segunda-feira, 1 de outubro de 2018

V DE VINGANÇA E A CRÍTICA AO REGIME TOTALITARISTA


Nesse momento em que estamos próximos da reta final da campanha política para eleger o novo presidente do nosso querido e amado Brasil e temos visto uma grande polarização nas redes sociais, onde ninguém mais fala com família e deixam de ficarem amigos uns dos outros por não votarem no mesmo candidato, especialmente os grupos mais extremistas com uma visão muito autoritária e intolerante. Aproveito para comentar de um filme de super-herói que aborda justamente um debate sobre este tipo de assunto espinhoso que imaginaria mais ou menos uma ideia do que num cenário de um distópico futuro sob um regime totalitário e intolerante pode trazer consequências horríveis para todo o cidadão.  O filme em questão que traz bem esta abordagem reflexiva é V de Vingança(V For Vendetta, Reino Unido, EUA, Alemannha,2005).







Um filme do gênero suspense, dirigido por James McTeigue e produzido por Joel Silver e também pelas Irmãs Wachowski, também responsáveis por terem escrito o roteiro do filme,  também responsáveis pela trilogia cibernética de Matrix(1999-2003). Numa adaptação do herói de quadrinho homônimo lançado na Inglaterra na década de 1980, de autoria de David Lloyd e Alan Moore, cujo nome desse último não aparece creditado pelo fato da adaptação de sua obra ter sido feita sem sua autorização e como todo fã de quadrinho que o conhece bem aprofundamento o seu estilo de trabalho sabe que ele é conhecido por ser avesso a ver suas obras adaptadas por outras mídias, como aqui no caso o cinema. Obra pertencente ao selo da Vertigo, uma expansão da DC Comics. 








A história do filme gira em torno de um aspecto politicamente critico, ao idealizar um mundo futurista, onde é regido por um regime autocrático totalitarista, inspirados nas ideias nazifascistas, o líder é o que tem o poder absoluto, com controle rígido da vida do cidadão, e com práticas violentas contra as camadas sociais das quais eles consideram como os subversivos. A história do filme começa com um prólogo narrando e reconstituindo sobre o importante evento histórico ocorrido na Inglaterra no dia 05 de Novembro de 1605, dia em que um soldado chamado Guy Fawkes tentou promover a Conspiração da Pólvora, uma tentativa de causar uma explosão no prédio do Parlamento. O curioso foi ter observado que nessa narrativa, havia momentos em que a   narradora de uma maneira até parcial se pergunta, se questiona sobre quem seria realmente Guy Fawkes? Como era seu rosto? Como era sua voz? Em todo o momento onde ocorre a reconstituição sobre o acontecimento naquela importante data, a narradora chega a descrever que muitas vezes as pessoas só lembram das ideias sobre criadas por essa pessoa, mas nunca do homem por trás dela, em um momento da cena em que Guy Fawkes e condenado a forca, a narradora faz uma comparação entre as ideias, e os homens por trás delas, ela justifica que ao contrário de uma ideia, que ás vezes pode se tornar infalível, um homem que a cria pode até fracassar, ao ponto dele ser preso, morto e esquecido. No momento seguinte da narrativa, a  narradora explica de forma até parcial sobre o conceito de uma ideia, que ela sempre, podem-se passar décadas, séculos, ou mesmo milênios de distância, mas ela sempre vai sobreviver, ao contrário das pessoas que as criam, ou mesmo as defendem, e nesse momento a própria relata que chegou a ver pessoalmente muita gente morrendo, perdendo a vida defendo-as. No momento da cena do enforcamento de Guy Fawkes, a narradora termina o prólogo fazendo o seguinte questionamento a respeito do abstracionismo de uma ideia, como ela pode não ser concreta dependo da situação: “Mas você não pode beijar uma ideia. Você não pode toca-la ou abraça-la. Ideias não sangram de dor, não amam. Não é de uma ideia que eu sinto falta. É de um homem.”








A  narradora termina o prólogo, explicando que foi através desse homem, que foi responsável por fazê-la lembrar do 5 de Novembro, a importante data desse acontecimento na história política inglesa, será o elo para no momento da presente realidade inglesa, regida sob um regime totalitário, e completamente esquecida da data desse momento acabará se recordando através de um misterioso paladino mascarado. Depois desse prólogo, o filme vai sendo desenvolvido a partir do momento presente, mostrando uma Londres sendo regida pelo governo autocrático do Chanceler Sutler( John Hurt), é durante uma noite em que toda a população inglesa assisti pela TV, o discurso de Lewis Prothero(Roger Allan), o homem mais importante do Governo, também definido como “ A Voz de Londres”, fazendo seu diário discurso de cunho autoritário, fundamentalista, e se referindo aos EUA como a colônia que foi arrasada, mostrando os seus ideais de intolerância social, no mesmo momento é nos apresentado um misterioso homem colocando a máscara de Guy Fawkes, enquanto isso Evey Hammond(Natalie Portman) em sua casa se prepara para sair. Assim que Evey sai de casa depois de terminar de assistir ao discurso de Prothero na TV, onde termina o seu discurso com o lema do partido: “Força através da união, união através da fé”. Preocupada quando olha o relógio, ela então sai para passear na noite deserta de Londres, ficando bastante temerosa, razão da qual ela tinha para esse temor era porque depois de uma determinada hora da noite, o Governo mandava agentes que eles denominavam “Homens-Dedos” , ficarem vigiando as ruas, e assim que observarem o movimento de qualquer pessoa andando pelas ruas a noite depois da hora estipulada, eles abordavam a pessoa suspeita, e se preciso fosse mandavam além de revistar, violentavam fisicamente, psicologicamente e moralmente a pessoa para deixar a pessoa completamente submissa a eles, e isso inevitavelmente acaba acontecendo com Evey, no momento em que caminhava pelas ruas da cidade e foi abordada pelos “Homens-Dedos”, quase sendo ameaçada de ser violentada por eles, Evey acaba sendo salva pelo homem mascarado chamado apenas de V(Hugo Weaving),  mostrando a que veio fazendo citações filosóficas, com golpes inacreditáveis, e habilidades com lanças, que o tornam um espadachim inabalável, depois de acabar com cada um dos “Homens-Dedos”, V ao apresentar a primeira vez para Evey, deixa o símbolo em frente ao cartaz com o lema do partido Fogo Nórdico. Responsável por levar Sutler ao poder, e ao salvá-la do perigo V, a convida para prestigiar ele orquestrando em cima de um prédio vizinho ao Old Bailey, uma das famosas obras-primas do maestro russo Pyotry Ilich Tchaikovsky(1840-1893), denominado de “Abertura 1812”, a música favorita do herói, que foi responsável por causar a explosão no prédio do Old Bailey, no dia seguinte, o episódio da explosão vira manchete nos noticiários televisivos, como a BTN,(British Television Network), por exemplo, emissora onde Evey é funcionária queridinha do seu patrão Gordon Deitrich(Stephen Fly), que apresenta um programa de humor nessa emissora. No mesmo momento onde ocorre os noticiários na emissora sobre a explosão do Old Bailey na noite passada. Aparece V, invadindo o prédio da emissora, rende todos os seguranças e todo corpo de funcionários, e será lá que ele vai tentar convencer  ao  transmitir para toda a população londrina mostrando a que veio, ao mostrar suas ideias filosóficas de livre pensamento, e fazendo eles se recordarem da data do 5 de Novembro, data que lembra quando Guy Fawkes tentou explodir o Prédio do Parlamento Britânico, pensando nas suas filosofias de liberdade, depois de terminado o seu discurso, onde termina falando assim para o povo, “Se vocês pensam como eu penso, e sentem o que eu sinto, então vamos todos nos unir pela liberdade”. Nesse momento onde ele finaliza seu discurso na Tv, todos os guardas, a polícia inteira tenta em vão fechar o cerco para tentar prendê-lo, mas ele habilidoso e esperto consegue se livrar deles com muita facilidade, em uma cena onde acontece de V ser rendido por um policial, mas acaba sendo salvo por Evey, que no entanto ela acaba levando uma pancada na cabeça, e V acaba dando um fim nele com um soco. O caso desse tal misterioso herói, faz com que os intrigados detetives Eric Finch(Stephen Rea) e Dominic (Rupert Graves), quebrem a cabeça para decifrar todo o enigma dessas ações misteriosas ações praticadas por esse paladino mascarado que apareceu do nada, antes disso os dois haviam investigado misterioso passado de Evey, onde o que os chamaram a atenção deles além de terem descoberto que ela era filha de ativistas políticos, ela também teve passagem por um reformatório juvenil, depois da prisão dos seus pais, o que gera mais um quebra-cabeça de um segredo envolvendo um outro personagem importante no filme, que no caso é coadjuvante Evey Hammond. Ao acordar na mansão de V, Evey fica impressionada com o lugar muito espaçoso, e ainda cheio de objetos de arte raríssimas, e observando o próprio V preparando o seu café da manhã, onde nesse momento ela fica observando ele sem as suas luvas, com as suas mãos avermelhadas, dando sinais de que ele teria sofrido alguma queimadura, e ao ouvir esse comentário de Evey, V explica para ela de forma enigmática que isso aconteceu com ele faz muitos anos atrás num incêndio, mas não esclarece para ela onde ocorreu, de que maneira aconteceu e como foi causado esse tal incêndio, criando mais um quebra cabeça sobre a provável origem de quem seria a pessoa por trás daquela máscara, qual seria a verdadeira identidade de V? No decorrer do filme vai se mostrando aos pedaços, quando ele vai atrás de cada uma das pessoas ligadas ao seu passado, e matando cada uma delas em série, deixando uma rosa vermelha batizada de Scarlet Carson, como algo personalizado. Ao mesmo tempo acontece de Evey contar para V sobre sua família, e um pouco sobre ela também, entre essas revelações está o fato dela quando criança já ter frequentado um curso de teatro, e que no dia que o irmão dela morreu, os seus pais resolveram virar ativistas políticos, e terminaram presos, quanto que ela terminou num centro de detenção juvenil. A primeira das pessoas que V resolve eliminar é Lewis Prothero, sujeito que discursa toda noite na TV de Londres, e que faz discursos de puro autoritarismo, fazendo duras críticas quanto a invasão de V na emissora, chega a denominá-lo de terrorista, no momento em que Prothero estava observando o seu discurso tomando um banho quente, V entra em sua casa utilizando a identidade de Evey da BTN, para poder ter livre acesso, no momento que terminou de ver seu discurso na TV, Prothero se assusta ao observar o próprio V, que se refere a ele como Comandante. E Prothero surpreso pergunta como ele sabia de sua antiga patente militar, explicando em enigmas V diz que era como ele se chamava quando num centro de detenção, num incêndio, e aparece então em cena de flashback a cena do então Comandante Lewis Prothero no Centro de Detenção de Larkhill, mandando maltratar de forma covarde, desumana e selvagem as pessoas consideradas subversivas do novo governo imposto na Inglaterra, e quando Prothero se dar conta logo lembra de quem era a pessoa por trás daquela máscaras, o único sobrevivente do antigo Centro de Detenção de Larkhill. V por ironia se autodenomina numa clara referência a uma famosa obra literária de Charles Dickens, “Um Conto de Natal”, de que “Sou o Fantasma dos Natais Passados”. Depois de Lewis Prothero, foi a vez do Padre Lilyman( John Starding), uma importante autoridade clerical, que por trás da batina, não tinha nada de santo, e a prova disso, é quando V utiliza Evey como isca para seu plano, pedindo para que ela se vestisse de menina, com jeito de boneca, para atraí-lo em sua armadilha, pelo fato de justamente saber que o Padre Lilyman era um  pedofilo. Então de repente aparece V para matá-lo, outra pessoa também ligada ao misterioso passado de V, também tinha participado do Centro de Detenção de Larkhill, e que agora estava promovido para Bispo. Enquanto que nesse mesmo momento Evey foge e vai para casa de seu patrão Gordon Deitrich(Stephen Fry) para não ser perseguida e presa pelos Homens-Dedos.










Na casa de Deitrich, Evey descobre alguns segredos revelados pelo próprio Deitrich, como forma de acalmá-la, caso os Homens-Dedos, forem a casa dele a procura dela, ela seria a coisa menos importante para eles, isso porque na casa de Deitrich havia escondido uma versão do alcorão, livro sagrado islâmico do século 14, uma foto do Chanceler Sutler sendo ridicularizado com o lema “E Deus salve a Rainha” e umas fotos proibidas de erotismo. Enquanto que os agentes Finch e Dominic tentam decifrar mais um enigma relacionado ao paladino mascarado V, descobrem que Lewis Prothero, havia sido um importante empresário acionista de uma empresa farmacêutica chamada Viadox, e ficam surpreso ao vasculharem a ficha militar de Prothero e ao descobrirem que no seu currículo havia participações em combate no Iraque, Curdistão entre outros países, e mais surpresos ainda ficam  ao descobrirem sua participação no comando no Centro de Detenção de Larkhill, indo mais a fundo na investigação, descobrem que o local tinha sido desativado há muitos anos depois de um incêndio, e com informações muito vagas, eles tentam decifrar que ligação tinha Prothero com V a Larkill, até finalmente acharem no arquivo público o dossiê sobre Larkhill, e lá descobrem mais duas pessoas, o Padre Lilyman, já morto por V e uma médica responsável pelas medicações dos detentos de Larkhill, essa tal doutora era Diana Staton, que eles nem imaginavam estarem o tempo todo perto delas, pois era a responsável pela autopsia do Padre Lilyman, usando uma nova identidade, a Doutora Della Suridge(Sinead Cursack), dos quais eles descobrem tarde demais, no momento que chegavam ela já estava morta no seu quarto pelo V, com a rosa vermelha Scarlett Carson, e ao vasculharem a casa dela, Finch e Dominic descobrem um diário contando os segredos e todo o relatório da rotina dela no Centro de Detenção de  Larkihill, contando como acontecia a vinda de cada novo individuo, como eram tratados de forma desumana, como recebiam as dosagens de vacinas aplicadas por eles, para servirem de cobaias para o desenvolvimento de armas biológicas altamente poderosas, como todos morreram e foram enterrados, e chegava até a relatar o próprio desprezo que ela mesma sentia por aqueles indivíduos, vistos como os subversivos pelo então imposto novo governo do atual Chanceler, pessoas que representavam a camada dos negros, dos judeus e dos homossexuais como os lixo da sociedade, e o mais impressionante nisso tudo é eles descobrirem que a respeito de um paciente de Larkhill, que tinha adquirido uma força descomunal com a medicação injetada por ela, esse tal paciente do qual ela se refere apenas como Paciente do Quarto 5, cujo numeral da cela era identificado como V, numeral do algarismo romano, sendo daí a origem para seu nome, onde relata que foi esse paciente que num certo dia 5 de Novembro, com sua tremenda força descomunal que chegando ao ponto de fugir ao controle de todos de Larkhill, provocou a destruição total do local, causando o incêndio, onde chega até a descrever que chegou a observar os seus olhares cheios de amargor, e que naquele incêndio  deixou todo o seu corpo queimado. E nesse diário Stanton termina com um lamento descrevendo assim: “O que foi que eu fiz”. É nisso se descobre qual a misteriosa origem do mascarado V e de onde ele tirou esse codinome. Enquanto que Evey, ainda vivendo abrigada na casa de seu patrão Deitrich, fica espantada ao ver junto com ele na televisão, o programa que ele havia produzido ridicularizando o Chanceler Adam Sutler sendo perseguido pelo mascarado V, em rede nacional, fazendo toda a população londrina pela primeira vez ter o direito da liberdade de poder debochar do Chanceler, naquela mesma noite em que o programa foi ar, apareceram os Homens-Dedos, comandados por Peter Creedy(Tim Pigot-Smith), que o acabam rendendo e prendendo, e Creedy faz até o comentário irônico: “E teve graça agora?”. Já Evey tenta fugir, escondida, mas acaba sendo pega, e mandada para a detenção, sendo torturada, fisicamente e psicologicamente para tentar dar informações para os agentes sobre o que ela sabia de V, teve até a cabeça raspada, e no meio de toda essa situação ela acaba achando na sua cela, dentro de um buraquinho onde entrava um ratinho, um pedacinho de papel higiênico onde estava escrito a mensagem de uma mulher de nome Valerie, uma prisioneira morta no Centro de Detenção de Larkhill, e que na mensagem ela contava todo o drama que passou antes de ser mandada para lá. Na mensagem ela descreve onde nasceu, que foi em Nottigham no ano de 1985, que do pouco que lembrava de sua infância, lembrava da fazendo de sua avô e que quando chovia sua avô dizia que “Deus estava na chuva”, descreve de seu tempo de colégio, relata que quando foi aprovada para o curso secundário, lá havia conhecido Sarah, a sua primeira namoradinha, já apresentando sinais de interesse por meninas e não por meninos. Valerie também relata na mensagem que o namoro dela por Sarah no colégio, teve de ser interrompido porque o diretor havia dito que isso era só uma fase e que elas superariam. Foi o primeiro sinal de preconceito que ela teve de lidar quando descobriu sua opção sexual, mais para frente ela relata que na adolescência quando chegou para os pais e teve a coragem de apresentar sua então namorada Christina, a reação deles não podia esperar por outra coisa a não ser de repulsa, de nojo, com aquele tipo de situação vendo a queridinha deles que eles carregaram ainda bebê virar uma mulher amando outra mulher, e com isso os pais a mandaram para fora de casa. O mais curioso disso tudo foi quando ela relatou que já adulta, ao virar atriz durante as filmagens de “Sal de Prata”, foi lá que ela conheceu sua última parceira Ruth. Na mensagem Valerie descreve que Ruth, foi sua grande parceira que passou a dividir o apartamento e junto com ela colheram flores Scarlett Carson e toda uma rotina da qual elas passaram a adquirem juntas e felizes, até chegar o momento em que quando elas acompanharam pela TV, a subida ao poder de Adam Sutler, as ideias de intolerâncias sociais, propagadas pelo Fogo Nórdico, passaram a viverem assustadas, e relatou que no dia em que a Ruth estava na rua, fazendo a feira, e de repente foi pega pelos Homens-Dedos, ela chorou muito, e pouco tempo depois foi a vez dela dentro de sua casa, e a mensagem de Valerie termina com relato de sua sofrida rotina no Centro de Detenção de Larkhill, de onde ela passaria seus últimos momentos de vida, sendo torturada, violentada, espancada, recebendo altas dosagens de substancias e de quando achou dentro de uma privada um papel de higiênico de onde decidiu relatar a sua única autobiografia. E então dias depois Evey já exausta de tanto ser torturada acaba se surpreendendo ao ser liberada, e então a medida que caminha livremente pelos corredores sem ser abordada pelo Guarda, e quando se aproxima e vê que ela era apenas de borracha, e ao passar na porta e de repente se deparar na mansão de V, ela então fica bastante indignada e horrorizada, ao notar que tudo aquilo do qual ela havia passado era tudo uma farsa, plantada por ele, mas depois se sentindo grata resolve entregar a tal mensagem de Valerie que ela teria imaginado que fosse uma coisa inventada por ele, então V decide mostrar uma coisa para provar que tudo aquilo era verdade, e ela fica convencida no momento em que observa pendurada na parede da sala, o cartaz do filme “Sal de Prata”. V justifica que fez isso fazendo com que ela sentisse um pouco na pele, o que ele passou em Larkhill, e do que resultou para que ele se transformasse daquele jeito, citando o princípio básico de que toda ação gera uma reação. Então V mostra para Evey a chuva no telhado de sua mansão, e ela então lembra do que Valerie escreveu: “Deus estava na chuva”. Então aos poucos os quebra-cabeças vão desenvolvendo todo o desenrolar do filme, principalmente no momento em que Finch e Dominic vão atrás de um tal de Roockwood, último sobrevivente do Vírus da Escola de St. Marys, o mesmo onde o irmão de Evey havia morrido em consequência desse vírus, eles encontram esse tal sujeito no memorial dedicado às vítimas do incidente, onde de uma forma enigmática da ligação daquele incidente, com a contaminação da água em Three Waters, uma bomba na estação de trem de Londres, rebelião no King´s Hospital, e juntando a cura financiada por Lewis Prothero, que ajudou a levar Adam Sutler a comandar o país, eles nem imaginam que esse tal de Roocwood era na verdade V, e quando descobrem já era tarde, muito depois de constatar que o verdadeiro estava morto. E nisso Finch acaba chegando a conclusão que tudo isso que ele estava planejando fazer é com o intuito de gerar o caos. E é justamente isso o que acontece no momento em que todos recebem em suas casas, a encomenda das máscaras de Guy Fawkes, usadas pelo V, há até um momento em que um assaltante numa conveniência chega a falar: “Anarquia no Reino Unido”. E vai ser nessa situação caótica que V botará em prática o seu plano de dar fim ao regime totalitarista do Chanceler Adam Sutler, pedindo para que Creedy, mandasse os seus Homens-Dedos, levar até ele o próprio Chanceler para matá-lo no esgoto, enquanto o Chanceler discursa na TV em rede nacional, e ninguém, praticamente ninguém assiste, e nesse momento era levado acabado e ensanguentado, V então dá os seus últimos golpes, e é o próprio quem dá um fim no Chanceler, depois disso Creedy manda os seus Homens-Dedos atirarem sem parar em V, ele em nenhum momento em que recebe os tiros reage, então acontece o inesperado, depois de ter sido atingido pelos tiros, V ainda utiliza forças para praticar os seus últimos golpes de artes marciais e enfiando suas facas em cada um dos Homens-Dedos, até que no final quando só restou Creedy, que tentando desesperadamente eliminá-lo dando muitos tiros, e chega ao cúmulo de gritar falando: “Porque você não morre?” Então V se aproxima dele e o enfia sua faca em Creedy dando fim então a ele e ao sistema totalitarista que há anos vinha governando a Inglaterra, e ao mesmo tempo acabado, ainda utiliza as últimas forças para chegar até o trem cheio de explosivos de nitrogênio, que seguirá em direção para o Big Ben, ele então pede para que Evey se incumbisse dessa missão final sua, ao mesmo tempo a população inteira de Londres, utilizando da fantasia de V, anda em plena noite em direção ao Big Ben, o exército chega a ficar de guarda para ficarem atentos a qualquer sinal de proximidades, mas eles acabam sem terem como agirem pois não conseguiam terem contato nem com o Chanceler, e muito menos com Creedy. E dessa forma sem ter como reagirem, eles acabam deixando todas as pessoas passarem tranquilamente sem receberem sequer um tiro, e dessa forma que o general, responsável pelo comando das tropas, completamente sem acreditar no que estava vendo fala assim: “Pelo sangue de Jesus Cristo”. Enquanto isso, Evey se prepara para ligar o motor do trem, com V deitado sem vida, acompanhado de muita dinamite, no momento em que pega na alavanca, ela chega a ser interrompida por Finch(Stephen Rea), aparece tentando rende-la impedido que ela prosseguisse com o plano de V, mas determinada a cumprir ela então desobedece às ordens de Finch, e liga a alavanca do trem. O trem parte em direção ao Big Ben, tocando a “Abertura 1812”, famosa obra-prima de Tchaikovsky, que era sua música preferida chegando até o Prédio gerando com todos ali em frente naquela marcante noite de 5 de Novembro, onde para todos ali será para sempre lembrada como o dia em que eles se libertaram de uma tirania, foi nessa cena final que Finch pergunta então para Evey sobre quem era ele, e Evey responde a pergunta de Finch o definindo em diferentes aspectos: “Ele era Edmound Dantes(personagem principal de “O Conde de Monte Cristo” seu filme favorito), Era meu pai, minha mãe, meu irmão, era eu, era você(Evey se referindo a Finch), ele era todos nós”. E nesse mesmo momento o filme com Evey fazendo a seguinte narrativa: “Ninguém jamais esquecerá aquela noite e o seu significado para o pais. Mas eu nunca me esquecerei do homem e do que ele significou para mim”. E dessa forma acabou o filme. V de Vingança faz uma interessante abordagem a respeito do que uma pessoa é capaz de fazer quando sofre uma injustiça, ao ser levado pelo sentimento do ódio, até que ponto podemos justiça com as nossas próprias mãos. Como é o caso do próprio herói mascarado, se for fazer uma comparação dele com outros heróis dos quadrinhos, como as editoras americanas de Marvel e DC, ele tem como diferencial o fato de ser um sujeito muito cheio de mistérios, ele se encaixa como um anti-herói representando o  exemplo de um ser social, que pela circunstância em que passou esqueceu-se de suas próprias origens, o mistério sobre suas origens ocultas, o fato de não saber qual sua verdadeira identidade, de onde nasceu, que idade aproximada ele teria, quem seriam os seus pais, ou que levou ele para ser preso no Centro de Detenção de Larkhill, para ser cobaia de um experimento cientifico, que o fez adquirir uma força e habilidade descomunal, a ponto de se tornar um importante um paladino mascarado com o objetivo de acabar com o sistema político autocrático imposto numa Inglaterra do futuro distópico. A maneira  como o diretor James McTeigue abordou o cenário dessa Inglaterra futurista, cujo enredo satiriza a ideia de regime autocrático tem uma livre inspiração no romance “1984” de George Orwell. V de Vingança  carrega em seu texto muitas referências a obras literárias famosas, como por exemplo cita “Machbeth”, importante obra teatral de William Shakespeare(1564-1616) ao falar assim: “Faço tudo que faz um homem. Quem faz mais deixa de sê-lo”. Ou mesmo se referindo a” Um conto de Natal “de Charles Dickens(1812-1870), o seu herói preferido Edmond Dantes de “O Conde de Monte Cristo”, livro do francês Alexandre Dumas(1802-1870), também há uma citação de “Fausto” de Goethe(1749-1832) com sua frase em latim com iniciais que estavam escritas assim: “Viveris Veniversum Vicius Vici”, frase que estava escrita em seu espelho, que Evey lê no momento em que estava fazendo uma limpeza e o próprio V traduz assim: “Através da verdade, enquanto vivi, eu conquistei o universo”. Isso é um dos fatores que torna o filme bom para se assistir de diferentes maneiras, sobre diferentes aspectos, sobre diferentes óticas, para assim se poder analisar e refletir sobre diferentes questões abordadas no filme, e o foco está na questão política autocrática botada em prática. V mostrou como ela pode acontecer de uma maneira muito pior como já aconteceu na História, como o fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, do qual esse faz uma clara alusão, o Chanceler Sutler é praticamente uma sátira a Hilter, assim como o seu partido Fogo Nórdico ser uma sátira ao nazismo, implantado na Alemanha a partir do começo da década 1930, perdurando até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a morte de Hitler. Em resumo, pode-se dizer que a ideia transposta pelo filme, utilizando até de muitas licenças poéticas para mostrar de forma crua e suja,  como é justamente possível acontecer ainda em uma época futura como bem idealiza o filme, a imposição de um sistema político de autocracia, de que maneira pode surgir, e quais argumentos e quais situações podem levá-lo a ser colocado na prática. E sendo num mundo futurista que remete muito a obra de George Orwell(1903-1950), 1984, onde o Chanceler Sutler, mas parece fazer uma referência ao Grande Irmão, e a forma como eles controlam os passos dos cidadãos. E ainda por cima o filme também traz a reflexão de como e até onde uma pessoa seria capaz de chegar ao seu objetivo de querer fazer justiça com as próprias mãos? Até onde você chegaria? O próprio personagem no filme tem interessantes frases reflexivas como, por exemplo: “Você usa  tanto uma máscara que acaba esquecendo de quem você é.” “A Anarquia ostenta duas faces. A de destruidores e a de Criadores. Os Destruidores derrubam impérios, e com os destroços, os Criadores erguem mundos melhores.” “Não existe coincidência, apenas a ilusão da coincidência.” “O povo não deve temer seu Estado. O Estado deve temer seu povo.” “Por baixo dessa carne existe um ideal, e as ideias nunca morrem.” "Um homem pode morrer, lutar, falhar, até mesmo ser esquecido, mas sua ideia pode modificar o mundo mesmo tendo passado 400 anos." "Ainda que nossa integridade valesse pouco, era tudo o que tínhamos" "Suas bombas não matam nossa fome, mas alimentam nossa desgraça." “Igualdade, justiça e liberdade são mais que palavras; são perspectivas!" “Os artistas usam a mentira para revelar a verdade, enquanto os políticos usam a mentira para esconde-la.”  Além  de contar com uma brilhante direção e com um roteiro magnifico que teve a difícil missão de adaptar a obra de um quadrinho do genial Alan Moore.  “V de Vingança”  também contou com uma brilhante direção de arte, especialmente na fotográfica com tom cinzento criando aquela atmosfera pesada da Londres do futuro sendo governada de forma autoritária. destaque é a bela ópera de Tchaikovsky, que se encaixa bem ao perfil, a essência e aos ideais que o herói mascarado carrega, e não é só ele, como também em cada um de nós.






O filme contou  no elenco principal com Hugo Weaving, protagonizando o  V, cujo rosto em nenhum momento aparece, pois está escondido através de uma máscara de Guy Fawkes, e que pela segunda vez trabalhou  num filme produzido pelas Irmãs Wachowski, o anterior foi na trilogia de Matrix, onde Hugo Weaving fez o papel do vilão-mor da trama, o Agente Smith, perseguidor do Neo(papel de Keanu Reeves). Mesmo sem mostrar o rosto ele ainda assim conseguiu desempenhar bem o papel trabalhando todas as suas camadas de interpretação na figura de deste anti-herói com personalidade anárquica, causador do caos, que mesmo não estando  correto, você consegue entender quais são as suas motivações para a sua ideia derrubar o governo totalitário do chanceler com toques sutis  bem refinados, bem caracteristicamente  britânicos mostrando inclusive o seu lado mais culto. No elenco de apoio, o destaque vai para  Natalie Portman, interpretando o papel da Evey Hammond, uma funcionária de um canal de televisão, que será uma coadjuvante que simbolizará uma espécie de paixão platônica do protagonista, ela consegue desempenhar bem o papel ao trabalhar diversas camadas e nuances da personagem especialmente em uma  subtrama envolvendo o seu arco dramático e é quem no ato final assume a importante função de dar prosseguimento ao plano do V de destruir o Palácio do Governo para simbolizar o fim da ditadura com bonitas frases descrevendo o perfil do V.















Outro ator que também merece destaque  é John Hurt(1940-2017), na pele do antagonista o Chanceler Sutler, o ditador da Inglaterra  no futuro distópico que age como a típica figura do Grande Irmão usando de sua fala bem articulada para convencer a população a seguir as suas ordens. Ele mostrou um brilhante desempenho na pele desse sujeito controlador,  manipulador e que usa dos métodos mais improváveis para impor o autoritarismo como uma forma de governo. Também destacar Roger Alam na pele do Lewis Prothero, este mostrou um brilhante desempenho na pele do personagem representante do mais alto escalão do Governo do Chanceler Sutler aparecendo sempre na TV para imprimir o seu discurso repulsivo, nojento, fundamentalista de ódio as minorias algo que temos visto ocorrer de uns tempos para cá. Também não posso  deixar de mencionar Stephen Fry na pele do apresentador de TV Gordon Deitrich, um bom tipo cômico no qual ele desempenha brilhantemente quando resolve provocar o Chanceler em seu programa, proporcionado um dos poucos momentos de frescor com um humor bem caracteristicamente britânico  numa história que do início ao fim carrega um tom muito pesado, especialmente nos momentos mais tensos cheios de muito suspense.   E por fim destaco  para Stephen Rea na pele do policial  Eric Finch e para Rupert Graves como o seu parceiro Dominic dando uns toques de Sherlock Holmes com James Bond ao tentarem investigar e montar todo o quebra-cabeça dos atentados provocados pelo mascarado numa subtrama bem carregada de um suspense policial, com toques bem característicos de espionagem britânica.  








Em um balanço geral, V de Vingança trata-se de um excelente filme que aborda de uma forma bastante filosófica e complexa, mas sem esquecer das sutilezas,  refletindo  bastante no momento em que estamos vivendo neste mundo polarizado e cheio de intolerâncias e do que algumas pessoas para impor são capazes de nos manipular para nos convencer a usar do medo para nos controlar. Uma verdadeira lavagem cerebral.  Cuja figura do anti-herói representa bastante a figura desprezada da camada do regime totalitarista e virou o agente do caos por consequência da forma desumana como eles o trataram na prisão e se inspirou no símbolo de um importante revolucionário como Guy Fawkes para criar sua máscara de ser transgressor, criador do caos e anarquista que acabou se popularizando a ponto de virar o símbolo do grupo de manifestantes anonymus. Além de  contar com ótimas cenas de ação, principalmente as bem coreografadas do protagonista, utilizando-se apenas de efeitos práticos. Com o brilhante design de produção especialmente fotográfica com paletas de cores em tom escuro e cinzento dando  um toque melancólico e cinzento a atmosfera barra pesada da trama. Recomendo darem uma conferida em V de Vingança para a gente entender um pouco como que uma ideia de tolerância pode ocasionar e como funciona o regime totalitarista e como eles fazem para nos manipular e consequentemente como funciona a figura de um agente do caos. Que esse filme nos  sirva de alerta  na hora de votar.

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