ator que precisou se recusar porque já estava envolvido em outro projeto, antes de
ser o Wolverine, Jackman tinha feito produções menores na Austrália, sua terra
natal, mas foi com o Wolverine que ele ganhou mais notoriedade e fama mundial,
um divisor de águas para a sua carreira. Mesmo não conhecendo nada do
personagem no universo das Hqs, ele conseguiu trabalhar toda a sua essência de
personalidade temperamental, explosiva, impulsiva, individualista e um tanto politicamente
incorreto do anti-herói dos X-Men, ainda
que de forma amenizada que pudesse funcionar e caber dentro da proposta dele
ser um filme mais realista, mas mantendo a essência escapista dos quadrinhos e
que pudesse atingir um público mais amplo para a época. A sua performance ainda
tímida como Wolverine foi tão perfeita
que ele era quem terminava roubando todas as cenas do filme, e a cada filme que
participou ganhava muito mais
importância que qualquer outro personagem do universo, a ponto de deixar os
outros completamente apagados.
X-MEN 2(2003)
Já nesta continuação da
franquia original, lançada numa época muito importante para a história dos
mutantes. Isto porque naquele ano de 2003, os X-Men completavam 40 anos de sua
primeira publicação como revista em 1963. Neste filme novamente o arco do
Wolverine foi trabalhado com uma importância de grande peso para a narrativa. Principalmente
pela presença do General William Striker(Brian Cox) aparecendo para caçar os
mutantes e no decorrer vimos o Wolverine tentando encaixar as peças do
quebra-cabeça de seu passado esquecido em suas
memórias. Apesar de neste aspecto a medida que ele foi aparecendo em
cada filme, a gente se depara com cada furo de roteiro. Além disso, ele também
foi importante por ficar responsável por tutorar os adolescentes Vampira, Homem
de Gelo e Pyro no momento que ocorreu a dispersão de todos, quando os alunos
foram capturados. Mais uma vez ele conseguiu roubar as cenas com cada luta
coreografada. Jackman neste filme mostrou já estar bem familiarizado e disposto
com o personagem para desempenhá-lo de uma forma perfeita.
X-MEN-O CONFRONTO FINAL(2006)
Já neste filme responsável
por fechar o ciclo da primeira franquia. Novamente Jackman surpreende
trabalhando bem o arco do Wolverine, principalmente na parte importante que
envolve a dramática cena dele ter de matar a Jean Grey, que estava possuída pela
Fênix, exigindo uma carga dramática enorme. Contra a sua vontade, já que nutre
por ela uma grande paixão platônica. Ele conseguiu mostrar uma boa forma, pique
e disposição para encarnar o personagem, mesmo o filme apresentando grandes
problemas na concepção do roteiro, que fez a criticar odiar o filme na época, o
achando ruim, péssimo, medíocre. Independente do fator ter sido a mudança de
diretor, Brett Ratner foi responsável por dirigir este filme no lugar de Bryan
Singer. Este responsável por dirigir os antecessores. De todo jeito, isso não
mudaria a opinião negativa da crítica, principalmente no que diz respeito a
maneira como eles colocaram no arco da história a Jean Grey invocando a Fênix,
que nos quadrinhos é uma importante entidade cósmica dos quadrinhos, em uma
trama com uma pegada mais realista com abordagem politica, e ser morta pelo
Wolverine e os desperdícios com outros personagens, aquilo foi algo muito
imprudente.
X-MEN:DIAS DE UM FUTURO
ESQUECIDO(2014)
Por fim, no X-men: Dias de
um futuro esquecido, posso descrever que neste filme, a presença do Wolverine no
arco da história foi apenas de mero espectador. Isto porque ao contrário da
minissérie do quadrinho de Chris Claremont e John Byrne publicado originalmente
em 1981 que serviu de base para a aventura de viagem do tempo deste filme. Onde
mostrava o Wolverine no futuro distópico de 2023, onde os mutantes são
exterminados pelas Sentinelas, cabe a ele voltar ao passado de 1973 para
impedir aquele acontecimento que ocasionou aquele momento. Através do trabalho mental com o poder da
Kitty Pride, nos quadrinhos é ela quem faz esta viagem temporal. Eles optaram
pelo Wolverine, ao ver que simplesmente ele de todos os personagens dos
mutantes nos cinemas é o que tem mais apelo perante o público. Hugh Jackman
neste filme mesmo mostrando garra e vigor para o papel, ao mesmo tempo também
deixava transparecer sinais de incomodo, por carregar o personagem em muitos
filmes. Ele trabalha bem a importante peça que o arco do personagem representa
no filme para reunir o Professor X e Magneto de 1973 para impedirem o ato
terrorista da Mística de matar Bolívar Trask(Peter Dinklage) e com a morte dele
originar as super Sentinelas mutantes do
futuro. Mesmo que em alguns momentos o enredo indo numa abordagem de viagem no
tempo com uma pegada no estilo de “O Exterminador do Futuro” apresente uns
furos de roteiro que são bem característicos dos filmes desse gênero. E dentre os maiores dos furos que envolve o Wolverine é
a ideia de que seu corpo em 1973 nesta época estava num quarto de hotel, acontece que no “Origens”,
ele estava combatendo no Vietnã. É muito sem sentido.
Bom aqui foram as minhas
análises sobre a presença do Hugh Jackman como Wolverine nos filmes da franquia
X-Men. Analisando apenas os quatro filmes onde ele teve mais relevância para o enredo.
Numa próxima postagem, farei uma análise dos três filmes spin offs solo
estrelado por ele que são X-Men-Origens: Wolverine, Wolverine: Imortal e o
recente Logan.